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um movimento de caráter cuituraJ e objetivava revolucionar a antiliberal e anticomunist8..

Tn'e também na revista A Ordem o


mentalidade dos br<\sileiros. instrumento difusor de suas ideias. A influência desta linha de
O Intcgralism.o surgiu num momento denso da história pensamento no integralislllo ~,~: expressa no próprio lema deste
contemporâne:! bra,;ileira cm que profundas e rápidas transformações movimerlto: "Deus, Pátria e FamíLa". Sob este lema, a Ação Integralista
se manifestavam nos campos político, econômico, social c cultural cujos pregava a necessidade de um Eslado forte, autoritário e corporativo
dtitos acabaram influenciando a formação da ideologia integralista. capaz de eliminar os males originados da malograda experiência liberal
Os anos vinte se iniciam com a inovação estética proposta na nos campos político e econômico, harmonizando a sociedade e assim
Semana de 22, evento que lançou as bases do modernismo brasileiro, impedindo turbulências advindas da luta de classes.
e que suscitou entre artistas e intelectuais reflexões em torno da Portanto, todas essas influencias estiveram presentes no processo
realidade o país. A crise mundial de 1929 trouxe complicações à de formação da ideologia integralista, caracterizando-a enqllar.tc
economia e agr:lvou os problemas sociais, abalando a confiança no ideologia conservadora expressa, sobretuJo, no ultranacionalismo,
liberalismo econômico. O advento da Revolução de 1930 representou a antiliberalismo e anticomunisrno. Enquanto movimento de massas, a
ruptura política eIltre as principais oligarquias nacionais. Com raízes Ação Integralista Brasileira se caracterizou: pela rígida hie,arquia; pela
no tenentismo esta revolução trouxe mudanças político-so,ciais figura de um chefe carismático; pelo culto à personalidade; a formação
significativas como aponta Fausto (1997, p. 151): de milícias; além da composição de uma juventude do movimento - os
Na descontinuidade de outubro de 1930, o Brasil começa a
plinianos; forte mística e a simbologia que tinha um papel importante
trilhar enfim o caminho da maioridade política. Parado- no movimento como uso de camisa verde, a saudação indígena anauê,
xalmente, na mesma época em que tanto se insistia nos o emblema do sigma entre outros. Em 1936 mais de meio milhão de
caminhos originais autenticamente brasileiros para a solução
brasileiros haviam ingressado nas fileiras da AIB. Esse crescimento do
dos problemas nacionais, iniciava-se o processo de efetiva
'.0nstituição das classes dominadas, abriam-se os caminhos movimento se refletiu nas urnas, com a eleição de dezenas de
nem sempre linç2.ics da polarização de classes, e as grandes vereadores, além de prefeitos, deputados estaduais e fe.derais em todo
correntes ideológicas que dividem o mundo contemporâneo opaís.LW. t~ ~~I'~
dividem o país.
I } t . O, '
O contexto internacional favoreceu o fortalecimento do pensa- ~ ~v.....--
mento autorit<'.rio no Brasil.] A Europa assistia a ascensão do fascismo, Integralismo na Bahia ~V~~ 6~'
particularmente na Itália e Alemanha. Paralelamente à influência desses
acontecimentos, outros elementos ideológicos contribuíram para a A trajetória do integralismo na Bahia se inicia com a instalação do
gestação do integralismo, destacando primeiramente o pensamento núcleo provincial da Ação Integralista em j unho de 1933, sob a chefia
nacionalista autoritário representado priIlcipalmente pelos intelectuais: de um triunvirato formado por ?\lessias Tavares, João Alves dos Santos
Oliveira Vianna+, Azevedo Amar.aP e Alberto 'forres. 6 Este último seria e José Cesimbra. Após a reorganização do núcleo, o triunvirato passou
redescoberto nos anos 30, sendo muito admirado pelos integralistas. a ser composto pelos líderes Caldas Coni,AugustoA.lexandre Machado
O pensamento tradicionalista católico teve em Jackson de e Messias Tavares. Estes, posteriormente, foram substituidos por
Figueiredo 7 , fundador do Centro Dom Vital na década de 20, seu maior Mílcíades Ponciano Jaqueira que ::lssumiu a chefia do núdeo. Em abril
expoente: Este Centro irradiou o pensamento tradicionalista católico, de 1935 o engenheiro Joaquim de Araújo Lima se tornou c "OVO chefe
do n.úcleo provincia1. 8 (SAMPAIO, 1985, p. 115-116) As decisões qtle Miguel Reale ingressou no movimento com apenas 25 anos. :Na Bahia,
orientavam a vida do movimento partiam da sede provincial, localizada pertenceram a AlB jovens que posteriormellte se destacariam na vida
à ladeira de S~o Bento nO.6, onde eram realizadas as principais política e cultural do estado, como o jovem militante José Calazans
conferências de membros da direçso 10<::21 e n2cional do movimento. Brandão da Silva?, que apresentou ~,eus estudos em reuniões doutri-
A expansão do integralismo na Bahia parece ter se iniciado no nárias, tratando entre outros temas da relação entre integralismo c
meio universitário, tanto que em agusto de 1933, durante sua vi"ita à catolicismo. Bcm como RômuloAlmeida lO que cm suas memórias, tra1"ou
Bahi<l, Plínio Salgado realizou conferências na Escola Politécnica e , em de sua inserção na AlB, quando residia no Rio de Janeiro após formJ.-
discurso no anfiteatro da Faculdade de Nledicir:a, afirmou que havia se em Direito na Bahia. Inicialmente ligado ao sociaiismo, Almeida se
chegado" [ ... ] a hora culminante da luta decisiva em defesa da Pátria! A aprox.imotl do integralismo em razão da sua formação nac;onalista. Essa
mocidade estudantina cabe a maior parcela de responsabilidade. Cruzar formação se deu no Ginásio Ypiranga de propriedade de seu primo
Isaías Alves: 11 "Eu era nacionalista, eu me formei nacionalista no ginásio.
