O texto analisa a ascensão do neoconservadorismo no Brasil e suas implicações para o Serviço Social. O neoconservadorismo busca desmantelar direitos trabalhistas e promove a criminalização da pobreza. Isso agrava a questão social e a violência. Mídia sensacionalista e discursos moralistas apoiam essa agenda, enfraquecendo a perspectiva crítica do Serviço Social.
O texto analisa a ascensão do neoconservadorismo no Brasil e suas implicações para o Serviço Social. O neoconservadorismo busca desmantelar direitos trabalhistas e promove a criminalização da pobreza. Isso agrava a questão social e a violência. Mídia sensacionalista e discursos moralistas apoiam essa agenda, enfraquecendo a perspectiva crítica do Serviço Social.
O texto analisa a ascensão do neoconservadorismo no Brasil e suas implicações para o Serviço Social. O neoconservadorismo busca desmantelar direitos trabalhistas e promove a criminalização da pobreza. Isso agrava a questão social e a violência. Mídia sensacionalista e discursos moralistas apoiam essa agenda, enfraquecendo a perspectiva crítica do Serviço Social.
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL/ TURMA: 01/ 4° PERÍODO DISCIPLINA: FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL III
Karla Byanca Carvalho Ferreira
Síntese do texto: “Não passarão! Ofensiva neoconservadora”
Maria Lúcia S. Barroco, no texto "Não passarão! Ofensiva neoconservadora e Serviço
Social", realiza uma análise crítica acerca da nova onda conservadora, o neoconservadorismo, levando em consideração o estardalhaço direitista, em que muitos grupos burgueses realizaram manifestações entorno da perspectiva de um país sem corrupção, buscando justamente o avanço das prerrogativas da direita no poder. No entanto, esses movimentos estavam objetivados de criminalização da pobreza, violência contra os trabalhadores, de desmantelamento dos direitos paulatinamente conquistados pela classe trabalhadora, além das diversas formas de violação dos direitos humanos, sendo impulsionados pelo fundamentalismo, pela discriminação e xenofobia, explicitando um cenário em que o preconceito se faz presente. Nesse sentindo, a autora (2015) aponta como se observar e refletir sobre a reprodução ideológica do ideário conservador na contemporaneidade, tendo em vista a sua inserção em um contexto histórico marcado por fatores econômicos, políticos e culturais, bem como pela luta de classes. Assim, busca-se destacar as reivindicações de apelo a ordem, carregadas de uma ideologia conservadora, afirmando um momento em que a sociedade se coloca contraria aos direitos, pois essa nova onda conservadora vem de mãos dadas com as prerrogativas neoliberais e, a partir disso, a autora apresenta as implicações desse processo no Serviço Social. Partindo do pressuposto de que o conservadorismo, é a reprodução dos valores, costumes e tradições, no sentindo de manter o modo de vida das elites, que são aversas ao comunismo e abastecidas de todo o tipo de preconceito, a autora (2015) evidencia que a disseminação desse ideário é possibilitada pela “reificação” que afeta os diversos segmentos da vida social, que escamoteia as reais determinações que estão por trás desse processo, como a redução dos direitos, precarização do trabalho, desemprego, entre outros, além do “irracionalismo” que é a antítese da razão, negando a realidade objetivamente concreta, propagando o pessimismo e o individualismo, este corrobora de forma geral ou parcial para o favorecimento da apologia do capitalismo. Nesse sentido, no contexto da década de 1970, marcado por uma longa onda de crise mundial de estagnação do capitalismo, ocorre a reatualização do conservadorismo, para confrontar de forma ideológica as diversas tensões sociais oriundas da opugnação neoliberal. Sendo assim, o neoconservadorismo assumiu uma preponderância na apologia conservadora da sociedade capitalista, tal movimento vai de encontro com o Estado Social voltado ao atendimento das demandas sociais e com os direitos sociais, por acreditarem que estes desestimulam os homens ao trabalho, tornando-os preguiçosos, conforme essa ideologia, o Estado deve ser mínimo no que se refere aos gastos sociais, mas forte na sua função coercitiva, de modo a reprimir as diversas pressões populares que contestam as prerrogativas dessa ordem social. Os adeptos dessa ideologia são as elites, que infelizmente pregam o preconceito de classe, o racismo enraizado, a família tradicional e inúmeras convicções extremamente preconceituosas. O eixo fundante da sociabilidade e da política, para esse ideário, é a moral. Tal perspectiva propaga a óptica de que a diversas manifestações da questão social e as crises sociais são resultantes de um problema moral, assim como eram tratadas na gênese do Serviço Social, sob a influência da Igreja Católica. Dessa forma, tomando como referência a análise da moral, a autora aponta que esse apelo a ordem tem um caráter duplamente conservador, primeiro, porque a moral se apresenta como uma das bases do neoconservadorismo e segundo devido a sua objetivação ser moralista, pois se trata de atitudes individuais, não sendo um problema objetivamente concreto da sociedade, mas um problema de ordem moral. Todo esse processo corrobora de forma direta para o ocultamento das consequências das determinações socioeconômicas do capital, do qual são oriundas as diversas desigualdades que são naturalizadas por esse ideário. Esse apelo a ordem no Brasil se corporificou na década de 1990, com a implementação do neoliberalismo, que apresenta um caráter subversivo do trabalho e da vida social, impactando diretamente os segmentos mais marginalizados e a classe trabalhadora, no que tange às suas condições de vida, devido ao aumento do desemprego, da precarização do trabalho, da desigualdade e degradação dos direitos sociais. Percebe-se, portanto, nesse cenário de exploração, a banalização da vida humana, uma a reprodução da barbárie, provocando o agravamento crescente da questão social e da criminalidade, em um período marcado, segundo Barroco (2015, p.626), pela "cultura da violência e do medo social", o que gera uma total insegurança para a população, que sofrem com essas diversas regalias, pois vivem com o mínimo necessário para sua sobrevivência, se encontrando em um extremo processo de pauperização. Sendo assim, explicita-se um apelo a repressão, na qual a população diante dessa situação sentiam-se encurraladas com tantas represálias do Estado, assim, Barroco (2015) considera indubitável destacar a forte influência da mídia nesse processo, com ênfase aos programas sensacionalistas, dos apresentadores Ratinho e Datena, que arrotam preconceitos e incentivos a todo tipo de repressão, expondo crimes e delitos principalmente de jovens negros, colaborando com disseminação da imagem do negro pobre, que mora nas periferias, como bandido. A violência infelizmente é muito presente no Brasil, no qual já deixou inúmeras manchas de sangue de inocentes em ofensivas violentas, em que a maioria desses casos acontecem principalmente em comunidades marginalizadas, como favelas. Esses programas apoiam as campanhas de militarização da vida cotidiana, do frequente uso da violência com a utilização de armamentos, além de defenderem a pena de morte, deixando evidente a total banalização da vida humana. Nesse sentindo, as diversas manifestações da questão social foram marginalizadas, tornando-se caso de polícia, além de serem combatidas com estratégias de guerra constante, esta que carrega no seu percurso uma crescente onda de homicídios no Brasil, que ultrapassam os dados de morte dos doze grandes conflitos armados mundiais, assim, o núcleo da questão social se encontra na guerra ao tráfico, pois à medida em que a guerra vigorar, os direitos humanos serão suspensos, dado que não importa como e se os recursos são moralmente válidos, o objetivo é obter a vitória sobre o inimigo, segundo as prerrogativas do Estado policial presente no interior do Estado democrático. No cenário contemporâneo, de prevalência das forças neoconservadoras e reacionárias, o que se explícita na dinâmica de moralização das múltiplas refrações da questão social, não é a objetivação do ajuste dos sujeitos sociais, mas a punição dos mesmos. A mídia, nesse contexto, propaga o terror em nome da ordem, impulsionando a chamada "moralização punitiva", que dissemina a perspectiva de divisão da sociedade entre aqueles que são bons e os maus que devem ser punidos severamente por suas disfuncionalidades. Todos esses elementos estão presentes nas campanhas escancaradas da direita e extrema-direita, que possuem o apoio do bloco midiático no combate ideológico contra os direitos sociais duramente conquistados, as suas legislações; os direitos humanos; contra os diversos movimentos sociais; os partidos da esquerda; o comunismo; o marxismo; os programas de cotas para negros, dentre outros, segundo Barroco (2015, p. 630). Á vista disso, como parte dessa ofensiva neoconservadora, destacam se as reivindicações moralistas dos representantes de grupos evangélicos, que são altamente preconceituosos, intolerantes e fundamentalistas, estes se colocam contra a qualquer tipo de legislação que tenha como objetivo a criminalização de atos homofóbicos e discriminação do aborto. Outro fator, que é mister destacar, é a adesão dos jovens a esse ideário conservador, como se participar e ser da direita fosse uma tendência do momento atual, um exemplo desses movimentos é o MBL - (Movimento Brasil Livre) - apoiado por jovens que são amantes da liberdade. Tais jovens são altamente intolerantes, se negam a estudar e elaborar trabalhos que estão voltados a temas de religiões de matriz afro-brasileira, possuindo uma total aversão a tais tradições. Assim, é indubitável ressaltar que tais intolerâncias e preconceitos também invadem a formação e o exercício do assistente social na cena contemporânea, o que impacta diretamente a formação profissional enfraquecendo sua perspectiva crítica frente às diversas desigualdades que passam a se apresentar como naturais, devido a introdução do irracionalismo nas diversas universidades pelo pensamento pós-moderno e dogmático. Nessa perspectiva, Barroco (2015) aponta que, dentro das instituições o Serviço Social é requisitado para realizar atividades policialescas, para trabalhar com a expulsão de moradores das suas áreas, o deslocamento de usuários de drogas e moradores de rua, desempenhando um exercício de acordo com as requisições das instituições tradicionais conservadoras, entretanto, em alguns casos, essa ação pode partir do próprio profissional em função da ideologia conservadora, na qual se orienta, podendo ser controlador no que tange a vida dos usuários, realizando avaliações moralistas dotadas de preconceitos e discriminações. Dessa forma, a autora destaca as pressões que os profissionais sofrem no âmbito do sociojurídico, que requisitam ao profissional uma quebra do seu sigilo ou o fornecimento de provas, de prontuários à justiça, além da elaboração de relatórios que contenham dados pessoais. No entanto, os assistentes sociais devem ser contrários a essa perspectiva, de modo a traduzir as categorias do projeto ético-político no seu cotidiano. Portanto, Barroco (2015) destaca que o conservadorismo sempre esteve presente na profissão, ressaltando a necessidade da hegemonia do projeto ético-político frente ruptura com o conservadorismo, para tal é necessário o avanço e fortalecimento da base social que determina a direção social e política da intervenção do assistente social, este deve buscar traduzir o projeto profissional no seu trabalho cotidiano, de modo que esteja articulado com as forças societárias na luta pela superação de toda barbárie, visando a emancipação da sociedade. Sendo assim, os profissionais devem se organizar e realizar discussões, de modo a se voltarem para o enfrentamento do moralismo, aprofundando sua crítica e buscando a hegemonia do projeto profissional. Referência: BARROCO, Maria Lúcia S. Não passarão! Ofensiva neoconservadora e Serviço Social. In: Serviço Social e Sociedade. São Paulo, Cortez, 2015.