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SOCIEDADE E CULTURA: CONTEXTOS COMUNICATIVOS

 JOÃO VITOR DOS SANTOS MARQUES


 RESUMO - CAPÍTULO 2; Dos meios às mediações: comunicação, cultura e
hegemonia de Jesús Martín-Barbero.

O conceito de uma “sociedade de massas” é bem mais velho do que se faz acreditar, é uma
ideia que em 1930 tinha já quase um século de vida, contrariando os pensadores que dizem
ser algo ligado com as tecnologias ou com a contemporaneidade. Até 1835 há uma
concepção criada principalmente pelo desprezo que a aristocracia sentia pelo novo papel do
“povo”. A industrialização muda a vida dessas classes populares e não só eles, como toda a
dinâmica social da época que se altera também por esses movimentos ligados as massas, no
século XIX, uma utopia progressista já havia se instalado como ideologia na sociedade. Essas
mudanças são essenciais pra fazer a burguesia, antes revolucionária se portar de forma a
evitar qualquer tipo de revolução.

A DESCOBERTA POLÍTICA DA MULTIDÃO

O pensamento de Tocqueville mostra uma nova visão da relação da sociedade sobre as


massas ou o contrário, pois se antes estavam “fora”, agora se encontravam “dentro”. Portanto,
de forma participativa, desintegrando a velha ordem. É interessante notar que a democracia
em sua origem porta em si mesma sua “destruição”.

Não há castas, categorias ou classes, mas ao mesmo tempo não há uma vontade individual.
Em uma democracia, o poder legitimo se encontra nas mãos da maioria, é por isso uma faca
de dois gumes, para Tocqueville dentro da democracia há quem pode-se apelar quando há
injustiça? Afinal, todas as instituições são ligadas de alguma forma com essa “maioria”, seja
executivo, legislativo ou judiciário e é também tirano, pois pode projetar a imagem de uma
massa muitas vezes ignorante em escolhas também ignorantes que sacrificam a “verdadeira”
liberdade em detrimento de um bem-estar e de uma falsa igualdade.

Tocqueville propõe uma pergunta fundamental sobre a modernidade: pode-se separar o


movimento pela igualdade social e política do processo de homogeneização e uniformização
cultural? Porém essa contradição revela antes de tudo um medo oriundo de mudanças, logo
depois vem o pensamento de Stuart Mill no século XIX, que continua e complementa o de
Tocqueville, constrói uma concepção de processo social, que para ele é uma vasta e dispersa
agregação de indivíduos isolados.
A PSICOLOGIA DAS MULTIDÕES

Em 1895, Gustave Le Bon publica La psychologie des foules e para ele a civilização
industrial não é possível sem a formação de multidões, e o modo de existência destas é a
turbulência e massa, para ele é um fenômeno psicológico onde os indivíduos, por mais
diferentes que sejam se encontram dotados de uma alma coletiva que lhes faz comportar-se
de maneira completamente distinta de como o faria cada indivíduo de forma isolada. Le Bon
se assusta, pois, as massas podem significar uma espécie de retorno ao passado e as
superstições. Reduzidos a “movimentos de massas”, os movimentos políticos das massas ou
“povo” são identificados caracterizados principalmente como a volta em estágios
“primitivos”, outros diversos autores, como Freud, Wilhelm Reich ou Max Weber que vão
falar sobre esse mesmo tema de formas diferentes e estruturar suas explicações para os
respectivos fenômenos.

METAFÍSICA DO HOMEM DE MASSA

Os acontecimentos como a Primeira Guerra Mundial, Revolução Soviética, surgimento e


avanço do fascismo, tudo aumenta a sensação de desastre definitivo e o pessimismo cultural.
Agora com uma sociologia de Tocqueville e uma psicologia de Le Bon, não faltava senão o
salto a metafísica. E o que leva Ortega, com sua teoria do homem-massa, com a invasão das
massas por todos os lugares, inclusive dos reservados às minorias criativas, a multidão
imediatamente se fez visível. Antes, se existia, passava desapercebida. No final Ortega se
resume com: “A rebelião das massas é a mesma coisa que Rathenau chamava a invasão
vertical dos bárbaros”.

ANTITEORIA: A MEDIAÇÃO MASSA COMO CULTURA

Como dá pra perceber na Velha Europa, a sociedade de massa é vista com degradação, já
para os Norte Americanos é vista com bons olhos e como uma chance de crescimento
industrial e aí também que começam a adquirir a sua síndrome de liderança mundial. Há aqui
uma direção oposta, vendo a sociedade de massa de modo positivo, para os estudiosos aqui,
ela permite uma liberação das capacidades morais e intelectuais do indivíduo que não mais
precisa se conformar ou ser passivo, permite a comunicação entre os mais diferentes estratos
da sociedade. “E quando existiu maior circulação cultural que na sociedade de massa?”, para
o autor, o cinema, o jornal e até a circulação dos livros, tudo fica mais democrático e de mais
fácil acesso.

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