os braços, agora, é desertar!" (O Imparcial, n. 743, 25 ago. 1933, p. 1)
Evidentemente que essa luta pela PáTria se faria ao lado do integralismo. ° ginásio tinha uma preparação cívica tremenda". (ALMEIDA, 1986,
Dando continuidade a propaganda integralista junto aos estudantes, p.25)
Plínio Salgado discursou na Associação Universitária da Rahia (AUB), O integralismo representava uma das correntes ideológicas a
organização que reunia estudantes dc diversas correntes político- influenciar o meio estudantil na Bahia, disputando espaço ccrn
ideoiógiclls. As conferências do líder integralista parecem ter contri- socialismo, comunismo, liberalismo e outras. Por isso mesmo, o
buído para estimular a expansão da A.IB no estado. (SA,\1PAIO, 1985) crescimento da AlB entre os estudantes não se fez sem resistência.
Em novembro de 1933 foi a vez dc Gustavo Barroso vir à Bahia Em julho de 1936 o Departamento Universitário da AIB-BA. divulg;m
propagar a doutrina integralista. Além dos estudantes que assistiram a em O Imparcial uma declaração em nome de 586 estudantes
conferência de Barroso na AUB, o líder integralista se dirigiu a outro integralista~~ universitários e secundaristas em repúdio contra o
público, os representantes do comércio, realizando conferências na manifesto da Frente Universitária Democrática ela Bahia dirigida aos
Associação dos Empregados do Comércio e no Clube Comercial. universitários baianos, cujo conteúdo desferia violentos ataques aos
O integralismo obteve fnrte inserção no meio estudantil, atraindo integralistas. Os autor.es do manifesto foram acusadOR de comunistas.
muitos jovens estudantes acadêmicos e secundaristas. Durante os cinco (O Imparcial, n. 1737,01 jul. 1936, p. 1) Em agosto, o núcleo integralista
anos que atuou no estado "AlB fundou núcleos em várias instituições da Faculdade de Direito, representado pelo acadêmico Rarachisio Lisboa,
de ensino como: Carneiro Hibeiro, Salesiano, Ginásio da Bahia e Ginásio dirigiu urna representação ao diretor daquela instituil;ãe Filinto Bastos
Ypiranga, este último considerado um reduto da juventude integralista. protestando contra a campanha antiintegralista movida pelo Diretório
Nas instituições de ens:no superior, existiam núcleos int~gralist2s nas Acadêmico da Faculdade. (O Imparcial, n.1772, 04 ago. 936, p. 3)
faculdades de Medicina e de Direiw. O Departamento Universitário As organizações políticas de esquerda realizaram inúmeras açóes
da ATE··BA procurou a;11pliar adesõe" no meio acadêmico. de combate ao integralismo no estado, resultando em corrfrontos, por
Nos ::\DOS 30 esse movimento re?rp~;entou tli11 caminho poiítico- vezes violentos, a exemplo do conflito com os alio.ncistas, no ato de
ideoiógico para parte da juventude brasileira. A Ação Integralista era instalação da Aliança Nacional Libertadora V'j~L), :[1C Cilic .land,,:::.,
um movimento formado em sua maioria por pessoas jovens, a começar cm 3 maio de 1935. (TAVARES, 2001) Em junÍlo, OCOL"CU m,1is um
peles seus líderes; Plínio Salgado tinha pouco mais de trinta anos e conflito durante a realização do 10 Congresso da Juventude Proletária

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da Bahia. Em agosto, uma bomba foi lançada contra o Cinema Victória, municipais principalmente os de Ilhéus, Italmna e Agua Preta, chefiados
onde integr,distas do núcleo de Ilhéus se reuniam. O atentado foi respectivamente pelos militantes Pedro Ribeiro Filho, Nelson Oliveira
atribuído aos comllnist::ts. (O Imparcial, n.1417, 10 ago.1935, p. 1) Entre e Orlando Ribeiro.
