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DESENVOLVIMENTO:
Em um esforço para definir o entendimento da esquerda política de uma forma geral, Silva
(2014) chegou à seguinte conceituação:
“(...) o homem de esquerda (...) é aquele que pretende, acima de qualquer outra coisa,
libertar seus semelhantes das cadeias a eles impostas pelos privilégios de raça, casta,
classe etc.” (BOBBIO, Norberto. Direita e Esquerda: razões e significados de uma distinção
política. São Paulo: Editora Unesp, 1995, p.97)
Esse fenômeno, que incidiu logo após a crise do modelo neoliberal na mesma região,
contou com vitórias eleitorais em série de partidos de esquerda (ou centro-esquerda),
conferindo ao mesmo um caráter inédito, visto as dificuldades da esquerda de se integrar ao
sistema político e ao jogo democrático, bem como as convulsões sociais que devastaram a
América Latina no século anterior tanto em nome das esquerdas quanto no combate a elas
(SILVA, 2010).
Entre outras razões, pode-se citar o anti neoliberalismo como um elemento chave para a
ascensão das esquerdas, mantendo seu caráter oposicionista e alternativo e atraindo votos
assim que o neoliberalismo na região começava a degringolar (SILVA, 2010).
Assim como a estrutura política em si é constituída por extremos (direita e esquerda) (vide
BOBBIO, 1995) os fenômenos via de regra seguem o mesmo caminho, com pesos e
medidas que ora beneficiam um, ora apartam outro, em um jogo de alternâncias de poder
sucessivos e contínuos.
Ao longo dos últimos anos tem acontecido uma tentativa de partidos de direita de
alcançar o poder em diversos países do mundo. No que diz respeito a Europa, é a primeira
vez, em quase 90 anos, que a extrema-direita alcança uma influência significativa na
política do continente.
A atual crise econômica permanece gerando efeitos no quadro político de diversos países
do mundo. O fortalecimento de partidos populistas ou de extrema direita ocorre devido à
grande insatisfação e falta de credibilidade nos governos de esquerda. Na Europa, a
oposição às políticas de imigração, conflitos sociais e a alta do desemprego, entre outros
fatores, intensificaram o crescimento dos ideais de direita. (CARNEIRO, 2016)
No Brasil, o candidato recém eleito à presidência, Jair Bolsonaro, não oferece apoio
às minorias. O mesmo é contra as reivindicações de igualdade racial e sexual. Além disso,
defende que o Estado não deve ser laico, mas cristão, de modo que quem não for a favor
de tal, se mudasse do país. Seus discursos também ofendem os negros e as mulheres e
vão contra diversos direitos trabalhistas. Além disso, Bolsonaro se mostra contra as
reservas indígenas e à ajuda aos venezuelanos que, recentemente, estão migrando para o
Brasil. (MESSENBERG, 2017)
Referências
KOKAY, Érika. Onde o populismo de direita está no poder no mundo. DW 2018. Disponível
em: <https://www.dw.com/pt-br/onde-o-populismo-de-direita-est%C3%A1-no-poder-no-
mundo/a-46065697> Acesso em: novembro 2018
FOLHA DE S. PAULO. Discurso de ódio passa à prática, diz Anistia Internacional. Mundo.
UOL. 2017. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/02/discurso-de-
odio-passa-a-pratica-diz-anistia-internacional.shtml> Acesso em: novembro 2018
Mas, como o fato de os ouvintes concordarem com as ideias faz com que as
mesmas passem a ser parte do pensamento deles? É possível afirmar que os discursos
políticos almejam construir “verdades”. A ideia é que, a partir do momento que o discurso se
torna uma verdade para os ouvintes, eles irão acreditar e concordar naquilo que está sendo
falado, fazendo com que o voto seja uma consequência. Nesse caso, a repetição de
discursos acaba moldando a maneira das pessoas de enxergarem a realidade em que
vivem, construindo um conjunto de “verdades” para quem começa a compartilhar daquelas
ideias contidas nas falas (FERNANDES; PHILIPPSEN, 2012).
Com este estudo pôde ser observado que o motivo pelo qual os partidos de direita
estão sendo elevados ao poder em países de extrema importância no espectro
internacional, é pelo fato de que essas populações estão se tornando mais preocupadas
com seu campo econômico, do que com o social. Governantes, da direita, que estão sendo
eleitos, estão disseminando ideais de que só eles podem fazer esses países prosperarem, e
que, para isso as minorias não são tão importantes, e que assim não devem ser tratadas
com igualdade, e muito menos terem programas de apoio à elas. Com a onda de refugiados
nos últimos anos, imigrantes estão sofrendo com esses ideais e valores que estão sendo
construídos, e repassados pela sociedade e principalmente pelo Estado.
Assim, a pergunta: “De que maneira os governos de direita tem ganhado destaque
na sociedade internacional?”, pode ser respondida através de todos os dados obtidos neste
estudo. Estes governos estão ganhando tamanho poder, pelo fato de estarem sendo vistos
como “salvadores”, e assim, precursores de políticas novas e necessárias, na visão da
população, que acaba sendo modelada através da disseminação de discursos via mídia.
Discursos estes que têm como foco o poder econômico, frente ao social, mostrando assim
também populações compostas por indivíduos que se vêem mais preocupados com eles
mesmos, do que com o bem comum de todos.
A hipótese apresentada neste trabalho, dessa forma, pode sim ser vista como
correta, e bem fundamentada, pelo fato que chegamos a conclusão de que os governantes
de direita estão subindo ao poder de países importantes ao longo do globo, pelo fato de que
os mesmos estão compartilhando com as populações a necessidade que elas têm de
prosperarem, e que para isso são necessárias ações e medidas mais conservadoras, e
menos “abertas” ao diferente e ao estrangeiro, mais nacionalista.
REFERÊNCIAS
SILVA, Fabricio Pereira da. Até onde vai a “onda rosa”?, Análise de Conjuntura (n.2,
fev. 2010). Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/325543470>. Acesso
em 17 de Nov de 2018