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Mesa Temática: Diásporas y el Atlántico negro

DISSIDENTES DA NAÇÃO: O PENSAMENTO SOCIAL E DIASPÓRICO DE LÉLIA


GONZALEZ E ABDIAS DO NASCIMENTO

Diogo Marçal Cirqueira


PosGEO - Universidade Federal Fluminense (UFF)
diogomcgyn@gmail.com

Introdução

O limiar da década 1980 é o momento em que o movimento negro ressurge como grupo
social organizado e com intencionalidades políticas marcantes frente a sociedade brasileira. Na
literatura que trata desse assunto, dois aspectos da atuação desse movimento são ressaltados:
i) tendo como horizonte a premissa da existência de um racismo estrutural que
influencia na conformação de desigualdades no Brasil, o movimento buscou
inserir tal problemática na esfera política e, consequentemente, interferir nas
políticas institucionais do Estado;
ii) e, diante do “mito da democracia racial” e, paradoxalmente, a existência
marcante do racismo, há uma revisão acerca dos discursos sobre a nação
realizada por intelectuais-militantes negros. Na verdade, a “narrativa fundante da
nação” se torna uma arena de disputas e ativistas-intelectuais se mobilizaram
para interferir nela, pois, a afirmação da existência de um racismo estrutural no
Brasil previa justamente a elaboração de outras perspectivas para o
entendimento do “corpo da nação” (povo, território e história nacionais).
Meu foco se dará exatamente sobre o segundo aspecto que envolveu essa conjuntura
política e trago a luz para apreciação Abdias Nascimento e Lélia Gonzalez. Ambos, não
somente atuaram organicamente na organização e atuação do movimento negro nos anos
1980, como produziram instigantes reflexões sobre as relações raciais no país e na diáspora.
O texto está organizado na seguinte ordem: primeiramente, será realizada uma breve
discussão sobre o processo de “epistemicídio” que envolve a produção de intelectuais negros e
negras na academia brasileira; em seguida serão abordadas as ideias e perspectivas teóricas
diaspóricas de Abdias do Nascimento e Lélia Gonzalez.
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O epistemicídio de intelectuais negras e negros

Uma constatação que podemos levantar acerca problemática étnico-racial no Brasil,


mesmo que alguns autores neguem sua importância, é que, sempre que se buscou discutir a
formação sócio-hitórico-geográfica brasileira, pesquisadores, intelectuais, literatos, artistas etc.
mobilizaram a questão étnico-racial (SCHWARCZ, 1993; SKIDMORE, 1976; TELLES, 2003;
ANDREWS, 2003). Sem entrar no mérito de cada análise, uma evidência nítida dissoé que
alguns dos autores considerados cânones das ciências sociais iniciaram ou consolidaram suas
carreiras tratando desse tema, como, Florestan Fernandes, Otávio Ianni, Fernando Henrique
Cardoso, Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro, Milton Santos. Isso
demonstra que esse é um fator importante para se pensar e compreender a nação.
Ainda assim, esse é uma arena de debates ou campo de estudos no Brasil onde se
nota uma série de lacunas racializadas. Pois me intriga profundamente o fato de que, quando
analisamos “bibliograficamente” essa discussão, esse debate, desde o seu início, ter se
restringido majoritariamente a intelectuais reconhecidos socialmente como brancos. Apesar da
existência de intelectuais, cientistas e pensadores negros/as durante todo esse período de
formação das ciências no Brasil e da constituição de um discurso sobre a questão étnico-racial
no país, referências aos autores negros ou negras como um ponto de vista divergente ou
convergente é quase inexistente no debate acadêmico1.
Com isso não quero dizer que pessoas não-negras não tenham que tratar do assunto; o
problema racial brasileiro envolve todas as pessoas, seja qual for seu pertencimento
racial.Mas, me incomoda profundamente que somente a leituras dos intelectuais brancos
apareçam e tenham repercussão, enquanto as abordagens empreendidas por intelectuais e
ativistas negros e negras sejam invisibilizadas ou desconsideradas.
Ortiz (2005), baseado nas idéias de Roberto Schwarz e tendo como referência a
maneira como foram absorvidas e reconfiguradas as teorias raciais da Europa no fim do século
XIX no Brasil, ressalta que as ideias (e teorias) viajam até encontrar um porto. Diante disso,
onde foram parar as idéias produzidas por intelectuais negros/as? A resposta parece óbvia:
navegam num limbo sem nunca – ou quase nunca – chegar a um cais para aportar. Apesar