as diversas :lçües reaiiz(lebs rd,\ AliaT~ça Nacion:~i Libertadora (AJ'JL) Emjunh~, do mesmo ano, toram visitados os municípios de Santo
e pelo 1'<:trtid,) COlllllllist;i do Brasil (PCB) contra o integralismo no Amaro, Muritiba, São Felix, Cachoeira e :LYIaragogipe. No ano seguinte
estado estê.V:õ " intensa campanÍla antifascista. outra "bandeira" voltaria a percurrer esses municípius. Em julho de
A...;; manifestações ar,tifascistas na Bahia não se limitaram ao período 1936 uma "bandeira" visitou Feira dc Santana, cujo núcleo municipal
de existéncia legai cjaA1B. Durante a Segunda Guerra, principalmente a da AlB estava sob a chefia de Jobelino Pitombo. Nessa ocasião, integrava
partir c!e: 1942., os ir:tcgralistas se tornaram alvo de campanhas a "bandeira" o chefe provincial Araújo Lima e outras lideranças. Durante
,mtif2scista:o corm:nJadas peios comunistas e segmentos progressistas. essa passagem foram promovidas sess6es dou~rinárias, conferências,
Mcsmo ~'ncoIltramlo resistências, a Ação Integralista conseguiu comícios, desfiles nas ruas principais das cidades, formatura de
obter rápido crescimento na Bahia. Segundo dados da própriaAIB, em milicianos entre outras atividades que reforçavam a propaganda
meados de 1936 haveria aproximadamente 46.000 integralistas no integralista junto às populações interioranas.
estndo, distribuídos por mais de 300 núcleos municipais e distritais. Essa forte inserção da AlE no intcrior baiano se revela como uma
(O Imparcial, n. 1715,21 maio 1936, p. 5) peculiaridade do movimento na Bania, indo na contramão de estudos
Neste processo de expansão DS integralistas se utilizaram de que apontam aAIB como um movimento basicamente urbano, tomando
diversas estratégias, começando pela Ímldação de núcleos. Em Salvador, como referência o movimento nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
n:g-istramos a existéncia de núcleos distritais nos seguintes locais: (OLIVEIRA,2004)
Nazaré, Sé, São Bento, Largo da Saúde, Caixa d'Água, Cidade Nova, O crescimento eleitoral daAIB refletiu esse processo de expansão
Santo Antônio, Penha, Paço, Garcia, Liberdade, Brotas, Calçada, do movimento. Os dados eleitorais confirmam essa tendência:
It?pagipe, Paripe, Rio Vermelho, Piedade e Barra Avenida.
Nas eleições para a Assembléia Estadual CtJl'l~tituinte de
O processo de expansão da AlB foi mais intenso no interior. Em outubro de 1934, a AlB obt<:ve somente 302 votos. Mas em
todas as regiões do estado foram fundados núcleos municipais e de:tembro de 1935, apenas no município de Ilhéus, os
distritais, como nos municípios de Jequié, Poções, Rio Novo (ipiaú), integralistas dispunham de mais de 700 eleitores. Em meados
de 1936, na pobre e inóspita Tucano, localizada no Nordeste
Ilhéus, ltabuna, Belmonte, Santa Inês, Lençóis, Miguel Calmon, da Bahia, mais de mil moradores envergaram a camisa verde.
ivIaragogipc, Santo Amaro, Muritiba, São Félix, Feira de Santana, O município de Rio Novo, hoje Ipiaú, registrava cerca de três
Serrinha, Cumbe (Euclides da Cunha), Tucano, entre outros. mil integralistas. Na campanha para as eleições de janeiro de
1936, as disciplinadas falanges integralistas mostravam ser
As "bandeiras" integralistas, excursões organizadas pelo núcleo
fortes concorrentes do PSD go\'enüsta e das velhas oligarquias
provincial, desempenhavam um papel relevante na diíusão da propa- que controlavam os currais eleitorais. Vereadores integralistas
ganda integralista pelo interior. Em 1935, dG8.s grandes "bandeiras" foram eleitos através do estado, inclusive na capital e !lOR
se dirigiram aos municípios das regiões Sul e Recôncavo. Em fevereiro, municípios ue Jequié, Poções, lpiaú, MU!1do Novo, ltabuna,
Maragogipe etc. (SA\1PAIO, 1985, p. 117)
2. cidade de Ilhéus foi visitada pela "bandeira" integrada pelo chefe

provincial Milciades PoncianoJaqueira e outros líderes provinciais. Nesta Outro fatal' que demonstra o êxito eleitoral do movimento foi o
.~i(bde, l~niram-se a estes, os militantes dos vários núcleos distritais e registro no Tribunal Regional Eleitoral de Jelegados integra;i3tas el:i 6S

2(;
Matta Odilon Guanacs :Minciro
mt:nicípios baianos entre os anos de 1935 e 1936 12, conforme relacionados
Mucugê iVl8.f1oel Gomes Landulpho
a seguir. Segundo O Im1)arcial, em quatro anos, a AIB-BA conseguiu
Muritioa Martim ~;antiago de SOljZ:l
eleger 65 vereadores, aiém do prcfcit(, da cidade de Santa Inês. Na capital,
Mutuípc Antonio Rodrignes f\';.l.SCimcllto
João Alves dos Santos foi eleito :o Cil.iTl.?fa rvlunicipal pela legenda
Nazaretb Ayres Duarte NIuníz
Jl\TEGRALISMO. (O Imparcial, n. 1715,21 maio 1936, p. 5)
Palmeiras João Souto Soares
Poções Arttonio Agripieo Silva Borges
MUNICÍPIO DELEGADO
Pombal J\1anoel Soares da Fonsec2.
