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Conteúdo Prova Parcial

SOCIOLOGIA E MODERNIDADE

As referências máximas do conhecimento no século XIX eram as ciências naturais. O termo Sociologia surgiu em 1939 e, antes, usava-se o de
Auguste Comte, “Física Social”. A razão por detrás da mudança do nome foi o marketing. Foi Auguste quem conseguiu reunir o pensamento de
vários filósofos e intelectuais da época e quem propôs que a Sociologia seguisse o modelo das ciências naturais (como biologia, química e
física). Foi, no entanto, E. Durkheim, que estava destinado a ser rabino, quem levou a filosofia à faculdade.

Do século 18 para cá, o mundo vem passando transformações advindas da Revolução Industrial, que gerou novos ambientes como o da
fábrica. Trouxe também novos modos de se relacionar, o patrão não é mais o senhor feudal, mas é uma pessoa tanto quanto cruel, há maior
pressão própria que leva as pessoas a se mecanizarem.

O capitalismo tem seu berço nesse ambiente fabril —> enriquecimento da minoria e empobrecimento da maioria. É um sistema econômico
que valoriza a propriedade privada (ser dono dos meios de produção), liberdade de produção e comércio. Capitalismo é mantido pela
produção e comércio, tem como objetivo o lucro.

O problema é que o sistema capitalista cava a própria sepultura. Em 1930, durante os Anos Loucos, em um tempo de super produção, até que
surge um colapso. A quantidade de mercadoria foi se acumulando, gerando um super crescimento das empresas e volume de mercadoria,
porém o público não acompanhou essa crescente. O crescimento econômico era uma bolha, mas ela se rompeu. O mundo vivenciou a Grande
Depressão, a chamada crise de 29, a maior crise financeira da história dos EUA.

A mão invisível no mercado foi uma analogia empregada por Adam Smith para explicar como o mercado se livre autorregularia, sem
intervenção estatal. Basicamente, se há procura, o preço sobe e se não tem procura o preço cai. Porém, quando não tem procura, poucos são
os caminhos para se tomar e fica a dúvida se o Estado deve ou não intervir. Para Adam, a intervenção do Estado não deve ocorrer, ele apenas
deve ser o controlador.

“Sociologia e sociedade industrial” Dahrendorf

Ideia central: o autor defende o desenvolvimento da sociologia como uma ideologia que tanto crítica como explica o entendimento da
sociedade industrial, sendo que ambas estão interligadas. Enfatizando que apesar da massificação, a desigualdade não acabou, mas sim houve
mudanças em suas formas estruturais. Dessa forma, a sociologia acaba virando um mito, no qual se adequa a cada modelo de sociedade e
cultura.

Por um lado, a sociologia nasceu na sociedade industrial e foi ganhando importância por conta da industrialização. Por outro lado, a
“sociedade industrial” é a filha mimada da sociologia.

Impulsos que deram origem à sociologia —> evolução intelectual, que mais tarde desaguou na sociologia científica, veio da Revolução
Industrial que formou uma nova classe social e a noção moderna da igualdade dos cidadãos. Objetivo: captar a realidade social e a postura do
homem por meio da ciência da experimentação.

Um dos primeiros resultados desta nova tendência da Sociologia foi a criação da sociedade industrial porque, até então, os sociólogos
denominavam de sociedade capitalista, de alienação, da injustiça, da miséria, opressão e etc. Com a ciência avalorista, começaram a buscar
termos assépticos e o termo industrial se destacou. A sociedade industrial é uma sociedade de massas ou seja, o indivíduo é um grão em meio
a vários (não se distingue dos seus semelhantes), perdendo a individualidade. Além disso, agora o homem é aquilo que ele conseguir se tornar.
A renda determina a situação social de cada um e as instituições de ensino ficam encarregadas de calibrar a capacidade de rendimento de cada
um a fim de direciona-los para sua posição correspondente.

Estratificação social (classifica a partir das condições econômicas)

“Apontamentos sobre o nascimento da sociologia” Professor Ricardo Musse (2012)

A sociologia surge para compreender uma nova configuração histórica e um novo modelo geopolítico do conservadorismo (nobreza e clero),
liberalismo (revolucionário) e socialismo (em resposta ao liberalismo).

