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Nina Rodrigues e o discurso sobre "As raças” na formação da Nação

Brasileira1

Débora de Jesus Lima Melo 2/ UFMA

RESUMO: O presente artigo analisa o discurso constituído sobre as relações raciais no século
XIX no Brasil, tendo como foco principal a produção teórica do pensador e médico maranhense
Raimundo Nina Rodrigues e sua concepção acerca das “Raças humanas”. Nina Rodrigues é
apresentado a partir de seus alinhamentos teóricos e sua ocupação institucional, baseando-se no
fato de que sua produção não é neutra, mas localiza-se às injunções do momento, a interesses
políticos e ao próprio estado da ciência do período em que vive. O contexto histórico em que
elabora seus estudos é marcado por fenômenos que integram o projeto de formação do Brasil
enquanto uma nação moderna: a abolição da escravatura, a proclamação da República e a
marcante presença da população não-branca em território brasileiro. Um campo formado por
intelectuais, no qual Nina Rodrigues é também integrante, esboçará teorias explicativas que
expunham, de modo geral, a preocupação com a viabilidade de tal projeto atrelado à posição dos
negros, estes entendidos como empecilhos ao desenvolvimento nacional. De modo específico,
Nina articula seus estudos para além de um discurso médico-legal, inserindo-o em um cenário
de construção das ciências sociais. Assim, através da análise do discurso, buscou-se esboçar o
projeto criador deste autor, descrevendo sua condição de emergência, os pontos principais de
sua teoria e os diálogos com outros autores e temas comuns.

PALAVRAS-CHAVES: Nina Rodrigues, Pensamento Social, Racismo.

No presente artigo pretendo realizar uma análise do discurso do pensador


Raimundo Nina Rodrigues acerca das relações raciais estabelecidas na formação da
nação brasileira no século XIX, contido no seu livro “As raças humanas e a
responsabilidade penal no Brasil”.
Raimundo Nina Rodrigues nasceu em 1862, no município de Vargem
Grande no Maranhão e pertencia a uma família proprietária de terras e de engenho.
Estudou no colégio São Paulo e no Convento das Mercês em São Luís. Aos 20 anos, ele
ingressou na Escola de Medicina da Bahia, transferindo-se anos depois para a Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro, onde concluiu o curso aos 26 anos, em 1887. No ano
seguinte clinicou em São Luís.

1
Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de
agosto de 2014, Natal/RN.
2
Mestre em Ciências Sociais/ Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais, na Universidade Federal
do Maranhão/UFMA.
Sua trajetória profissional obedeceu à várias incursões institucionais,
ocupou cargos e se destacou nos temas relacionados à medicina legal, antropologia,
direito, psicologia e sociologia. Contribuiu com artigos para a revista Gazeta Médica e
em 1889 ocupou a cadeira Clínica Médica na Faculdade de Medicina da Bahia. Nos
seus primeiros textos utilizou expressões como “etnologia”, “economia étnica”,
“antropologia patológica” para evidenciar sua preocupação com uma classificação racial
da população maranhense e também nacional. Trabalhou na intersecção de saberes
médicos na área jurídica. É tido, ainda, como “o pai fundador dos estudos afro-
brasileiros” pelos seus estudos sobre religião, genealogia e mitologia (FERRETI, 1999,
p. 23) e neste campo seus trabalhos são apresentados como uma leitura indispensável
embora quase sempre a referência se faça pela necessidade de corrigi-lo ou “atualizá-
lo”.
Entre as várias questões que podem ser identificadas em suas obras, a
presença do negro no Brasil é um ponto que ocupou suas análises. Marize Corrêa,
estudiosa de Nina, afirma que a produção teórica dele é “[...] obrigatoriamente citada
quando se trata de analisar as relações afro-brasileiras no país e, também, o estranho
caso de um pensador famoso cuja obra é praticamente desconhecida de grande parte dos
pesquisadores brasileiros” (CORRÊA, 2001, p. 62).
Esta mesma autora apregoa que além do desconhecimento, alguns estudos
têm o identificado a partir de um perfil monolítico que o decreta meramente como
racista, esquecendo-se do fato de que aquele que escreve está vinculado com os
diálogos, leis e interpretações de seu tempo.
Assim, dentro de um universo de possibilidades de análise, o objetivo deste
trabalho é perceber, por um lado, como a produção teórica de Nina Rodrigues emerge
em um contexto configurado por relações, tensões e hierarquias, onde a presença dos
“outros” (negros e miscigenados) foi o foco principal dos debates travados pelos
“estabelecidos” (os dirigentes que sonhavam com uma nação nos moldes europeus
civilizatórios). E, por outro lado, como os seus estudos situam-se num momento de
gênese das ciências sociais, onde as explicações sobre relações sociais complexas
sofrem a influência do protagonismo explicativo das ciências naturais e exatas.
Justifico esta proposta como uma contribuição ao espaço de análise que tem
se preocupado com a construção, ou reconstrução, teórica da realidade sócio-cultural
brasileira: o campo do Pensamento Social Brasileiro, o qual refere-se ao estudo das
temáticas, concepções, tradições sociais, culturais e políticas e de uma vasta gama de

