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INTENSIVO II

Barney Bichara
Direito Administrativo
Aula 07

ROTEIRO DE AULA

Tema: Licitação - Lei 14.133/2021 (continuação)

15. MODALIDADES
Na aula passada, o professor ressaltou que há as seguintes modalidades de licitação:
1. Pregão
2. Concorrência
3. Concurso
4. Leilão
5. Diálogos competitivos

Lei 14.133/201, art. 28: “São modalidades de licitação:


I – pregão;
II – concorrência;
III – concurso;
IV – leilão;
V – diálogo competitivo.
§ 2º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a combinação daquelas referidas no caput deste
artigo.

✓ Atenção: Perceba que, na nova lei, não existe mais a modalidade convite nem a modalidade tomada de
preços.

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✓ O professor ressalta que, para as modalidades que continuam existindo (concorrência, concurso, leilão e
pregão), o regime jurídico trazido na nova lei é diferente do que existia na legislação anterior.
✓ Além disso, foi criada a modalidade “diálogo competitivo”, a qual foi estendida à lei de concessões e à lei de
PPP.

A. PREGÃO

1º. Conceito:
Modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens e serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser
o de menor preço ou o de maior desconto - art. 6º, XLI

✓ Obs.: menor preço ou o maior desconto são tipos de licitação (critério de julgamento).
✓ O professor destaca que, na Lei 10.520/2002, o critério de julgamento do pregão era sempre o menor preço.
De acordo com a nova lei, o tipo de licitação pode ser menor preço ou maior desconto.

Bens e serviços comuns são aqueles que podem ser objetivamente definidos no edital a partir de especificações usuais
de mercado.
Exemplos: caneta esferográfica de cor azul; água mineral engarrafada em galões de 5 litros; serviço de limpeza;
serviços de segurança.

2º. Cabimento:
Bens e serviços comuns: aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade podem ser objetivamente definidos pelo
edital, por meio de especificações usuais de mercado - art. 6º, XIII

Obs.: segundo o professor, a nova lei fez uma revolução, porque ela admite a utilização de pregão para serviços
comuns de engenharia.
✓ Para serviços de engenharia, o pregão é uma modalidade facultativa, quando os serviços forem comuns.

O pregão não se aplica às contratações de serviços técnicos especializados de natureza predominantemente


intelectual e de obras e serviços de engenharia, exceto os serviços de engenharia de que trata a alínea a do inciso XXI
do caput do art. 6º desta Lei - art. 29, parágrafo único.

✓ Serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual são aqueles em que cabe a
inexigibilidade.

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3º. Procedimento:
• O procedimento da concorrência na Lei 8.666/93 era: edital; habilitação; recurso; julgamento e classificação
das propostas, recurso; homologação e adjudicação.
• A partir do surgimento do pregão, havia o seguinte procedimento: edital, julgamento e classificação das
propostas, habilitação; recurso, adjudicação e homologação. Neste procedimento, havia a inversão de fases.

Com a Lei 14.133/2021, o procedimento da concorrência e do pregão são iguais.

A concorrência e o pregão seguem o rito procedimental comum a que se refere o art. 17 desta Lei, adotando-se o
pregão sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e qualidade que possam ser objetivamente definidos
pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado - art. 29

B. CONCORRÊNCIA

1º. Conceito:

É modalidade de licitação para contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns (facultativo) e
especiais de engenharia, cujo critério de julgamento poderá ser:

a) menor preço;
b) melhor técnica ou conteúdo artístico;
c) técnica e preço;
d) maior retorno econômico;
e) maior desconto;
Art. 6º, XXXVIII

2º. Cabimento
Contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns e especiais de engenharia
▪ bens e serviços especiais - Art. 6º, XIV
▪ obra: Art. 6º, XII
▪ serviço de engenharia: Art. 6º, XXI

3º. Procedimento:

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A concorrência e o pregão seguem o rito procedimental comum a que se refere o art. 17 desta Lei, adotando-se o
pregão sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e qualidade que possam ser objetivamente definidos
pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado - art. 29.

C. CONCURSO:
✓ Atenção: Não confundir esse concurso com aquele disposto no art. 37, II da CF.

1º Conceito:
Modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério de julgamento será o de
melhor técnica ou conteúdo artístico, e para concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor – Art. 6º, XXXIX

Na Lei 8.666/93, não havia a descrição do tipo de licitação. Os critérios para julgar o concurso eram definidos pelas
respectivas comissões.
Na Lei 14.133/2021, o critério para julgar e classificar é a melhor técnica ou conteúdo artístico.