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Há que se fazer um adendo acerca disso aqui. Nos últimos anos vemos a retoma de alguns desses autores,
contudo, que fique explícito a crítica que estes são abordados quase que isoladamente, como peças de um museu que
descontextualiza o momento histórico de suas produções. De alguma forma os escritos desses autores e autoras
negros/as ainda são mantidos no vácuo, como se os mesmos não estivessem dialogando e criticando os autores e
obras tomadas como cânones no período.
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disso, e para não nos limitarmos a uma afirmação retórica, também tomamos a pergunta
levantada por Ortiz para entendermos essa problemática: “como entender o fato de algumas
ideias chegarem ao porto de destino e outras não?” (ORTIZ, 2005, p. 27-28), ou melhor, por
que algumas ideias chegam ao porto e outras não?
Como ressalta Stengers (1990)2, na economia política do conhecimento científico, a
melhor forma de “matar” uma teoria é ignorá-la. No sentido que apresenta a autora, ignorar
significa não considerá-la de forma alguma, nem mesmo como ideia a se refutar. Foi
justamente isso o que ocorreu (e de alguma forma ocorre) com os intelectuais negros/as na
história do pensamento social brasileira no que toca a questão étnico-racial; estes foram
soterrados pelo silêncio na academia ou, de forma distorcida, foram tomados como abordagens
radicais e imparciais de um momento histórico restrito. A prova mais contundente disso é que
os autores e autoras (tidos como referência acadêmicas no assunto) que se propuseram a
fazer um balanço da produção sobre a questão étnico-racial no Brasil não citaram ou
comentaram uma obra se quer de autores negros/as3. Refiro-me mais exatamente a Ortiz
(2005), Schwarcz (1993) e Guimarães (2004).
Todo esse processo se encaixa nas discussões que alguns autores/as vem fazendo
sobre as relações de poder embutidas nas ciências: precisamente no que Mignolo (2005)
denomina de “totalitarismo epistémico” frente ao conhecimento europeu e eurocêntrico sobre o
resto do mundo; bem como, o “epistemicídio”, categoria que Suely Carneiro (2005) tomou
emprestada de Boaventura de Souza Santos para enfatizar a invisibilização dos discursos dos
intelectuais negros e negras nos espaços de produção do conhecimento brasileiros; ou mesmo,
a própria “sociologia das ausências e das presenças” proposto por Souza Santos (2004), ou
seja, a produção da não-existência por meio de uma “monocultura racional”.
Para não me restringir ao plano teórico dessa afirmação, podemos levantar alguns
exemplos concretos desse processo de segregação de ideias. Vejamos: Manoel Querido
(1851-1923) foi um contemporâneo de Nina Rodrigues (1862-1906), viveram ambos em
Salvador onde fizeram pesquisas com as mesmas temáticas. Ao contrário de seu conterrâneo,
Manoel Querino produzia um discurso em tornoda cultura africana em que buscava justamente
enfatizar suas características positivas e, consequentemente, desconstruir as ideias de
inferioridade da população negra (REIS, 2009). Sua obra teve pouca repercussão nas ciências
sociais brasileiras – sendo retomado somente nos últimos anos, enquanto as teorias de Nina
Rodrigues fizeram escola nas ciências sociais, a despeito das abordagens racistas contidas em
sua obra.4 Luís Gama (1830-1982), jurista e ex-escravizado, atuou ferrenhamente contra o
regime escravistae enfatizava a necessidade de se ressarcir os ex-escravizados por conta de
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anos de trabalhos forçados. Foi conterrâneo de Joaquim Nabuco (1849-1910) e ambos eram
abolicionistas, contudo, apesar dos muitos escritos deixados por Luís Gama, o que temos hoje
é somente o seu vulto na academia com a taxação de “o abolicionista radical” (CARVALHO,
2005). No período em que Gilberto Freyre publica Casa e Senzala (1933) existiam uma série
de organizações e jornais negros que proferiam discursos que se contrapunham às suas ideias
de “harmonia racial brasileira”. Isso foi e é desconsiderado, na maioria dos casos, pelo mundo
acadêmico quando se analisa esse período histórico5. No momento das pesquisas
encomendadas pela Unesco na década de 1950, quando foi publicada a coletânea de trabalhos
de Florestan Fernandes e Roger Bastide (1955), Guerreiro Ramos (1995) já enfatizava que tais
pesquisas utilizavam o negro como objeto e questionava a “neutralidade racial” no campo
teórico – algo que, diga-se de passagem, hoje é um posicionamento amplamente conhecido e
aceito por meio de intelectuais como Stuart Hall, Edward Said, HomiBhabha, dentre outros.
Apesar da grande contribuição para as Ciências Sociais brasileiras e de suas ideias inovadoras
para a época, Guerreiro Ramos foi relegado ao ostracismo. O mesmo cumpriu praticamente
toda sua carreira como acadêmico, desgostosamente, exilado nos Estados Unidos e
trabalhando em uma área do conhecimento que não a Sociologia (OLIVEIRA, 1995).
Cito acima, sem estabelecer muitos detalhes, alguns casos que envolvem a “sociologia
das ausências”, o “epistemicídio” e o “totalitarismo epistémico”, entretanto, tal problema não
envolve somente a invisibilização ou o silenciamento de perspectivas teóricas, mas também a
segregação de corpos. Manoel Querino, apesar dos seus excelentes trabalhos de pesquisa,
nunca conseguiu ministrar aulas nas faculdades de Salvador. Limitou-se a dar aulas de arte em
escolas do ensino básico de Salvador (REIS, 2009). A despeito da elaboração de reflexões
avançadas para a época no Direito, Luís Gama nunca foi convidado a ministrar aulas ou
qualquer outro tipo de atividade na Faculdade de Direito de São Paulo. Guerreiro Ramos,
mesmo com toda sua produção e já consolidado como um intelectual reconhecido foi preterido
em um concurso na Universidade do Brasil por um pesquisador iniciante (CARVALHO, 2005).
Ressaltamos novamente, estes não são casos isolados, muitos outros poderiam aqui ser
citados. Esta situação, inclusive, leva Carvalho (2005) a afirmar que as universidades
brasileiras foram fundadas em um processo de “confinamento racial branco”. E, como bem
ressalta o autor, a conformação teórica e epistemológica de interpretações das relações étnico-
raciais no Brasil se deu nesse espaço segregado e desigual racialmente, e o que é pior,
paradoxalmente foi justamente desse local que saíram e saem todas as teorias que negam a
existência de uma desigualdade étnico-racial no país. Nas próprias palavras do autor: “as
teorias e as interpretações das relações raciais no Brasil sempre foram elas mesmas
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racializadas, como consequência da distância e do isolamento mútuo que tem caracterizado as