2
problemas e discursos que marcam a história do país e que, ao serem retomados e
analisados, contribuem para enfatizar uma concepção de processo histórico-social e a
perspectiva teórica e metodológica sustentadas pelos distintos autores representantes
destes momentos (BOTELHO, 2009).

Nação brasileira no século XIX: modernização e os intelectuais

No Brasil, o século XIX marca a presença de fenômenos históricos que


suscitam a “produção cultural de mentes poderosas, capazes de iluminar o passado,
esclarecer o presente ou vislumbrar o futuro” (ALBUQUERQUE 2001, p. 27). Era o
momento de pensar o recém-independente país como uma nação moderna3 e isso
significava seguir a “trilha civilizatória” dos países europeus.
A Abolição da Escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889) não
causaram mudanças substanciais e revolucionárias ao Brasil e sua população. O
contexto social do período compreendia portugueses colonizadores, libertos de cor, de
todas as tonalidades, mestiços, além da presença de imigrantes pelo território, trazidos
para resolver o problema da falta de mão de obra gerado após as leis abolicionistas.
Havia um lugar social para o mestiço que, de acordo com Skidmore (2012) era
entendido como uma categoria equivalente ao intermediário, ao ambíguo, àquele que se
coloca entre um e outro, entre branco e negro.
Diante desta realidade populacional específica, era atribuído ao país o
adjetivo de singular, um caráter que o distinguia de outras nações e que, de certo modo,
criava a dimensão exterior que marca a construção das identidades. No entanto, esta
singularidade já era vista como um “obstáculo”, tal como comprovava os relatos de
vários viajantes naturalistas estrangeiros feitos desde o período colonial. Nos escritos
deixados, a interpretação evidente era do país como um “grande laboratório racial,
mestiço, híbrido e degenerado” (Schwarcz, 1993, p. 137).
A mestiçagem levantou, portanto, indagações e anseios às elites da época:
como pensar o ex-escravo não mais como instrumento de trabalho, mas como
componente da nacionalidade brasileira? Ou como inserir os negros e os mestiços no

3
Sobre o sentido moderno de nação: uma comunidade imaginada (ANDERSON, 2008) constituída
através de uma ação política e discursiva (HALL, 2002) que unifica culturalmente e ideologicamente,
vinculando os grupos étnicos ao território (GUIBERNAU, 1997).

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discurso de uma nação moderna? Contra os prognósticos negativos à nação brasileira
teses, estudos e pesquisas surgirão como forma de “solucionar” tal problema.
A resposta a estas questões receberá influência de fora do país. Em um
esforço de adaptação, as teorias racistas europeias serão absorvidas de forma seletiva e
fornecerão as bases para a construção de um discurso nacional (SCHWARCZ, 1993).
As teorias racistas podem ser definidas como constructos de um momento
específico da história ocidental, quando a percepção da diferença entre os homens torna-
se tema constante de debate e reflexão. Posteriormente serão bastante criticadas;
principalmente por apresentarem um olhar etnocêntrico sobre o restante do mundo e,
ainda, por atribuir estágios comuns aos diferentes grupos étnicos e culturais,
desconsiderando as especificidades dos mesmos4. Mesmo mostrando fragilidade,
quando caem em descrédito na Europa estas passam a exercer forte influência no Brasil,
encontrando uma ampla acolhida e difusão entre os intelectuais brasileiros, espalhados
em alguns centros de conhecimento do território.
SKIDMORE (2012) sistematiza as teorias racistas a partir de três escolas: a
primeira é chamada de etnológico-biológica, onde predominavam as medições
fisiológicas e craniológicas e classificações taxonômicas, que resultaram em um
gabinete de curiosidades e coleções. Era o momento científico de fundação de uma
Antropologia profissional. A segunda escola, Histórica, representando o pensador
Gobineau que utilizava evidências históricas para mostrar que a raça branca tinha
alcançado um grau de civilização e superioridade. O culto do arianismo também é
característico desta perspectiva. Por fim, a escola do darwinismo social, que apresentou
a diferença entre as raças como essencial e permitiu a criação de um diagnóstico de
submissão entre tipos raciais.
Tais teorias refletiam também o estado da ciência social da época: o
momento de busca da consolidação como um campo de saber científico. A antropologia
e a sociologia, bem como outras áreas afins, nascem impregnadas e influenciadas pelos
modelos de explicação das ciências exatas e biológicas. Portanto, era comum o emprego
de termos tais como “leis”, “organismo”, “função”, “seleção”, “raça”, etc. entre os
primeiros estudiosos sociais que buscavam entender a origem do social, da diversidade

