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Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Escola de Educação e Humanidades


Disciplina: História e Cultura Africana, Afro-Brasileira e Indígena
Curso: Bacharelado em Ciências Sociais Período/turno:
3º/Noturno
Professor: Sérgio Luiz do Nascimento
Aluno: Gabriel Mazur Trindade de Oliveira

Relatório das atividades desenvolvidas durante as


aulas

Atividade do dia 25 de Abril

A partir das imagens acima a dupla irá pesquisar sobre as duas imagens e escrever
a relação que elas têm com as teorias do Branqueamento e do Racismo
Científico no século XIX. Não esqueçam de comentar/justificar a relação entre as
imagens o texto da poeta.

Resposta: Na pintura de Modesto Brocos, intitulada “A redenção de Cam” de 1895,


vemos uma representação do que seria a tese do branqueamento e a idealização
em torno desse conceito. No período após a abolição da escravidão no Brasil,
vemos surgir no país uma forte influência de teorias racialistas que se originaram na
europa e foram rapidamente importadas pelas elites locais com o intuito de, sob a
autoridade de teorias ditas científicas, manter ao máximo possível as velhas ordens
sociais do regime escravista. Essa seria uma forma de colocar uma tinta nova sobre
uma mesma casa (HILTON, 2015). Segundo as teorias racialistas os negros seriam
biologicamente inferiores aos brancos. Tal fato constituiria uma barreira
intransponível e impediria a integração dessa população na sociedade. Sendo assim
a solução para esse problema seria o branqueamento dessa população, ou seja, o
fim da raça negra através da miscigenação. No quadro vemos três gerações de uma
família que vai progressivamente "embranquecendo" com a figura mais velha, de
uma senhora negra agradecendo aos céus o fato de sua neta ser branca. Aí estaria
a “redenção de Cam” - o personagem bíblico que segundo a teologia da época teria
sido o filho de Noé amaldiçoado por seu pai e patriarca do povo africano. Sua
redenção viria do branqueamento.
Na infeliz montagem utilizada pelo Ministério da Educação em 2019, em que
podemos ver uma mulher negra apontando para uma mão branca segurando um
diploma, fica implícito o raciocínio de que a graduação é para gente branca.
Podemos relacionar essa imagem com o quadro pensando que na montagem há
também a sugestão de que aquele que consegue o diploma se “branqueia”. Assim
vemos que as ideias do século XIX ainda seguem alimentando um comportamento
racista da nossa sociedade.

Atividade do dia 09 de Maio

1. QUAIS OS TEMAS TRATADOS NOS TRÊS TEXTOS? PESQUISE E


DESCREVA OUTROS TEMAS/FATOS HISTÓRICOS SEMELHANTES QUE
ILUSTRAM OS TEMAS ABORDADOS PELOS TRÊS TEXTOS.
2. QUAIS OS PROBLEMAS QUE OS TRECHOS DESCREVEM?
3. QUAIS AS POSIÇÕES DEFENDIDAS PELOS 3 TRECHOS E QUE
PODEM SER RELACIONADOS COM O BRASIL?
4. IDENTIFIQUE E DESCREVA OS TEMAS QUE MAIS SE RELACIONAM
COM A SUA FORMAÇÃO.
5.FORMULE TRÊS PERGUNTAS RELACIONADAS COM TEXTO E DEPOIS
TROQUE ESSAS COM OUTRO GRUPO. AO TROCAR AS RESPONDAM AS
PERGUNTAS TROCADAS. IREMOS REALIZAR UM DEBATE NA PRÓXIMA
AULA SOBRE AS PERGUNTAS.
Resposta 01 - O trecho 1 do livro História Geral da África, trata sobre a colonização
no continente de 1880 até 1935, onde uma nação cheia de história e cultura sofreu
um assalto de seus valores culturais e perdeu seu mundo pelas forças europeias,
sendo forçados a se adaptar ou a se submeter ao seu novo mundo lhe imposto
Hoje é possível identificar que o saqueamento que a África sofreu pelos europeus
ainda está presente no cotidiano, vemos por exemplo a Pedra de Roseta que tem
origem egípcia e está atualmente exposta no museu britânico de Londres.
O trecho 2 do livro História Geral da África, se refere a Conferência de Berlim (1884-
1885), que ocorreu entre as potências europeias para delimitar suas influências nas
dadas regiões exploradas do continente africano. A conferência traz contigo o Art
34, que entende que todo país europeu que tomasse posse de um território deveria
informar os membros da comissão.
O artigo “Algumas Consequências da Conferência de Berlim (1884-18885) para a
atual África”, do autor Romão Capossa. Coloca em pauta o motivo da execução da
Conferência de Berlim, donde antes dela, os países europeus estavam com fome
pela exploração de ouro e outros recursos do continente para alimentar seus gastos
com as especiarias das Índias. Até o momento que ocorreu o conflito entre Bélgica e
França na região do Congo, a fim do controle do mesmo na África Central. O autor
coloca que foram estas disputas de estranhos em terras alheias que coincidiu com a
Conferência de Berlim.
O trecho 3 do texto Correlações de Força: da confrontação a uma ruptura
emancipatória. Tras sobre como às lideranças do Movimento Negro hoje em dia tem
se expressado com confrontação aos países colonizadores. A história retratada no
texto conta sobre o discurso do rei belga Balduíno Alberto Carlos na cerimônia de
independência na década de 1960, onde discursou sobre as conquistas e o
desenvolvimento que seu tio-avô Leopoldo II trouxe para a República Democrática
do Congo numa tentativa de dissimular as atrocidades e repressões que a
colonização causou no país. O ex-primeiro ministro da República Democrática do
Congo Patrície Lumumba confrontou o príncipe belga ao ressaltar “as atrocidades e
a longa luta pela independência do povo congolês nas décadas anteriores”. Noutro
momento do texto, é salientado que racismo e colonialismo andam de forma
conjunta é necessário abordar os dois temas de forma epistemológica.
O artigo “Colonialismo, racismo e luta de classes: A atualidade de Frantz Fanon” do
autor Deivison Mendes Faustino explica melhor o conceito de Racialização do Outro
abordado no trecho 3. Esse conceito parte da alienação colonial que alimenta a
exploração capitalista e assim marca a configuração da sociedade moderna, onde
brancos e negros vivenciam a negação de sua humanidade, onde se enxergam e se
expressam como brancos ou negros, não como somente humanos. Isso se chama
Racialização do Outro que “retira do colonizado a possibilidade de ser visto (e,
consequentemente, de se ver) como expressão universal do gênero humano”.