relações entre os intelectuais e acadêmicos brancos e os intelectuais e acadêmicos negros”
(CARVALHO, 2005, p. 87). Assim, como enfatiza ainda o autor, numa academia “confinada
racialmente” e em meio ao debate levantado em torno das cotas, compreendemos porque há
postergação, censura, silenciamento, ou mesmo, o disfarce para evitar posicionamentos claros
sobre o assunto; há sempre a intenção de esvaziar ou desarmar os mecanismos de tensão
racial presente na sociedade e na própria academia.
Além disso, muitos dos pesquisadores e intelectuais brancos/as que pesquisam
relações étnico-raciais, mesmo que entendam que seu discurso (científico) esteja imbricado em
relações de poder, desconsideram em muitos dos casos que seus corpos – que também
emanam discurso na sociedade – estão imbricados em relações de poder (racializadas) e que
daí extraem uma série de vantagens. Isso interfere, não somente facilitando o acesso a um
lugar de fala institucionaliza na academia, mas também na forma como seu discurso será
difundido e recepcionado nesse local e fora dele. Os processos de estereotipação, segregação,
racialização colocam sempre em voga para os/as intelectuais e pesquisadores negros/as na
sociedade brasileira o questionamento de Spivak (2010): “pode o subalterno falar?”, ou melhor,
indo além do questionamento da autora e acreditando que o subalterno possa falar de alguma
forma: onde o discurso do subalterno aporta? Por que ele é acionado? Até onde ele chega?
Estas perguntas guiam algumas de minhas pretensões, isto é, compreender os impedimentos
e, quiçá, a circulação da produção de alguns intelectuais negros e negras.
Não teríamos espaço aqui para abordar todas as questões levantadas acima. O que fica
patente para nosso objetivo aqui é o fato que Abdias do Nascimento e Lélia Gonzalez se
encontram no horizonte das problemáticas levantadas acima sobre a política racializada do
conhecimento no Brasil. A inserção de ambos – tanto teórica, quanto física – na academia
brasileira foi restrita e parcial. Abdias, a despeito de todo seu trabalho artístico, poético e
teórico e de sua atuação por um longo tempo como professor em universidades nos Estados
Unidos, não conseguiu espaço na academia brasileira (CUSTÓDIO, 2011). Quanto a Lélia
Gonzalez, ainda que tenha atuado como professora em algumas universidades brasileiras,
seus trabalhos e pesquisas não tiveram ressonância no espaço acadêmico (RATTS & RIOS,
2010). Enfim, ambos os autores e suas produções foram absorvidos, na maioria dos casos,
pelo movimento negro, onde permaneceram restritos até a atualidade, quando se percebe uma
(tímida) retomada de seus trabalhos.

