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O século XIX é marcado pela expansão e tentativas de domínio do globo por parte
dos países europeus. A Europa criou o primeiro sistema internacional a cobrir a totalidade
do globo terrestre e estabeleceu em todos os lugares uma versão universalizada das regras
e das instituições e os pressupostos básicos da sociedade europeia de Estados. A
expansão alterou inevitavelmente a natureza e o equilíbrio do sistema europeu.
As regras e as instituições da sociedade europeia gradualmente deslocaram os
arranjos híbridos, e a possibilidade de pertencer à sociedade passou a estar aberta não
apenas a comunidades europeias, mas a qualquer Estado que desejasse e pudesse
cumprir as regras.
À medida que o sistema europeu se disseminou pelo mundo, muitos governantes
não europeus quiseram entrar para a sociedade europeia de Estados, a fim de serem
tratados como iguais,e não como inferiores, e se possível para ter alguma voz ativa quanto
à condução da nova sociedade internacional global. Quando os europeus, por volta da
metade do século XIX, começaram a estipular que outros Estados que queriam entrar para
sua sociedade internacional deveriam aceitar não apenas suas regras, mas também alguns
de seus valores e códigos éticos, o critério que utilizaram foi o de “padrão de civilização” (...)
As grandes potências também insistiam em que todos os governos deviam observar certas
normas econômicas e práticas comerciais europeias.”
Já no ano de 1900, o alcance do sistema havia se expandido lentamente e aos
poucos pela Ásia, África e Oceania. A Europa permaneceu como seu foco estratégico e
econômico, e o que acontecia na Europa ainda era decisivo para o sistema como um todo.
No entanto, por volta de 1900, duas grandes potências independentes não europeias, os
EUA e o Japão, estavam fazendo sentir seu peso no sistema, especialmente na Ásia
Oriental e no Pacífico, quebrando assim o monopólio do controle a partir da Europa
geográfica.
O concerto da Europa, que começou como uma hegemonia difusa e coletiva
exercida pelos estadistas cosmopolitas que dirigiam as políticas das cinco grandes
potências, foi transformado, durante o século, numa sociedade dominada por
Estados-nações, cujos povos cada vez mais soberanos sentiam ter mais pontos em comum
entre si, talvez, porém menos com outras nações. O nacionalismo separou mais os
Estados-nações europeus uns dos outros, e os estadistas cada vez mais refletiam essa
alienação.
Durante o século XIX, o concerto das grandes potências estabelecido pelo Acordo
de Viena foi-se tornando progressivamente mais relaxado, e o padrão estratégico do
sistema europeu moveu-se uma certa distância em nosso espectro na direção de maior
independência.
A I Guerra Mundial é o acontecimento que realmente dá início ao século XX, pondo
fim ao que se convencionou chamar de Belle Époque – 1871-1914: período em que as
grandes potências europeias não entraram em guerra entre si e a burguesia viveu sua
época de maior fastígio, graças à expansão do capitalismo imperialista e à exploração
imposta ao proletariado.
Desde a segunda metade do século XIX, com o processo de industrialização se
fazendo notar em vários países, começou a se estruturar uma nova fase do capitalismo
chamada de monopolista. Essas nações industrializadas disputavam entre si mercados,
rotas de comércio, pontos estratégicos e regiões fornecedoras de matérias-primas.
Destacavam-se principalmente a Inglaterra, a potência imperialista hegemônica; a França
que após estabilizar-se politicamente se tornou a segunda maior potência; e Itália e
Alemanha que unificaram seus territórios em 1871 e partiram tardiamente para a “partilha
do mundo”. Na América os EUA após a Guerra da Secessão, estruturavam seu Estado
Nacional sob o comando do norte industrializado e partia para o controle imperialista da
América Central e do Pacífico. No oriente o Japão emergia como potência regional após a
Era Meiji - um processo de modernização capitalista acelerado - começando a controlar
regiões na Coréia e China.
Em fins do século XIX e começo do século XX teve início uma série de conflitos
localizados principalmente na periferia. As nações imperialistas se uniram em interesses
comuns através de alianças político-militares. De um lado: a Tríplice Aliança, formada em
1879 pela Alemanha, cuja economia havia crescido tanto que sua produção em alguns
setores já havia ultrapassado a Inglaterra; o Império Austro- Húngaro, um verdadeiro
“mosaico de nacionalidades”, atrasado político e economicamente, e a Itália que entrou em
1882 e acabou se unindo posteriormente ao bloco adversário. De outro lado: a Tríplice
Entente, formada inicialmente entre a França e o autocrático Império Russo em 1890 e
concretizada com a entrada da Inglaterra em 1904.
A rivalidade entre os dois blocos era alimentada pelo nacionalismo exacerbado que,
de certa forma, encobriu as ambições da burguesia e tornou as classes subalternas
cúmplices de suas vontades. A inexistência de um órgão internacional que mediasse
conflitos, aliado ao que se convencionou chamar de “paz armada”- na realidade, um grande
esforço das potências europeias de voltar parte de sua produção industrial para a
fabricação de armamentos- fizeram da Europa um verdadeiro barril de pólvora. A ocorrência
de um conflito em qualquer ponto, envolvendo uma das potências, certamente iria detonar
uma guerra que arrastaria um a um dos países de cada bloco.