A sociologia surgiu no século 19 sob o impacto da Revolução Industrial e da Revolução Francesa (burguesia). A sociologia nasce da provocação
que vinha do mundo para dentro do cérebro dos pensadores. Com isso, o debate intelectual foi amplificado. A ambição intelectual tentava
compreender, em um registro científico, a origem, o caráter e os desdobramentos dessa nova sociedade mas também procurou se diferenciar
das demais ciências como a economia, história, filosofia, psicologia e etc.

A sociologia, então, sempre se colocou em um movimento contraditório a fim de refletir sobre tudo.

O triunfo da indústria capitalista modificou profundamente as mentalidades, consolidando os valores propostos pelo Iluminismo. O projeto de
libertar os indivíduos do tradicionalismo, da superstição, da hierarquia baseada em critérios irracionais tornou-se um dos pilares da emergente
sociedade burguesa. Até mesmo o cultivo do “individualismo secular e racionalista” foi vinculado à perspectiva de um crescimento econômico
incessante.

O triunfo da indústria capitalista modificou profundamente as mentalidades, consolidando os valores propostos pelo Iluminismo

O ritmo da modificação econômica fortaleceu a convicção iluminista de que a racionalidade, o conhecimento, a riqueza, a tecnologia, o
controle sobre a natureza, em suma, a sociedade estaria sujeita a um progresso ilimitado

“Manchester” Engels

“[As lojas elegantes] são suficientes para encobrir, perante as vistas dos senhores ricos e damas com estômagos fortes e nervos fracos, a
miséria e a sujeira que formam os complementos do seu luxo e riqueza” (Engels, “Manchester”)

O autor mostra sua perplexidade diante da contradição entre o progresso e a riqueza trazidos pela indústria e a pobreza que habita lado a lado
com ela. Ele retrata também o surgimento de uma consciência pública em relação a uma nova pobreza, cujas causas são sociais. Eis o que se
chama “questão social”: é a questão da permanência da desigualdade e da heteronomia (sujeição do individuo à vontade de terceiros ou de
uma coletividade, o contrário de autonomia) na modernidade.

Nova pobreza —> o pensamento burguês liberal acredita que os indivíduos escassos financeiramente são vagamundos e preguiçosos. Porém,
há a necessidade de um novo olhar porque eles trabalham arduamente como proletariado industrial. A nova pobreza é estrutural, ou seja, não
é excepcional (casos individuais ou situações particulares), mas generalizada.

Respostas sociais a uma questão social: para Engels, a causadora é a indústria enquanto para Rousseau é a propriedade privada.

“Discurso sobre as origens” Rousseau

Rousseau critica os nobres e a classe mais alta de sua época, eles eram soberbos e arrogantes.

O homem nasce livre, mas cria estruturas e fica preso entre elas.

A origem e os fundamentos da desigualdade: pessoas na terra em que tudo é de todos mundo mas ao mesmo tempo não é de ninguém.
Algumas pessoas, mesmo assim, cercaram as terras e tomaram posse. Os outros, mais simples, aceitaram tal imposição.

A DESCOBERTA DA SOCIEDADE COMO PROBLEMA —> processo de modernização com as mudanças: do teocentrismo ao antropocentrismo, a
reforma protestante (individualismo moderno e quebra do monopólio do saber), revolução industrial (ampliação da divisão social do trabalho,
urbanização e consequentemente ruptura com relações comunitárias de pertença), revolução francesa (fim da legitimidade estamental,
abolição dos direitos de sangue. Igualdade, liberdade e fraternidade —> promessas da modernidade)

Século XIX : esperança e medo

 “SÉCULO DAS UTOPIAS” – promessas da modernidade parecem se realizar: a indústria faz concreta a promessa do fim das
necessidades, processo acelerado de urbanização, progresso técnico e científico, era da alta cultura burguesa etc.
 “SÉCULO DO MAL ESTAR” – limites das promessas legadas pela modernidade: medo, perplexidade e perda de sentido.

Sobre a ciência, havia uma celebração da potência humana pelo fato da dominação da natureza através da técnica. Porém, também havia
medo da prepotência humana que poderia ocasionar consequências catastróficas

MODERNIDADE E A PERSPECTIVA DO CONFLITO

O Manifesto Comunista foi escrito em 1848 e logo em seguida, tiveram várias revoluções em capitais europeias que ficaram conhecidas como
Primavera dos Povos. Embora o Manifesto não tenha causado, ele foi produto do mesmo clima de insatisfação social que as produziram.

