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Barney Bichara
Direito Administrativo
Aula 07
ROTEIRO DE AULA
15. MODALIDADES
Na aula passada, o professor ressaltou que há as seguintes modalidades de licitação:
1. Pregão
2. Concorrência
3. Concurso
4. Leilão
5. Diálogos competitivos
✓ Atenção: Perceba que, na nova lei, não existe mais a modalidade convite nem a modalidade tomada de
preços.
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✓ O professor ressalta que, para as modalidades que continuam existindo (concorrência, concurso, leilão e
pregão), o regime jurídico trazido na nova lei é diferente do que existia na legislação anterior.
✓ Além disso, foi criada a modalidade “diálogo competitivo”, a qual foi estendida à lei de concessões e à lei de
PPP.
A. PREGÃO
1º. Conceito:
Modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens e serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser
o de menor preço ou o de maior desconto - art. 6º, XLI
✓ Obs.: menor preço ou o maior desconto são tipos de licitação (critério de julgamento).
✓ O professor destaca que, na Lei 10.520/2002, o critério de julgamento do pregão era sempre o menor preço.
De acordo com a nova lei, o tipo de licitação pode ser menor preço ou maior desconto.
Bens e serviços comuns são aqueles que podem ser objetivamente definidos no edital a partir de especificações usuais
de mercado.
Exemplos: caneta esferográfica de cor azul; água mineral engarrafada em galões de 5 litros; serviço de limpeza;
serviços de segurança.
2º. Cabimento:
Bens e serviços comuns: aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade podem ser objetivamente definidos pelo
edital, por meio de especificações usuais de mercado - art. 6º, XIII
Obs.: segundo o professor, a nova lei fez uma revolução, porque ela admite a utilização de pregão para serviços
comuns de engenharia.
✓ Para serviços de engenharia, o pregão é uma modalidade facultativa, quando os serviços forem comuns.
✓ Serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual são aqueles em que cabe a
inexigibilidade.
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3º. Procedimento:
• O procedimento da concorrência na Lei 8.666/93 era: edital; habilitação; recurso; julgamento e classificação
das propostas, recurso; homologação e adjudicação.
• A partir do surgimento do pregão, havia o seguinte procedimento: edital, julgamento e classificação das
propostas, habilitação; recurso, adjudicação e homologação. Neste procedimento, havia a inversão de fases.
A concorrência e o pregão seguem o rito procedimental comum a que se refere o art. 17 desta Lei, adotando-se o
pregão sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e qualidade que possam ser objetivamente definidos
pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado - art. 29
B. CONCORRÊNCIA
1º. Conceito:
É modalidade de licitação para contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns (facultativo) e
especiais de engenharia, cujo critério de julgamento poderá ser:
a) menor preço;
b) melhor técnica ou conteúdo artístico;
c) técnica e preço;
d) maior retorno econômico;
e) maior desconto;
Art. 6º, XXXVIII
2º. Cabimento
Contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns e especiais de engenharia
▪ bens e serviços especiais - Art. 6º, XIV
▪ obra: Art. 6º, XII
▪ serviço de engenharia: Art. 6º, XXI
3º. Procedimento:
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A concorrência e o pregão seguem o rito procedimental comum a que se refere o art. 17 desta Lei, adotando-se o
pregão sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e qualidade que possam ser objetivamente definidos
pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado - art. 29.
C. CONCURSO:
✓ Atenção: Não confundir esse concurso com aquele disposto no art. 37, II da CF.
1º Conceito:
Modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério de julgamento será o de
melhor técnica ou conteúdo artístico, e para concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor – Art. 6º, XXXIX
Na Lei 8.666/93, não havia a descrição do tipo de licitação. Os critérios para julgar o concurso eram definidos pelas
respectivas comissões.
Na Lei 14.133/2021, o critério para julgar e classificar é a melhor técnica ou conteúdo artístico.
Lei 14.133/2021, art. 30, Parágrafo único: “Nos concursos destinados à elaboração de projeto, o vencedor deverá
ceder à Administração Pública, nos termos do art. 92 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao projeto e
autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e oportunidade das autoridades
competentes.”
D. LEILÃO
1º Conceito: o conceito de leilão também se encontra no art. 6º da Lei 14.133/2021, dispositivo que traz todos os
conceitos da referida lei.