4
Carlos Moore (2007) considera, no entanto, que o fenômeno do racismo é bem mais antigo do que se
pensa, não estando vinculado somente à escravização dos africanos, à expansão do capitalismo, à
Modernidade. Na Antiguidade o racismo, embora não nomeado neste termo, sempre foi uma realidade
social e cultural pautada exclusivamente no fenótipo, antes de ser um fenômeno político e econômico
pautado na biologia.

4
cultural do mundo e, ainda, as explicações para os fenômenos que inauguram a
modernidade (colonialismo, capitalismo, revoluções etc.).
O Brasil, um país dependente, produto da colonização e um dos últimos a
manter o regime escravista, foi considerado um solo fértil para a comprovação destas
teorias e, principalmente, para a (re)invenção de uma inferioridade para o negro.
Neste aspecto, a atuação dos institutos e museus, bem como das faculdades
de Medicina e Direito, concentrados em algumas regiões do país ocuparam papel
fundamental. De acordo com SCHWARCZ (1993), por exemplo, os museus
etnográficos de Belém, São Paulo e Rio de Janeiro faziam ampla utilização de
argumentos evolucionistas para explicar cientificamente as diferenças, classificá-las e
localizar os pontos de atraso. Partindo dos modelos das ciências naturais, esses
pesquisadores buscavam uma ponte entre as espécies botânicas, zoológicas e a
humanidade.
É destes espaços, portanto, que faziam parte intelectuais, escritores,
advogados e médicos, intelectuais considerados “homens de sciencia” e de "poder
ideológico", responsáveis pelas mentes, pela produção e transmissão de ideias, de
símbolos, de visões de mundo, de ensinamentos práticos, mediante o uso da palavra"
(Bobbio, 1997, p. 11).
E um aspecto que se destaca, em específico, é que a imagem do médico e do
advogado se confundia com a do cientista social, isto porque que os profissionais desta
área eram considerados como intelectuais de intervenção social. A sociedade era,
portanto, concebida como um corpo doente, sob o qual médicos, juristas e teóricos
teriam a missão de dar diretrizes para levá-lo à “sanidade”.
Alguns nomes que contribuíram e destacaram-se na missão de erigir um
discurso nacional foram Silvio Romero, Manuel do Bonfim, Alberto Torres, João
Batista Lacerda, Oliveira Viana, Euclides da Cunha, José de Alencar, Nina Rodrigues,
dentre outros. Apesar de apresentarem pontos de vista diferentes, estes autores
dialogavam por acreditar na inferioridade das raças não brancas e na degenerescência do
mestiço (MUNANGA, 2008).
Nina Rodrigues fez parte de dois centros que se destacavam no país, o da
Bahia e o do Rio de Janeiro, o que mostra suas influências. No primeiro centro, a Escola
tropicalista Bahiana, inicialmente predominaram temas ligados às epidemias que
assolavam Salvador e posteriormente temas da antropologia criminal. Já no segundo
centro, Rio de Janeiro, a pesquisa envolverá assuntos relacionados à higiene pública e às

