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O conceito de uma “sociedade de massas” é bem mais velho do que se faz acreditar, é uma
ideia que em 1930 tinha já quase um século de vida, contrariando os pensadores que dizem
ser algo ligado com as tecnologias ou com a contemporaneidade. Até 1835 há uma
concepção criada principalmente pelo desprezo que a aristocracia sentia pelo novo papel do
“povo”. A industrialização muda a vida dessas classes populares e não só eles, como toda a
dinâmica social da época que se altera também por esses movimentos ligados as massas, no
século XIX, uma utopia progressista já havia se instalado como ideologia na sociedade. Essas
mudanças são essenciais pra fazer a burguesia, antes revolucionária se portar de forma a
evitar qualquer tipo de revolução.
Não há castas, categorias ou classes, mas ao mesmo tempo não há uma vontade individual.
Em uma democracia, o poder legitimo se encontra nas mãos da maioria, é por isso uma faca
de dois gumes, para Tocqueville dentro da democracia há quem pode-se apelar quando há
injustiça? Afinal, todas as instituições são ligadas de alguma forma com essa “maioria”, seja
executivo, legislativo ou judiciário e é também tirano, pois pode projetar a imagem de uma
massa muitas vezes ignorante em escolhas também ignorantes que sacrificam a “verdadeira”
liberdade em detrimento de um bem-estar e de uma falsa igualdade.
Em 1895, Gustave Le Bon publica La psychologie des foules e para ele a civilização
industrial não é possível sem a formação de multidões, e o modo de existência destas é a
turbulência e massa, para ele é um fenômeno psicológico onde os indivíduos, por mais
diferentes que sejam se encontram dotados de uma alma coletiva que lhes faz comportar-se
de maneira completamente distinta de como o faria cada indivíduo de forma isolada. Le Bon
se assusta, pois, as massas podem significar uma espécie de retorno ao passado e as
superstições. Reduzidos a “movimentos de massas”, os movimentos políticos das massas ou
“povo” são identificados caracterizados principalmente como a volta em estágios
“primitivos”, outros diversos autores, como Freud, Wilhelm Reich ou Max Weber que vão
falar sobre esse mesmo tema de formas diferentes e estruturar suas explicações para os
respectivos fenômenos.
Como dá pra perceber na Velha Europa, a sociedade de massa é vista com degradação, já
para os Norte Americanos é vista com bons olhos e como uma chance de crescimento
industrial e aí também que começam a adquirir a sua síndrome de liderança mundial. Há aqui
uma direção oposta, vendo a sociedade de massa de modo positivo, para os estudiosos aqui,
ela permite uma liberação das capacidades morais e intelectuais do indivíduo que não mais
precisa se conformar ou ser passivo, permite a comunicação entre os mais diferentes estratos
da sociedade. “E quando existiu maior circulação cultural que na sociedade de massa?”, para
o autor, o cinema, o jornal e até a circulação dos livros, tudo fica mais democrático e de mais
fácil acesso.