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Trabalho e renda
A PNAD Contínua de 2017 mostra que há forte desigualdade na renda
média do trabalho: R$ 1.570 para negros, R$ 1.606 para pardos e R$ 2.814
para brancos. O desemprego também é fator de desigualdade: a PNAD
Contínua do 3º trimestre de 2018 registrou um desemprego mais alto entre
pardos (13,8%) e pretos (14,6%) do que na média da população (11,9%).
Educação
A taxa de analfabetismo é mais que o dobro entre pretos e pardos
(9,9%) do que entre brancos (4,2%), de acordo com a PNAD Contínua de
2016. Quando se fala no acesso ao ensino superior, a coisa se inverte: de
acordo com a PNAD Contínua de 2017, a porcentagem de brancos com 25
anos ou mais que tem ensino superior completo é de 22,9%. É mais que o
dobro da porcentagem de pretos e pardos com diploma: 9,3%. Já a média de
anos de estudo para pessoas de 15 anos ou mais é de 8,7 anos para pretos
e pardos e de 10,3 anos para brancos.
Já o Atlas da Violência 2018, pesquisa produzida pelo Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada), demonstra que uma das principais facetas da
desigualdade racial no Brasil é a concentração de homicídios entre a
população negra. Essa pesquisa aponta que, no ano de 2016, o número de
negros assassinados no país foi de 40,2 para cada 100 mil habitantes,
enquanto o número de não negros (brancos, amarelos e indígenas)
assassinados no mesmo período foi de 16,0 para cada 100 mil habitantes.
Todos esses números não deixam dúvida: as extremas desigualdades
existentes no Brasil possuem uma dimensão racial. E por que esse fenômeno
ocorre? A análise da formação da sociedade brasileira, a partir do prisma da
História, pode fornecer respostas para esse questionamento. Sem dúvida,
uma das razões para o racismo estrutural brasileiro se trata dos séculos de
exploração da mão-de-obra de africanos escravizados e de seus
descendentes.
No Brasil, o sistema escravista foi superado através de um incompleto
processo de abolição, que não procurou estabelecer um projeto de inserção
social e econômica aos egressos do cativeiro na nova ordem que se
estabeleceu após 13 de maio de 1888. E uma das razões centrais para esse
abandono dos negros após a superação da escravidão foi o pensamento
racialista em vigência entre o final do século XIX e as primeiras décadas do
século XX.
Esse pensamento justificou, entre outras políticas, o incentivo à
imigração europeia por parte das elites econômicas e do próprio Estado,
enquanto, ao mesmo tempo, defendia a ideia de que os não-brancos,
principalmente os negros, representavam um fator de atraso para a nação
brasileira e, portanto, não era interessante promover sua integração.
Podemos afirmar que o abandono das populações egressas da escravidão,
bem como de seus descendentes, foi uma ferramenta do projeto de
branqueamento do Brasil, pois através desse abandono, estimava-se que o
país iria se livrar dos negros. Mas ainda estamos aqui, buscando superar o
abismo no qual fomos lançados. A seguir, um panorama da formulação do
pensamento racialista brasileiro, que legitimou o incompleto processo de
abolição e as políticas de branqueamento.
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