O Manifesto se divide em quatro partes. É exposto uma visão nova da sociedade (sempre tiveram classes: opressores e oprimidos —> LUTA DE
CLASSES, motor da história) e os comunistas precisam ajudar os proletários. O proletariado é uma classe universal, cuja luta emancipa toda
humanidade e, diante disso, é embasado o convite à luta.

Conforme o capital aumentava, mais sólida aumentava a opressão que apesar de melhorar os instrumentos de comunicação e produção,
submetia tudo e todos acabando com a autonomia local.

No capitalismo, o que estabelece a posição das classes? Burguesia: propriedade privada dos meios de produção e proletariado: expropriados
dos meios de produção. Relação dinâmica e histórica de antagonismo e negação recíproca

Conceito de origem marxista, as Forças Produtivas, também designadas por 'forças de produção', são constituídas pelos meios de produção -
capitais, terras, matérias-primas, ferramentas e equipamentos -, pelos métodos e técnicas de utilização e pelos trabalhadores. Já Relações de
Produção, também é um conceito elaborado por Karl Marx, são as formas como os seres humanos desenvolvem suas relações de trabalho e
distribuição no processo de produção e reprodução da vida material.

Proletariado revolucionário “A burguesia produz, sobretudo, seus próprios coveiros”

 PRECARIZAÇÃO: aumento do caráter enfadonho, diminuição dos salários, aumento do trabalho.


 DESPOTISMO: controle, hierarquia, uso do trabalho feminino e infantil.
 OUTRAS FORMAS DE EXPLORAÇÃO: proprietário, varejista, usurário etc.
 PROLETARIZAÇÃO das camadas médias da sociedade (“simplificação dos antagonismos de classe” – p. 366)

MERCADORIA

Marx inicia a investigação do capitalismo pela análise da mercadoria, já que “a riqueza da sociedade onde reina o modo de produção
capitalista aparece como um 'monstruoso acúmulo de mercadorias' e a mercadoria individual como sua forma elementar”. Ou seja, o
capitalismo é a única forma de organização econômica na qual prepondera a produção voltada para a troca (lucro) e não para a satisfação das
necessidades humanas (uso). Por isso, a mercadoria é a forma elementar da riqueza nesse modo de produção.

Para ser considerado uma mercadoria, precisa ter alguma utilizada para um ser humano (precisa satisfazer alguma necessidade humana, se
realiza com a utilização ou consumo e é determinado pelas propriedades materiais das coisas) —> tem valor de uso (qualitativo). E,
exatamente por ter um valor de uso, ela pode ser trocada por outras. Para ser uma mercadoria, um bem precisa ter valor de troca
(quantificável e por meio dele que a riqueza é gerada), que é uma proporção quantitativa para que haja a troca (relação quantitativa:
equivalência, comensurabilidade e proporção).

VALOR = Valor de Uso + Valor de Troca

Preço = expressão/ representação em dinheiro do valor

Só conseguimos comparar as mercadorias analisando a força de trabalho usada para produzi-las. O valor é criado pelo trabalho. No final do
dia, o capitalista consegue acumular riqueza por meio do trabalho mas não o seu, e sim sua fortuna é resultado da apropriação do trabalho de
outras pessoas: o proletariado. E essa apropriação só é possível porque no capitalismo o trabalhador precisa de um salário para ter acesso às
mercadorias e os bens, já que ele não tem os meios de produção necessários para sua própria produção. Assim, precisa vender sua força de
trabalho para sua sobrevivência.

O problema é que para conseguir seu lucro, o capitalista não pode pagar um valor justo ao trabalhador, referente a tudo que ele produziu. Por
isso ele acaba pagando um valor bem inferior ao tempo gasto para a produção das mercadorias. E é desta diferença entre a jornada total de
trabalho e aquela que foi de fato paga ao trabalhador, que o capitalista retira seu lucro. Sendo que o excedente de horas trabalhadas de forma
gratuita, é chamada de mais valia.

(Relação valor e preço do mercado) Teoria do valor-trabalho de acordo com Adam Smith —> o ponto de partida da teoria de Adam Smith  foi
enfatizado da seguinte maneira: O trabalho era o primeiro preço, o dinheiro da compra inicial que era pago por todas as coisas. Assim,  Smith
afirmou que o pré-requisito para qualquer mercadoria ter valor era que ela fosse produto do trabalho humano.