As mudanças tecnológicas ensejaram, também, uma mudança econômica. Uma vez
que as fábricas demandavam milhares de empregados, foram tornando-se tão gigantescas
que esmagavam facilmente os pequenos concorrentes. Pronto! O capitalismo de livre
concorrência dava lugar ao capitalismo monopolista. Os monopólios floresceram com tal
rapidez e a capacidade produtiva era tão intensa que era humanamente impossível para as
nações europeias absorver toda a produção. Por esta razão, as indústrias tiveram de
diminuir o ritmo, o que acarretou uma gama de problemas econômicos, tais como falências,
desemprego galopante e miséria nas camadas sociais mais baixas.
Bismark desprezava os ideais liberais e acreditava que uma unificação dos estados
alemães era necessária e deveria ser feita “a ferro e sangue”. E assim o fez. Utilizou-se da
crescente indústria prussiana para equipar um poderoso exército e expandiu as fronteiras
englobando, à força, os países vizinhos. Por fim, para criar um sentimento patriótico na
nação insurgente, Bismark provocou uma guerra contra a França. Como os exércitos
prussianos eram maiores e melhor equipados, o triunfo era inegável. Em 1871 a França,
derrotada, cedeu à Bismark a região da Alsácia-Lorena – esta derrota desencadeou um
ressentimento nacionalista conhecido como revanchismo francês e fomentou uma explosiva
rivalidade entre as duas nações – e o rei da Prússia, Wilhelm I, era coroado kaiser do
Império Alemão. Com a unificação, a Alemanha desfrutou de um espetacular
desenvolvimento industrial, tornando-se a segunda maior potência da Europa.
No final do século XVIII, a França enfrentou uma revolução que lhe expurgou a
monarquia absolutista. A modernidade da república francesa não durou muito, porém, e
durante boa parte do século XIX os franceses enfrentaram uma realidade instável e
conturbada. Não obstante ser uma das nações mais poderosas do mundo – tendo sido
praticamente imbatível militarmente nos reinados de São Luís, Felipe IV e Luís XIV, por
exemplo – a França via-se isolada diplomaticamente desde sua derrota na Guerra
Franco-Prussiana de 1871. Ainda assim o país conseguiu se modernizar e industrializar na
esteira do vizinho ao norte, e construiu para si o segundo maior império colonial do mundo,
atrás somente do império britânico.
Inglaterra:
Era a principal potência financeira da Europa, embora os operários vivessem
insatisfeitos e em piores condições do que estavam em 1900. Nos sete meses que
antecederam o início da guerra, a indústria britânica foi atingida por 937 greves. Além disso,
a crise do Ulster ameaçava o Reino Unido com uma guerra civil. A concessão do Home
Rule (autogoverno autônomo) para a Irlanda desagradou os protestantes do Ulster,
decididos a não se tornarem minoria numa sociedade dominada por católicos.
Joseph Chamberlain (8 de Julho de 1836 – 2 de Julho de 1914), foi um influente
homem de negócios e estadista britânico da segunda metade do século XIX, considerado
como o expoente máximo do Imperialismo Britânico. Politicamente, Chamberlain foi primeiro
um radical liberal. Depois de se opor ao Home Rule da Irlanda, fundou o partido liberal
unionista em 1886, e subsequentemente tornou-se líder da facção imperialista em coligação
com os Conservadores, uma coligação que dominou como Secretário Colonial. Chamberlain
era uma figura controversa e altamente carismática. Durante os seus 30 anos de carreira
política, causou a divisão dos dois principais partidos políticos britânicos.
George Lloyd foi um político reformista inglês nascido em Manchester, cujas
reformas sociais realizadas no seu governo, provocaram forte reação dos conservadores
britânicos mas forneceram as bases para o bem-estar usufruído mais tarde pela sociedade
britânica.
Alemanha:
Era o país mais bem-sucedido do continente, líder mundial em quase toda a esfera
industrial, da produção farmacêutica à tecnologia de automóveis, além de pioneira social na
promoção de seguros de saúde e pensões para idosos. Contudo, encontrava-se à beira de
uma crise constitucional. A classe operária industrial estava profundamente alienada de um
governo formado por ministros conservadores designados segundo a aceitabilidade pelo
cáiser. Sua instituição mais poderosa era o Exército, e seu líder coroado adorava cercar-se
de soldados.
França:
O império francês prosperava, apesar do crônico descontentamento de seus súditos
muçulmanos, sobretudo no Norte da África. Embora a desigualdade social persistisse, a
influência da classe de proprietários de terra era mais fraca do que em qualquer outro país
europeu. A classe média francesa, por sua vez, possuía mais poder político do que nos
países vizinhos. O temor da Alemanha e o apoio à Rússia formavam o pilar central da
política externa francesa.
Rússia:
Possuía a maior produção agrícola da Europa e crescia economicamente, com uma
classe empresarial em expansão, embora esta tivesse pouca influência no governo, ainda
dominado pela aristocracia de proprietários de terra. Além disso, os russos enfrentavam
imensa agitação provocada por operários insatisfeitos: entre 1913 e 1914, foram quase
6.000 paralisações. No que tocava à política externa, o país conservava uma aliança militar
estratégica com a França desde 1894, diante da ameaça representada pela Alemanha.