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descobertas de doenças. Nos dizeres de Schwarcz (1993) estas duas escolas poderiam
ser resumidas, respectivamente, nos termos “medicina criminal” e “medicina tropical”.
De acordo com Maio (1995) a Escola Tropicalista Bahiana, assim
denominada, era uma articulação de médicos que, sintonizados com o conhecimento
científico internacional, lutaram pela afirmação da singularidade brasileira no terreno
das pesquisas das doenças tropicais. Foi no âmbito desta escola que fundou-se a revista
“Gazeta Médica da Bahia”, a qual veio a se constituir a principal revista científica de
medicina da época e onde Nina Rodrigues publicou seus diversos artigos.
Uma das influências dos médicos integrantes da escola bahiana eram os
métodos da escola positiva italiana, cujo grande teórico foi Cesare Lombroso que
buscou, através da etnologia, identificar o crime como um comportamento normal entre
as “raças inferiores”. Escreveu a obra “O homem delinquente”, com o objetivo de
mostrar como a criminalidade é um fenômeno inato e hereditário, decorrente do
processo evolutivo dos criminosos. Isto significava que a criminalidade estava ligada à
constituição biológica do ser humano (GOLD, 1991).
Assim, os médicos baianos consideravam a miscigenação, por princípio, um
retrocesso, uma degeneração. Utilizavam os exemplos de embriaguez, alienação,
epilepsia, violência ou amoralidade entre os mestiços para comprovar suas teses.
Como porta-vozes, os intelectuais, incluindo Nina Rodrigues, buscavam
através dos seus estudos “melhorar o Brasil”. Teorias foram propostas, à exemplo do
branqueamento, aceito por grande parte destes estudiosos, que inferia um processo
evolutivo de “purificação” do sangue africano através da suposta superioridade do
branco. O branqueamento teve efeitos não somente simbólicos nas relações cotidianas
(casamentos de negros com brancos), mas ainda consequências políticas tal como o
incentivo à entrada de estrangeiros no país.
Nina Rodrigues, ao contrário, não compartilhava nos pormenores desta ideia
de melhoramento do negro. Acreditando na inferioridade atávica deste, propunha um
outro modo de tratar a diferença racial.

Lendo as “Raças Humanas” de Nina Rodrigues: raça, evolucionismo e relativismo


na definição de uma antropologia criminal à brasileira

Um dos primeiros trabalhos de Nina Rodrigues, disposto a compreender a


realidade brasileira, foi As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil,
6
publicado pela primeira vez em 1894. Além de se referir às opções mais duradouras de
sua trajetória científica (CORREA, 2001), nesta obra observa-se, de modo geral, sua
percepção acerca da situação da medicina legal no país que, segundo ele, ainda estava
em vias de constituição; e de modo específico apresenta seu discurso sobre as relações
raciais.
A obra é dividida em sete capítulos e de início, observa-se que Nina
Rodrigues a dedicou aos “chefes da Nova Escola Criminalista”, Cesare Lombroso,
Rafaelle Garofalo e Enrique Ferri, à Alexandre Lacassagne, “Chefe da Nova Escola
Medico-Legal Franceza” e ao Doutor Corre, considerado “o medico-legista dos climas
quentes”, pelos “relevantes serviços que os seus trabalhos estão destinados a prestar á
medicina legal brazileira, actualmente simples aspiração ainda” (NINA RODRIGUES,
1938, p.37).
Estes agradecimentos assinalam as influências e articulações, as quais o
pensador pretendia fazer no livro, aliando os pressupostos do Direito penal às técnicas
de conhecimento da medicina legal, para demonstrar uma criminalidade específica do
país, cujo fator racial concorreria diretamente para a sua existência. Assim, deixava
expresso o seu alinhamento com o conhecimento científico internacional no campo da
criminologia e da medicina legal, procurando impor-se como interlocutor dessas
autoridades.
Analisando o livro, observa-se que, inicialmente, partia-se da tese de que a
condição em que estavam as variadas “raças” no Brasil deveria ser um fator de
diferenciação da responsabilidade penal. Seu primeiro passo era o de estabelecer as
premissas para demonstrar a veracidade de sua tese. Para tanto era preciso opor-se a
outra lógica vigente no campo jurídico-penal, a do “clássicos”:

A concepção de uma alma da mesma natureza em todos os povos, tendo


como consequencia um intelligencia da mesma capacidade em todas as raças,
apenas variavel no gráo de cultura e passivel, portanto, de attingir mesmo
num representante das raças inferiores o elevado gráo a que chegaram as
raças superiores, é uma concepção irremessivelmente condemnada em face
dos conhecimentos scientificos modernos.
Não são tão simples e contingentes as causas do pé de desigualdade em que
se apresentam na superficie do globo as diversas raças ou espécies humanas,
que disputam a sua posse.
Ao contrario, ellas reproduzem no espaço, com mais ou menos fidelidade, os
estadios ou phases, por que no tempo e sob a pressão de causas inexoráveis e
poderosas, passou o aperfeiçoamento evolutivo daquelles grupos
anthropologicos que conseguiram triumphar e occupar a vanguarda da
evolução social. (NINA RODRIGUES, 1938, p.44-45).