Lei 14.133/2021, art. 30, Parágrafo único: “Nos concursos destinados à elaboração de projeto, o vencedor deverá
ceder à Administração Pública, nos termos do art. 92 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao projeto e
autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e oportunidade das autoridades
competentes.”

D. LEILÃO

1º Conceito: o conceito de leilão também se encontra no art. 6º da Lei 14.133/2021, dispositivo que traz todos os
conceitos da referida lei.

“Modalidade de licitação para alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a
quem oferecer o maior lance” - Art. 6º, XL

Importante: o regime jurídico das alienações foi completamente alterado pela nova lei.
✓ O professor destaca ainda que a Lei 8.666/93, no art. 23, §3º, afirmava que a concorrência era a modalidade
de licitação para a compra ou alienação de imóveis de qualquer valor.
✓ O art. 19, III, da Lei 8.666/93, citava que, se a Administração fosse alienar imóveis de sua propriedade
derivados de ação judicial ou de dação em pagamento, ela poderia utilizar a concorrência ou o leilão.
✓ Em suma:

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Na Lei 8.666/93, havia a seguinte regra: para alienação de imóveis, a regra sempre era a concorrência. A
exceção era a possibilidade de utilização do leilão se o objeto da alienação fosse derivado de ação judicial ou
de dação em pagamento.
✓ Em relação aos bens móveis, a Lei 8.666/93 preceituava, em seu art. 22, IV e §4º, que o leilão era a modalidade
de licitação para a venda de bens móveis inservíveis, legalmente apreendidos ou empenhados.
✓ O art. 17, §6º da Lei 8.666/93 afirmava que, se o bem móvel fosse avaliado (isoladamente ou em conjunto)
em valor superior a R$ 650 mil (valor posteriormente atualizado pelo Decreto 9.412/2018), a Administração
deveria utilizar a concorrência.

A Lei 14.133/2021, houve uma grande alteração no regime jurídico das alienações.
✓ Com a nova lei, acabou a distinção de modalidades para alienar bens móveis ou imóveis. Em todos os casos,
sempre se utilizará o leilão e ganhará aquele que oferecer o maior lance.
✓ O leilão sempre vai ser conduzido por um leiloeiro (servidor público ou contratado).
✓ O professor destaca que alienar não é apenas vender, doar, permutar etc.

2º Procedimento:

“Art. 31. O leilão poderá ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela autoridade competente da
Administração, e regulamento deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
(...)
§ 4º O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de habilitação e deverá ser homologado assim que
concluída a fase de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo licitante vencedor, na forma
definida no edital.”

✓ O regulamento citado neste dispositivo é o decreto regulamentar estudado no curso Intensivo I.

O procedimento do leilão foi muito simplificado na nova lei, pois não há sequer a exigência de cadastro ou habilitação
prévia.
✓ Um regulamento deverá disciplinar as questões operacionais do leilão.

E. DIÁLOGO COMPETITIVO

Essa modalidade não existia na Lei 8.666/93.

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A modalidade diálogo competitivo parte da ideia de que a Administração quer contratar algo, mas, por
desconhecimento técnico, ela não consegue saber as peculiaridades do serviço/produto a ser adquirido. Assim sendo,
alguns profissionais do ramo se reúnem e dialogam entre si para definir qual é a melhor solução para atender os
objetivos da Administração.
✓ A Administração pode, previamente, dar publicidade ao valor que pretende gastar na aquisição do
serviço/produto (ou não).
Após haver um consenso sobre a melhor solução para o problema, os profissionais que executam aquele serviço
oferecem o preço a ser cobrado e a Administração contratará aquele que oferecer o melhor preço.

1º. Conceito

“Modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza
diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou
mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o
encerramento dos diálogos” – Art. 6º, XLII

B. Cabimento
A Administração não utiliza o diálogo competitivo para qualquer contratação. Veja o que dispõe o art. 32 da Lei
14.133/2021:

“Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Administração:


I – vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
a) inovação tecnológica ou técnica;
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no
mercado; e
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela Administração;
II – verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as alternativas que possam satisfazer suas necessidades,
com destaque para os seguintes aspectos:
a) a solução técnica mais adequada;
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;”

De acordo como o art. 32, a Administração somente pode contratar por meio do diálogo competitivo os objetos que
envolvam:
i) Uma inovação tecnológica ou técnica;

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ii) Impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no
mercado;
iii) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela Administração.
Nestes casos, a Administração não sabe com precisão o que quer e/ou não há uma solução prévia definida e oferecida
no mercado.

