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com informações do estudante (não é necessário capa) e referências bibliográficas (tudo,
portanto).

1 - Até que ponto e de que modo a ideia de raça se encontra em relação às de biologia,
natureza e cultura? Está ela igualmente ou simetricamente imbricada/embaralhada como as
que vêm sendo pensadas e argumentadas nos estudos de teor sexual e gênero por ampla
literatura do feminismo? Estará mesmo a raça para a Etnicidade como o sexo para o Gênero?
(STOLKE, 1991) Ou, como trazido nas propostas de colonialidade do poder de Aníbal Quijano
(2007), autor para quem a Raça surge com o próprio surgimento das Américas: Está a cor
para a raça, assim como o sexo para o gênero?
Ao realizarmos tanto um estudo literário, quanto antropológico, podemos observar que cada
vez mais na história o conceito de raça sempre foi destacado como algo biológico, apenas de
natureza física. Essas constatações claro, estão corretas, mas até um certo limite. Pertencer a uma
certa raça, não é um sentimento que irá ser instaurado no ser humano, apenas pelo fato de que o
mesmo se viu preto, ou amarelo, ou branco. Esse sentimento de pertença advém além de tudo, de
uma comunidade, na qual aquele ser vê outros iguais à ele, e assim começa a se sentir parte de
algo. Raça é apenas um termo, muitas vezes utilizado até de forma errada, mas é uma palavra que
desde sempre foi apresentada para falar daqueles diferentes do ser branco. Etnia sim, consideramos
ser algo, um conceito abrangente, do que é ser distinto, do que é ser negro, ou qualquer outra, essa
sim é uma expressão “certa”, que mostra biologia e cultura entrelaçados. Diversas vezes já
escutamos pessoas falando: “raça quem tem é cachorro”, mas será mesmo esse o caminho que
deveríamos pensar ao falarmos? Não, pois historicamente o conceito de raça foi desenvolvido para
significar a cor diferente, e a etnia, a cultura conectada com essa cor.
Logo quando acabamos de ler o texto O que é um nome? Mulherismo, feminismo negro e
além disso (Patricia Hills), começamos a observar o quão embaralhada está a ideia de raça ao
pensar em diferenças de gênero, por exemplo. Porque todos esses estudos abrangem muito mais do
que apenas o ser negro, como cor, mas também apontam o que é fazer parte da comunidade negra,
o que desperta o sentimento de ser negro. E é esse compartilhamento de regras e valores que
acabam as vezes causando certa confusão e mistura ao ser tratado juntamente com outras
temáticas. No texto, a autora cita o fato de que as mulheres negras do movimento feminista negro,
muitas vezes se sentem na posição de terem que abdicar de um dos temas pelos quais ela luta, para
conseguir pertencer completamente ao outro.
Assim adentramos em uma questão de extrema importância, se podemos comparar raça com
etnia, e sexo com gênero, o quão entrelaçado estão. Os primeiros termos, raça e sexo, no nosso
ponto de vista podem ser analisados e conectados mais ao ideal de biologia e fisiologia, até mesmo
porque nascemos pretos, brancos, mulheres, homens, isso é algo já presente. Mas a existência de
um sentimento de pertença, de ser de tal etnia, ou se declarar de tal gênero, é algo que vai muito
além do que a ciência natural, atravessando o meio cultural.

2 - Como se lida com cada uma das categorias classe, gênero e raça, de modo isolado, ainda
que relacionadas entre si, sem confundi-las ou invisibilizar suas fronteiras?
Para responder essa pergunta podemos observar a discussão feita pela autora Patricia Hills
no texto de base. Pelo fato de que a mesma apresenta uma discussão na qual ela trata essas três
categorias interconectadas, mas nunca de maneira que possam ser confundidas, pois cada uma faz
parte de uma temática diferente ao se tratar do sentimento de pertença. Ela mostra que mulheres
(gênero) negras (raça) americanas estão sendo reprimidas muitas vezes dentro de suas próprias
comunidades, pelo fato de estarem lutando pelos direitos de seu gênero, pois por fazerem parte
dessas comunidades, elas devem lutar pela igualdade de raças, e assim juntamente com os homens,
e não separadas deles, tendo assim que se abdicarem de um ou outro para não serem julgadas.
Vemos também essas mesmas mulheres, algumas privilegiadas (classe) tendo maior acesso e maior
tranquilidade para estudarem e lutarem por seus direitos quanto mulheres (gênero) negras (raça), do
que as que são pobres (classe) e moram em locais com cenários distintos. Observamos assim um
tratamento conectado entre esses tópicos, mas não igual e não sendo tratados como o mesmo, ao
contrário, são tratados como objetos de repressão muitas vezes.

3 - Que tipo de dilemas emergem de uma seara de debates étnico-raciais e identitários mais
contemporâneos e quais deles precisam ser ainda melhor enfrentados e em quais direções?