De qualquer forma, o estudo de equílibrio do poder tem dois conceitos, ou pode ser
dividido em dois conceitos: um estático, como uma fotografia do presente, e outro dinâmco
consistindo no estudo das forças que actuaram no passado, estão a actuar boje, e
continuarão a operar amanhã. Forças que mudarão o equilíbrio num dado momento. Na
verdade, o equilíbrio do poder nas relações internacionais ou na política internacional pode
ter um conceito restrito como, por exemplo, a atitude e política de um Estado, ou grupo de
Estados, protegendo-se contra outro Estado, ou grupo, consolidando o seu poder contra o
poder dos antagonistas
O sistema pluripolar, pluralista ou complexo é caracterizado pela existência de
múltiplos pólos de poder. Era esta a situação no Mundo ao tempo da Segunda Conferência
da Haia e a que existia no dealbar das Primeira e Segunda Guerras Mundiais. É um sistema
que pode apresentar sinais aparentes de estabilidade mas que tem em si próprio poderosos
germens de instabilidade. Isto porque devido à falha do «jogo das alianças», erro de cálculo
ou excesso da margem de liberdade de ação, o sistema pode desequilibrar-se. Um exemplo
do último caso foi o de Hitler invadindo a Polónia em 1939, fazendo desmoronar o precário
equilíbrio existente.
Domingo sangrento
Em 1904, a Rússia entrou em conflito com o Japão pelos territórios da China e da
Manchúria. Em 1905, a Guerra Russo-Japonesa acabou com a derrota russa e a oposição
ao czar ganhou força. Descontente com a desorganização da economia gerada pelo conflito
e humilhados pela derrota, o povo iniciou a Revolução de 1905. O movimento não tinha
liderança ou objetivos claros, mas um de seus episódios marcou a história do país: o
Domingo Sangrento.
Nesse dia, um protesto pacífico organizado pelo padre Gregori Gapone, que tinha
como finalidade entregar um abaixo assinado com uma série de exigências ao czar, foi
violentamente repreendido. O czar Nicolau II ordenou sua guarda, que abriu fogo contra os
manifestantes e deixou centenas de mortos.
A tragédia fortaleceu a oposição de vários setores da sociedade ao czar. Operários,
camponeses e soldados formaram conselhos chamados de sovietes, já a burguesia que
nascia no país pressionou o czar para que um Parlamento fosse criado. A fim de acalmar os
ânimos, o líder russo promulgou uma Constituição e convocou eleições para o Duma
(Parlamento). Dessa forma, a Rússia passava a ser uma monarquia constitucional, na qual
o czar continuava concentrando grande parte do poder e o Parlamento tinha suas ações
limitadas. Com essas medidas o czar conseguiu conter as revoltas e entre 1907 e 1914 o
país viveu certa tranquilidade.
O entre-guerras (1919-1939)
Os 14 pontos de Wilson
Em 8 de janeiro de 1918, o presidente democrata Woodrow Wilson, dos Estados
Unidos, apresentou seu programa dos Quatorze Pontos para acabar com a Primeira Guerra
Mundial (1914-1918). A proposta de Wilson sistematiza suas ideias já tornadas públicas em
abril de 1917, antes dos Estados Unidos entrarem em guerra. Defendia uma “paz sem
vencedores ou vencidos” que garantisse “tornar o mundo seguro para a democracia”.
Afirmava que se a autodeterminação das grandes nações fosse a base para a paz, então
aquele seria o último conflito, “uma guerra para acabar com todas as guerras”. Essas ideias
foram incorporadas em seus Quatorze Pontos.
Os primeiros cinco pontos, de importância geral, defendiam o fim dos acordos
secretos, a liberdade de navegação nos mares, o livre comércio, a redução dos
armamentos e o direito dos povos colonizados à autodeterminação.
Os pontos 6, 7, 8 e 11 falavam em evacuação das tropas alemãs da Rússia, da
Bélgica, dos Balcãs e da França (incluindo a região contestada da Alsácia-Lorena).
O 9º ponto defendia o reajuste das fronteiras italianas dentro dos limites nacionais.
Os pontos 10, 12 e 13 reconheciam a autonomia e independência da
Áustria-Hungria, da Turquia e da Polônia.
O 14º ponto, refletindo o idealismo do presidente norte-americano, anunciava a
criação de uma Liga das Nações com o objetivo de dar garantias mútuas de independência
política e integridade territorial aos Estados.
Apesar do idealismo de Wilson, os termos acordados pelos vitoriosos no tratado de
Versalhes, em 1919, foram duros com a Alemanha: a soberania e autodeterminação da
nação alemã foi arrasada. O país, considerado culpado pela guerra, foi forçado a
desmantelar suas forças armadas, entregar a maior parte de sua frota mercante e a
concordas com extensas reparações de guerra.
O impacto do acordo para a Alemanha plantou a semente da Segunda Guerra
Mundial. A Liga das Nações, por sua vez, mostrou-se incapaz de equilibrar os interesses
nacionais na arena internacional, especialmente sem a participação dos Estados Unidos
que, apesar dos esforços de Wilson, nunca se juntaram à organização.