Afonso Pena Gilberto da Silva Ribeiro
Prado AJ:niro Prado
Areia José Castro
Queimadas Ostiano Santos ~-1artins
Barra Carlos Simões
Riachão do Jacuípe João Martins Filho
Barracão Luis de Souza Pitangueira
Ruy Barbosa Leónidas Gomes Azevedo
J3elmonte Paulo Paternostro
Rio Novo Edson de Mello Cabral
Bomfim Jovino do Prado Pereira
Santa Inez Gerv2.sio da Rocha
Cachoeira Joaquim Falcão
Santa Luzia Elísio da Siiva Brandíio
Castro Alvcs Renato Beílazi
Santarém André Zeferino dos Santos
Catú José j\raújo Lima
Santo Amaro Eduardo Cerqueira Bião
Conceição de Fcira Pedro Pinheiro de Carvalho
São Félix Theodomiro Gesteira
Conceição do Coité José Ferreira Filho
São Miguel Osvaldo Jacobina Vieira
Conde Pedro Lima Carvalho
Serrinha Bráulio de Lima
Conquista Ivan Dantas Freire
Tucano Demóstenes Martins
Cumbe José Camerino Abreu
Valença Fernando Moura
Djaima Dutra i\ntonio ~)ilva Fonseca
Alcobaça Désudedit Codeiro
Feira de Santana Jobelino Rogério Pitombo
Arnargosa Jovini3no Almeida de Oliveira
Ilheós Gustavo Fonseca
Brejões João Azevedo Magalhães
Inhambupe Permínio Bacelar Filho
Camamú Ademaro Sóioo de Moraes
Itaberaba José Santos Serra
Campo Formoso Antonio Reis Sobrinho
Itabuna NelsoL Oliveira
Cruz das Almas Fernando Pinheiro
Jaguaquc.ra José R,1iDOS Ferreira
Curaçá Dirceu Possidio Coelho
JandaÍi'3 Francis20 Fontes de Faria
Entre Rios Joaquim João da Silva
Jequié FernaDdo Humberto de Souza
ItaJino -·.-ita ltambé Jorge Heine
Jequiriçá
Itaúba Ademir Simões
Joazeiro Dimas IZodrigues Madeira
Pojuca Osvaldo Dutra
:vIaragogipe Nestor Fernandes Távora
Santo Antonio Estanislau D'Aquioo Cunha
Lençóis Manoci Messias Pereira

,. 29
I 28
310 Felipe Joãu Eliseu Mcllo a expansão daAlB-BA Bertonha (2000) afirma que o fascismo disputou
Monte SaIlto Luiz Gonzaga Cardoso com o integralismo espaço junto à" comunidades italianas. Sendo que,
Trecê Osvaldo Pereira Dourado o primeiro, atraía mais italianos natos; enquanto que o segundo exerceu
Paramirim Francisco Queiroz Maltas maior influência entre os ítaJo-brasilciros, estes últimos ansiosos para
Alagoinhas Salomão Antoniu ue Barroi; se inserirem na sociedade brasiicira.