Pensamento diaspórico de Lélia Gonzalez e Abdias Nascimento


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O fim dos anos 1970 e início dos 1980 é um momento em que se inicia a abertura
política no Brasil e “novos sujeitos políticos entram em cena” (SADER, 1988). Nesse momento
há uma rearticulação dos movimentos sociais, dentre os quais se encontra o movimento negro.
Esse foi um período intenso que envolveu ação política e produção teórica por parte de
ativistas-intelectuais que buscavam exatamente desmascarar a ideologia da “democracia
racial” e enfatizar a existência de um racismo estruturante das desigualdades no país
(GONZALEZ, 1982; RANCHARD, 2001; ADREWS, 2003; RATTS, 2009). É nesse período que
emergem grandes intelectuais-ativistas negras e negros como Lélia Gonzalez, Beatriz
Nascimento, Eduardo de Oliveira e Oliveira, Hamilton Cardoso e o retorno de intelectuais que
se encontravam no exílio, como por exemplo, Abdias Nascimento, Joel Rufino, dentre
outros/as.
Os escritos de Lélia Gonzalez e Abdias Nascimento tiveram grande importância nesse
período (e ainda hoje o têm) para a (re)formulação do movimento negro e da conformação de
uma consciência negra politizada no Brasil. Em seus textos – e isso parece algo novo para a
realidade política que se abria - há leituras não somente sobre as relações raciais na
sociedade brasileira, mas sobre a diáspora africana.
Nesse sentido, entre as várias influências que lhes tocaram, encontram-se as providas
do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos e o arcabouço teórico do blackpower, do
movimento de libertação e descolonização dos países africanos e dos movimentos feministas e
de esquerda na América Latina. Desse cenário, ambos absorveram todo um regime discursivo,
estético e iconográfico, o que foi traduzido, reelaborado e criticado à luz do contexto brasileiro.
Ainda assim, um fundo comum de experiências que envolviam formas semelhantes – mas não
idênticas – de opressão racial facilitou para que esses pensamentos se conectassem no
espaço e tempo da diáspora nas Américas.
Lélia Gonzalez, por exemplo, realiza uma série de discussões que articulam as
categorias raça, gênero e classe para melhor compreender a realidade da população negra em
seus diversos “lugares”. Do mesmo modo, ao pensar a realidade transnacional que envolve a
opressão sobre as mulheres indígenas e afrodescendentes cunhou a categoria
“Amefricanidade” (a junção de ameríndias e africanas). Com isso a autora questiona
justamente o próprio radical Latino que envolve a identidade latino-americana. Segundo a
intelectual, esse radical nega e invisibiliza as influências e a experiências indígena e africana
que conformaram as sociedades Americanas. Além do mais, a “amefricanidade” é conformada
pela autora como uma categoria política relacionada às experiências de opressão e resistência
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comuns das mulheres negras e indígenas (e suas descendentes “amefricanas”) em todos as


