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O fascismo, movimento político histórico representado por Benito

Mussolini na Itália nas décadas de 1920 e 1930, não se estendeu apenas ao


país europeu, mas também ao restante do globo, como força política alternativa
e com grande apelo popular durante momentos de crise do capitalismo e das
instituições políticas, econômicas e sociais de cada espaço geográfico. As
eleições de 2022 no Brasil, conforme representadas no texto, carregavam a
ameaça as instituições democráticas pelo viés político do candidato de
extrema-direita, e atual presidente até então, Jair Bolsonaro, dada sua postura
problemática diante do sistema político brasileiro e da democracia vigente.
Após a segunda guerra mundial, teorias políticas como o fascismo e o
nazismo, pareciam extremamente nefastas no imaginário popular global, tendo
em vista seus estragos e horrores causados a raça humana, como no caso do
projeto estético nazista, posto em prática no holocausto entre 1933 e 1945.
Porém, conforme o fim da guerra fria se aproximava, na década de 80, a
extrema-direita europeia, se reestruturou conforme a necessidade e adotou
uma retórica símile a fascista italiana para justificar as crises econômicas,
sociais e estruturais da sociedade, na migração árabe e de outras culturas. O
fascismo se manifesta, dentre outras maneiras, como uma ideologia política
que utiliza-se de bodes expiatórios e discursos que são facilmente comprados
pela massa alienada pela burguesia, pelo trabalho, pelo capital e por outros
instrumentos de dominação. A preconização de minorias como as causas para
os problemas da sociedade, carregados do chauvinismo exacerbado, da
utilização de uma estética nacionalista ao extremo e defensora de uma falsa
moralidade e soberania do território, caracterizam o fascismo enquanto um
movimento problemático que se valida de retóricas simples, facilmente
compradas e que vão no âmago popular.
Em momentos de crise estrutural do capital, definidas por István
Meszaros como, ‘’momentos e períodos onde existe a completa disjunção da
produção e dos métodos mais vitais da espécie humana’’, o capitalismo e esse
sistema se vê ameaçado pela organização popular, a insurgência de
movimentos anti-capitalistas, representados pelas figuras de partidos
comunistas ao redor do mundo e o liberalismo, ao longo do tempo,
compreendeu que o fascismo era a melhor maneira de combater a ruptura total
do capitalismo proposta pelos comunistas e os ideários marxistas, já que o
fascismo se vale de um discurso que demoniza o sistema, as estruturas, a crise
e promete um retorno triunfante as glórias de um passado que só existe na
imaginação e no psicológico daqueles que defendem as ideias fascistas
representadas por algum político de discurso simples. O fascismo serve
apenas como apoio para reestruturar a sociedade capitalista em crise e colocar
a todo vapor as máquinas da acumulação, a produção desenfreada e o lucro,
sob todo custo, para os detentores do capital.
A Venezuela no final do século XX, apresentou forte instabilidade política
e social. O ex-presidente, Hugo Chávez, chegou ao poder por via democrática
em 1999, apesar de anteriores tentativas de golpe ao longo da década de
1990, com um discurso fortemente voltado para a ruptura com as estruturas
burguesas até então vigentes, voltado para o socialismo e para o progresso
social de um país produtor de um importante recurso energético, que apenas
servia para gozar os interesses norte-americanos. A tentativa de golpe em 2002
contra Chávez, representava o fascismo na Venezuela e a tentativa da
influência norte-americana em reaver seu território perdido, na influência sobre
os preços do petróleo, sobre a sociedade e etc. No Chile, quase 30 anos antes,
aconteceu o golpe do 11 de setembro de 1973, onde o presidente socialista,
democraticamente eleito, Salvador Allende, foi deposto e deu lugar a primeira
experiência neo-liberal do mundo, sob o comando do nefasto ditador, Augusto
Pinochet, de práxis símile aos dos líderes nazi-fascistas ao longo das décadas
de 1920 até 1940. ‘’A partir de sua definição de essência do fascismo,
Theotonio dos Santos classificou as ditaduras militares latino-americanas dos
anos 1960/70 como casos atípicos de fascismo, em condições de dependência,
o que limita sua base pequeno-burguesa como movimento social, em razão da
superexploração do trabalho que restringe a extensão desse segmento,
constituindo-se em fascismos débeis apoiados na tecnoburocracia militar, cujo
monopólio político do aparato estatal pode desdobrar-se em conflitos como
capital estrangeiro e o imperialismo, exemplificados na tentativa da ditadura
brasileira dominar as tecnologias nuclear e de informática, em sua ruptura
como TIAR, ou no conflito militar da ditadura Argentina com a Grã-Bretanha
pela disputa das ilhas Malvinas.’’