Boa Nova Francisco Marinho Oliveira Magalhães (1982, p. 97) apontou outros fatores que explicariam
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a expansão do integralismo como o cenário internacional, marcado pela
Os bons resultados eleitorais da AlB-Ri'\. não representaram uma ascensão do fascismo e a aliança elltre a AlE-BA e a oposição:
séria ameaça a hegemonia eleitoral dos dois grandes partidos políticos
o integralismo realmente teve grande repercussão na B:>.hia,
da época, representados pelo Partido Social Democrático (PSD), do compreensivelmente, alíás, porque a tendência estava em
governador ]uracy Magalhães, e a Concentração Autonomista, que maré alta no mundo, com o nazismo na Alemanha, o fascismo
disputavam a maior parceia do eleitorado. na Itália etc. O movimento integralista criou muita força no
Brasil, expandindO-Sé na Bahia de maneira relativamente fácil,
A bibliografia sobre o integralismo na Bahia suscita questões em porque conseguiu reunir os oposicionistas. Para meus
torno dos possíveis fatores que contribuíram para essa expansãp do adversários mais combativos, por exemplo, o caminho mais
movimento. O ex-governador Juracy Magalhães, reconhece!1do a força fácii era aderir à A1B, e este fato acabou me tornando o
governador que mais aguerridamente lutou contra o
da Ação Integralista, principalme!1te no interior, afirma que:
integralismo.
Os integralistas na visão de Dr. Getúlio podiam ser poucos;
mas na Bahia eles chegaram a organizar vários núcleos fortes. Nogueira (1997) também contesta essa afirmação de Juracy
Havia, por exemplo, o de Rio Novo, que atuava de maneira Magalhães. Na sua visão, aAIB manteve-se distante tanto do juracisismo
muito agressiva. O núcleo de Jequié também era forte, pois quanto da oposição, representada principalmente pelos autonomistas.
vivia nesta cidade uma expressiva corrente de descendentes
A Concentração Autonomista aparentemente procurou manter-se
de italianos. Em Ilhéus, no sul do Estado, e (;ln Itabuna
tan~!)ém conseguiram muitos adepto:;. Em Salvador, equidistante dos integralistas, não cO!1denando nem apoiando
ganharam o meio universitário, alguns professores e mesmo explicitamente os mesmos. No entanto o comportamento de alguns
oficiais da Polícia e do Exército. (MAGALHÃES, 1982, p. 97)
políticos autonomistas aponta para uma aproximação do partido com a
A alegação do ex-governador de que a forte inserção da AlB no AIB impulsionada peio antijuracisismo, como nos casos dos deputados
município de Jequié resultava da presença de uma comunidade de Álvaro Catharino e Rafael Jambeiro. Este último fez declarações
imigrantes italianos, deixando subentendido que esses imigrantes favoráveis ao integralismo em diversas ocasiões. Em agosto de 1937,
teriam aderido ao integralismo por identificá-lo com o fascismo, é lambeiro suscitou polêmica naAssembléia Legislativa quando requereu
contestada pelo ex-líder integralista Rubem Nogueira em suas que um discurso de Plínio Salgado fosse registrado nos Armaes da
memórias, segundo ele" [ ... ] mais italianos do que ]equié, tinha a cidade Assembléia, resultando no imediato repúdio dos deputados da bancada
viziaha de Jaguaquara e no entanto lá o Integralismo cresceu menos, situacionista, um dos quais questionou se o mesmo era autollomi:>la
bem menos". (NOGUEIR'\, 1997, p. 114) ou integralista. 13
Essa discussão nos remete a necessidade de esclarecer através O ex-governador ]uracy Magalhães procurou conter o aV2.nço do
da í)csqu;'3a histórica a relação entre a pequena comunidade italiana e integralismo no estado, desencadeando forte repressão ao movimento

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intensificou em 1936. A possível razão para o desencadeamento dessa
c, para isto, obteve o apoio dos chefes políticos locais, seus principais atitude seria o temor de que a AlB mantivesse o crescimento eleitoral
aliados no estado. que vinha obtendo até então, a ponto de rivalizar com os grandes partidos
Nomeado interventor federal D8 Bahia em 1932, substituindo o na disputa elo eleitorado. N? visão de Rubem Noguein1, () cre5cimento
ex-interventor i\.rthnr Neiva, Jurac)' :\Iag:-dhãcs foi imediatamente eleitoral da AlB teria incomodando alguns chefes políticos do intedor,
rejcil8do pcla~ eliks locais que inicialmente, não apoiaram a Revolução "[ ... ] os coronéis, enciumados com a somhra que lhes fazia o prestígio
de 1930. Considerado demasiado jovem, apenas vlnte e seis anos, militar crescente do Integralismo, podem ter levado o Chefe do Executivo
e ccarense, o novo interventor enfrentou os preconceitos das elites baiano a abrir a luta contra os legionários do Sigma, por sua ousadia em
locais. Sem contar com o apoio de tradicionais lideranças, Juracy lhes contrapor eleitoralmente". (NOGUEIRA., 1997, p.121)
Magalhães teceu ampla rede de alianças com os chefes políticos do Em Rio Novo, cujo núcleo integralista era chefiado pelo
i;1taior baiano, os coronéis. ?víesmo contradizendo os princípios da descendente de alemães Dnrval Hoh1eIlwerger Filho, após a disput?