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O autor utilizava-se da hipótese poligenista, segundo a qual haveria várias
espécies humanas no planeta, e do “evolucionismo social”, para afirmar que a adaptação
é um dos fatores para se compreender as diferentes fases em que se encontram as “raças
humanas”. Esses alinhamentos teóricos mostram como o autor construía seu argumento
partindo das “concepções científicas modernas” para atacar o que chamada de
“concepções espiritualistas”, as ideias utilitaristas liberais.
Dialogando com o evolucionismo rejeitando algumas das suas premissas:
concebia a oposição quase insuperável entre “raça superior” e “raça inferior”. Mas
negava os princípios que acreditava na perfectibilidade humana.
Assim filiou-se ao determinismo que ditava a existência de raças estanques,
impassíveis de desenvolvimento social e mental. Através da crença nas leis da natureza,
afirmava que a “evolução mental” dos povos estava condicionada às leis de
desenvolvimento de natureza orgânica, guiada pela evolução do “reino animal”.

[...] a analyse objectiva dos phenomenos physicos, illuminada pelos


principios da evolução biológica, veio demonstrar que a intelligencia humana
tira as suas raizes genealogicas, muito longe e bem a baixo, do automatismo
reflexo dos animaes inferiores.
O aperfeiçoamento lento e gradual da actividade psychica, intelligencia e
moral não reconhece, de facto, outra condição além do aperfeiçoamento
evolutivo da serie animal.
[...] na série animal as complicações crescentes na composição histologica ou
biochimica da massa cerebral só se operam com o auxilio da adaptação e da
hereditariedade, de um modo muito lento e no decurso de muitas gerações.
Assim tambem, os gráos sucessivos do desenvolvimento mental dos povos.
(NINA RODRIGUES, 1938, P.45-46).

A natureza desses determinismos ditava o ritmo das transformações nas


diversas “raças”. Neste ponto, observa-se a rejeição do dinamismo social, cultural como
motores do processo histórico de base transformadora. Assim, a seguinte conclusão:

Não só, portanto, a evolução mental pressupõe nas diversas phases de


desenvolvimento de uma raça uma capacidade cultural muito diferente,
embora de perfectibilidade crescente, mas ainda affirma a impossibilidade de
supprimir a intervenção do tempo nas suas adaptações e a impossibilidade,
portanto, de impor-se, de momento, a um povo, uma civilisação incompativel
com o grau de desenvolvimento intellectual. (NINA RODRIGUES, 1938, p.
46).

Nina Rodrigues ilustrava a “incapacidade orgânica e cerebral” de adaptação


das raças inferiores com exemplos relatados pelo antropólogo francês Charles
Letourneau sobre aborígines da Austrália que, depois de um processo de civilização,
resolviam voltar de uma hora para outra à “vida selvagem”.

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Tomava como exemplo também as chamadas “civilizações bárbaras
brilhantes”, como definia os povos que viviam no Peru e no México, que
“desappareceram totalmente na cocurrencia social com a civilisação européia, muito
mais polida e adiantada” (NINA RODRIGUES, 1938, p. 49).
Atribuía o insucesso da política de conversão e civilização dos índios no
Brasil também à “incapacidade orgânica dos aborigenes para a adaptação social” (NINA
RODRIGUES, 1938, p. 49).
Nesses exemplos de contato entre “civilizações”, termo que remete ao
discurso etnocêntrico, as diferenças entre os povos sempre demonstravam, conforme o
autor, a superioridade da civilização branca. As populações não brancas pareciam ao
médico um obstáculo à universalização de princípios liberais e para a consolidação de
uma nação no sentido moderno.
O raciocínio de Nina Rodrigues levava à resolução da seguinte equação: se
a ciência havia demonstrado a inexistência de um substrato comum em todas as raças
humanas, isto significava que as “raças” eram diferentes. Sendo essa diferença de ordem
biológica, ela impedia que uma “raça inferior” alcançasse uma “raça superior” de forma
rápida.
Os negros e mestiços eram os principais alvos e sobre estes últimos, o autor
condenava a mestiçagem. Os mestiços careciam de unidade antropológica, isto é,
estavam em meio termo. De acordo com SCHWARCZ (1993), Nina Rodrigues destaca
que as raças puras estariam ameaçadas de desaparecimento, por oposição ao
“mestiçamento” gradual da população brasileira, que tenderia a crescer.
Por isso mesmo, duvida da unidade étnica, presente e, sobretudo, futura,
pretendida por muitos outros pensadores do momento e considera pouco provável que a
raça branca viesse a predominar no Brasil. Em uma de suas passagens afirma:

[...] Nestes casos de cruzamento acaba sempre por dar nascimento a produtos
evidentemente anormais, impróprios para a reprodução e representando na
esterilidade de que são feridos, estreitas analogias com a esterilidade terminal
da degeneração psíquica. (RODRIGUES, 1938, p. 132)

Apesar de concordar com a realidade histórica exposta por Silvio Romero,


teórico brasileiro com o qual dialoga, de que “todo brasileiro é mestiço, se não no
sangue, pelo menos nas idéias”, o médico discute sobre as consequências da
mestiçagem para a sociedade partindo da premissa que mesmo em casos em que os

