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● Metodologia:
● Justificativa:
● Objetivos:
● Evidenciar como o fascismo se expressa em cada um de seus movimento e
destacar o bolsonarismo como um movimento neofascista.
● Explicar a relação entre o projeto neoliberal e a ascensão do neofascismo.
● Destacar as características da mentalidade e perfil fascista.
● Introdução:
O século XX foi marcado por diversas formas de governos autoritários, como a escalada da
Itália fascista e a ascensão da Alemanha nazista. Porém, no século XXI, já é possível
observar novas referências e características fascistas em governos contemporâneos.
O fascismo surge como uma resposta às crises econômicas e políticas, que se apresentam
de forma cíclica no capitalismo, como ocorreu em 1929 e 2008. As crises geram revolta,
principalmente nas classes operárias que as sentem de maneira mais acentuada, a partir
disso surge uma necessidade do Estado de controlar essas massas, utilizando a violência e
a repressão para isso, o que caracteriza o fascismo.
No Brasil, a onda conservadora pode ser melhor observada a partir de 2016, com discursos
de ódios sendo propagados dentro do congresso nacional , principalmente, pelas bancadas
evangélica, da bala e do boi, além das redes sociais.
Esse movimento possui, ainda, lideranças como o Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra
Rua e Revoltados Online, além de figuras como Kim Kataguiri, Fernando Holiday, Olavo de
Carvalho e Jair Bolsonaro. Além disso, suas ideias geralmente se manifestam através das
chamadas Think Tanks como o Instituto Liberal e a Brasil Paralelo.
● Neofascismo e neoliberalismo:
Assim como explica Michael Lowy, o neofascismo se afasta do fascismo clássico assim
como se aproxima; o fenômeno atual, por exemplo, não possui um partido de massas e
nem forças paramilitares como o fascismo clássico, além de possuir caráter elitista e o
discurso empreendedoristico no lugar do trabalho massificante.
Assim, entende-se que tudo que afasta o neofascismo de sua versão clássica, o aproxima
do neoliberalismo, podendo este ser entendido como a face econômica do neofascismo.
A Ku Klux Klan também é um movimento presente até hoje, estando presente inclusive no
ataque a Charlottesville, em 13 de agosto de 2017, quando grupos extremistas fizeram um
comício contra a retirada da estátua de Robert E. Lee, um escravocrata, de uma praça. Os
idealizadores do evento afirmaram que este fora uma manifestação "pró-brancos".
É importante lembrar, ainda, que o Brasil já teve o maior partido nazista fora da Alemanha
durante a década de 1930.
A Ação Integralista Brasileira (AIB) também é um movimento neofascista que, mesmo que
pequeno, possui adeptos. O movimento foi criado por Plinio Sagado na década de 1930,
apoiando ideais chauvinistas, anti-semitas, anticomunistas e antiliberalismo. Hoje em dia,
existem até mesmo membros dentro do congresso nacional que se consideram
neointegralistas.
Alguns outros movimentos que podem ser citados são; Front 88, Ultra Skins, Resistência
Nacionalista, Brigada Integralista, Terror Hooligans e White Power SP.
● Bolsolavismo:
Como já citado, Olavo de Carvalho é considerado o principal ideólogo da nova direita, assim
como do bolsonarismo, nas palavras do próprio Eduardo Bolsonaro; "uma inspiração, e sem
ele Jair Bolsonaro jamais existiria". Algumas das características passadas pelo olavismo ao
movimento são; o anti-intelectualismo, o anticomunismo paranoico, as teorias da
conspiração unidas à astrologia, uso de bodes expiatórios e o discurso violento e agressivo,
com diversas palavras de baixo calão.
A tática de guerra cultural envolve criar um inimigo em comum ou uma certa pauta e
atacá-la a todo custo, tocando nos medos das pessoas e afirmando que aquilo pelo que
estas pessoas zelam está em risco; a família, a igreja, a liberdade. Já a retórica do ódio é
uma "técnica discursiva que pretende reduzir o outro ao papel de inimigo a ser eliminado".
Uma tática comum de retórica do ódio são os chamados dog whistles, comumente utilizados
por Bolsonaro e seus apoiadores, os apitos de cachorro são símbolos da extrema direita
usados para seus membros se identificarem, tal como o "ok" com as mãos, formando a sigla
"WP", "White Power" e o copo de leite, ambos são símbolos de supremacia branca.