A MÃO INVISÍVEL DE ADAM SMITH

“A mão invisível do mercado” foi uma analogia empregada por Adam Smith para explicar como, numa  economia concorrencial, a busca pelo
interesse individual pode resultar em melhoria do bem comum. Segundo o pensador escocês, há um mecanismo natural no mercado que
distribui socialmente, de alguma maneira, os ganhos individuais.
As pessoas colaboram entre si, cada um buscando seus próprios interesses e assim ajudar no desenvolvimento da sociedade mesmo que não
percebam, e como diria Smith, é como se fosse uma mão as guiando. E, mesmo que não façam de forma consciente, ajudarão a promover o
interesse público.

“Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que ele tem pelos
próprios interesses. Apelamos não à humanidade mas ao amor próprio e nunca falamos de nossas necessidades mas das vantagens que eles
podem obter” Adam Smith

Ele fala da benevolência de inúmeras pessoas que estão colaborando com a sociedade quando vendem seus produtos, mas fazem isso porque
precisam do dinheiro da venda para sobreviver enquanto nós, os consumidores, precisamos do produto para satisfazer nossa necessidade de
nos alimentarmos. No caso dessa troca voluntária, ambos os lados saem satisfeitos.

Circulação de Dinheiro de acordo com Karl Marx - O Capital

Marx sustenta uma tese de que o dinheiro não é necessariamente capital. Ele coloca duas funções para o dinheiro: como pagamento ou como
capital.

Dinheiro como pagamento é simbolizado:

M - D - M

venda de trabalho como mercadoria//em troca de dinheiro como salário// mercadoria na forma de consumo

Nesse circuito não há excedente econômico. Tem apenas o dinheiro como funcao de pagamento, portanto o salário não é capital

Dinheiro como capital é simbolizado:

D - M - D’

Empresas que possuem ao dinheiro vão ao mercado e compram trabalho e insumos. No final elas obtêm o lucro (dinheiro linha) que é o
acréscimo de valor ao dinheiro inicial. A partir daí, ele conclui que dinheiro é capaz de gerar dinheiro.

ATIVIDADE – PROVA PARCIAL

No vídeo que reproduz um trecho do jornal “Band News FM no meio dia” do dia 17 de janeiro de 2022, Eduardo Oinegue, palestrante e
jornalista brasileiro, relata sobre o estudo realizado pela OXFAM BRASIL, uma ONG que luta por um país mais justo e solidário, abordando
temas importantes como pobreza e desigualdade social.

Sobre esse estudo, são trazidas diversas análises e conclusões societais acerca do tema, são elas: surge um bilionário novo por dia, existem
cerca de 3 mil pessoas bilionárias sendo que os 10 homens mais ricos do mundo dobraram sua fortuna. Em contrapartida, a renda de 94% da
sociedade caiu e 99% da população sofreu com a diminuição de renda, fator que deixou 55% dos brasileiros com insegurança alimentar.

De acordo com o jornalista, os bilionários conquistaram tudo que possuem por inovarem e merecem grande mérito. Além da genialidade ou
criatividade, eles foram capazes de convencer pessoas a investirem no projeto, que produziu retornos e lucros e atualmente são pagos
impostos. Além de que, todo o processo gerou empregos e contribuiu de alguma forma para a sociedade no geral.

Portanto, de acordo com Eduardo, não se deve atribuir um caráter negativo às pessoas com alta renda porque a riqueza não funciona com
subtrações e adições, mas sim como um meio multiplicador em que todos podem ganhar à medida que é produzida.

Crítica Marxiana
Primeiramente, o discurso de Eduardo Oinegue busca legitimar a acumulação de riqueza e as lacunas existentes na sociedade. Quando se diz a
respeito da desigualdade social, Marx a relaciona com a exploração das classes proletárias derivada da Revolução Industrial. Então, segundo o
filósofo, a origem da desigualdade está ligada à relação desigual de forças entre dois polos, representados pela burguesia, dona da
propriedade privada dos meios de produção que visa o lucro, enquanto do outro lado, o proletariado, expropriado dos meios de produção,
oferece sua mão de obra em troca de um salário. Para ele, a relação entre as duas classes sociais do século XIX se mostra antagônica e oposta
porque possuem interesses distintos e estão em posições sociais distintas. Porém, ao mesmo tempo, estão no modo de dependência de uma
para com a outra para existir e para sobreviver pois enquanto o proletariado precisa trabalhar, o burguês precisa de sua indústria funcionando.
Karl nomeia tal fator de “Luta de Classes” e o chama de “Motor da História”.