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cruzamentos entre as raças humanas distintas não levassem a formação de indivíduos
fisicamente híbridos, a mestiçagem entre as raças levaria a certa forma de hibridismo
moral que já os tornava degredados quando comprados às raças consideradas puras
(RODRIGUES, 1938).
Continuando sua argumentação passa, então, a criticar o Direto, o qual
estaria envolto de “concepções metafísicas”, no terreno mais específico do direito penal
clássico:

Applicado á gênese do bem e do mal, do justo e do injusto, do direito e do


dever – base da moral e supposto fundamento do direito de punir na escola
criminalista clássica -, o methodo comparativo, que vimos operar tão grande
revolução na psychologia, demonstra que, longe de uma procedência
sobrenatural ou supra-sensível, essas idéias não são mais do que o resultado
ideal da elaboração inconsciente nas suas manifestações reflexas primordiaes.
(NINA RODRIGUES, 1938, p.53-54).

Para Nina Rodrigues, o livre-arbítrio, critério de responsabilidade penal,


presente nas raças superiores, foi fruto de lentas mudanças condicionadas por processos
“biológicos” e “hereditários”, e não poderia ser alcançado de uma hora para outra pelos
representantes das “raças inferiores”: pretos e mestiços.
Seria um equívoco “tornar os bárbaros e selvagens responsáveis por não
possuírem ainda essa consciência de direitos e deveres seria a mesma coisa que tornar as
crianças responsáveis por não terem atingido a maturidade mental dos adultos, ou
castigar os loucos por não serem sãos de espirito" (RODRIGUES, 1938, p. 85).
Neste ponto, observa-se o esforço em caracterizar as populações negras
como possuidor de uma mentalidade imatura e ao mesmo tempo uma natureza violenta
e inesperada. A escravização do negro pelo branco poderia até conter estes impulsos
“naturais”, por meio da violência física e do receio ao castigo, mas, nunca alterar a
natureza do grupo transformando-o em “homens civilizados”. Assim, escreve:

Então eles se poderão conter pelo temor do castigo e receio da violência, mas
absolutamente não terão consciência de que seus atos possam implicar a
violação de um dever ou o exercício de um direito, diverso daquilo que até
então era para eles direito e dever. A dificuldade real está toda em avaliar a
responsabilidade do índio e do negro já incorporados à nossa sociedade,
gozando dos mesmos direitos e colaborando conosco com a civilização do
país (RODRIGUES, 1938. P. 114).

Para validar o argumento, Nina Rodrigues sugere que atentemos para a


conservação de crenças e costumes, conscientes ou inconscientes, da vida pregressa e

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antepassada dos negros brasileiros, considerada selvagem e bestial. Neste ponto, cabe a
ressalva que a busca por esta tendência o leva também para o campo da psicologia, com
a tentativa de compreender a linguagem, os costumes, as artes daqueles estrangeiros da
sua terra mesmo que de forma a mostrar evidências para o comportamento desviante.
(CORRÊA, 2001).
Continuando sua crítica sobre o Direito, o pesquisador demonstrou que as
“variações raciais” implicavam em diferentes critérios na definição de crime, portanto,
não sendo possível aplicar um único critério, no caso o livre-arbítrio, para definir a
responsabilidade penal:

Com effeito, a universalidade e a identidade dessas idéas e sentimentos são


desmentidas de um modo formal pelo exame comparativo do critério de
reprovação ou louvor, de criminalidade ou permissão, de punição ou premio,
que em uma época dada emprestaram os diversos povos a certos actos, ou
que, para um mesmo povo, tiveram no decurso de sua evolução social.
(NINA RODRIGUES, 1938, p. 55-56).

Se as raças variam, o crime também é um conceito relativo. Delineava-se,


portanto, um pensamento relativista. Para Nina Rodrigues a definição de crime tinha
relação direta com o grau evolutivo de uma determinada “raça”. De acordo com
Scwharcz (1996), ele passa a combater os princípios metafísicos da doutrina
espiritualista que acredita na natureza comum para todos os povos. A igualdade é
chamada de “velha doutrina”, a qual apregoava os seguintes princípios iluministas: a
crença em direitos universais e em uma noção única de justiça; os quais pressupõe uma
identidade total entre todos os indivíduos que compõem uma sociedade. Do ponto de
vista do autor aqui estudado, esta seria uma “concepção irremissivelmente condenada
em face dos conhecimentos científicos modernos”, uma vez que a variação entre as
raças compreende, ao contrário, moralidades diferentes e, portanto, não há valores
universais.
Para alicerçar seu ponto de vista, o autor acionava passagens de Charles
Letourneau, (L’évolution juridique), nas quais afirmava que insistir com as concepções
metafísicas significava desconsiderar a situação de “três quartas partes da humanidade”
(RODRIGUES, 1938, p. 55).
E para elucidar que a determinação do delito dependia do estágio evolutivo
de um povo ilustra sua obra com citações de autores como Zino (Medicina Legale),