● Psicologia de massas:
● Dissonância cognitiva:
● Ressentimento:
Teorizado por Friedrich Nietzche, o ressentimento é uma resposta do indivíduo a aquilo que
ele considera uma situação de opressão e dominação. O indivíduo cria um adversário moral
e passa a vê-lo como o mal, e a si, como o bem. O ressentimento causa progressivamente
um sentimento de raiva e vingança.
● Identificação:
Theodor Adorno, ao entrar em contato com a teoria freudiana, faz suas próprias
considerações acerca de estudos sobre o Terceiro Reich; as figuras paternas, que seriam o
líder na teoria freudiana, são idealizadas pela política a partir da promessa do retorno de um
pai que elevará a nação, assim, forma-se o líder nacional, típico do fascismo e podendo ser
observado nas figuras de Adolf Hitler, Benito Mussolini, Francisco Franco, Getúlio Vargas e
Jair Bolsonaro.
A nova direita ou alt-right possui diversas formas de tornar seu discurso popular, dentre
elas, a criação de uma nova estética, isso porque os símbolos extremistas tradicionais já
são facilmente reconhecíveis. Assim, a criação de novos símbolos e estéticas servem
principalmente, para atrair um novo público alvo; os adolescentes e jovens adultos.
Um de seus símbolos mais famosos utilizados dessa forma é o chamado "Pepe the frog",
personagem criado na plataforma 4chan, popular por suas comunidades extremistas,
inicialmente de maneira ingênua, mas foi cooptado por grupos terroristas e tornado num
símbolo de ódio, sendo até mesmo utilizado pelo ex presidente dos EUA, Donald Trump, em
sua campanha.
Os Trolls fazem parte dessa nova estética, sendo pessoas que utilizam da ironia e humor
ácido para manifestar suas ideias intolerantes, misturando piada e discurso de ódio, usando
a guerra cultural para atacar seus opositores.
Já na década de 1930, os líderes fascistas já compreendiam que não poderia haver poder
político sem primeiro haver poder ideológico, sobre as mentalidades dos indivíduos. Assim,
o cinema e outras manifestações midiáticas se apresentaram como maneiras eficazes de
garantir esse poder.
A série norte americana "The boys" é um exemplo disso, o enredo apresenta um realidade
onde super heróis existem e são utilizados como máquinas de guerra pelo governo, o
personagem principal "Homelander" ou "Capitão pátria" foi criado pelo idealizador da série,
Eric Kripke, para ser uma caricatura do que há de mais misógino, falso moralista, corrupto e
autoritário na política norte americana, porém, a série parece gerar um efeito contrário
quando utiliza de diversas armadilhas semióticas que deixam seu discurso confuso, assim,
The boys parece criticar um discurso narrativamente enquanto o glorifica semioticamente.
Assim o público acabou recebendo Capitão pátria como um verdadeiro anti-herói, e a
imagem do personagem foi utilizada até mesmo em protestos a favor da reeleição do ex
presidente Donald Trump.
O mesmo efeito acontece com a obra brasileira "Tropa de elite", o filme de José Padilha
narra a tentativa do Capitão Nascimento, líder do Batalhão de Operações Policiais
Especiais (BOPE), de sair do batalhão. O filme foi muito bem recebido pela população, e o
protagonista, que é representado como alguém instável e violento, foi ovacionado pelo
público.
● Considerações finais:
As insatisfações da população com tais cenários acabam sendo cooptadas pelo fascismo e
transformadas numa narrativa simplificada e violenta que acaba sendo passada para as
classes médias e perpetuadas por estas, e seu poder de adentrar as estruturas de poder
não pode ser jamais subestimado.
Mesmo acontecendo atualmente, esses atentados à democracia não são algo inédito, e
sim, reencenações de períodos anteriores e a prova de que estes não foram superados; a
memória dos regimes totalitários perdura por todas as sociedades em que estes foram
implantados.
Nesse contexto, é imprescindível evidenciar que o fascismo não pode ser combatido por
vias democráticas, assim como já analisava Clara Zetkin na década de 1920. Isso pode ser
observado no episódio denominado "Batalha da Praça da Sé", quando um comício
integralista foi impedido de acontecer pela ação de grupos antifascistas, resultando na
chamada "fuga dos galinhas verdes", como eram chamados os integralistas.