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Seminário ANPUH – dia 04

Apanhado – mapeamento geral das questões sobre fascismo, no Brasil. Fascismos no


Brasil e seus congêneres e participação de partidos Nazistas e fascistas. Foco no
Integralismo.
Premissa para o próximo encontro – no ABC.

Rodolfo de Assis (Doutorando em GO) – Revista Anauê – formação de quadros


Revista ilustrada – objetivo inicial (nem sempre alcançado) dar visibilidade à imprensa
integralista, inserindo-a na imprensa ilustrada, como era chamada então. É importante
lembrar que esta imprensa é altamente influenciada pela imprensa francesa, literária,
caudalosa, sem perder questões políticas, isto em um país essencialmente o
analfabetismo. Nos anos 20, surgem questões candentes, todavia, como o tenentismo.
Nos anos 30 ainda mais, com movimentos de massas, estas questões tornam-se ainda
mais forte. Surgia a AIB e ANL. A AIB deixa este posicionamento anti-partidário, mais
revolucionário, de lado, após os primeiros momentos, pretendendo participar das
questões eleitorais. Isto implicou inserir-se na opinião pública brasileira.
O primeiro ano da Anauê demonstrou a incapacidade da AIB de realizar um projeto de
tal magnitude. Chegou a ficar 5 meses sem sair, se pretendendo mensal.
Além disso, o palestrante questiona a capacidade de se portar como revista ilustrada
para a Anauê, que, ainda que forte em posições estéticas, se demonstra claudicante. Em
certa medida, isto se deve ao caráter ainda doutrinário, incapaz de se diversificar dentro
da pretendida visão de mundo. Faltava tato.
Ela se encaixaria no recorte de Fagundes no primeiro, o doutrinário, apesar de situar na
época partidária.
Em certa medida, as debilidades se deviam a um forte golpe sofrido na segunda edição.
Para o palestrante, não, devido à forte participação de empresários, como Raul Leite,
com uma seção específica anunciando seus produtos. Além disso, muitos militantes
eram obrigados a comprar a revista. Assim, reflete-se uma questão problemática do
ponto de vista organizativo.
Eurípedes Cardoso, responsável pela publicação, praticamente largava a revista, se
empenhando em levar as bandeiras integralistas, como eram chamados as tentativas de
difusão.
Some-se a isso certa incapacidade de preencher o espaço. Muitas vezes, fragmentos de
obras de Salgado eram inseridos.
O foco da revista, sempre doutrinário, era centrado em certa medida em questões sociais
e eventos, com destaque para datas individualmente importante, como batismos. A
revista visava inserir o militante numa sociabilidade integralista.

Márcia Regina Carneiro – UFE – Integralismo no RJ e tradição católica fluminense


Tradição católica fluminense e Integralismo

Foco em Campo de Goitacazes. Tradição católica muito forte. Década de 30 até


atualidade. Grande utilização de fontes orais.
Quanto ao período de 30, da AIB, se percebe a importância da relação entre catolicismo
e integralismo para os militantes, especialmente na inserção do movimento. Todos
militantes, até a entrevista, mantinham-se católicos. Um deles teria até sido criminoso, e
ele, no fim da vida, falava ainda como católico.
Com o Vaticano II, aquela região resistiu às modificações, lideradas pelo bispo local, D.
Castro Maia (excomungado por Lefevre), mantendo-se fiel ao concílio de Trento, ao rito
tridentino. A palestrante nota que ainda a relação com a Igreja tradicional é comum.
Alguns chegaram a se tornar sedevacantistas, nesta região, sendo reiterada a presença
dos Arautos do Evangelho, por exemplo.
Para a memória local, na década de 30, a questão integralista é importante, pois em
Campos houve um comício em que morreram 13 pessoas.
Levanta questões e necessidade de investigar o catolicismo tridentino tradicional, e
demonstra reflexões sobre.
Historiaedireita.blogspot.com

Alexandre de Souza – caricaturas de Belmonte


Inteligência (Instituído por SEP) - Antecessora de Seleções – seleção de caricaturas.
Dirigida por Mário Graciotti (ligado a Salgado), com Maria Machado.
Caricatura da alquimia societária, pretendendo ridicularizar as propostas com caráter
científico da Liga das Nações.
Caricatura de Hitler, já ridicularizando visões de negociação com a Alemanha.
Sapato na caricatura de prenda Hitler; denota a diferenciação da URSS como européia.
Demonstra a incapacidade moral de criticar a Alemanha. Ação de Reale apresentava
tipografia extremamente semelgante

Renato Alencar Dotta – regionalismo e anti-semitismo em “O Aço verde” (1935)


