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Resumo
Introdução
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BOITO JR., Armando. Por que caracterizar o bolsonarismo como neofascismo, 2020.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Extrema-direita#cite_note-FOOTNOTECamusLebourg201722-4
A presente obra pretende identificar possíveis semelhanças de fatores
sociais e políticos que levaram a ascensão da extrema direita em períodos
históricos distintos, contudo, sem ter a pretensão de comparar a realidade de
épocas e mentalidades que seria humanamente impossível comparar.
Essa abordagem não tem a pretensão de ser conclusiva, haja vista que, os
acontecimentos são muito recentes e requer maiores debates acadêmicos e
sociais sobre o tema, principalmente porque é um modelo de sociedade que está
em transição e pela complexidade da temática carece de mais pesquisas e
estudos.
Outro aspecto que merece destaque recai sobre o enfoque das pautas
neoliberais em voga na década de 1990 cujas pregavam o estado mínimo,
liberdade econômica e redução de políticas sociais com contenção dos gastos
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A Crise de 1929 foi a maior crise do capitalismo financeiro que teve como epicentro o
Estados Unidos da América e se alastrou por todo o mundo capitalista.
públicos nos países periféricos como o caso brasileiro, no entanto, foram
interrompidas ou retardadas por governos ditos progressistas, os quais não
rompem com o status co do modelo de austeridade imposto pelo liberalismo
econômico, no entanto, provocam mudanças sensíveis ao tentar oportunizar
melhorias nas condições de vida da classe trabalhadora por meio de políticas de
caráter de assistência emergencial, concessão de crédito facilitado e valorização
real do salário-mínimo e de seu poder de compra.
Porém, o enfoque desse trabalho é no período da história mais recente, mais
especificamente a partir do ano de 2007, pois é a partir desse momento histórico
é que ideias de extremistas da direita ganham maior destaque em virtude da
grande depressão econômica daquele período, ou seja, momento em que os
ideais direitistas ganham força motriz para usurpar o protagonismo social
resultando na eleição de um candidato da extrema direita como presidente no
Brasil em 2018.
A Crise financeira de 2007–2008, fora provocada por uma bolha
imobiliária nos Estados Unidos, causada pelo aumento nos valores imobiliários.
O governo dos EUAS, na tentativa de evitar um colapso injetou 200 bilhões
de dólares nas agências de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac, fez a
renacionalização dessas duas empresas privatizadas no ano de 1968, ficando sob
a tutela governamental por tempo indeterminado, essa operação fora considerada
o maior socorro financeiro do governo norte-americano até aquele momento
histórico.
A crise atravessou o Oceano Atlântico e arrastou a
Europa. Alemanha, França, Áustria, Países Baixos e Itália para ajudar seus
sistemas financeiros anunciaram pacotes que somavam 1,17 trilhão
de euros (R$ 2,76 trilhões, em valores correntes na época). O PIB europeu
da teve uma queda de 1,5% no quarto trimestre de 2008, em relação ao trimestre
anterior, a maior contração da história da economia da zona Euro.
Se espalhou por todo o mundo capitalista e provocou uma recessão global
no ano de 2009. Levou à nacionalização de bancos, derrubou governos, gerou
taxas de desemprego altíssimas e causou várias ondas de protestos, muitos deles
violentos. Essa crise é considerada por muitos economistas como a pior crise
econômica desde a Grande Depressão de 1929.
Em linhas gerais, o Brasil sentiu menos os efeitos da crise de 2008, no
entanto, diversas empresas multinacionais brasileiras sofreram grandes prejuízos
bilionários, a Sadia teve prejuízo trimestral de mais de R$ 2 bilhões que provocou
a fusão com maior companhia concorrente (Perdigão) originando a BRF. A
Bovespa, teve uma queda em 2008 de 4%, a maior desde a década de 70.
Em 2009 o governo brasileiro adotou algumas medidas econômicas com
objetivo de amenizar os efeitos da crise como redução da taxa básica de juros
(SELIC) de 13,75% para 8,75% ao ano, redução de juros pagos para
empréstimos tanto de pessoas físicas quanto de empresas, reduziu a alíquota de
impostos (principalmente IPI) para produtos da linha branca, materiais de
construção e automóveis e liberou bilhões de reais em depósitos compulsórios
para os bancos, para aumentar a liquidez no mercado (inserir referências).
Segundo o professor Istvan Kasznar o Brasil adotou medidas diferentes das
principais economias mundiais, no país tupiniquim houve renúncias fiscais, ao
passo que, nos outros países houve redução de gastos públicos e buscaram
austeridade. Apesar dessas medidas se mostrarem positivas a curto prazo, no
entanto, a economia brasileira sofreu retração de 0,3% em 2009 e essas ações
eram paliativas e imediatistas e não se mostraram ser efetivas a longo prazo
resultando em estagnação econômica nos anos seguintes.
Associado aos efeitos imediatos da Grande Resseção de 2008, a
vulnerabilidade da economia brasileira pela dependência de exportação de
produtos do setor primário e com a queda do preço dos commodities
(agronegócio e mineração) expõe o que o economista Reinaldo Gonçalves
conceitua de “vulnerabilidade estrutural...Nos últimos 20 anos, o Brasil aprofundou
o processo de reprimarização da sua economia, tornando-se um país ainda mais
dependente [de produtos primários]” .
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho procurou traçar de maneira superficial uma temática que pela
complexidade demanda maiores e mais profundas abordagens, contudo, tem sua
relevância principalmente para alertar sobre o perigo que está rondando o país
com a ascensão da extrema direita ao protagonismo nas relações sociais e políticas
no Brasil.
Referências
BOITO JR., Armando. Por que caracterizar o bolsonarismo como neofascismo, 2020.
Camus, Jean-Yves; Lebourg, Nicolas (2017). Far-Right Politics in Europe. [S.l.]: Harvard University
Press. ISBN 9780674971530
GONÇALVES, R. Vulnerabilidade externa e crise econômica no Brasil. Revista Inscrita. Conselho
Federal de Serviço Social (CFESS), Brasília, Março/2009.
HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991; Tradução Marcos
Santarrita; - São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
HOBSBAWM, Eric. Da Paz à Guerra. In: HOBSBAWM, Eric, A Era dos Impérios. [Trad.]. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1998.
<Https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-09/crise-de-2008-resultou-em-
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<Https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62490534> Acesso em: 08/12/2022.
<Https://www.conib.org.br/noticias/todas-as-noticias/brasil-tem-recorde-de-denuncias-sobre-
conteudo-de-apologia-ao-nazismo-nas-redes-diz-jornal.html>. Acesso em: 08/12/2022.
<Https://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2021/10/10/crise-financeira-colapso-que-ameacou-o-
capitalismo.htm >. Acesso em: 08/12/2022.
<https://www.politize.com.br/crise-financeira-de-2008/>. Acesso em: 05/12/2022.
<Https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/08/confundida-com-liberdade-de-
expressao-apologia-ao-nazismo-cresce-no-brasil-a-partir-de-2019>. Acesso em: 30/11/2022.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Extrema-direita#cite_note-FOOTNOTECamusLebourg201722-4
Bolsonaro com deputada ultradireitista
Roberto Alvim, recitando discurso do ministro nazista Joseph Goebbels e ainda colocou
como trilha sonora uma das músicas favoritas de Hitler
O assessor presidencial Filipe Martins fazendo um sinal de ódio utilizado por supremacistas
brancos dos Estados Unidos.
Professora bolsonarista ensinado gesto nazista em escola. Sua advogada alegou que
estava ensinando a saudação a bandeira brasileira.