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QUESTÕES FORMAÇÃO DO SISTEMA INTERNACIONAL

Questão 01: Módulo I - Críticas às visões Eurocêntricas da formação do sistema


internacional (Dussel 2005, Wolf 2009 e Abu-Lughod 1991)
● Aspectos da crítica às concepções eurocêntricas da história
● Exemplos das limitações da visão eurocêntrica

No texto "Europa, modernidade e Eurocentrismo" Dussel (2005), o autor afirma que a


Europa nem sempre foi o centro do mundo, apesar da idéia que predominou, até 1990, de que
o ocidente tinha qualidades "especiais" que lhe permitiu dominar o resto do mundo. A
ideologia eurocêntrica tem a história da Europa Ocidental como ponto de convergência de
todas as outras histórias de outras nações, a fim de justificar a atual hegemonia da Europa e
falácias como a de que a Europa é detentora da verdadeira religião, cristianismo; ou que os
Europeus são mais "racionais", capacidade de racionalização do mundo essa, que originou o
sistema capitalista, pois promoveu uma organização da vida benéfico ao modo de produção.
Dussel, em sua crítica, faz menção ao invento ideológico da diacronia unilinear, ou seja, a
ideia que tem a Europa Ocidental como herdeira direta de Grécia e Roma, o que é uma
grande mentira contada para reforçar ainda mais a superioridade Europeia em relação ao resto
do mundo.
Como resultado dessa ideologia, a modernidade é um conceito Eurocêntrico que não
considera o "outro", ou seja, o mundo que foi colonizado, mundo além da Europa Ocidental.
Essa visão de mundo nos impede de enxergar e dar a devida importância à outros povos e
outras histórias que contribuíram tanto quanto a europa, se não mais, para a formação da atual
conjuntura internacional. Por exemplo, o comércio de longa distância que existia no mundo
antes da consolidação do capitalismo, foi responsável por conectar o mundo, por mais
frouxamente que fosse. Conexão essa iniciada pela civilização Islâmica que se expandiu de
forma rápida. O que nos leva a perceber que existiu antes da hegemonia europeia, um sistema
de trocas que integrou diversas sociedades avançadas ao redor do mundo. Foi um período no
qual pode haver existido um equilíbrio de forças entre Oriente e Ocidente.
Questão 02: (Arrighi,2000) Três pares conceituais para entender a formação do
capitalismo histórico nos séculos XVI-XVIII: Dominação vs Hegemonia, Anarquia
ordenada vs Caos sistêmico e Lógica territorialista vs Lógica capitalista.
● O sistema Europeu era anarquia ordenada ou caos sistêmico?
● Lógica de ação estatal do império habsburgo e das Províncias Unidas era lógica
capitalista ou lógica territorialista?
* Qual das duas potências procurou impor sua dominação e qual procurou
liderar por meio de hegemonia?

Anarquia ordenada designa a ausência de um governo central, como o atual sistema


internacional, pois os Estados estão em igualdade jurídica em relação uns com outros, ou
seja, não há um país soberano, acima dos outros. Caos sistêmico é a situação de falta total de
organização. Ausência de regras que leva à uma necessidade crescente de "ordem".
O sistema Europeu, durante o período hegemônico das Províncias Unidas passou de um
caos sistêmico para uma ordem anárquica sob a liderança da atual Holanda. No começo do
século XVII o caos levou os governantes Europeus à um interesse geral em racionalizar a luta
pelo poder. Estabeleceu-se assim um moderno sistema internacional, com o tratado de
Vestfália de 1648, que garantiu, entre outras coisas, a formação de um único sistema político
fundamentado no direito internacional e no equilibrio de poder e que garantisse a soberania
de cada Estado, ou seja, não havia um governo ou um entidade central e suprema.

Na Lógica capitalista, a dominação do território é um meio para o fim último, que seria
dominar os recursos à exemplo das Provincias unidas. Por outro lado, existem os Estados
adéptos da Lógica territorialista, o controle do capital é um meio para a conquista de novos
terrítorios, como é o caso da Dinastia dos Habsburgos.

Dominação é parte da hegemonia. A hegemonia possui algum grau de consentimento pois


há a identificação do interesse particular, da hegemonia, que é universalisado. Para ser
hegemonica há a necessidade da potencia dominar não só as outras nações, como também, a
dominação das ideias. Segundo Arrighi, as províncias unidas dominavam nao só o comércio
da época, mas as ideias também. sendo um exemplo, portannto de uma país que exercia
influencia em nível hegemonico, ao contrario do império habsburgo que, através do uso da
força, e com ausencia de legitimidade e reconhecimento, dominava territórios.

Questão 03: (Kennedy 1989) Razões da ascensão da Europa


● Explique o argumento de kenedy
● Qual o traço fundamental da estrutura política da Europa? Como esses traços
geraram pressão competitiva política, econômica, militares e tecnológicas que
levaram a Europa ao domínio.