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Gabriel Tarde (Criminalité Comparée e Philosophe pénale ) e Rafaelle Garofalo (La
Criminologie).
Observa-se neste ponto, também, a aproximação de Nina Rodrigues com as
concepções de Cesare Lombroso, o qual apresentou em seus estudos a necessidade de
uma criminologia para cada povo. Utilizou a teoria de Lombroso para explicar casos
como o de Lucas da Feira, por exemplo, e melhor elucidar as teses trabalhadas neste
livro.
As teses apontadas no início do livro servem, portanto, como uma conclusão
antecipada, a qual aponta para o impacto das raças humanas na responsabilidade penal
brasileira.

Que a cada phase da evolução social de um povo, e ainda melhor, a cada


phase da evolução da humanidade, se se comparam raças
anthropologicamente distinctas, corresponde uma criminalidade própria, em
harmonia e de accordo com o grão de seu desenvolvimento intellectual e
moral;
Que ha impossibilidade material, orgânica, a que os representantes das phases
inferiores da evolução social passem bruscamente em uma só geração, sem
transição lenta e gradual, ao grão de cultura mental e social das phases
superiores;
Que, portanto, perante as conclusões tanto da sociologia, como da
psychologia moderna, o postulado da vontade livre como base da
responsabilidade penal, só se póde discutir sem flagrante absurdo, quando for
applicavel a uma agremiação social muito homogênea, chegada a um mesmo
grão de cultura mental média (NINA RODRIGUES, 1938, p. 70-71).

A lógica construída por Nina Rodrigues tirava como conclusão a


impossibilidade de equiparação da responsabilidade penal entre as “raças inferiores” e
“raça branca civilizada”.
Transposto ao campo jurídico-penal brasileiro, esse raciocínio trazia como
implicação a necessidade de modificação dos critérios de responsabilidade penal de
“negros” e “mestiços”, pois não era possível aplicar a esses “indivíduos inferiores” os
mesmos critérios penais que os “povos cultos”. Somente em uma raça que tivesse
chegado a um estado de homogeneidade cultural bastante elevado era possível
estabelecer um mesmo critério de responsabilidade penal. Isso é o que se poderia
deduzir da utilização rigorosa das ideias da antropologia criminal ao contexto nacional.
Segundo Schwarcz (1996) o alvo, explícito, a partir de então, é o código
penal brasileiro de 1891 que teria tomado (seja no novo código da República, seja no
antigo código do Império) o pressuposto espiritualista do livre arbítrio como critério de
responsabilidade penal. Diz ele que, seguindo tal procedimento, estariam os juristas

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apenas copiando modelos dos “povos civilizados à europeia” e não atentado para as
especificidades locais.
A necessidade de um código penal, que considerasse o “momento
antropológico” dos indivíduos em sociedade, é colocada por Rodrigues, uma vez que o
legislador brasileiro, por se cercar de “recapitulação abreviada” dos evolucionistas e
criminalistas, criou benefícios e regalias a todas as raças, considerando-as iguais. O
código penal, portanto, deveria avaliar e identificar racialmente os indivíduos,
penalizando-os em conformidade às suas características mentais.
A ausência prática de uma classificação racial, de acordo com estatísticas
levantadas pelo autor, demonstraria que o código penal brasileiro tinha a finalidade de
“levar à penitenciária qualquer raça brasileira indistintamente” (RODRIGUES, 1938).
Assim, o autor chama a atenção para a singularidade da realidade brasileira,
caracterizada pela heterogeneidade racial. Discute “o Brasil antropológico e étnico”,
segundo seus próprios critérios, destacando a composição étnica e sua distribuição
climática e geográfica.
Ao afirmar que o direito nacional é ausente da discussão sobre os
“elementos antropológicos” envolvidos penal e criminalmente, o autor propõe a
seguinte divisão dos grupos raciais presentes na sociedade brasileira: raça branca, raça
negra, raça vermelha, mestiços5.
Pode-se concluir que a apropriação de teorias deterministas raciais por Nina
Rodrigues também tinha basicamente a mesma função dos seus contemporâneos: a
justificação das desigualdades raciais no século XIX, após a abolição e o advento da
República. Ele procurou construir um discurso autorizado através da ciência médica,
posicionando-se em relação à forma que considerava correta para compreender a
questão das “raças” em relação à definição de um tema social – responsabilidade penal
– que emerge naquelas circunstâncias inscritas à formação da nação brasileira.
O médico Nina Rodrigues “racializou” o debate em um momento
suficientemente tomado pelas teorias científicas das raças, só que usou seus
conhecimentos para caracterizar a inferioridade e não a igualdade. Por isso mesmo, suas
propostas, entre elas a ideia da formação de dois códigos penais que levasse em
consideração as variações raciais, foram condenadas pelas gerações de críticos futuros.