Criação da URSS
Criada em 30 de dezembro de 1922 e dissolvida em 26 de dezembro de 1991, a
URSS configurou-se durante sessenta e nove anos de existência como um dos países mais
poderosos do mundo e também como a segunda maior potência militar. Portanto, para
entendermos como se deu tamanho desenvolvimento, iremos abordar nos próximos
parágrafos a ascensão, o apogeu e a queda de uma das maiores nações já existentes na
história mundial.
O governo de Lenin
Assim que assumiu o poder, Lênin passou a governar a Rússia com autoritarismo.
Ainda assim, o período também foi marcado por melhorias para a população, por exemplo,
a crise de abastecimento que solapava o país por décadas chegou ao fim e terras foram
concedidas para quem não tinha onde plantar seus alimentos.
Um dos marcos mais importantes do governo Lenin foi a retirada do país da Primeira
Guerra Mundial, a partir do tratado de Brest Litovski. Ainda assim, houveram muitas críticas
ao tratado, pois a Rússia entregou vastas áreas territoriais para a Alemanha – territórios que
hoje correspondem a países como Polônia e Bielorrússia.
Além disso, boa parte da população russa desaprovava o forte autoritarismo do
governo bolchevique. Assim, como forma de oposição ao governo foi criado o exército
branco, que passou a lutar contra o exército vermelho do governo, dando início a guerra
civil (1918-1921).
Após milhões de mortes, o exército vermelho de Lenin saiu vencedor do combate,
porém novamente o país ficou em estado crítico.
Para voltar a desenvolver a economia russa, Lenin criou a Nova Política Econômica
(NEP). Uma política que caracterizou-se pela nacionalização da economia e pela luta contra
a desigualdade social, a miséria e a fome. Também dentro dessas medidas, estava a
criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS.
Tratado de Briand-Kellogg
O Pacto Briand-Kellogg, também chamado Pacto Multilateral contra a Guerra, foi
originado de uma proposta apresentada por Aristide Briand, ministro francês das Relações
Exteriores, a Frank Billings Kellogg, secretário de Estado estadunidense.
O pacto foi assinado em 27 de agosto de 1928 por 15 países: Alemanha, Estados
Unidos, França, Reino Unido, Itália, Japão, Bélgica, Polônia, Canadá, Austrália, Nova
Zelândia, África do Sul, Irlanda, Índia – sob mandato britânico-, e Tchecoslováquia. Dos 57
Estados existentes na época, praticamente todos aderiram, exceto dois da península
arábica, Arábia Saudita e a República Árabe do Iêmem, e três sul-americanos: Argentina,
Bolívia e Brasil.
Composto de um pequeno preâmbulo e de três breves artigos, o pacto afirmava que
as partes assinantes condenavam “o recurso à guerra para a solução das controvérsias
internacionais e a ela renuncia(va)m como instrumento de política nacional nas suas mútuas
relações”, e se comprometiam que a “superação ou a resolução de controvérsias ou
conflitos que entre elas surjam, seja qual for a origem ou a natureza dos mesmos, só deve
encontrar-se por meios pacíficos”
Apesar do fracasso em impor a paz no mundo, o Pacto Briand-Kellogg constituiu um
marco fundamental do ponto de vista do direito internacional porque foi o primeiro pacto que
formalizou uma proposta de renúncia total à guerra, limitando assim um dos atributos
fundamentais dos Estados. O Brasil, que considerara desnecessário assiná-lo por causa da
tradição pacifista do país e porque princípios análogos já faziam parte da própria
Constituição de 1891, só aderiu em 3 de abril de 1934 (Decreto no 24.557), para assinalar
sua aproximação com os Estados Unidos e prestigiar o pan-americanismo, num contexto
onde a política externa do país começara a mudar. Por exemplo, as relações bilaterais do
Brasil com a Argentina, tradicional rival na região, se modificaram consideravelmente. A
cooperação com o país vizinho se consolidou com a assinatura, em outubro de 1933, do
Tratado de Conciliação e de Não Recurso à Guerra, mais conhecido como Tratado
Saavedra-Lamas, proposto pela Argentina um mês após sua reintegração na Liga das
Nações, e com disposições calcadas no Pacto Briand-Kellogg. O tratado recebeu a adesão
da maioria dos países do hemisfério e de alguns países europeus.
Ascensão do fascismo
A Grande Guerra, sucessivamente chamada de IGM, teve início no dia 28 de julho
de 1914 com a declaração de guerra da Áustria à Sérvia. O assassinato do arquiduque
Francisco Ferdinando pelo estudante Gavrilo Princip foi seu estopim. À época, o frágil
equilíbrio europeu decorria de duas enormes alianças. De um lado Grã-Bretanha, Rússia e
França e do outro Alemanha, Áustria-Hungria, Itália e Império Turco-Otomano. Dessa forma,
em poucas semanas formou-se a IGM. Guerra em que se envolveram países não-europeus
e todos os Estados europeus, com exceção da Espanha, Países Baixos, os três países da
Escandinava e Suíça.