revolução que o levou ao poder, ou ~r;ja, combater as oligarquias, o eleitoral entre os candidatos a prefeitura municipal Leonel Andrade
interventor conseguiu ;; base de sustentação política que garantiu a (PSD) e Aristóteles Andrade (AID) , saindo este último derrotado, ?
estabilidade de seu governo até i 93 7, quando rompeu aliança com rivalidade entre seguidores desses partidos se intensificou. Sob
Vargas. (SA~1P}\IO, 1985) determinação do delegado Domingos Castro foram proibidas as
Juracy iVlagalhães funáou o hírtido Social Democrático (PSÓ) e reuniões e f) uso da camisa verde. A respeito desse episódio o e:;.:.-
em torno deste, reuniu aiiados políticos para disputar o poder no estado militante integralista do núcleo de Canoa Virada, distrito de Rio Novo,
com os autonomistas. Estes eram liderados pelo ex-ministro do governo Acácio Sales Mendes, declarou que diante da desobediência dos
Washington Luiz, Octávio l\langabeira. Integravam também a oposição integralistas em tirar as camisas, essas foram arrancadas pelos polic;ais.
o~; autonomistas Aloysio de Carvalho Filho, Nestor Duarte, Luiz Viana' (MENDES, 2002)
Filho, Jayme Junqueira Ayres, entre outros nomes de destaque da Os integralistas denunciavam pela imprensa a repE'ssão eontr;:; o
política iocal, a exemplo do ex-go\-ernador J.}. Seabra. Juraeisistas e movimento no interior do estado.
autonomistas não se diferenciavam ideologicamente, apenas havia a forte Os fatos que vão sendo revelados indicam que a exislênci;'. de
rejeição destes últimos à liderança de Juracy i\1agalhães. (TOURINHO, um plano infernal que se está executando a toda força, por
todos os meios, nos lugares onde os chefes poHticos qu~ ante"
1997)
dominavam, sem contraste, perderam totalmente o prestígio.
Entre os ali"dos de Ju,'acy :Magalhãcs destacamos: Medeiros Neto,
São os casos de Ilhéus, Itabulla, Rio Noyo, Jequié, pafa
Edgar Sanches, Manoel >Jovaes, Hagalhães Neto, Arthur Neiva, citarmos só esses. Ali a brutalidade das af,ie~sõcs :::.csso::is
Clemente IvIcrialli e Marques dos Reis. No interior, o interventor obteve campeia, as arbitrariedades de ~oda ordem, c:cséc e::[HnCil-
apoio de íortes lideranças como: G ikno Amado (Itabuna) Lauro Passos mentos de indivíduos e prisões sem motivo conhecido, até o
suplício dos castigos humilhantes, ::; inva~ã8 de lares, o
(Cruz das •.lJmas), Elpídio Nova (Feira de Santana), Albérico Fraga fechamento de escolas, todas as maniícsi<tções da violência,
(l\Iuritiba), l\ntônio Honorato de Castro (Casa Nova), Franklin Lins toda~ as injustiças e iniqÜidades. (O Imj)aróc.l, n. 1573, 08
Albuquerque (região do São Francisco), João Duque entre outros. jan. 1936, p. 5)
(GUElROS, 1996) O ápice da repressão contra o integralismo ocorreu em setembro
O ex-governador Jur3cy Mag:' lhães de fato se destacou pelo
de 1936 quando o govcrnador Juracy Magalhães ordeaou o fechamento
combate ferrenho ao integralisD1f' na 13ahia. Essa repressão se

33
de todos os núcleos no Estado. Na loadrugada do di~l 3 de setembro, li Magal.hães cte que a AIB fora proscrit~ na Balda, Vargas sem
entusiasmo, reslY.l1iÔeu lacónica e ambiguamente, d.izel!clo
polícia fez diligências na sede provincial, apreendendo documentos e estar certo ue que 'só motivos sérios' pod:am ter dctenr; rl
material de propaganda. Na capital e interior, ocorreram prisões de tal medida. I.nauo

integralistas entre os quais o chefe Araújo Lima. Em Marag()gipe, um


A maioria dos integralistas
. J:nreso"~ em seterl'lbro
- pe.ll"IlaIl"CC1'
.
detída por pouco tempo. Porém, aqueles acusados de cnvolvim:nt~
conflito entre policiais e militantes da AIB resultou no assassinato do
integralista :Fernando Andrade. com os planos subversivos, foram mantidos presos e processados D?!