Regionalismo – assunto pouco abordado nos estudos sobre integralismo; o anti-
semitismo não é doutrinário; assim, embora não haja muita diferença entre os anti-
semitismos, há que se notar que nem sempre ele é presente.
1935 – ascensão e queda da ANL (foco principal do periódico); Lei de Segurança
Nacional (discutiu, com medo da LSN a abranger); Armando Salles eleito; criação do
jornal paulista o Aço Verde Oswaldo Bastos (bem antissemita, ; na Alemanha, as Leis
de Nuremberg
O anti-semitismo era centrado em Barroso, fortemente, segundo, mas não é
estatutário.Todavia, estes integralistas eram .
A autonomia estadual era combatida, mas o regionalismo era extremamente
reivindicado culturalmente.
O jornal, em seu primeiro número,
O Judeu não vencerá, Silva Netto, não presente. O judeu era ligado ao liberalismo-
democrata e o capitalismo internacional, como era comum à época. O palestrante fala
que mutatis mutandis devia ser o que se escrevia na Alemanha.
Ovos estralados, versos, caracterizavam a ANL como força judia.

Regionalismo –
Questiona o 23 de Maio e a ligação com Vargas.
Imbricavam os ideais de 32, como a guerra contra ditaduras, com o integralismo.
Todavia os integralistas condenavam o separatismo como arma do bolchevismo e do
judaísmo internacional.
O jovem paulista (reivindicando em certa medida o jovem eterno fascista, em oposição
ao quatrocentão, como, ao tomar consciência do apoio hebreu a Armando Salles, teria se
colocado contra.

Christofoletti –
Caricaturas integralistas no pós-guerra. Oriundas já da Marcha, nos anos 30.
O integralismo volta como PRP, se vestindo de democrático.
A questão natural de detratar os antagonistas e usar essa artimanha para valorizar os
seus posicionamentos.
O integralismo seria o único a tentar se valorizar a partir do ridículo do outro.
O apelo à educação física como determinante da manutenção do poder no Integralismo
– necessidade de estudar. Alamir – principal caricaturista.
A projeção de Brasília, a capital no centro do Brasil, como invenção integralista.
Nas caricaturas internacionais, o integralismo nunca aparecerá, se posicionando como
observador; no Brasil, todavia, sempre será presente.
JK e Lacerda juntos, um servindo o outro, vampiro. A UDN, lembremos, seria uma
oposição ao integralismo, lutando como direito.

Perguntas – Rodolfo – Anauê

Dificuldades da Anauê – fracasso de revista ilustrada? Será que a proposta era


realmente essa? Será que haveria intenção de massificação ou seria uma revista voltada
ao interior do movimento integralista.

Presença da Anauê no Paraná?

Doutrinária é a leitura mais fácil?

A verborragia, linguagem pesada, como tática buscada pela extrema-direita.

Análise do ponto de vista quantitativo?

Era proposital uma copia da imprensa de belle epoque?

Resposta – era sobre o primeiro ano da publicação. Ela teria falhado por não conseguir
se diferenciar do contexto de belle epoque e mantendo ainda a doutrinação muito forte,
como Salgado pretendia, sem conseguir contatar as massas, em contraposição à
linguagem teórica altamente intelectual. Assim, a doutrinação excessiva teria
complicado muito a sua massificação.
Haveria ainda o financiamento.
A doutrinação, a verborragia, todavia, em certa medida, não era exatamente doutrinação
pura, escrita. A questão é que mesmo as imagens eram extremamente ligadas ao aspecto
doutrinário. Em certa medida, isto se deve

Perguntas – Márcia
Entre este setor dos católicos, este laicato tradicionalista, foi possível apreender
refração ao integralismo?
Haveria tensões entre os dois campos, é claro. Todavia, no objeto de pesquisa ainda não
ocorreu esta verificação.

Graciotti – questionando o bloqueio de aliados, saia da publicação.

Vargas no Anauê (só legenda em uma foto). Há critica em questões ao Vargas?


Sim, no Aço Verde há muitas críticas a Vargas.
Por que Aço Verde?
A relação entre verde e o aço é a força do integralismo, e não uma questão operária ou
tentativa de ligação com os trabalhadores.

Irmã do Miragaia integralista?

Posicionamento contra famílias quatrocentonas.


Muitos teriam se posicionado contra as elites, e a 32, mas muitos também se
posicionaram contra 32 como separatista (e anti-nacionalista em sentido brasileiro).
Mas muitos, como Reale, foram e continuaram pró-32.
Para Dotta, se tratava de oportunismo, uma tentativa de manipulação de um ideário
ainda

Sinovitch e a intenção de, com o anti-semitismo como pedra de toque, conduzir o


Integralismo a rumos distintos sob a liderança de Barroso.
Não, Dotta crê que não; o que teria ocorrido era uma disputa sobre a forma de
apresentar a AIB. Salgado não enxergava de maneira positiva a apresentação.

A questão do Barroso/Reale como segundo no Integralismo


Barroso teria sido um segundo sim.
Revista Panorama – presença sim de italianos/alemães antissemitas.

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