A Itália não declarou guerra à Entende mesmo sendo membro da Tríplice Aliança
desde 1887, dessa forma confirmou a sua duvidosa adesão à aliança. Além disso, a Itália
possuía um tratado secreto com a França, datado de 1902, que lhe prometia futuras
concessões territoriais. Dessa forma, em 1915 a Itália declarou guerra à Tríplice Aliança
após a assinatura do Tratado de Londres. O tratado previa, em caso de vitória, a obtenção
por parte da Itália de territórios como o Trento, a Dalmácia e o Trieste
Mesmo com a vitória, o sentimento de "vitória mutilada” foi geral, sobretudo entre os
oficiais que voltavam do front e os estudantes. Os esforços despendidos naquela que seria
a última das guerras foram incompreendidos e não obtiveram o retorno esperado na visão
dos nacionalistas italianos. O Tratado de Versalhes não trouxe os territórios esperados pela
Itália. O desfecho negativo para os italianos se deu em função da análise errada de Sonnino
que, ao montar sua política externa baseando-se na velha concepção de que o Império
Habsburgo deveria manter-se unido, não negociou da maneira que deveria com os
movimentos nacionalistas que surgiam no seio do decadente império. Além da errônea
avaliação do ministro Sonnino, Wilson pareceu querer aplicar os seus famosos princípios
somente nas relações envolvendo a Itália no Tratado de Versalhes.
Mussolini não estava sozinho: na esteira da guerra, muitos italianos ficaram
desapontados com o Tratado de Versalhes. Eles sentiram que o tratado, que dividiu o
território das nações agressoras, desrespeitou a Itália ao conceder-lhe muito pouca terra.
Essa “vitória mutilada” moldaria o futuro da Itália. Em 1919, Mussolini fundou um movimento
paramilitar que chamou de Fasces Italianos de Combate. Um sucessor do Fasces Ação
Revolucionária, este esquadrão focado em combate visava mobilizar veteranos da guerra
experimentados que poderiam devolver a glória à Itália.
Mussolini esperava traduzir o descontentamento da nação em sucesso político, mas
o jovem partido sofreu uma derrota humilhante nas eleições parlamentares daquele ano.
Mussolini obteve apenas 2420 votos em comparação com os 1,8 milhão do Partido
Socialista, encantando seus inimigos em Milão, que realizaram um funeral falso em sua
homenagem.
Imutável, Mussolini começou a cortejar outros grupos que estavam em desacordo
com os socialistas: industriais e empresários que temiam greves e desacelerações,
proprietários rurais que temiam perder suas terras e membros de partidos políticos
intimidados pela crescente popularidade do socialismo.
Os novos e poderosos aliados de Mussolini ajudaram a financiar a ala paramilitar de
seu movimento, conhecida como “os camisas negras”. Embora Mussolini professasse estar
contra a opressão e a censura de todos os tipos, o grupo rapidamente se tornou conhecido
por sua disposição de usar a violência para obter ganhos políticos.
Os camisas negras aterrorizaram socialistas e inimigos pessoais de Mussolini em
todo o país. O ano de 1920 foi cruel, com fascistas marchando pelas cidades, espancando e
até matando líderes sindicalistas e efetivamente tomando o poder local. Mas o governo
italiano, que compartilhava a inimizade dos fascistas com os socialistas, pouco fez para
conter a violência.
Ascensão do nazismo
Apesar da relevância do Sonderweg para justificar a ascensão nazista na Alemanha,
é sem dúvida durante a chamada República de Weimar que encontramos os principais
fatores para tal ascensão.
Em meio às cinzas da guerra e do império, a República de Weimar surgiu diante de
uma série de dificuldades econômicas para a Alemanha derrotada e o mundo em geral.
Naquele momento pela primeira vez a Alemanha experimentava uma forma de governo
democrática. Sendo assim, o país não tinha tradição alguma nesse modelo de governo.
Ficou evidente desde o início que a República de Weimar teria muitas dificuldades para se
estabelecer em um longo prazo. Isso não só porque o país não tinha uma tradição
republicana, mas também porque a República surgiu em um hiato de poder, sem ter bases
realmente sólidas.
Em função das sérias dificuldades econômicas do pós-guerra e das rigorosas
condições impostas pelos vencedores da Primeira Guerra no Tratado de Versalhes,
assinado em 1919, um profundo ceticismo em relação à República foi crescendo. O período
da República de Weimar foi marcado pela constante luta contra movimentos que
reivindicavam o poder. Comunistas, anarquistas e fascistas se alternavam em constantes
revoltas que só mostravam o quão frágil era a República. A verdade é que esses
movimentos demonstravam não somente a incapacidade dos governantes de resolver a
crise como a incapacidade que eles tinham de obter o apoio popular. Naquele momento,
fica evidente que a República que se instalou na Alemanha não representava efetivamente
os anseios populares. A insurreição comunista promovida pelos importantes líderes
comunistas Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht em 1919 foi o primeiro exemplo disso. O
governo respondeu de forma dura, assassinando os líderes do motim. A partir daí os mais
diversos movimentos dos mais diversos grupos ocorreram de forma sistemática na
Alemanha. Dentro desse cenário, tornou-se claro que o primeiro desses movimentos a se
organizar relativamente bem teria boas condições de obter o poder fosse por intermédio da
força ou do voto.