“Modalidade de licitação para alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a
quem oferecer o maior lance” - Art. 6º, XL
Importante: o regime jurídico das alienações foi completamente alterado pela nova lei.
✓ O professor destaca ainda que a Lei 8.666/93, no art. 23, §3º, afirmava que a concorrência era a modalidade
de licitação para a compra ou alienação de imóveis de qualquer valor.
✓ O art. 19, III, da Lei 8.666/93, citava que, se a Administração fosse alienar imóveis de sua propriedade
derivados de ação judicial ou de dação em pagamento, ela poderia utilizar a concorrência ou o leilão.
✓ Em suma:
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Na Lei 8.666/93, havia a seguinte regra: para alienação de imóveis, a regra sempre era a concorrência. A
exceção era a possibilidade de utilização do leilão se o objeto da alienação fosse derivado de ação judicial ou
de dação em pagamento.
✓ Em relação aos bens móveis, a Lei 8.666/93 preceituava, em seu art. 22, IV e §4º, que o leilão era a modalidade
de licitação para a venda de bens móveis inservíveis, legalmente apreendidos ou empenhados.
✓ O art. 17, §6º da Lei 8.666/93 afirmava que, se o bem móvel fosse avaliado (isoladamente ou em conjunto)
em valor superior a R$ 650 mil (valor posteriormente atualizado pelo Decreto 9.412/2018), a Administração
deveria utilizar a concorrência.
A Lei 14.133/2021, houve uma grande alteração no regime jurídico das alienações.
✓ Com a nova lei, acabou a distinção de modalidades para alienar bens móveis ou imóveis. Em todos os casos,
sempre se utilizará o leilão e ganhará aquele que oferecer o maior lance.
✓ O leilão sempre vai ser conduzido por um leiloeiro (servidor público ou contratado).
✓ O professor destaca que alienar não é apenas vender, doar, permutar etc.
2º Procedimento:
“Art. 31. O leilão poderá ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela autoridade competente da
Administração, e regulamento deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
(...)
§ 4º O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de habilitação e deverá ser homologado assim que
concluída a fase de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo licitante vencedor, na forma
definida no edital.”
O procedimento do leilão foi muito simplificado na nova lei, pois não há sequer a exigência de cadastro ou habilitação
prévia.
✓ Um regulamento deverá disciplinar as questões operacionais do leilão.
E. DIÁLOGO COMPETITIVO
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A modalidade diálogo competitivo parte da ideia de que a Administração quer contratar algo, mas, por
desconhecimento técnico, ela não consegue saber as peculiaridades do serviço/produto a ser adquirido. Assim sendo,
alguns profissionais do ramo se reúnem e dialogam entre si para definir qual é a melhor solução para atender os
objetivos da Administração.
✓ A Administração pode, previamente, dar publicidade ao valor que pretende gastar na aquisição do
serviço/produto (ou não).
Após haver um consenso sobre a melhor solução para o problema, os profissionais que executam aquele serviço
oferecem o preço a ser cobrado e a Administração contratará aquele que oferecer o melhor preço.
1º. Conceito
“Modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza
diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou
mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o
encerramento dos diálogos” – Art. 6º, XLII
B. Cabimento
A Administração não utiliza o diálogo competitivo para qualquer contratação. Veja o que dispõe o art. 32 da Lei
14.133/2021:
De acordo como o art. 32, a Administração somente pode contratar por meio do diálogo competitivo os objetos que
envolvam:
i) Uma inovação tecnológica ou técnica;
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ii) Impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no
mercado;
iii) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela Administração.
Nestes casos, a Administração não sabe com precisão o que quer e/ou não há uma solução prévia definida e oferecida
no mercado.
No caso do art. 32, II da Lei 14.133/2021, a Administração já sabe o que quer contratar e possui a solução para o
problema, mas o serviço/produto a ser adquirido necessita de uma estrutura/técnica e essa ainda não foi definida.
Exemplo: o estado XXX quer contratar a construção de uma ponte, mas não sabe qual a melhor técnica a ser utilizada
para a estrutura. Outras questões que podem surgir se referem ao melhor arranjo jurídico e/ou financeiro do contrato
a ser estabelecido.