No caso do art. 32, II da Lei 14.133/2021, a Administração já sabe o que quer contratar e possui a solução para o
problema, mas o serviço/produto a ser adquirido necessita de uma estrutura/técnica e essa ainda não foi definida.
Exemplo: o estado XXX quer contratar a construção de uma ponte, mas não sabe qual a melhor técnica a ser utilizada
para a estrutura. Outras questões que podem surgir se referem ao melhor arranjo jurídico e/ou financeiro do contrato
a ser estabelecido.

3º Procedimento:
Art. 32
§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições:
(...)1

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Lei 14.133/2021, art. 32: “§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições:
I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do edital em sítio eletrônico oficial, suas necessidades e as
exigências já definidas e estabelecerá prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse na
participação da licitação;
II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes deverão ser previstos em edital, e serão admitidos todos
os interessados que preencherem os requisitos objetivos estabelecidos;
III - a divulgação de informações de modo discriminatório que possa implicar vantagem para algum licitante será
vedada;
IV - a Administração não poderá revelar a outros licitantes as soluções propostas ou as informações sigilosas
comunicadas por um licitante sem o seu consentimento;
V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a Administração, em decisão fundamentada, identifique a solução
ou as soluções que atendam às suas necessidades;
VI - as reuniões com os licitantes pré-selecionados serão registradas em ata e gravadas mediante utilização de recursos
tecnológicos de áudio e vídeo;
VII - o edital poderá prever a realização de fases sucessivas, caso em que cada fase poderá restringir as soluções ou
as propostas a serem discutidas;
VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos autos do processo licitatório os
registros e as gravações da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital contendo a

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Fases:
1º. Designação de comissão de contratação
2º. Divulgação do edital de manifestação de interesse (pré-seleção) - 25 dias úteis
3º. Rodada de diálogos
4º. Divulgação do edital de seleção final, com a solução já definida - 60 dias úteis
5º. Julgamento das propostas
6º. Homologação

16. PROCEDIMENTO

A Lei 14.133/2021 trata do procedimento de licitação no art. 17.


O professor destaca que o art. 17 da Lei 14.133/2021 traz o procedimento da concorrência e do pregão. Isso ocorre
porque o concurso tem o seu procedimento descrito no próprio edital. O leilão não tem um procedimento específico,
pois basta o participante dar um lance. Além disso, o procedimento do diálogo competitivo está dentro da respectiva
modalidade (procedimento próprio).
✓ Obs.: Ele relembra o procedimento da concorrência (na Lei 8.666/93) e do pregão na vigência da Lei
10.520/2002. O professor ressalta que a nova lei de licitações unificou os procedimentos da concorrência e
do pregão.

“Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência:


I – preparatória;
II – de divulgação do edital de licitação;

especificação da solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da
proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados
na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os elementos necessários
para a realização do projeto;
IX - a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes às propostas apresentadas, desde que não impliquem
discriminação nem distorçam a concorrência entre as propostas;
X - a Administração definirá a proposta vencedora de acordo com critérios divulgados no início da fase competitiva,
assegurada a contratação mais vantajosa como resultado;
XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de contratação composta de pelo menos 3 (três) servidores
efetivos ou empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da Administração, admitida a contratação
de profissionais para assessoramento técnico da comissão;
XII - (VETADO).”

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III – de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;
IV – de julgamento;
V – de habilitação;
VI – recursal;
VII – de homologação.”

O inciso I traz a fase interna da licitação. Os demais incisos se referem à fase externa.
✓ Na fase interna, a Administração, internamente, e sem a participação dos administrados, define o que ela
quer. Após isso, ela publica o edital e se inicia a fase externa.

Ao olhar para o procedimento da Lei 14.133/2021, é possível perceber que há as fases de julgamento e classificação
para, apenas depois, haver a habilitação.
✓ No julgamento das propostas, a Administração afere o que melhor satisfaz o interesse público de acordo com
o critério estabelecido no edital para a escolha e julgamento das propostas.
✓ A proposta é julgada. O licitante é habilitado.
✓ Só há uma fase recursal, a qual se segue à habilitação.
✓ A lei informa que, se a Administração quiser, justificando a sua decisão e havendo previsão no edital, ela pode
realizar a habilitação e, posteriormente, julgar as propostas (inversão excepcional).