Ao final de 1923, a inflação na Alemanha também atingia níveis alarmantes, ao
ponto que o dólar chegou a valer trilhões de marcos alemães. É nessa conjuntura
econômica e social que ainda nesse mesmo ano, o Partido Nacional Socialista Alemão, do
até então desconhecido Adolf Hitler tentou tomar o poder usando a força. O golpe, que ficou
conhecido como “Putsch de Munique” fracassou, o que veio a adiar em uma década a
ascensão de Hitler e seus camaradas. Esses dez anos seriam de vital importância para que
os nazistas se reorganizassem e preparassem sua ascensão.
O Partido Nazista já vinha se reestruturando desde o fracassado Putsch da
Cervejaria29 em Munique e, com o relaxamento das sanções, se tornou ainda mais forte em
seu objetivo maior, o de governar a Alemanha.
O partido então já contava em seus quadros com nomes que em pouco tempo
ocupariam papéis importantíssimos no III Reich, como o de Joseph Goebbels, Hermann
Goering, Alfred Rosenberg, Rudolf Hess e Heinrich Himmler. Apesar dessa força crescente
do partido nazista, a recuperação econômica dos últimos anos vinha dando força à
República de Weimar. É quando em 1929, a quebra da Bolsa de Valores de Nova York,
levou a Alemanha novamente a clamar pelo fim da República. Shirer (1960), destaca que de
volta a crise, em um país cheio de ressentimentos e com a ascendente figura de Adolf
Hitler, os anos de República pareciam que chegariam ao fim. Os movimentos de
extrema-direita representados pelos nacionais socialistas e os de extrema-esquerda se
fortaleceram muito dentro da crise. O governo republicano havia perdido praticamente todo
e qualquer apoio popular, mas ainda assim von Hindenburg, conseguiu ser reeleito nas
eleições presidenciais de 1932.
A política alemã vinha sofrendo modificações aceleradas a partir de 1936. A
denúncia do Tratado de Locarno e a saída da Sociedade das Nações, liberou, a partir de
1936, a Alemanha para uma política de rearmamento de características espetaculares. Isto
permitiu a Hitler, em novembro de 1937, uma guinada que significava a passagem a uma
política exterior ativa. O objetivo sempre declarado de autodecisão dos alemães deveria ser
alcançado com meios pacíficos, mas, a partir daquele momento, implicaria o uso da ameaça
de guerra e sua efetiva utilização em caso de necessidade.
A retórica de Hitler começava a causar um impacto profundo no cenário político da
Alemanha. O país viveu uma crise econômica acentuada após o final da Primeira Guerra
Mundial, a República de Weimar demonstrava uma dificuldade acentuada de obter
legitimidade popular, o capitalismo mundial era contestado tanto por grupos de direita como
de esquerda, a Alemanha ainda não tinha assimilado a derrota na guerra. O discurso do
jovem partido nazista era tudo o que a Alemanha precisava para que a República
começasse a escrever suas últimas páginas. Através do partido, um sentimento que ainda
parecia adormecido na Alemanha, em função da política externa conciliadora da República
de Weimar, começava a ficar latente: o sentimento de revanchismo.
A população alemã ainda sofria os efeitos da derrota na guerra, mas não havia
demonstrado até aquele momento todo o rancor gerado principalmente por Versalhes.
Através dos movimentos de extrema direita, o povo escolheu seus vilões para aquela
derrota. Liberais, comunistas e judeus passaram a ser daí para frente escolhidos como
responsáveis não só pela derrota na batalha, mas principalmente pela postura passiva
alemã durante o Tratado de Versalhes.
O fortalecimento do partido e das ideias de extrema direita pela Europa fica claro
com a ascensão do Duce Benito Mussolini na Itália em 1922. A força do partido fascista
inspirou Hitler a seguir o mesmo caminho e tentar tomar o poder através da força através de
um golpe que teve início na cidade de Munique. Usando como justificativa a gravíssima
crise econômica que o país enfrentava naquele momento, Hitler buscava o poder pela
primeira vez, mas foi rapidamente reprimido pelo governo. O fracasso do movimento só
serviu para expor mais ainda o quão grave era a situação da República de Weimar e para
disseminar ainda mais as ideias nacionalistas socialistas. Hitler
Em meados dos anos 20 Goebbels se filiou ao partido. Com Goebbels à frente da
propaganda, a institucionalização do partido passou a ser definitivamente marcada pelo
desenvolvimento de culto, antes nunca visto à personalidade, tendo a figura de Hitler maior
que o próprio partido e mais adiante se tornaria maior até que a Alemanha. Movimentos
como a juventude Hitleriana, mostram a que patamar chegou o culto à figura de Hitler.
O dia 30 de janeiro de 1933 é um marco importantíssimo na história da Alemanha. É
nessa data que Adolf Hitler assume o papel de chanceler ao ser nomeado pelo presidente
Paul von Hindenburg. A partir desse momento e durante os 12 anos seguintes, a Alemanha
iria experimentar um dos regimes mais autoritários, mas ao mesmo tempo mais populares
de que se tem conhecimento.
Em paralelo a todas as mudanças de cunho político e social implementadas por
Hitler após sua ascensão e descritas no capítulo anterior, a Alemanha passou por
importantes transformações econômicas naqueles anos que se sucederam. Tendo sido
fortemente afetada pela crise internacional do capitalismo liberal pós crise de 1929, o novo
governo recolocou o país no caminho do crescimento econômico através de uma política
econômica intervencionista e um alto nível de investimento público em alguns setores da
economia.
