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MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia.

São Paulo: Brasiliense


(Coleção Primeiros Passos), 2006.

Naellis Viana Rodrigues1

O autor Carlos Benedito Martins, formou em 1971 em Ciências Sociais na


Universidade Católica de São Paulo, Mestrado em 1979 e Doutor em Sociologia pela
Universidade de Paris em 1986. Tendo como áreas de atuação, Teoria Sociológica e
Sociologia da Educação. Autor de obras como Ensino pago: um retrato sem retoque
e Ensino superior brasileiro: transformações e perspectivas atuais.

A obra é dividida em três capítulos: O surgimento; e A formação, porém nessa


resenha serão trabalhados apenas os dois primeiros. Na Introdução o autor vem
mostrando como se deve trabalhar com a Sociologia de modo investigativo, ou seja,
trabalhar com um novo conceito, sendo inserida nesse mundo capitalista e como o
pensamento vem modificando com essas novas mudanças e como são classificadas
as classes sociais.

No capítulo 1, vem falar sobre o nascimento da sociologia dentro do mundo


moderno e sua evolução como ciência. Segundo Martins, a formação da sociologia,
se deu por um processo histórico, onde o fim do feudalismo contribuiu para um novo
começo que seria o inicio de um sistema capitalista.

As transformações econômicas, políticas e culturais que se aceleram a


partir dessa época colocaram problemas inéditos para os homens que
experimentavam as mudanças que ocorriam no ocidente europeu. A dupla
revolução que esse século testemunha – a industrial e a francesa –
constituída os dois lados de um mesmo processo, qual seja, a instalação
definitiva da sociedade capitalista. (MARTINS, 2006, p. 11)

Essas transformações de sistema trouxeram várias consequências para essa


sociedade, além de mudar o meio de vida daqueles que trabalhavam como artesão ,
também uma grande massa sairia do campo para a cidade, isso atingindo a vida de
todos “ Em alguns setores da indústria inglesa, mais da metade dos trabalhadores
era constituída por mulheres e crianças que ganhavam salários inferiores dos
homens.” ( MARTINS, 2006, p 13)

Com o aumento dessas urbanizações através desse processo de


industrialização, acarretou uma série de problema, e uma delas estava, “ ... aumento
assustador da prostituição, do suicídio, do alcoolismo, do infanticídio, da
criminalidade, da violência, de surtos de epidemia de tifo e cólera que dizimaram
parte da população etc. ’’ ( MARTINS, 2006, p 13 – 14).

1
Aluna regularmente matriculada na Disciplina Leitura em Ciências Sociais, 1º semestre do Curso de Ciências
Sociais da Universidade Federal de Roraima. Boa Vista/RR. 2017.1.
Em meio a esse contexto de mudanças, surgi o proletariado que se
desenvolve em meio a essa revolução, onde teria um papel importante e seria ao
contrario desse sistema capitalista, que estaria ele envolvido também.

“ Nessa trajetória, iam produzindo seus jornais, sua própria literatura,


procedendo a uma crítica da sociedade capitalista ...” ( MARTINS, 2006, p 14). Essa
classe iria se impor contra esse tipo de regime trabalhista, e junto com eles outros se
envolveriam em debates ideológicos, pois estavam vivendo esse processo.

Com a independência do Brasil as diferença entre os grupos no cenário


brasileiro era mais evidente, o governo ficava nas mãos elitista e haviam atingido o
objetivo principal a que se propunham. A concentração do poder nas mãos dessa
minoria que levava ao imperador o privilégio de dirigir a nação, levando-o à
abdicação em 1831, o povo nada ganhou com as mudanças, a população ainda
permanecia escrava, não definido ainda a cidadania na Constituição.

No capítulo 2, com a emancipação da política no Brasil, José Bonifácio tem


sua importância política, ao lado de Dom Pedro vem como um dos responsáveis
pela separação definitiva com Portugal e a manutenção da unidade nacional. Para a
autora o estudo de Bonifácio não vem como objetivo reconstituir os acontecimentos
nem procurar avaliar qual o papel de José no movimento da Independência, mas
estudar algumas das imagens mais expressivas delineadas através do tempo.

Em continuidade do capitulo fala-se de José Bonifácio mais no pessoal.


“Considerava-se homem independente, amante da liberdade, incapaz de
servilismos...” (VIOTTI, 1999, p. 100). A visão da Contemporaneidade de José vem
como uma versão aproximada e semelhante, entre seus amigos e partidários,
traçado pelas necessidades do momento político e fortalecido pelo partidarismo e
amizade.

As anotações 1836 de Menezes Drummond que viveu longos anos para


contar a história dos eventos, realçando o papel de José Bonifácio na emancipação
política do país e repreendendo os que, em sua opinião, buscavam por todos os
meios em se apoiar no imperador.