17. ENCERRAMENTO DO PROCEDIMENTO

O procedimento pode terminar de alguns modos:


i) O procedimento ocorreu de maneira ilegal, mas a autoridade verifica que é possível sanear/convalidar o vício.
ii) O procedimento ocorreu de maneira ilegal. Nessa situação, a Administração anula o procedimento.
iii) O procedimento ocorreu de maneira legal, mas não há interesse público em contratar ou não há dinheiro para
contratar. Neste caso, há revogação do procedimento.
iv) O procedimento ocorreu de maneira legal e há interesse público em contratar. Nesse caso, há a homologação do
procedimento.

“Art. 70. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os recursos administrativos, o processo
licitatório será encaminhado à autoridade superior, que poderá:
I – determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades;
II – revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade;
III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade
insanável;

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IV – adjudicar o objeto e homologar a licitação.”

A autoridade máxima poderá:


I – determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades;
II – revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade;
III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade
insanável;
IV – adjudicar o objeto e homologar a licitação.

18. RECURSOS ADMINISTRATIVOS

“Art. 164. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem:
I – recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação ou de lavratura da ata, em face de:
a) ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de interessado ou de inscrição em registro cadastral, sua
alteração ou cancelamento;
b) julgamento das propostas;
c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
d) anulação ou revogação da licitação;
e) extinção do contrato, quando determinada por ato.
II – pedido de reconsideração, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação, relativamente a ato do
qual não caiba recurso hierárquico.”

O professor destaca que a Lei 14.133/2021 versa sobre licitações e contratos. Portanto, é necessário perceber que há
vários recursos e cada um deles será aplicado a um desses temas. Neste momento, estamos estudando apenas o tema
“licitação”.

O art. 164 da Lei 14.133/2021 indica as situações em que cabe recurso.


O primeiro caso em que é cabível o recurso se refere a dois procedimentos auxiliares da Administração, mas que se
relacionam à habilitação do licitante.
✓ A Lei 14.133/2021 previu os procedimentos auxiliares (outros procedimentos administrativos, relevantes para
a Administração, mas que não integram a licitação).
✓ A Lei 14.133/2021 estabelece que, contra ato que, de algum modo, afete o interessado no registro cadastral
ou que defira ou indefira pedido de pré-qualificação, cabe recurso.

Além disso, segundo o art. 164, também cabe recurso:

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• Do julgamento das propostas;
• Do ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
• Da anulação ou revogação da licitação;
• Da extinção do contrato, quando determinada por ato.

O professor destaca que, pensando tão somente no procedimento de licitação, cabe recurso em 3 casos:
• Contra ato da comissão que julga e classifica as propostas;
• Contra ato da comissão que habilita ou inabilita o licitante; e
• Contra ato da autoridade superior que anula ou revoga a licitação.

A lei traz dois recursos: recurso hierárquico, que é dirigido à autoridade superior àquela que praticou o ato; e pedido
de reconsideração, que é dirigido à autoridade que tomou a decisão em si para possível retratação.

“Art. 167. O recurso e o pedido de reconsideração terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que
sobrevenha decisão final da autoridade competente.”

19. DOS PROCEDIMENTOS AUXILIARES


Procedimentos auxiliares são aqueles que não integram a licitação, mas facilitam a sua realização.
✓ Esses procedimentos auxiliares já existiam na Lei 8.666/93 (registra cadastral, por exemplo), mas já existiam
na Lei 12.462/2011 (Lei do RDC).

“Art. 77. São procedimentos auxiliares das licitações e das contratações regidas por esta Lei:
I – credenciamento;
II – pré-qualificação;
III – procedimento de manifestação de interesse;
IV – sistema de registro de preços;
V – registro cadastral.
§ 1º Os procedimentos auxiliares de que trata o caput deste artigo obedecerão a critérios claros e objetivos definidos
em regulamento.”

O chefe do Poder Executivo deverá fazer um decreto regulamentar para explicar os critérios que serão aplicados aos
procedimentos auxiliares.

▪ Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:

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“XLIII – credenciamento: processo administrativo de chamamento público em que a Administração Pública convoca
interessados em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os requisitos necessários, credenciem-se no
órgão ou na entidade para executar o objeto quando convocados;
XLIV – pré-qualificação: procedimento seletivo prévio à licitação, convocado por meio de edital, destinado à análise
das condições de habilitação, total ou parcial, dos interessados ou do objeto;
XLV – sistema de registro de preços: conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou
licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de serviços, a
obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras”

▪ Procedimento de manifestação de interesse

“Art. 80. A Administração poderá solicitar à iniciativa privada, mediante procedimento aberto de manifestação de
interesse a ser iniciado com a publicação de edital de chamamento público, a propositura e a realização de estudos,
investigações, levantamentos e projetos de soluções inovadoras que contribuam com questões de relevância pública,
na forma de regulamento.”