O Tratado de Rapallo
Em 16 de abril de 1922, um evento que chocou as potências da Europa Ocidental.
Na cidade de Rapallo, perto de Gênova, a Rússia Soviética e a República de Weimar
assinaram um acordo sobre o estabelecimento de relações diplomáticas, a resolução de
todas as disputas e o estabelecimento de uma cooperação de longo prazo. Assim, ambos
os Estados, párias no cenário internacional, deixaram claro para a Entente que não
pretendiam permanecer em isolamento.
Os alemães e russos estavam passando por um período desagradável de sua
história. Os primeiros foram declarados os principais culpados da eclosão da Primeira
Guerra Mundial e estavam sob uma enorme pressão por reparações. Os russos, por sua
vez, estavam isolados do resto do mundo, pois apenas Afeganistão, Estônia e Letônia
reconheciam o recém-constituído “Estado dos trabalhadores e camponeses”.
As potências da Entente acreditavam que a Alemanha e a Rússia estavam
completamente sob sua influência e que Paris e Londres lhes ditavam as condições de
como sair daquela difícil situação. A reaproximação de dois Estados párias,
ideologicamente distantes, que até recentemente tinham sido inimigos no campo de
batalha, era algo completamente inesperado.
O tratado pôs fim ao isolamento diplomático de ambos os países, que se seguiram à
Revolução Russa de 1917 e ao fim da Primeira Guerra Mundial. Ele foi planejado como uma
espécie de eixo anti-Versalhes contra os países vencedores da Guerra, uma vez que tanto
Rússia como Alemanha haviam sofrido grandes perdas em termos territoriais e de poder
político após aquele Tratado.
Essa guerra ficou marcada por uma série de acontecimentos impactantes, como o
Massacre de Katyn, o Holocausto, o Massacre de Babi Yar e o lançamento das bombas
atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.
Na verdade, a guerra foi resultado de uma crise que vários países do mundo
enfrentaram desde 1930. Para superar a pobreza e o desemprego, alguns desses países —
a Alemanha, o Japão e a Itália — procuraram conquistar riquezas e terras de povos
vizinhos. Assim, começaram a invadir e atacar diversas regiões, até que, no dia 1º de
setembro de 1939, quando a Alemanha ocupou a Polônia, estourou a guerra. Durante o
conflito, esses três países se aliaram, formando o grupo conhecido como Eixo.
Em 1940, os exércitos de Hitler conquistaram a Noruega, a Dinamarca, a Holanda, a
Bélgica e o norte da França. A Inglaterra, com o apoio dos Estados Unidos, conseguiu
resistir. E, em 1941, quando a Alemanha invadiu a União Soviética e o Japão atacou Pearl
Harbor, uma base dos Estados Unidos, a guerra passou a envolver intensamente vários
países do mundo. Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética se uniram contra o Eixo,
com o nome de Aliados. O Brasil juntou-se aos aliados em 1942, depois que teve navios
afundados por submarinos alemães.
De 1939 até 1942, os países do Eixo conquistaram imensos territórios, onde
implantaram a “Nova Ordem” nazista. Exploraram as riquezas e o trabalho das pessoas que
viviam nesses países, e foram responsáveis pela morte de milhões de judeus, ciganos e
eslavos, grupos que consideravam inferiores. Mas os países ocupados começaram a reagir,
organizando movimentos clandestinos e guerrilhas.
O fator decisivo para os Aliados venceram a guerra foi que os Estados Unidos e a
Inglaterra tinham muito mais dinheiro para manter seus exércitos do que os países do Eixo.
Esses recursos, associados ao enorme exército da União Soviética, fizeram com que os
países do Eixo recuassem. No dia 8 de maio de 1945, os Aliados foram enfim considerados
vencedores.
Pacto Molotov-Ribbentrop
O Pacto Germano-Soviético foi assinado em agosto de 1939. Ele pavimentou o
caminho para a invasão e ocupação conjunta da Polônia pela Alemanha nazista e pela
União Soviética em setembro daquele mesmo ano. O Pacto foi um acordo de conveniência
entre os dois grandes e amargos inimigos ideológicos. Ele permitia que a Alemanha nazista
e a União Soviética criassem esferas individualizadas de influência na Europa Oriental, ao
mesmo tempo em que as duas potências prometiam não se atacar por dez anos.
Entretanto, apenas dois anos após sua assinatura, Hitler lançou uma invasão contra a
União Soviética.
O Pacto Germano-Soviético possuía duas versões, uma pública e uma secreta. A
parte pública era um pacto de não agressão em que cada signatário prometia não atacar o
outro. Além disso, o Pacto também estabelecia que, caso uma das duas potências fosse
atacada por um terceiro país, o outro signatário não forneceria assistência de qualquer tipo
para o país atacador. Cada um ainda concordou em não participar de tratados com outras
potências que, direta ou indiretamente, prejudicassem o outro. O acordo de não-agressão
deveria durar dez anos e seria automaticamente renovado por cinco anos adicionais caso
nenhum dos signatários quisesse rescindi-lo.