Américas. Desta forma, a autora evidencia a transnacionalidade do processo colonial e suas
formas de dominação e violência, bem como, as lutas de resistências comuns contra esse
sistema, que também é transnacional (GONZALEZ, 1988a, 1988b, 1988c).
Abdias Nascimento (1978; 1980), a partir de uma abordagem afrocêntrica à brasileira,
evidencia as resistências, conexões, ligações, transterritorialidades da diáspora africana nas
Américas8. O intelectual, muito influenciado pelo Pan-africanismo e por leituras fundamentadas
no historiador e físico Cheik Anta Diop, na década de 1980 trabalhava com noções diaspóricas
o que envolvia uma identidade política negro-africana que excedia as fronteiras do Estado
nação. Em suas análises encontra-se de forma mais explícita e contundente um discurso sobre
a nação que se contrapõe ao “mito da democracia racial”. Segundo ele, por trás do mito se
esconde um projeto genocida do Estado brasileiro contra descendentes de africanos
(NASCIMENTO, 1978). Em contraposição a esse modelo de entendimento da nação, Abdias
do Nascimento lança as bases doQuilombismo - seu projeto político de/sobre a “nação”. Abdias
Nascimento nessa proposta antecipa uma série de discussões que hoje fazem parte dos
debates que envolvem a questão étnico-racial e – parcialmente – das políticas públicas no
Brasil, como: sobre um “multiculturalismo” que abarcasse a complexidade da sociedade
brasileira; acerca do estabelecimento do ensino sobre as culturas, civilizações e artes africanas
nas escolas; bem como, discussões sobre “ambientalismo”, muito pautado nas experiências
ligadas as religiões de matriz africana; e sobre a propriedade coletiva da terra, o que envolvia
as comunidades quilombolas.

Considerações Finais

Em minha visão, Abdias do Nascimento e Lélia Gonzalez insurgem como uma opção
para a descolonização e “desembranquecimento” do pensamento social brasileiro. Estes
intelectuais não somente trazem outras referências para se pensar a sociedade brasileira e
suas desigualdades, mas, falam de “dentro” de processos políticos e experiências relacionados
ao que analisam, o que traz mais contundência as suas proposições. Igualmente, estes
intelectuais intercruzam uma série de categorias e dados os quais o cânone do pensamento
social pouco tem dado importância. Isso pode contribuir para uma leitura mais complexa e
abrangente de Brasil. Indo além, as análises sobre esses intelectuais nos permitem
compreender entender como estes traduziram e decodificaram para a realidade brasileira
discursos político-teóricos de outras realidades. Isso pode nos levar entender com maior
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minúcia os aspectos que se assemelham e se diferenciam nos vários cenários geográficas da


diáspora africana.

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