A alegação óo governo estadual para proibir o funcionamento da 11 ·b í - o
n unal de Se.gurança Nacional. Após cinco meses detidos na Bahia,
AIB no estac\c seria um suposto plano subversivo que estaria sendo
foram transfendos para o Rio de Janeiro em 29 de janeiro de 1937 e,
preparado pelos líderes do movimento, que previa, inclusive, o assas-
em~larço, foram soltos, respondendo processo em liberdade entre os
sinato do governador Juracy Magalhães e outras autoridades. Em 12 de
quaIs es.tavam~ ~s ci~is: advogado :rvlelciades Poncíano Jaqueira,
setembro, o governo apresentou uma carta de Araújo Lima endereçada
engenheIro
. _. Oliveira "Va'ter B ran d-ao 01'l\'elra
AlU1ZIO Melfelles ' Nejc:oI' .
a Belmiro Valverde, chefe nacional de finanças daAlB, escrita em agosto
AgUIar,
M . José Esteves Leitão Silva, Archimedes Queiroz 1v1atto s, J ose'
daquele aoo. Segundo as autoridades policiais, essa carta conteria
.u.nlz Nascimento, Joaquim Pereira Dias e Joaquim Cerqueira;
referências à preparação desse movimento subversivo, ° que consistiria
mllttares: tenente-coronel José Aurelino Alves, major José Francisco
na principal prova que justificaria o fechamento da AlB no estado e a
Amorim, capitão Manoel Adolpho Santos, tenentes Arsênio Alves de'
:)f!são dos envolvidos, entre os quais militares do 19° BC. Na Bahia, o
Sou~a e Ulysses Rocha Pereira, sargento Joaquim de Souza, cabo
inlegralismo obteve certa inserção nos meios militares, especialmente
Armmdo Julião de Carvalho e soldado Euzébio Rocha Santos. Além
no Exército e na polícia Militar e em âmbito nacional gozava de prestígio
dos citados,. h~'vi.am ai~da o ex-chefe provincial Joaquim de Araújo Lima
junto às Forças •.<\rmadas, principaimente na Marinha.
e outros ~OIS I~tegrahstas. (O Imparcial, n.1995, 20 mar. 1937, p. 5)
O fechamento das sedes teve repercussão nacional. Na Câmara
, A sltuaçao da AlB era inusitada; proibida na Bahia e atuando
Federal, o deputado integralista Jeovah Motta discursou em protesto
legalmente no restante do país. No entanto, essa situação não se
contra a atitude do governo baiano - o próprio foi enviado a Bahia por
manteve por muito tempo. Mesmo com a repressão que se seguiu ao
ordem de Plínio Salgado para acompanhar a situa<,:ão dos integralistas
fe~~amento das sedes, os integ:~alistas não cessaram de todo suas
presos. Na Assembléia Legislativa, os deputados da situação elogiaram
atlV1dades. Tanto que em J·ulho ele 19.)"7 , <a AIB rea b· nu OflCla.Olente
r·· 1
a firmeza do governador no combate ao integralismo. O deputado
suas .sedes n~ estado, com a autorização da justiça. A partir daí, soh a
R,lphael Jambeiro se posicionou contra o fechamento, alegando que a
:hefla de VIctor Hugo Aranha, as açôes do movimento foram
AlB era um partido registrado no Superior Tribunal Eleitoral.
l!l:e.nsificadas, reuniões doutrinárias, desfiles, fundação de núcleos,
A "simpatia" pelos integralistas explicaria, segundo Hilton (1977,
atlvldades de propaganda, entre outras, visando o pleito eleitoral de
p. 41-42), a reação de Vargas em relação às medidas tomadas pelo
~ 938. Logo após a instauração do Estado Novo, os integralistas baianos
govemador Juracy Magalhães contra a AlB no estado, pois a
toram presti.giados pelo interventor federal Antônio Dantas Fernandes,
[... ] simpatia federal para com aAlB tornou-se óbvia à medida que os co~vldou a.participarem do desfile do Dia da Bandeira. Porém,
quc a campanha antesquerdista tomava corpo. Para alguns
poucos dIas depOIS, a AIB seria extinta em todo país, a exemplo de
observadores, o integralismo parccia ser agora a 'força
decisiva' na vida política nacional [ ... ] Inteirado por Juracy outros partidos políticos.

: '.'
6 Bacharel em Direito, Alberto Torrcs (1865-1917) nasceu no Rio de Janeiro, Suas ooras
Os ex··membros da AlB retornariam à cena política com o fim do mais conhecidas são: O prohlema hmsileiro e A organização nccional.
EstaJo Novo e a redemocratizaçiio de 1945 com a fundação do Partido 7 Jackson de Figueiredo (1891-1928) formou-se em Direito em 1913. Escreveu A rcaçâo
de F,eprcsenlação Popuhr (PRP). Desta vez, os ex-integralistas estavam do bom senso; Literatura reacionán',l; Do nacionalismo na hora presente entre ou-
tras obras.
seu: os sí:~:b(llos e r1turtis que caracterizaram a Am. Na I3ahia, o PRP
S A maioria desses lídcres integralistas tinha formação uni"crsitária como f) médico
aqoiou
t
a candid:::tura de Octáviol\1a!1gabcira ao governo estadmd em C"ldas Coni, os advogados !\1essia.~ lavares e Mícíadps Ponciano Jaqueira, o profes-
1945 e lançou a candidatura do ex-líder iutegralista Rubem Nog\leira, sor e economista Augusto Alexandre l\Iachado e o engenheiro Joaquim Araújo Lim1!.