Na obra “Discurso sobre as origens” de Rousseau, o autor também critica os nobres e a classe mais alta de sua época uma vez que eram
arrogantes e soberbos. A partir daí, ele faz uma reflexão acerca da divisão de classes e afirma que o homem nasce livre, mas ao longo de sua
vida cria estruturas, nas quais acaba se aprisionando. Jean – Jacques Rousseau trata da origem e dos fundamentos da desigualdade,
mostrando que, no início do mundo, tudo era de todos, porém ao mesmo tempo não era de ninguém. Por conseguinte, determinadas pessoas
cercaram as terras e tomaram posse enquanto os outros, mais simples, aceitaram tal imposição e futuramente tiveram que vender sua mão de
obra para não morrerem de fome.

Outro ponto defendido pelo jornalista é que a economia não é uma conta que soma zero, ou seja, se um indivíduo ganhar recursos, não
necessariamente o outro precisa perder. Assim, dizendo, que os ricos não se apropriam do dinheiro dos pobres. Contudo, tal afirmação não é
coerente porque o valor é criado pelo trabalho, isto é, as mercadorias produzidas no sistema capitalista são circuladas com base na força de
trabalho investida nelas. No final do dia, o dono do meio de produção acumulará sua riqueza por meio do trabalho, mas não fruto do seu, e
sim acumulará uma fortuna que é resultado da apropriação do trabalho de outras pessoas: as de classe baixa. E essa apropriação só é possível
pela relação de dependência citada anteriormente, em que o trabalhador precisa de um salário para ter acesso às mercadorias e bens, já que
não possui os meios de produção necessários para sua própria produção. Assim, precisa vender sua força de trabalho para sua sobrevivência.

O problema é que para conseguir o lucro, o senhor não paga um valor justo ao trabalhador referente a tudo que ele produziu. O valor pago é
algo inferior ao tempo gasto para a produção das mercadorias e é desta diferença entre a jornada total de trabalho e aquela que foi de fato
paga ao trabalhador, que o capitalista retira seu lucro. Para essa injustiça do excedente de horas trabalhadas de forma gratuita, Marx
denomina de “mais-valia”. Portanto, o apresentador se equivocou em sua fala pois há sim uma apropriação dos opressores sobre os
oprimidos.

Além disso, o jornalista defende a acumulação de riquezas expondo a contribuição dos ricos para com a sociedade por meio dos impostos.
Porém, eles realizam o pagamento da taxa assim como todas as outras classes, cumprindo apenas sua obrigação e, além do mais, com os
tributos regressivos, muitas vezes as pessoas mais pobres pagam ao Estado uma porcentagem maior da sua renda, e as mais ricas acabam
pagando menos.

No texto “Manchester” de Engels é exposto um trecho que se refere à tamanha disparidade e contraposição entre as classes: “[As lojas
elegantes] são suficientes para encobrir, perante as vistas dos senhores ricos e damas com estômagos fortes e nervos fracos, a miséria e a
sujeira que formam os complementos do seu luxo e riqueza”. No excerto fica evidente a perplexidade do autor perante a situação de
contradição entre o avanço e a prosperidade advinda dos novos meios de produção industrial e a pobreza concomitantemente progredia.

Nesse período, surge o termo “nova pobreza” para se referir à pobreza cujas causas são sociais porque sobreveio à sociedade burguesa liberal
um pensamento de que os menos abonados estavam em suas respectivas posições por não se esforçarem tanto quanto os mais prósperos.
Eduardo Oinegue segue, em termos, essa linha de pensamento ao engrandecer a criatividade e inovação dos 10 homens mais ricos do mundo
que tiveram a sua fortuna dobrada, como se os outros 94% da população que sofreram com a diminuição de renda, não tivessem a mesma
capacidade ou genialidade e por isso se encontram na atual situação de insegurança.

Um fator frequentemente esquecido pelos defensores dessa tese é a dura jornada de trabalho e a falta de direitos dos proletários no século
XIX e, nos dias atuais, nem todos recebem as mesmas oportunidades para ascender na vida.

Por fim, a linha de pensamento exposta no jornal da Band News segue uma linha totalmente oposta aos princípios de Karl Marx, uma vez que
engrandece a classe favorecida pelos seus feitos que não passam de obrigações. O jornalista legitima o fato de os bilionários gerarem
empregos e pagarem os impostos como se fossem grandes feitos. E, conforme o pensamento, acha justo a exploração e opressão dos menos
favorecidos.

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