Na realização de diversos debates que giram em torno dessas temáticas, podemos observar
as pautas mais problemáticas sendo: o papel e a presença da mulher, principalmente a de cor, em
patamares de alto poder; a amplificação da questão da identidade, ou seja, qual é o sentimento de
pertença daqueles seres; a mistura entre os ideais de raça e identidade, tipo, eu posso me
considerar negra apenas pela vivência em uma comunidade apenas com negros, pelo simples fato
de eu me identificar com aquilo? Eu posso lutar por um ideal feminista, se eu sou um homem que me
identifico com essa luta? Todos esses dilemas enfrentados atualmente precisam ser melhores
discutidos e pensados. Apenas pelo fato de que, identidade e raça/etnia vão estar sempre
interligados. Existe a possibilidade de, por exemplo, um branco se identificar com um negro, claro,
mas esse branco algum dia terá o mesmo conhecimento, e não falamos apenas de literário, mas de
vivência, que um negro? Não, pois cada um de acordo com a sua raça e sua etnia, carrega consigo o
peso de viver sua vida. Já a identidade acaba sendo construida em comunidade, um fenômeno
cultural, então diversas vezes podemos nos identificar como algo que não somos, pelo simples fato
de que para nós aquilo foi tido como verdade desde sempre. Então discutir e gerar estudos e
debates cada vez maiores e mais abrangentes sobre essas temáticas, podem ser formas de tratar
esses dilemas, e esclarecer para a comunidade social essas questões.

4 - Como é que se cruza a questão identitária, identidades de todo tipo de sujeitos revistas e
tratadas hoje como sendo mais flexíveis, com as de teor étnico-racial?

Atualmente estamos vendo uma onda de “flexibilização” ao tratarmos de assuntos como


identidade. Até mesmo pelo fato de que temos um constante aumento e uma maior abertura para as
pessoas se sentirem pertencentes ao que quiserem, começando pelo fato de que: alguém pode
nascer homem, e decidir se identificar como mulher, pois se sente como mulher. Então o cruzamento
entre questões identitárias e questões étnico-raciais está cada vez mais presente no nosso cotidiano,
pois cada vez mais estão sendo criadas comunidades nas quais a força do conceito de identidade é
o que une cada um ali presente, muitas vezes independentemente do gênero ou da raça daquele ser.
Mas também temos o grande aumento nas comunidades específicas para essas temáticas, que
fazem até mesmo elevar o grau de sentimento e de aceitação em pertencer à alguma raça/etnia.
Esse cruzamento está cada vez mais elevado, essa conexão está cada vez mais forte, pois afinal de
contas, pertencer a alguma raça, faz parte de quem você é, e é quase que por completo a sua
identidade, pois pode ser algo que faça a sua vida ser diferente da de outros.

5 - Como as relações entre Natureza e Cultura podem e devem ser hoje pensadas e reconfiguradas?
Assim, se as identidades são fluídas, múltiplas, performáticas e sempre relacionais como é que se
recolocaria, então, a questão da identidade racial em velhos debates sobre a tensão existente entre
elementos adscritos e mais fenotipicamente dados, daqueles outros que dependem muito mais das
nossas escolhas múltiplas e cambiantes (ou como se acostumava associar por alguns à diferença
entre Natureza e Cultura)?

6 - São as características fenotípicas registradas no corpo (cor de pele, tipo de cabelo, traços da
face, entre outras coisas) algo que nos é, de fato, já dado e invariável? Ou também elas são
passíveis de passar por processos de transformação? Em caso afirmativo, até que ponto, de fato, as
identidades étnico-raciais são negociáveis e transformáveis?

7 - Como determinados usos (e abusos) do conceito de "lugar de fala" têm levado a uma lógica
perversa de privatização das pautas em uma armadilha identitária nos movimentos de direitos
humanos? (A afirmação desses lugares como únicas e exclusivas fontes de legitimidade para discutir
problemas que tocam a todos acabam alienando ainda mais esses grupos e desresponsabilizando
aqueles que deveriam se implicar - não por generosidade, mas por dever - nas lutas por igualdade e
respeito).

Responda a seguinte situação-problema:

Um conjunto imenso de informações nos remetam a interculturalidade na qual tanto “existiriam várias
Áfricas e várias etnias negras de vários costumes”, quanto “existiriam feminismos plurais”. No
entanto, há quem veja nisso um discurso para constranger os defensores tanto do Pan-
Africanismo, quanto do feminismo, servindo à supremacia branca. Como parece haver uma
diversidade geopolítica tanto na OTAN (enquanto exemplo de aliança de defesa hegemônica),
quanto entre homens brancos, negros e mestiços (ainda que não seja uma união plena, existe uma
articulação suficiente para manter a hierarquia de gênero), então o inimigo pode se unir e a África e
as mulheres não?

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