“É o colonialismo que cria (inventa) o Homem Negro, extraindo-lhe a possibilidade


de reconhecer-se simplesmente como Humano”

Resposta 02 - Os três trechos possuem problemas principais comuns, a relação


entre a colonização, dominação de povos, doutrinação cultural e seus efeitos na
sociedade Africana.
Especificamente, no primeiro texto, ele cita problemas como dominação de
potências europeias, colonização, desvalorização de valores culturais que levam a
uma desintegração da nação como um todo, trazendo desequilíbrio moral e
material.
No segundo texto, é possível analisar problemas como a doutrinação, o tráfico de
escravizados, o absurdo dos europeus pensarem que possuem o “direito” sobre a
terra africana, colocando uma desculpa de preocupação social, querendo partilha-la
em diversos territórios, para então, coloniza-los.
No terceiro trecho, a relação entre o racismo e a colonização nos é colocada, como
o racismo legitima a desigualdade entre brancos e negros, a consequência da
escravidão racial e o grande número de pessoas que acabaram por falecer devido
ao trabalho forçado, tudo como consequência da sociedade racista.

Resposta 03 - A primeira e principal semelhança de contextos está no fato da


colonização continental por potências europeias, e com esta influência segue-se o
cristianismo forçado por missionários, esta imposição reprime religiões tradicionais e
por consequência altera costumes e línguas. Outro ponto é a independência,
libertação e “descolonização” como no caso do continente africano, para os autores
este último termo não é o ideal para o movimento fortalecido em 1945, mas
semanticamente remete aos outros termos, o fato é que em ambos continentes este
processo não foi fácil e ainda não estamos totalmente livres, pois assim como nos
Estados africanos é exigida por entidades internacionais uma hegemonia entre os
povos, sendo que as lideranças mal tem tempo de se estabelecer e resolver os
problemas locais, no Brasil temos uma constituição de um pouco mais de três
décadas de vida enquanto na Europa as oligarquias são muito mais antigas
estabelecidas.

Resposta 04 - Os três textos conversam, diferente e diretamente, com as Ciências


Sociais. O primeiro texto é, por mais que mais histórico, diretamente ligado por uma
análise materialista dialética para análise das condições econômicas e sociais, as
quais explicam e determinam as condições gerais da civilização na qual se vive.
Desta maneira, o segundo texto também se relaciona com essa temática de análise:
a divisão da África e como ela foi feita a partir de uma corrida imperialista mostra
como o colonialismo europeu foi crucial para a formação de uma consciência
coletiva e “invisível”. No terceiro texto podemos identificar uma forte ligação com o
debate decolonial e o debate racial como tratados nas ciências sociais.

Resposta 05 -

a) “Há uma hierarquia de tratamento para com negrosque tiveram seu


pensamento colonizado e os que ainda resistem à dominação branca ?”
R.: Existe hierarquização epistemológica. Os povos que conseguiram resistir
à colonização sofrem as consequências na contemporaneidade por meio de
sanções veladas de países colonizadores.

b) “Como a educação europeia repassa as informações que os trechos


apresentam ? Tem uma amenização ou uma mensagem dos colonizados
como ingratos ?”
R.: É certo que uma educação europeia (ou “europeizada”) conservadora há
de defender o projeto da colonização como projeto civilizatório europeu, que
levou o desenvolvimento aos povos primitivos da África e outras periferias
globais. Dessa forma amenizando a brutalidade da dominação que
perpetraram e tratando os colonizados como ingratos por lutarem contra essa
dominação e exigir sua independência.

c) “Que outras figuras atuais contribuem como Patrice Lumumba, para


confrontar situações de amenização do racismo e reconhecer a dignidade
que os negros e seus decendentes carregam ?”
R.: Desde o começo do século XX podemos identificar pessoas que
contribuíram com as lutas anti-racista, pela independência africana, e o pan-
africanismo. Podemos destacar o intelectual W.E.B Du Bois, Marcus Garvey,
Aimé Cesaire e Frantz Fanon como expoentes dos mesmos esforços em que
se empenhou Lumumba. Atualmente no campo acadêmico podemos
destacar a contribuição de autores como Achille Mbembe, Chimamanda
Ngozi Adichie, Cornel West, Silvio Almeida, entre outros.