Porque outras sociedades não se desenvolveram para o modelo capitalista? A Europa tinha
características que pertenciam não só à ela, como a burguesia mercantil, comércio agrícola e
de longa distância, Estado, bancos entre outros. Tais características existiam em outras
sociedades como por exemplo a Africana e a que chamamos hoje de China. Várias outras
civilizações poderiam ter desenvolvido o capitalismo antes da Europa, pois, naquele período,
estavam numa fase parecida de desenvolvimento.
Kennedy em seu texto define a Europa e seus habitantes como "dispersos"e "pouco
adiantados". Para o autor os fatores determinantes para a ascensão da Europa foram a
FRAGMENTAÇÃO, GEOGRAFIA, CLIMA, CORRIDA ARMAMENTISTA e outros
fatores que incentivaram a competição entre Estados Europeus e o consequente
desenvolvimento tecnológico, militar, econômico e político. As outras civilizações, por
estarem ˜estáveis" e não ameaçadas, possuírem monopólios e não haver disputa política pela
tomada de poder, não desenvolveram essa "rivalidade" e preocupação em desenvolver
métodos de defesa e ataque, portanto, não eram competitivas. O principal argumento de
Kennedy é que a ascenssão Europeia se deve a competição, a conquista americana (fatores
externos) foi importante, mas a dinâmica interna é mais importante para a análise da
hegêmonia Europeia.
Questão 05: Lançando mão dos conceitos de dominação e hegemonia, caos sistêmico e
anarquia ordenada e lógica territorialista e capitalista, descreva o sistema interestatal
no período do imperialismo da segunda metade do século XIX.

O imperialismo da metade do século XIX consistiu em um tipo de política expansionista das


principais nações européias, através da lógica territorialista, em uma época de caos sistêmico
em nível internacional em que os grandes Estados lutavam entre si para aumentar sua
influência e seus recursos . Tinha como objetivo, a busca de mercado consumidor, mão de
obra e matéria prima para o desenvolvimento da indústria. Esse fenômeno ocorreu após as
revoluções burguesas, a formação das nações modernas na Europa e o avanço industrial. A
expansão Europeia sob as regiões estratégicas do terceiro mundo se deu através da
dominação, ou seja, não houve consenso, foi através da força que dominaram e exploraram a
África, índia, Oceania entre outros países.

Questão 04: (ajayi 20010) A partir de que momento pode se falar com propriedade da
integração da África á economia-mundo hegemônico da Europa?

Na época colonial, a África era responsável não só pelo comércio de longa distância, como
também pelo tráfico negreiro, atividades essas de grande importância para a formação do
capitalismo histórico.
A partir do séc XIX, o interesse dos EUA e da Europa em relação a África, deixou de ser o
mercado de escravos e passou a ser pela busca do controle de territórios estratégicos para
integrá-los á economia mundo capitalista como fornecedores de matérias primas e
consumidores dos produtos resultantes da rev industrial
As dinâmicas internas da áfrica, ao menos até 1850, foram os fatores definidores
de sua forma de inserção na economia-mundo e nada remontam á época colonial.

“É preciso lembrar que os europeus e os americanos chegavam à África pelo mar,


concentrando–se assim nas costas. Penetraram pouco no interior do continente
antes de 1850, enquanto os principais acontecimentos do início do século XIX na
África, tais como o Renascimento Etíope, o Mfecane ou as jihad da África Ocidental,
surgiram todos, com exceção da reforma de Muhammad ‘Ali, no interior do
continente”

No início do século XIX, as tradições herdadas do século XVIII e as mudanças


próprias à África tiveram muito mais importância do que as mudanças vindas de fora
“A grande transformação das relações econômicas da África com o resto do
mundo não foi o produto da partilha do continente no fim do século XIX. Ao
contrário, a partilha da África foi uma consequência da transformação das relações
econômicas desse continente com o resto do mundo e, em particular, com a Europa
Transformação dos processos de produção e sua integração à divisão
internacional do trabalho; II. Transformação das estruturas políticas, fortes
internamente, mas fracas externamente
A integração se deu fortemente relacionado a criação dos estados coloniais.E a
abolição da escravatura que foi incentivado pela inglaterra. O tráfico de escravos
parecia, de imediato, menos útil para a produção açucareira e para as outras
culturas praticadas nas zonas de influência britânica, e até mesmo contra-indicado
se houvesse a intenção de encorajar as culturas comerciais na África Ocidental
(integrar a áfrica no sistema capitalista”
Entre 1750 e 1850 a África seria definitivamente integrada à economia-mundo
capitalista, não mais como fornecedora de bens de luxo, metais preciosos ou
pessoas escravizadas, mas como fornecedora de matéria-prima e mercado
consumidor dos produtos industriais das potências europeias, naquele momento em
processo acelerado de industrialização. Essa divisão internacional do trabalho se
manteria ao longo de todo o século e meio seguinte, e se mantém nos dias de hoje.
“Portanto, pensamos que o processo de integração da África (do Norte, do Oeste e
do Sul) em um sistema histórico particular, a economia-mundo capitalista, remonta a
1750. Assim, a partilha do continente constitui não o início, mas o resultado desse
processo.

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