Os olltros líderes João Alves dos Santos e José Ccsimbra eram comcrciários, e',te
eleito pelo partido deputado estacll:al por duas veze,i c também
último prc,identc d? União Cai:xeral.
deputado federal. Em 1949, Plínio Salgado veio à Bahia e visitou os 9 Nascido em Sergipe, José Cald~.ans Brandão da Silva formou-se em Direito. Lecioflou
municípios ele Serrinha e Tucano, aTlligos redutos da AlE, entre outros na Faculdade de Filosofia c Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia.
Pesquisador rcnomado tornou-se o maior estudioso da Guerra de Canudos, escreven-
municípios. Os esforços de Plínio S2igado e os demais membros do
do várias obras sobre o tema.
PRP espalhados pelo país 112,0 conseguiram fazer com que o partido
10 Rôrnulo Almeida nasceu em Santo Anlônio de Jesus em 19H. 'lornou-se um dos
sequer lembrasse a força política da AIB em meados dos anos trinta. maiorcs economistas brasileiros. Na década de 40 foi diretor do Departamemo de
Geobrrafia c Estalística do Território do Acre. LecionolJ na Faculdade de Ciências
Econômieas e Administrativas do Rio de Janeiro e integrou a Comissão Mista B!"~si­
\eiro-Americano de Estudos Econômicos.
Notas II Educador e dirctor do Ginásio Ypinnga. Em 1940 fundou a Faculdade de Filosoíia,
integrada à Universidade da Buhia, em 1946. Ainda nos anos q~larcnta se tornou
i Político, jornalista e escritor, nascido em ; 895 na cidade de São Bento do Sapucaí, Secretário ele Educação do Estado da Bahia durante o govcrno de Landulpho /dvcs.
situada na região do Vale do l'araiba, intcior paulista. De família profundamente 12 Pesquisa realizada no Livro de Registro de Delegados e Representantes de Partido.
católica e de tr,ldição polítir:a, seu pai ioi cldc político local. Salgado teve sua forma- Tribunal Regional Eleitoral (17/03/1933 - 07108/1937), do Arqui,'o Público do Estado da
ção intclectllal marcada pelo "pego ao na.:onalismo e catolicismo. Como jornalista Bahia (APEE), Scção Legislativa.
atuou como redator dos jornais Correio PCl1'iistallo cA Razão, órgão de imprensa do
lJ Discurso proferido pelo Sm: Deputado Alfredo Amorim, em sessões de 7 de Agosto de
Partido Rcpublieallo Paulista (1'RP).
1937. (Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB), Scção Legislativa, série: discur-
2 Alfredo Buzaid, Rui il.rruda, Leão ~obrinho, 3iiya Bruno, entre outros. sos; local: Salvador, livro 978, ano 1937.
J Além da Ação Int('gralista ha..,-ia no cenário político brasileiro, outros movimentos
autoritários e de inspiração fascista, como 3 Ação Social Brasileira, a Legião Cearense
do Trabalho, o Partido Nacional Sindicalista, e a Ação Imperial Patrianovista Brasilei-
ra. Segundo Trindade (1988, p. 103) dnte gmpo li "[ ... ] exceção da Legião Cear~nse
que teve l.!l7la penetração importante, estes movimentos são organizações reunIndo
um pequeno grupo de indivíduos e com a\ldiência política restrita cuja relevânCia é
ter precedido e reforçado a convergência jCÍ>:o10gica de direita."
• Ad\'e>gacio c p;ofcs:ior Francisco José de Oli"ci,,, Vianna (1883-1951) nasceu no Rio de
Jalieiro. :-i.uto:· de \'ári:ls obras d<~ carátcr socj;,lógico foi o mais impor:ante e influente
pc asador da corrcntl? autoritária. ~ua obra mescla idéia~ autoritárias com teorias
psicorraciais. as quais se aprescnt,!ID erü sua5 obras mais conhecidas Pop71;ações
men"dio/laú do B"'15il (l nO) c Raça e assl!!/I1açâo C (32).
; Entre todos cs teóricos do pensamento [)&c~i0n2.1ista autoritário, o médico e jornalista
Antônio José de Azevedo Aman'.l (1881-19+2) é o menos conhecido. Nos anos 30, escre-
veil suas obras m~is importantes Ellsaios brasileiros; A ave1ltura política do Brasil;
O Brasil na o1se atllal c O estado milorl!óJio e (J realidade nacional.
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