A parte secreta do acordo era um protocolo que estabelecia as respectivas esferas
de influência soviética e alemã na Europa Oriental. Esse protocolo reconhecia a Estônia,
Letônia e Bessarábia como estando dentro da área de influência soviética. Os signatários
concordaram em dividir a Polônia seguindo as linhas dos rios Narev, Vístula e San.
Hitler via o Pacto Germano-Soviético apenas como uma manobra tática e
temporária. Ele nunca pretendeu manter os termos do acordo por dez anos conforme havia
sido acordado entre as partes. Seu plano de longo prazo sempre foi que as forças alemãs
atacassem a União Soviética, estabelecendo assim um Lebensraum (espaço vital) para os
alemães que seriam colocados nos territórios soviéticos apropriados pelos nazistas.
Todavia, antes de efetuar tal manobra, Hitler pretendia subjugar a Polônia e derrotar a
França e a Grã-Bretanha. O pacto de não-agressão permitia à Alemanha lutar nestas
guerras intermediárias sem temer um ataque soviético, evitando assim uma guerra em duas
frentes.
Em julho de 1940, um mês após a Alemanha derrotar a França, Hitler ordenou o
início dos preparativos para uma guerra contra a União Soviética. Os diplomatas alemães
trabalharam a fim de assegurar o flanco alemão no sudeste da Europa. Em novembro de
1940, a Hungria, a Romênia e a Eslováquia aderiram à aliança do Eixo. Durante a
primavera de 1941, Hitler informou a seus aliados europeus os planos de invasão da União
Soviética.
Em 18 de dezembro de 1940, Hitler assinou a Diretiva 21 (denominada “Operação
Barbarossa"), a primeira ordem operacional para a invasão da União Soviética. Desde o
início do planejamento operacional, tanto o sistema militar quanto às autoridades policiais
alemães pretendiam travar uma guerra de aniquilação contra o que percebiam como sendo
o governo comunista "judaico-bolchevique" da União Soviética, e também contra os
cidadãos soviéticos, em especial os judeus.
Em 22 de junho de 1941, as forças alemãs invadiram a União Soviética. Isto
aconteceu apenas dois anos após a assinatura do Pacto Germano-Soviético.
Operação Barbarossa
No dia em que Hitler ordenou que as tropas alemãs invadissem a URSS, na
madrugada de 22 de junho de 1941, há 80 anos, perdeu a Segunda Guerra Mundial. A
Operação Barbarossa, como foi batizada a invasão em homenagem ao imperador Frederico
I, tornou inevitável a derrota do nazismo, ainda que também tenha levado a guerra a um
nível de selvageria desconhecido até então: o objetivo do Terceiro Reich não era vencer
seus inimigos, e sim exterminá-los. Os quatro anos que restavam de conflito estão entre os
mais sangrentos da história, não somente nas frentes de batalha, e sim também na
retaguarda porque foi nesse momento em que começou o assassinato sistemático dos
judeus europeus.
As manobras militares nazistas começaram no front oriental, em direção aos
domínios soviéticos, em 22 de junho de 1941. Nos primeiros meses, os ataques nazistas
tiveram sucesso, dada a surpresa com que o Exército Vermelho de Stalin recebeu a notícia
de que estava sendo invadido por várias frentes ao mesmo tempo. A Wehrmacht (Forças
Armadas Alemãs) tinha agora dois fronts de batalha, atuando em praticamente toda a
Europa. Restou aos soviéticos defender suas posições estratégicas, com as cidades de
Moscou e Stalingrado. Nesse processo, a população civil soviética foi quem mais sofreu.
Uma das táticas de guerra usadas pela Wehrmacht, quando cercou as cidades
soviéticas, foi a imposição de requisição de alimentos aos civis. Muitos campos de cereais,
por exemplo, foram expropriados pelos nazistas para que as tropas tivessem reservas a fim
de permanecer nas batalhas sem precisar recuar. Milhares de ucranianos, russos, lituanos,
estonianos e demais povos da região morreram de fome por falta de comida.
Em seu delírio racial, o ditador nazista Hitler pensava que um país que considerava
povoado por Untermenschen (sub-humanos) seria subjugado em questão de semanas,
como havia ocorrido com a Polônia, França e os Países Baixos. O ditador soviético Josef
Stalin,desconfiado e impiedoso assassino de multidões, acreditou cegamente –contra
informações contrárias das quais dispunha– que a Alemanha não romperia o pacto de não
agressão que havia assinado dois anos antes. Seu Exército, dizimado durante os grandes
expurgos, não estava, de maneira nenhuma, preparado. O custo de vida desse terror é
impossível de ser medido; mas Hitler não soube calcular a imensidão do espaço soviético,
sua capacidade de produção industrial e as centenas de milhares de soldados de reforço
enviados para combater os confins da URSS.
No outono, as linhas de abastecimento alemãs começaram a se quebrar com
dezenas de milhares de soldados, seus cavalos e seus veículos presos na lama. O general
inverno russo inutilizou uma parte do armamento alemão, enquanto os soldados não tinham
roupas adequadas para temperaturas siberianas: como Hitler pensava que a ofensiva seria
questão de semanas, não pensou em equipamento especial para o frio, equipamento que
os soldados soviéticos possuíam. O fracasso na tomada de Moscou significou um ponto de
não retorno na ofensiva e na guerra.