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Universidade de Brasília- UnB

Instituto de Ciências Humanas- ICH


Departamento de História- DH
Disciplina: História Contemporânea 2
Professor: Antônio José Barbosa
Aluna: Gabrielle Gomes Oliveira

FICHAMENTO DO TEXTO 8: PAXTON, Robert O. “Capítulo 2: A Criação dos


Movimentos Fascistas”. A anatomia do fascismo. São Paulo, Paz e Terra, 2007. P.51-99

● O fascismo é um movimento político trata-se, no entanto, de um fenômeno tardio, pois


seria inconcebível se não houvesse uma precondição básica: a política de massas. O
fascismo recebeu seu nome e deu seus primeiros passos na Itália em 1919. Porém,
movimentos semelhantes vinham surgindo na Europa do pós-guerra, independentes do
fascismo de Mussolini, mas que expressavam a mesma mistura de nacionalismo,
anti-capitalismo e violência ativa contra seus inimigos, que eram tanto os burgueses
quanto socialistas
● Com o fim da Primeira Guerra temos o exemplo da Hungria que sofria com problemas
de desmontes territorial e revolução social, em que a elites húngaras optaram por uma
contrarrevolução para sanar esses problemas se aproximando cada vez mais do
fascismo com ideais nacionalistas e paixões xenofóbicas.
● A Alemanha do pós-guerra oferecia um solo particularmente fértil para movimentos
antissocialistas de base popular, que tinha como meta o renascimento nacional. Com o
fim da Grande Guerra a população alemã derrotada e faminta havia perdido a
confiança e orgulho nacional, o que resultou em um ambiente político mais propícios
ao extremismo e a ascensão de partidos nacionalistas como o Partido dos
trabalhadores Alemães que mais tarde se tornaria o Nationalsozialistische Deutsche
Arberpartei -NSDAP(Partido Nazista) fundado por Adolf Hitler em 1920, com o
objetivo de difundir um programa de 25 pontos que misturava nacionalismo,
antissemitismo e ataques ao capital internacional.
● A medida que se acalmava o tumulto pós primeira guerra as seitas nacionalistas e
ativistas passaram a enfrentar um terreno menos hospitaleiro na Europa. Contudo,
movimentos similares continuaram a surgir no território europeu.
● A experiência da Primeira Guerra foi um ponto decisivo para as pré-condições
imediatas do Fascismo. A Grande Guerra durou mais que o esperado pelas potências
europeias, o que causou uma destruição maciça na configuração da vida e dos
pensamentos das populações. Todos os governos beligerantes passaram pela
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experiência de manipulação da opinião pública. Também as economias e as sociedades


de todos os países em guerra passaram por profundas transformações.
● Ao fim da guerra, os europeus viam-se divididos entre um velho mundo que não podia
ser revivido e um novo mundo sobre o qual eles discordavam acerbamente. Os
grandes princípios da ordem mundial- o liberalismo, o conservadorismo e o
comunismo- disputavam influência em toda Europa. Com o tratado de paz criaram um
mundo dividido entre, de um lado as potências vitoriosas e seus Estados clientes, e do
outro lado os Estados derrotados e vingativos (Alemanha, Áustria, Hungria e a Itália).
Essa nova configuração de uma Europa dividida com conflitos não-resolvidos, tanto
territoriais quanto de classe abriu espaço político para um novo princípio da ordem
mundial o Fascismo.
● Os fascistas tais como os conservadores, prometia resolver os conflitos territoriais
permitindo que os fortes triunfassem. Diferentemente dos conservadores, os fascistas
mediam a força dos Estados com base não apenas em seu poderio militar, mas também
no fervor e na unidade de suas populações. Eles propunham superar os conflitos de
classe integrando a classe trabalhadora à nação, pela persuasão se possível, e pela
força se necessário, e também se livrando dos “forasteiros” e os “impuros”.
● Bem antes de 1914, valores antiliberais haviam entrado na moda, tais como o
nacionalismo, o racismo e uma nova estética do instinto e da violência, que passaram a
fornecer os húmus intelectual e cultural no qual o fascismo pode geminar. Mussolini
era um leitor sério de Nietzsche, Gustave Le Bom e Georges Sorel, já Hitler absorveu
o febril nacionalismo pan-germânico e o antissemitismo de Georg von Schonerer. As
ideias difundidas no século XIX sobre raça, nação e ação pela teoria darwinista
influenciaria diretamente no viria se tornar o Fascismo posteriormente.
● Os inimigos eram um componente central das angústia que contribuíram para inflamar
a imaginação fascistas. Os fascistas viam inimigos tanto dentro quanto fora da nação,
eles necessitavam de um inimigo demonizado contra qual mobilizar seus seguidores,
tendo cada cultura específica seu próprio inimigo cultural, para os alemães eram os
judeus, já para os americanos fascistas eram os negros.
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● Outro elemento do universo mental fascista era o ideal de unidade nacional com a
participação dos cidadãos, em que buscavam conquistar o apoio da massa trazendo na
retórica de seus movimentos símbolos e mitos culturais que ajudassem a conquista de
seus fins. Além do mais, os movimentos fascistas buscavam em suas raízes não apenas
os portadores cultos do intelecto e da cultura e sim despertar as paixões e emoções
subterrâneas, pois tratava de uma questão mais visceral que cerebral.
● As transformações de mais longo prazo nas estruturas políticas, sociais e econômicas
fundamentais também contribuíram para o fascismo. Uma dessas precondições
necessárias foi a política de massa e o medo do crescimento dos partidos de esquerdas
socialistas.
● Não havia nem palavras, nem conceitos para descrever o fascismo anteriormente ao
movimento de Mussolini. No entanto, nos fins do século XIX já havia indícios
premonitórios do que viria se tornar o fascismo, como os primeiros movimentos
populares voltados para a reafirmação da primazia da nação sobre todas as formas de
internacionalismo ou de cosmopolitismo, além de uma mudança na cultura política
com representantes saídos do povo e não somente da elite.
● Os primeiros fascistas eram jovens, que buscavam uma nova forma de pensar e agir.
Diferentemente dos partidos de classe socialistas ou burgueses que buscavam contatar
o seu povo somente em períodos de eleição, os partidos fascistas arrastavam os seus
membros numa intensa fraternidade de emoção e esforço, além de atingir todas as
classes sociais. Os primeiros militantes eram bastante diversificados tanto de origem
social e nível de escolaridade, pois o que unia a todos eram valores e não um perfil
social.
● “A compreensão dos primeiros movimentos nos fornece apenas uma visão parcial e
incompleta do fenômeno como um todo” (p. 97).

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