De tal maneira, o fascismo é utilizado pelos instrumentos do liberalismo
e dos norte-americanos, como uma maneira de colocar em cheque e suscitar
conflitos em sociedades que vivem a margem de uma forte crise estrutural,
institucional e social do capitalismo e de suas adjacências.
Em muitas formas este instrumento político pode ser utilizado, por
muitas vias de discurso, que se assemelham com as já citadas no texto, ou até
mesmo com visões mais moderadas e que não abusam da força institucional
para garantir a reinstituição do sistema vigente. O fascismo dessa maneira, se
comporta de maneira extremamente adaptativa e modelada com base na
necessidade que cada sociedade e sistema exige. No cone sul e nas américas,
o fascismo utilizou ao longo do tempo o chauvinismo, os discursos que se
assemelhavam mais as reinvindicações populares, representados por figuras
carismáticas que são admiradas por partes da população. Líderes como
Bolsonaro, a ascensão de Javier Milei na Argentina e até o exemplo norte-
americano de Donald Trump, são figuras que tem discursos semelhantes
antissistemicos, outsiders, fora de uma tal ‘’casta política’’ e ganham por via
democrática a oportunidade de chefiarem suas nações e colocarem em prática
o projeto liberal de dar um ponto final as crises sistemáticas que esse mesmo
sistema a causou, agravando a desigualdade social, a alienação e os
problemas condicionantes do sistema capitalista e da democracia liberal e
burguesa.
O conceito do fascismo é amplo, não consegue ser restrito. O fascismo
como descrito no texto, abarca ideais anti-iluministas e anti-modernos, indo de
encontro a emancipação do homem, a conquistas primordiais do trabalho e
seus direitos. O respeito ao conservadorismo de tradições, da conservações de
ideias antigas e análogas é um dos principais pontos presentes do fascismo
nas suas mais diversas manifestações ao longo do tempo. A utilização do
estado moderno para métodos muito similares aos colonialistas europeus, de
repressão, de uso da força institucional para a repressão das insurgências
sociais, mostra a mistura de aspectos multi elementares das forças políticas ao
longo da história.
Na gênese dos movimentos fascistas há quase 1 século, aspectos como
a designação do marxismo, do comunismo e da social democracia como os
principais inimigos ds instituições e da ordem social, a convergência completa
com os elementos da defesa do nacionalismo em aspectos da economia, como
o protecionismo, expurgar de maneira exemplar elementos que signifiquem
riscos para a soberania nacional e um completo comprometimento em erradicar
as lutas do internacionalismo. Tal internacionalismo que é carregado de
maneira visceral nos interesses do trabalhismo, do marxismo, na célebre frase,
‘’Proletário de todo o mundo, uni-vos’’ e também do liberalismo.
O antissemitismo e a guerra racial, são equiparáveis e de preceitos e
consequências muito próximas as já citadas sobre os bodes expiatórios do
fascismo. O controle dessas populações minoritárias, porém, encaradas como
problemas pros primeiros regimes fascistas, era de suma importância.
Ao longo do texto e desse resumo, de alguma maneiras, as
compreensões aqui presentes carregam paralelos e laços estreitos entre
atualidade e passado. O fascismo e sua compreensão carregam isto por ser
um regime político extremamente complexo, que carrega peculiaridades, sejam
elas pertencentes a um contexto histórico distante ou até mesmo que estejam
sob nossos olhos no cenário político da atualidade.
O fascismo hoje é apresentado justamente como força política
antagônica a tudo que represente uma ameaça a ruptura do sistema político
capitalista, liberal e neo-liberal. O cão de guarda desse sistema, que surgiu de
maneira despretensiosa, se tornou uma ferramenta muito útil para agradar os
interesses sistêmicos. Os Estados Unidos sob a figura do partido Republicano
e do ex-presidente, Donald Trump, se mostraram como epicentro do fascismo,
mediante a atual crise que vivemos no sistema que coloca em cheque o futuro
da espécie humana, haja visto a ausência de esforços eficazes para combater
a pobreza, a fome, a desigualdade e os impactos climáticos do ambiente.