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Nina Rodrigues é considerado pioneiro na constituição do campo antropológico no Brasil. Seu percurso
pela etnografia das religiões e das populações africanas na Bahia, descrevendo seus costumes,
vestimentas, culinária, rituais etc., despertou o interesse de outros pesquisadores para promover estudos
de igual foco (FERRETI, 1999).

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Vale, contudo, destacar que com a busca pela diferenciação e relativização do crime, os
negros eram arremessados ao estado de debilidade psíquica, transmitida hereditária e
permanentemente. Um sujeito associado à ingenuidade, com tendências patológicas à
criminalidade, transformado em um criminoso nato, que deveria ser retido. A condição
do negro, na sociedade, se alterara sintomaticamente, de mercadoria e escravizado a um
suspeito constante.
Em síntese das principais ideias colocadas sobre a obra do autor, destaca-se
que o relativismo proposto por Nina, com base na raça, é apoiado em dimensões
observáveis: rituais, comportamentos etc. Tudo isso, apesar do apego ao critério racial,
abre espaço para refletir sobre as variações entre os povos, o que mais tarde será
colocado por outros autores a partir da noção de cultura, os chamados autores
culturalistas. Nota-se, portanto, a percepção do médico sobre as especificidades dos
povos, mas presa a matriz biológica-racial.
Mesmo tratando os negros sob o signo de uma inferioridade evolutiva,
busca protestar contra o tratamento discriminatório que lhe eram impostos. Apesar do
viés racial, ele é pioneiro em denunciar a preferência penal no Brasil por certos
segmentos sociais. Seu pioneirismo também se faz em contrapor de forma
questionadora a igualdade política a outros aspectos da realidade, seu limite foi insistir
no aspecto “científico” da raça.

Considerações Finais

A realidade específica brasileira, marcada pela heterogeneidade e


cruzamento de povos escravizados (negros africanos e seus descendentes), povos que
tiveram seu território invadido (indígenas) e os colonizadores (brancos portugueses) fez
com que intelectuais ditassem uma caracterização comum ao Brasil: uma “nação de
raças”, uma mistura de raças, que resultou no mestiço; um país, portanto, inviável à
modernização e fadado ao fracasso.
O apelo às teorias racistas não conduziu à adoção de políticas
segregacionistas no nosso país, tal como em outros países, África e EUA, mas
contribuiu para a geração de muitos discursos que tomavam os povos negros e os
mestiços em termos de inferioridade, marginalidade e estigmas.

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Raimundo Nina Rodrigues é um dos que representa e responde às demandas
deste momento histórico específico, enquanto interprete e tradutor da própria realidade.
Na análise da obra “As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil” tentei
apresentar como o autor procurava comprovar o atraso evolutivo das populações negras,
consideradas estagnadas, assim como a degenerescência psíquica e social que levaria
estes grupos, bem como os mestiços, a uma corrupção moral inata.
Assim, a obra do autor representa de certa forma uma resposta à grande
questão da época: qual o lugar do negro na nova sociedade brasileira, após a abolição e
a república? Qual o papel do Estado com relação a estes novos sujeitos sociais? Diante
da diversidade existente no país, Nina Rodrigues e seus discípulos relativizaram a
diferença em desigualdade e propuseram através do direito criminal a distribuição
destes sujeitos por meio da origem racial, caracterização essa capaz de “identificá-los” e
“contê-los” de modo marginalizado e inferior, conforme as exigências do período.
Salvo todas as críticas ao autor, ele pode ser apreendido como um fundador
de discursividade, no sentido expresso por Foucault (1997, p. 280) de que “esses autores
têm de particular o fato de que eles não são somente os autores de suas obras, de seus
livros. Eles produziram alguma coisa a mais: a possibilidade e a regra de formação de
outros textos”.

Referências

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Janeiro, José Olympio, 2001.

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1997.

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Cadernos de saúde pública. Rio de Janeiro: abril-Junho, 1995.

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racismo. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007.

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