3º Procedimento:
Art. 32
§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições:
(...)1
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Lei 14.133/2021, art. 32: “§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições:
I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do edital em sítio eletrônico oficial, suas necessidades e as
exigências já definidas e estabelecerá prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse na
participação da licitação;
II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes deverão ser previstos em edital, e serão admitidos todos
os interessados que preencherem os requisitos objetivos estabelecidos;
III - a divulgação de informações de modo discriminatório que possa implicar vantagem para algum licitante será
vedada;
IV - a Administração não poderá revelar a outros licitantes as soluções propostas ou as informações sigilosas
comunicadas por um licitante sem o seu consentimento;
V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a Administração, em decisão fundamentada, identifique a solução
ou as soluções que atendam às suas necessidades;
VI - as reuniões com os licitantes pré-selecionados serão registradas em ata e gravadas mediante utilização de recursos
tecnológicos de áudio e vídeo;
VII - o edital poderá prever a realização de fases sucessivas, caso em que cada fase poderá restringir as soluções ou
as propostas a serem discutidas;
VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos autos do processo licitatório os
registros e as gravações da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital contendo a
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Fases:
1º. Designação de comissão de contratação
2º. Divulgação do edital de manifestação de interesse (pré-seleção) - 25 dias úteis
3º. Rodada de diálogos
4º. Divulgação do edital de seleção final, com a solução já definida - 60 dias úteis
5º. Julgamento das propostas
6º. Homologação
16. PROCEDIMENTO
especificação da solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da
proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados
na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os elementos necessários
para a realização do projeto;
IX - a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes às propostas apresentadas, desde que não impliquem
discriminação nem distorçam a concorrência entre as propostas;
X - a Administração definirá a proposta vencedora de acordo com critérios divulgados no início da fase competitiva,
assegurada a contratação mais vantajosa como resultado;
XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de contratação composta de pelo menos 3 (três) servidores
efetivos ou empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da Administração, admitida a contratação
de profissionais para assessoramento técnico da comissão;
XII - (VETADO).”
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III – de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;
IV – de julgamento;
V – de habilitação;
VI – recursal;
VII – de homologação.”
O inciso I traz a fase interna da licitação. Os demais incisos se referem à fase externa.
✓ Na fase interna, a Administração, internamente, e sem a participação dos administrados, define o que ela
quer. Após isso, ela publica o edital e se inicia a fase externa.
Ao olhar para o procedimento da Lei 14.133/2021, é possível perceber que há as fases de julgamento e classificação
para, apenas depois, haver a habilitação.
✓ No julgamento das propostas, a Administração afere o que melhor satisfaz o interesse público de acordo com
o critério estabelecido no edital para a escolha e julgamento das propostas.
✓ A proposta é julgada. O licitante é habilitado.
✓ Só há uma fase recursal, a qual se segue à habilitação.
✓ A lei informa que, se a Administração quiser, justificando a sua decisão e havendo previsão no edital, ela pode
realizar a habilitação e, posteriormente, julgar as propostas (inversão excepcional).
“Art. 70. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os recursos administrativos, o processo
licitatório será encaminhado à autoridade superior, que poderá:
I – determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades;
II – revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade;
III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade
insanável;
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IV – adjudicar o objeto e homologar a licitação.”
“Art. 164. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem:
I – recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação ou de lavratura da ata, em face de:
a) ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de interessado ou de inscrição em registro cadastral, sua
alteração ou cancelamento;
b) julgamento das propostas;
c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
d) anulação ou revogação da licitação;
e) extinção do contrato, quando determinada por ato.
II – pedido de reconsideração, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação, relativamente a ato do
qual não caiba recurso hierárquico.”
O professor destaca que a Lei 14.133/2021 versa sobre licitações e contratos. Portanto, é necessário perceber que há
vários recursos e cada um deles será aplicado a um desses temas. Neste momento, estamos estudando apenas o tema
“licitação”.
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• Do julgamento das propostas;
• Do ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
• Da anulação ou revogação da licitação;
• Da extinção do contrato, quando determinada por ato.
O professor destaca que, pensando tão somente no procedimento de licitação, cabe recurso em 3 casos:
• Contra ato da comissão que julga e classifica as propostas;
• Contra ato da comissão que habilita ou inabilita o licitante; e
• Contra ato da autoridade superior que anula ou revoga a licitação.
A lei traz dois recursos: recurso hierárquico, que é dirigido à autoridade superior àquela que praticou o ato; e pedido
de reconsideração, que é dirigido à autoridade que tomou a decisão em si para possível retratação.
“Art. 167. O recurso e o pedido de reconsideração terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que
sobrevenha decisão final da autoridade competente.”