• Registro cadastral

“Art. 86. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Administração Pública deverão utilizar o sistema de registro
cadastral unificado disponível no Portal Nacional de Contratações Públicas, para efeito de cadastro unificado de
licitantes, na forma disposta em regulamento.”

O professor destaca que o registro cadastral já existia na legislação anterior. Trata-se de registros de cadastros que
conferiam uma habilitação prévia aos licitantes ali inseridos.

A nova lei estabeleceu que haverá um cadastro nacional unificado, administrado pelo Portal Nacional de Compras,
que manterá os cadastros dos interessados.

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Tema: CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Contrato é um acordo de vontades em que as partes definem direitos e obrigações mútuos e recíprocos.
✓ Obs.: A partir dessa definição, há a separação entre contratos e convênios (conforme já estudado) – O
convênio possui interesses justapostos, O contrato possui interesses contrapostos.

A Administração Pública celebra contratos variados, sendo que alguns são regidos pelo Direito Privado e outros pelo
Direito Público.
✓ Os contratos celebrados pela Administração Pública e regidos pelo D. Administrativo são chamados de
contratos administrativos.
✓ No universo dos contratos administrativos, há uma série de contratos: concessão de serviços públicos,
permissão de serviços públicos, contrato de PPPs, contrato de concessão de direito real de uso, contrato de
gestão etc.
✓ A lei de licitações cuida de contratos de obra, contratos de fornecimento e contratos de serviços. Os demais
são regidos por leis específicas.

1. INTERPRETAÇÃO

Os contratos administrativos são interpretados a partir de suas cláusulas e a partir de princípios de direito
administrativo. Supletivamente, aplica-se a Teoria Geral dos Contratos do direito privado.

“Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, e a
eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.
§ 2º Os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas
que definam os direitos, as obrigações e as responsabilidades das partes, em conformidade com os termos do edital
de licitação e os da proposta vencedora ou com os termos do ato que autorizou a contratação direta e os da respectiva
proposta.”

2. CLÁUSULAS NECESSÁRIAS

Cláusulas necessárias são aquelas que, necessariamente, devem constar no contrato administrativo.

Obs.: O professor pede para o aluno tomar cuidado com o modo como o texto legal foi escrito, pois, muitas vezes, as
expressões utilizadas pelo legislador podem confundir os alunos.

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Assim sendo, ele explica que há cláusulas necessárias em todos os contratos e algumas outras cláusulas necessárias
em apenas alguns contratos.
✓ Segundo ele, a mais conhecida é a cláusula de garantia, que é cláusula necessária apenas quando a
Administração pede garantia.

“Art. 92. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabelecem:


I – o objeto e seus elementos característicos;
II – a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao ato que tiver autorizado a contratação
direta e à respectiva proposta;
III – a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto aos casos omissos;
IV – o regime de execução ou a forma de fornecimento;
V – o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a periodicidade do reajustamento de preços e
os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
VI – os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, e o prazo para liquidação e para pagamento;
VII – os prazos de início das etapas de execução, conclusão, entrega, observação e recebimento definitivo, quando for
o caso;
VIII – o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria
econômica;
IX – a matriz de risco, quando for o caso;
X – o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços, quando for o caso;
XI – o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro, quando for o caso;
XII – as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas, inclusive as que forem oferecidas
pelo contratado no caso de antecipação de valores a título de pagamento;
XIII – o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos mínimos estabelecidos nesta Lei e nas normas
técnicas aplicáveis, e as condições de manutenção e assistência técnica, quando for o caso;
XIV – os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas e suas bases de
cálculo;
XV – as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;
XVI – a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as
obrigações por ele assumidas, todas as condições exigidas para a habilitação na licitação, ou para qualificação, na
contratação direta;
XVII – a obrigação de o contratado cumprir as exigências de reserva de cargos prevista em lei, bem como em outras
normas específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social e para aprendiz;
XVIII – o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos definidos em regulamento;
XIX – os casos de extinção.”

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Observações:
✓ A Administração apenas contrata aqueles que ostentem boas condições técnicas, jurídicas, econômico-
financeiras, fiscais e trabalhistas.
✓ Todas as condições da habilitação devem ser mantidas no decorrer do contrato, sob pena de inadimplemento
contratual.