Novamente citando a obra do húngaro, Meszaros, o capitalismo se
mostra ineficaz em juntar e fazer caminhar de maneira paralela, a acumulação
e a vitalidade do homem. O meio-ambiente não pode ser respeitado enquanto
existe o capitalismo e o seu egoísmo.
Voltando ao cerne da questão discutida neste resumo, o fascismo se
adaptou as mais diferentes retóricas e situações globais. O americano, parece
ser mais voltado para um combate feroz ao socialismo chinês e seus
resultados amplamente reconhecidos no mundo em conciliar os esforços
sociais de progresso e um programa desenvolvimentista e industrial que
colocou a China no patamar de uma das economias mais bem-sucedidas do
mundo, enquanto há muitos anos atrás era o país mais pobre do mundo, antes
da revolução promovida por Mao-Tse-Tung. Abusa de retórica ocidentalista
contra o fundamentalismo religioso islâmico, busca a deterioração do oriente. O
uso das notícias falsas, estratégias modernas apoiadas na psicologia, na
alienação e etc.
O fascismo europeu aparenta estar mais calcado na segmentação de
um lado americano numa guerra ideológica em um mundo novamente
polarizado entre dois aspectos, chineses e americanos. Na Europa, o fascismo
além de seguir passos americanos, atende aos interesses da OTAN e adota
discurso semelhante de repulsa e expurgação dos interesses diferentes ao
imperialismo, ao neocolonialismo e ao que ameace a hegemonia europeia,
como a migração e a disseminação cultural em território europeu, que tem
como seus maiores antagônicos, as politicas como a do premiê, Viktor Orban,
na Hungria, do governo Polonês, ou a do antigo, primeiro-ministro britânico,
Boris Johnson.
Na América do Sul, o fascismo acaba por estar mais caracterizado as
crises que perpassam as estruturas e passaram ao longo das últimas décadas,
fundamentaram um movimento coeso e similar nas mais diversas localidades
do continente. Associado aos movimentos midiáticos, interesses corporativos e
religiosos, o fascismo agiu de maneira coerente para coibir os avanços do
progresso social promovido pela onda rosa durante o início do século XXI, que
elegeu, Lula no Brasil, Morales na Bolívia, Lugo no Paraguai, deposto de
maneira esquisita e que representou o fim da hegemonia do partido Colorado,
representado pela direita Paraguaia, e a nomes como o nefasto general Alfredo
Stroessner, do qual governou o país durante 36 anos, Correa no Equador, os
Kirchner na Argentina, Bachellet no Chile, Chávez e a revolução bolivariana na
Venezuela. Esses movimentos políticos e eleições, significaram uma forte
ameaça a burguesia e os antagonistas a estes projetos políticos, os fascistas
sul-americanos, obtiveram papel primordial para manter a hegemonia
burguesa, pautando um discurso anti-comunista, anti-corrupção, anti-sistemico,
que foi representado por nomes como Javier Milei, Jose Antonio Kast e
Sebastian Pinera, Juan Guaidó e principalmente, Jair Bolsonaro, que são os
personagens do liberalismo para combater as ameaças geradas pelas crises a
estabilidade do sistema, para difamar adversários, agitar as massas e
promover programas que significam mais e mais mazelas sociais para a
população e para os dependentes do sistema.
Essas sumas manobras demonstradas no texto, por americanos,
burguesias nacionais, grupos políticos, religiosos, demonstram o caráter do
fascismo como uma ferramenta e não propriamente dito, uma ideologia política
constituída e pronta, já que aponta para um regime provisório que representa a
violência institucional, o caráter das forças nacionais e institucionais contra
insurgências e ameaças aos impérios hegemônicos exercidos pelo liberalismo,
pelos Estados Unidos, pela herança do colonialismo, pelo neo-colonialismo e
pelo imperialismo.
É vital compreender o movimento fascista porque ele se vale de ser um
movimento de massas para conquistar apoio e simpatizantes, conscientizar as
massas trabalhadoras de toda e qualquer sociedade dos perigos das forças
institucionais fascistas, do discurso fácil e leviano, do nacionalismo e de uma
política populista que fora empregada por nomes como Bolsonaro, Trump,
Milei, em outrora, Mussolini, Hitler, Pinochet, entre outros, será primordial para
evitar as insurgências desse que é o resultado dos mais problemáticos
capítulos da história, política, social e econômica global.

Thiago Bitencourt, Nickollas Lincoln, Geovana Ferreira, Monica Melo.

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