“Art. 77. São procedimentos auxiliares das licitações e das contratações regidas por esta Lei:
I – credenciamento;
II – pré-qualificação;
III – procedimento de manifestação de interesse;
IV – sistema de registro de preços;
V – registro cadastral.
§ 1º Os procedimentos auxiliares de que trata o caput deste artigo obedecerão a critérios claros e objetivos definidos
em regulamento.”
O chefe do Poder Executivo deverá fazer um decreto regulamentar para explicar os critérios que serão aplicados aos
procedimentos auxiliares.
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“XLIII – credenciamento: processo administrativo de chamamento público em que a Administração Pública convoca
interessados em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os requisitos necessários, credenciem-se no
órgão ou na entidade para executar o objeto quando convocados;
XLIV – pré-qualificação: procedimento seletivo prévio à licitação, convocado por meio de edital, destinado à análise
das condições de habilitação, total ou parcial, dos interessados ou do objeto;
XLV – sistema de registro de preços: conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou
licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de serviços, a
obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras”
“Art. 80. A Administração poderá solicitar à iniciativa privada, mediante procedimento aberto de manifestação de
interesse a ser iniciado com a publicação de edital de chamamento público, a propositura e a realização de estudos,
investigações, levantamentos e projetos de soluções inovadoras que contribuam com questões de relevância pública,
na forma de regulamento.”
• Registro cadastral
“Art. 86. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Administração Pública deverão utilizar o sistema de registro
cadastral unificado disponível no Portal Nacional de Contratações Públicas, para efeito de cadastro unificado de
licitantes, na forma disposta em regulamento.”
O professor destaca que o registro cadastral já existia na legislação anterior. Trata-se de registros de cadastros que
conferiam uma habilitação prévia aos licitantes ali inseridos.
A nova lei estabeleceu que haverá um cadastro nacional unificado, administrado pelo Portal Nacional de Compras,
que manterá os cadastros dos interessados.
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Tema: CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Contrato é um acordo de vontades em que as partes definem direitos e obrigações mútuos e recíprocos.
✓ Obs.: A partir dessa definição, há a separação entre contratos e convênios (conforme já estudado) – O
convênio possui interesses justapostos, O contrato possui interesses contrapostos.
A Administração Pública celebra contratos variados, sendo que alguns são regidos pelo Direito Privado e outros pelo
Direito Público.
✓ Os contratos celebrados pela Administração Pública e regidos pelo D. Administrativo são chamados de
contratos administrativos.
✓ No universo dos contratos administrativos, há uma série de contratos: concessão de serviços públicos,
permissão de serviços públicos, contrato de PPPs, contrato de concessão de direito real de uso, contrato de
gestão etc.
✓ A lei de licitações cuida de contratos de obra, contratos de fornecimento e contratos de serviços. Os demais
são regidos por leis específicas.
1. INTERPRETAÇÃO
Os contratos administrativos são interpretados a partir de suas cláusulas e a partir de princípios de direito
administrativo. Supletivamente, aplica-se a Teoria Geral dos Contratos do direito privado.
“Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, e a
eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.
§ 2º Os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas
que definam os direitos, as obrigações e as responsabilidades das partes, em conformidade com os termos do edital
de licitação e os da proposta vencedora ou com os termos do ato que autorizou a contratação direta e os da respectiva
proposta.”
2. CLÁUSULAS NECESSÁRIAS
Cláusulas necessárias são aquelas que, necessariamente, devem constar no contrato administrativo.
Obs.: O professor pede para o aluno tomar cuidado com o modo como o texto legal foi escrito, pois, muitas vezes, as
expressões utilizadas pelo legislador podem confundir os alunos.
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Assim sendo, ele explica que há cláusulas necessárias em todos os contratos e algumas outras cláusulas necessárias
em apenas alguns contratos.
✓ Segundo ele, a mais conhecida é a cláusula de garantia, que é cláusula necessária apenas quando a
Administração pede garantia.
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Observações:
✓ A Administração apenas contrata aqueles que ostentem boas condições técnicas, jurídicas, econômico-
financeiras, fiscais e trabalhistas.
✓ Todas as condições da habilitação devem ser mantidas no decorrer do contrato, sob pena de inadimplemento
contratual.
3. GARANTIA
Garantia é a cautela exigida pela Administração para garantir a plena execução do contrato.