3. GARANTIA

Garantia é a cautela exigida pela Administração para garantir a plena execução do contrato.
✓ A exigência de garantia é ato discricionário da Administração Pública.

A exigência da garantia não é obrigatória e fica a critério da Administração, em cada caso, devendo estar prevista no
edital e no contrato.
✓ Cuidado: Muitos doutrinadores afirmam que a garantia é obrigatória, pois ela seria dada em favor do
interesse público. Assim sendo, como ela é dada para garantir o interesse público e este é indisponível, a
garantia seria obrigatória. A despeito desse entendimento, a lei deu à Administração a competência
discricionária para exigir garantia ou para não a exigir.

“Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá ser exigida, mediante previsão no edital,
prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e fornecimentos.
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia:
I – caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema
centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados por seus valores
econômicos, conforme definido pelo Ministério da Economia;
II – seguro-garantia;
III – fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira devidamente autorizada a operar no País pelo Banco
Central do Brasil.”

✓ A discricionariedade ocorre porque apenas a Administração sabe a realidade em que vive e sabe que, sozinha,
ela não consegue garantir todo o interesse público e a função administrativa. Assim sendo, ela precisa do
setor produtivo e do capital privado.
✓ O contratado pode oferecer como garantia: dinheiro, títulos da dívida pública ou fiança bancária. A forma
escolhida fica a critério do contratado.

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“Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia poderá ser de até 5% (cinco por cento) do
valor inicial do contrato, autorizada a majoração desse percentual para até 10% (dez por cento), desde que justificada
mediante análise da complexidade técnica e dos riscos envolvidos.”

✓ Atenção: em geral, o valor da garantia é de até 5% do valor do contrato. Se o contrato for de grande
complexidade técnica ou houver maiores riscos envolvidos, esse percentual pode ser de até 10%.

“Art. 99. Nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande vulto, poderá ser exigida a prestação de
garantia, na modalidade seguro-garantia, com cláusula de retomada prevista no art. 102 desta Lei, em percentual
equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor inicial do contrato.”

✓ Atenção para a redação do art. 99: ele se refere apenas às contratações de obras e serviços de engenharia e
que sejam de grande vulto. Exemplo: construção de um túnel embaixo do mar (obra de grande vulto).
✓ Neste caso, a modalidade aceita é apenas o seguro-garantia. Trata-se de exceção à regra geral.

Step-in right
A lei previu a cláusula de retomada. Assim sendo, o professor destaca que, para contratos de obra (serviços de
engenharia), a Administração poderá exigir que o contratado ofereça uma garantia específica (seguro garantia). Nessa
hipótese, não é o contratado que escolhe a garantia.

“Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital poderá exigir a prestação da garantia na
modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento pelo contratado,
assumir a execução e concluir o objeto do contrato, hipótese em que:
I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, como interveniente anuente e poderá:
a) ter livre acesso às instalações em que for executado o contrato principal;
b) acompanhar a execução do contrato principal;
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil;
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra ou pelo fornecimento;
II - a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem ela indicar para a conclusão do contrato, será
autorizada desde que demonstrada sua regularidade fiscal;
III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, total ou parcialmente.
Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do contratado, serão observadas as seguintes disposições:
I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, estará isenta da obrigação de pagar a importância
segurada indicada na apólice;

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II - caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pagará a integralidade da importância segurada indicada
na apólice.”

O step-in right somente é possível em contratos de obras e serviços de engenharia e não precisa ser de grande vulto.

Trata-se de mais uma forma de assegurar a execução do contrato, pois há a definição de um terceiro interveniente
que assumirá a responsabilidade de concluir o objeto do contrato em caso de inadimplemento.
Exemplo: “A” contrata “B” e, neste caso, coloca-se uma cláusula contratual dizendo que se “B” não cumprir o que foi
estabelecido, “C” cumprirá.

✓ Caso haja o inadimplemento, o terceiro interveniente tem duas opões: terminar a execução da obra ou pagar
o valor do seguro.

Exemplo: a Administração contratou a empreiteira X para realizar determinada obra (ponte). Na licitação, houve a
exigência de garantia (seguro-garantia). Y venceu a licitação, assinou o contrato e contratou uma empresa seguradora
para oferecer apólice de seguros em favor da Administração. Esta seguradora é terceiro interveniente.
Se Y descumprir o contrato, a Administração acionará a seguradora e esta poderá concluir a obra ou pode pagar o
valor da apólice. Essa decisão será tomada a depender do caso concreto.

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