Você está na página 1de 2

Belle Époque

No final do século XIX e início do século XX, os Estados Unidos e diversos países da Europa
viveram um período de grandes avanços tecnológicos. Invenções como a bicicleta, o metrô, o bonde
elétrico, o automóvel, o avião, o telégrafo, o rádio e o trator, foram criados nesse período.
Elas faziam parte da chamada Segunda Revolução Industrial. Avanços também ocorreram no
campo das ciências e da cultura. A criação de vacinas contra doenças como tuberculose, cólera e
tétano aumentou a expectativa de vida.
A invenção do cinema e a difusão da imprensa contribuíram para democratizar o acesso ao
lazer e a informações. Em alguns países europeus, a educação tornou-se obrigatória e gratuita,
elevando, assim, o padrão educacional da população.
Do ponto de vista social e político, a sociedade europeia também passou por mudanças. As
eleições livres se consolidaram como um princípio da democracia, e as mulheres saíram às ruas
exigindo o direito de votar e de serem votadas.
A vida em alguns países da Europa parecia tão próspera e feliz para as camadas alta e média
da população que esse período ficou conhecido como Belle Époque, expressão francesa que significa
Bela Época.

Problemas sociais

Por trás dessa atmosfera da Belle Époque, havia sérios problemas de ordem econômica e
social no continente europeu. Em nações como Itália, Espanha, Portugal e Alemanha, a situação no
campo era tão ruim que milhares de pessoas abandonavam sua terra natal em busca de uma vida
melhor em países como Estados Unidos, Canadá, Brasil e Argentina. Eram os imigrantes.
Nos países da Europa oriental a situação era ainda pior. Nessas nações, a economia era
basicamente rural.
Nas fábricas europeias, os operários recebiam salários muito baixos, e a maioria trabalhava
mais de 14 horas por dia. Não havia direitos trabalhistas e poucos direitos políticos. O acesso à
educação também era privilégio de poucos.

Rivalidade entre as potências

Para agravar esse quadro, havia uma grande rivalidade entre as grandes potências europeias.
Em alguns casos, as divergências eram resultado de disputas de fronteiras na própria Europa, mas
havia também conflitos causados pelas disputas em torno das colônias na África e na Ásia.
As nações europeias tinham grande interesse em manter suas colônias nos continentes
africano e asiático, pois essas regiões eram centros produtores de matérias-primas para suas
indústrias. Além disso, a população desses continentes representava um importante mercado
consumidor para os produtos fabricados na Europa.

Nacionalismos e ódio

Além das disputas por mercados e colônias entre as potências industrializadas, havia
também ressentimentos nacionais, como no caso da França em relação aos territórios perdidos para a
Alemanha na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).
Os governos e a imprensa utilizavam essas disputas para incentivar a rivalidade e o ódio
entre países vizinhos. Cartazes e panfletos com frequência ridicularizavam outros povos. Ideias
racistas eram também difundidas pela imprensa.
Alguns grupos étnicos que viviam sob o domínio de grandes potências lutavam por
independência, o que também contribuía para aumentar a hostilidade entre povos europeus. Esse foi o
caso dos búlgaros, sérvios, romenos e armênios – entre outros –, que começaram a se mobilizar
contra o domínio do Império Turco-Otomano.
Os interesses expansionistas de nações como o Império Austro-Húngaro e o Império
Russo entravam em choque. Via-se no período uma ascensão de sentimentos nacionalistas, como o
pan-eslavismo e o pan-germanismo, que se baseavam na ideia de unir os povos de mesma origem
sob uma grande pátria comum. Essas movimentações geopolíticas provocavam grande instabilidade
na Europa.

Império Austro-Húngaro: reino que abrangia as regiões das atuais Áustria e Hungria.
Império Turco-Otomano: englobava as regiões da atual Turquia, Grécia, Oriente Médio e
norte da África.
Pan-germanismo: movimento que previa a unificação dos povos germânicos da Europa
central.
Pan-eslavismo: movimento que se baseava na ideia de que todos os povos eslavos da Europa
oriental pertenciam a uma nacionalidade comum.

A “paz armada”
Nesse contexto, o período entre o final do século XIX e o início do século XX foi marcado por
grandes tensões. Buscava-se, principalmente, o equilíbrio entre as grandes nações em relação ao poder
político, econômico e militar. Para alcançar esse equilíbrio, as potências europeias investiam cada vez mais em
armamentos e em novas tecnologias voltadas para a guerra. Foi a época da “paz armada”.
Os países envolvidos nas disputas pelas colônias na Ásia e na Europa e pelas delimitações de
fronteiras na Europa, começaram a investir muitos recursos na indústria armamentista, preparando-se para um
possível confronto armado.
Além disso, os recursos humanos também foram mobilizados, e muitas nações passaram a instituir o
serviço militar obrigatório, iniciando o treinamento de jovens futuros soldados.
As nações estavam, então, praticando ameaças mútuas por meio da exibição de seus potenciais
bélicos, sem de fato, naquele momento, estarem em guerra.
Como consequência dessas disputas, as potências europeias se agruparam em alianças para se
defender de possíveis ataques de potências rivais. Como veremos a seguir, essas alianças foram fundamentais
para a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Você também pode gostar