✓ A exigência de garantia é ato discricionário da Administração Pública.
A exigência da garantia não é obrigatória e fica a critério da Administração, em cada caso, devendo estar prevista no
edital e no contrato.
✓ Cuidado: Muitos doutrinadores afirmam que a garantia é obrigatória, pois ela seria dada em favor do
interesse público. Assim sendo, como ela é dada para garantir o interesse público e este é indisponível, a
garantia seria obrigatória. A despeito desse entendimento, a lei deu à Administração a competência
discricionária para exigir garantia ou para não a exigir.
“Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá ser exigida, mediante previsão no edital,
prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e fornecimentos.
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia:
I – caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema
centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados por seus valores
econômicos, conforme definido pelo Ministério da Economia;
II – seguro-garantia;
III – fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira devidamente autorizada a operar no País pelo Banco
Central do Brasil.”
✓ A discricionariedade ocorre porque apenas a Administração sabe a realidade em que vive e sabe que, sozinha,
ela não consegue garantir todo o interesse público e a função administrativa. Assim sendo, ela precisa do
setor produtivo e do capital privado.
✓ O contratado pode oferecer como garantia: dinheiro, títulos da dívida pública ou fiança bancária. A forma
escolhida fica a critério do contratado.
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“Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia poderá ser de até 5% (cinco por cento) do
valor inicial do contrato, autorizada a majoração desse percentual para até 10% (dez por cento), desde que justificada
mediante análise da complexidade técnica e dos riscos envolvidos.”
✓ Atenção: em geral, o valor da garantia é de até 5% do valor do contrato. Se o contrato for de grande
complexidade técnica ou houver maiores riscos envolvidos, esse percentual pode ser de até 10%.
“Art. 99. Nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande vulto, poderá ser exigida a prestação de
garantia, na modalidade seguro-garantia, com cláusula de retomada prevista no art. 102 desta Lei, em percentual
equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor inicial do contrato.”
✓ Atenção para a redação do art. 99: ele se refere apenas às contratações de obras e serviços de engenharia e
que sejam de grande vulto. Exemplo: construção de um túnel embaixo do mar (obra de grande vulto).
✓ Neste caso, a modalidade aceita é apenas o seguro-garantia. Trata-se de exceção à regra geral.
Step-in right
A lei previu a cláusula de retomada. Assim sendo, o professor destaca que, para contratos de obra (serviços de
engenharia), a Administração poderá exigir que o contratado ofereça uma garantia específica (seguro garantia). Nessa
hipótese, não é o contratado que escolhe a garantia.
“Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital poderá exigir a prestação da garantia na
modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento pelo contratado,
assumir a execução e concluir o objeto do contrato, hipótese em que:
I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, como interveniente anuente e poderá:
a) ter livre acesso às instalações em que for executado o contrato principal;
b) acompanhar a execução do contrato principal;
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil;
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra ou pelo fornecimento;
II - a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem ela indicar para a conclusão do contrato, será
autorizada desde que demonstrada sua regularidade fiscal;
III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, total ou parcialmente.
Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do contratado, serão observadas as seguintes disposições:
I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, estará isenta da obrigação de pagar a importância
segurada indicada na apólice;
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II - caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pagará a integralidade da importância segurada indicada
na apólice.”
O step-in right somente é possível em contratos de obras e serviços de engenharia e não precisa ser de grande vulto.
Trata-se de mais uma forma de assegurar a execução do contrato, pois há a definição de um terceiro interveniente
que assumirá a responsabilidade de concluir o objeto do contrato em caso de inadimplemento.
Exemplo: “A” contrata “B” e, neste caso, coloca-se uma cláusula contratual dizendo que se “B” não cumprir o que foi
estabelecido, “C” cumprirá.
✓ Caso haja o inadimplemento, o terceiro interveniente tem duas opões: terminar a execução da obra ou pagar
o valor do seguro.
Exemplo: a Administração contratou a empreiteira X para realizar determinada obra (ponte). Na licitação, houve a
exigência de garantia (seguro-garantia). Y venceu a licitação, assinou o contrato e contratou uma empresa seguradora
para oferecer apólice de seguros em favor da Administração. Esta seguradora é terceiro interveniente.
Se Y descumprir o contrato, a Administração acionará a seguradora e esta poderá concluir a obra ou pode pagar o
valor da apólice. Essa decisão será tomada a depender do caso concreto.
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