Para a autora a contemporaneidade os episódios que precipitaram a ação de


José Bonifácio no plano político da Independência, os jornais que lhe faziam
aversão, principalmente o Correio do Rio de Janeiro, o Revérbero Constitucional e o
Malagueta, os seus opositores políticos nos discursos na Câmara e nas
proclamações anônimas difundiam uma versão totalmente oposta à imagem
favorável que os amigos de José se encarregavam de divulgar.

“A versão que poderíamos chamar ‘a lenda negra de José Bonifácio’


mantinha-se no nível das impressões subjetivas.” (VIOTTI, 1999, p. 110). A José
Bonifácio resta apenas a glória de um auxiliar colaborador, restando apenas o mérito
de ter sido ministro do Império e de ter desempenhado o seu dever emitindo várias
ordens em prol da independência.

No poder, José Bonifácio rodeara-se da pior espécie de gente, a mais infame


e baixa, servindo-se destes instrumentos para as suas vinganças. A todos que o
contestavam e não o bajulavam perseguia sem tréguas. Quando no poder, dizia que
a oposição era demagoga, anarquista, republicana e conspiradora; quando na
oposição, denunciava os governantes de opressores e cruéis, tramando contra eles.

No capítulo 2 (dois) aborda o matemático francês Henri Poicaré referindo-se a


sociologia como uma ciência de poucos métodos e resultados, a existência de
divisões causadas por antagonistas de classe, provocam a discórdia banal por parte
dos sociólogos. Os interesses opostos na sociedade capitalista penetraram e
invadiram a formação da sociologia, revelando a origem de diferentes tradições.
De acordo com o autor a sociologia surge num momento expansivo do
capitalismo, no qual as tradições firmavam-se em pensamentos conservadores,
sintetizadores de conceitos explicativos da realidade.
As críticas quanto a modernidade, os conservadores moldavam uma nova
teoria sobre a sociedade, com intenções centradas no estudo das instituições sociais
– família, a religião, o grupo social e contribuições para a manutenção da ordem
social. Saint-Simon, Auguste Comte e Emile Durkheim – teóricos positivistas –
influenciadores das ideais conservadoras escola retrógrada.
Para Martins o papel da sociologia consistia na detecção e identificação das
soluções para os problemas sociais, reparando toda a estrutura social. A inquietação
básica do positivismo foi a continuação e preservação da ordem capitalista, o
pensamento socialista ira na procura de uma crítica histórica sociais, colocando em
destaque aos pontos de vista e contradições.
Com o surgimento do proletariado como parte complementar de um grupo
revolucionário, cria condições para o surgimento de uma nova teoria crítica da
sociedade. De acordo com o autor a teoria do socialismo marxista é constituído por
uma complexa intervenção intelectual, na qual são incorporadas de maneira crítica
as três principais correntes, o socialismo, a dialética e a economia política.
“A função da sociologia, nesse perspectiva, não era de solucionar os
‘problemas sociais’, com o propósito de reestabelecer o ‘bom funcionamento da
sociedade’, como pensavam os positivistas.” (MARTINS, 2006, p. 58).
O socialismo pré-marxista e/ou socialismo utópico, formava uma clara reação
à nova realidade inserida pelo capitalismo, sobretudo nas relações de exploração.
Esse socialismo possuía relação com o desenvolvimento do capitalismo, uma vez
que as incoerências entre burguesia e proletariado não estavam amadurecidas,
denominado socialismo apocalíptico.
Martins diz que a teoria social surgida na inspiração marxista não se limitou a
ligar política, filosofia e economia. Ao contrário do positivismo, que buscou elaborar
uma ciência social neutra e imparcial, ao contrário a sociologia positivista, que via na
divisão do trabalho da sociedade moderna uma fonte de amparo entre os homens.
Para Martins o valor deixado às ciências sócias como as aplicações do
materialismo dialético ao estudo dos fenômenos sociais, a sociologia encontrou
também, nessa linha de pensamento, estímulo para se tornar crítico e militante.
A obra apresentando um enfoque elaborativa de um conjunto de pensadores
empreendendo suas manifestações na compreensão das situações existentes que
estavam em curso em passagens históricas, atrelando assim a criação e ampliação
de vários campos dos saberes. Com uma abordagem de diferentes tipos de
sociologia desenvolvidas, realizando estudos da sociedade através das diversidades
laborais.
Para o autor, os estudiosos foram de grande valor no entendimento social da
época, apesar das dificuldades no desenvolvimento dos estudos por causa da
burguesia conseguiu boa parte do que pretendia, no entanto, figurou em sua obra
compreender o básico social, relatando mesmo que parcialmente uma parte que
esclarece e pondera certos empenhos sociais atuais.

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