Atividade do dia 30 de Junho


Resposta 01: O texto apresenta a ideia de que a experiência trágica da colonização
portuguesa e o subsequente extermínio advindo desse processo fez com que
diferentes povos indígenas superassem suas rivalidades para lutar lado a lado por
seus objetivos comuns. Porém não é necessário regredir tão longe na história
nacional para ver casos em que grandes brutalidades foram cometidas contra os
povos indígenas e onde a falta de um movimento indígena organizado tornou a
resistência mais difícil. Ao longo do século XX, por exemplo, a ação do Estado
brasileiro, primeiro através do SPI (Serviço de Proteção ao Índio) e depois através
da própria FUNAI (Fundação Nacional do Índio) durante a ditadura militar foi
bárbara, chegando a se empenhar em projetos abertamente etnocidas tais como as
políticas de “desindianização”, ou seja, integração forçada à sociedade não-indígena
e também as “expedições” realizadas pelo órgão que ocasionaram remoções
forçadas, morte por doenças infecciosas e até envenenamento. Com esse histórico
do Estado nacional, podemos ter dimensão do que significa outra ideia trazida pelo
texto, de que graças ao movimento indígena atuante, constituído a partir da década
de 1970, é que existe uma política educacional que parte de premisas filosóficas
extraordinariamente diferentes e que contempla as suas necessidades.Ou seja, a
existência de um movimento indígena organizado, forte, pujante e atuante pode ser
um ponto chave na diferença entre práticas retrógradas e a elaboração de políticas
verdadeiramente necessárias à esses povos.

Resposta 2/3: Analisando a afirmação de Krenak é visível o descaso do poder


público para com os conhecimentos tradicionais indígenas, pois o fato de cada
comunidade indígena ter suas próprias maneiras de organização e por
consequências concepções tecnológicas/científicas de conhecimentos, tal quadro já
é usado como ferramenta política de descentralização e fomentação de intrigas
entre povos de diferentes aldeias desde a colonização, esta falta de hegemonia
serve de ferramenta política para que a falta de “consenso” seja artimanha na mão
dos parlamentares no momento de votação em projetos de lei. A afirmação de
Krenak de fato é o mais certo a se fazer, porém a sociedade branca funciona de
maneira diferente a sociedade indígena, e esta divergência impede que o uso
sustentável de recursos naturais seja possível dadas as decisões políticas tomadas
até hoje.
Resposta 4: Movimento Indígena não é o mesmo que Organização indígena, pois
cada aldeia tem sua organização que funciona em prol da coletividade, já a ideia de
movimento remete a organização de diferentes povos em prol de interesses em
comum. Para Daniel Mundurucu existem “Índios em movimento” pois cada aldeia,
território, povo tem suas reivindicações e por consequência desenvolve seu
movimento, tal descentralização promove maior representatividade e participação.
De fato boa parte dos interesses são comuns entre os diferentes povos como:
Demarcação de terras, Regularização de territórios entre outros, e estes pontos são
defendidos como movimento em comum. Olhando a constituição de 1988 temos
alguns direitos indígenas garantidos como: terras, educação e saúde, para além
disto a criação de órgãos responsáveis por estas demandas, Projeto demonstrativo
dos povos; Projeto integrado de proteção de terras indígenas na Amazônia legal;
Fundação nacional do índio. Na contramão do que ouvimos do senso comum a
respeito de os índios estarem “embranquecendo” ao usar tecnologias da sociedade
branca, a realidade é que se faz necessário o uso das tais para sobrevivência, pois
as organizações tradicionais servem para os pequenos grupos, ou seja, é um poder
centralizado na aldeia que resolve impasses e problemas locais, regras e costumes
passados de forma oral. Já a organização indígena formal se trata da apropriação
das técnicas brancas de organização política para que haja uma ponte entre povos
tradicionais e o Estado brasileiro, para tanto cria-se uma oligarquia na aldeia que
será responsável por repassar as demandas para o Estado, e para isto esta
organização precisa da burocracia para ser reconhecida e portanto possui: estatuto
social, assembleias, diretoria, conta bancária, etc… e por fim vêm as lideranças
indígenas que se tratam de representantes dos povos e portadores das súplicas de
seu povo, intermediadores das demandas, interlocutores de culturas que são
escolhidos pelo seu povo originário e imbuídos de seus interesse.

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