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A nova ordem europeia no século XIX: os efeitos da dupla revolução na história


contemporânea

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A nova ordem europeia
no século XIX:
os efeitos da dupla revolução
na história contemporânea

André Luiz Reis da Silva*

Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar a construção da nova ordem europeia no século XIX,
buscando perceber como o desenvolvimento econômico e as transformações políticas im-
pactaram o continente, tanto do ponto de vista interno das sociedades, como do sistema de
relações internacionais. Discute os efeitos da dupla revolução (Francesa e Industrial) na
formação da época contemporânea.

Palavras-chave: Revolução Francesa. Revolução Industrial. Europa. Relações Internacionais.

1 Introdução

A passagem do século XVIII para o século XIX inaugura o que,


convencionalmente, se denomina de história contemporânea. Depois de
quase quatro séculos de acumulação de capital, de comércio colonial, de
sucessivas guerras hegemônicas e contra-hegemônicas, da desestrutura-
ção do feudalismo, da expansão da linguagem escrita e do ensino, da
lenta conquista e subjugação de outras civilizações, a Europa teve de
enfrentar uma profunda transformação de seu processo histórico, que
reafirmava tendências anteriores. Assim, o desenvolvimento da burgue-
sia desencadeou as duas grandes revoluções, a Francesa e a Industrial,
que marcaram o início de uma nova era.
Entretanto, a vitória da burguesia trazia consigo também diversas
contradições. A ideologia libertadora, impulsionada pelo iluminismo
liberal, impulsionou a radicalização do pensamento e da prática social.
Assim, o século XIX conviveu com novas e velhas tendências, que dispu-

* Doutor em Ciência Política e Mestre em História (UFRGS). Professor Adjunto de Relações


Internacionais do Departamento de Ciências Econômicas da UFRGS. Pesquisador do Nú-
cleo de Estratégia e Relações Internacionais (NERINT/UFRGS).
(E-mail: reisdasilva@hotmail.com).
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tavam a hegemonia da Europa, como chave para a hegemonia do mundo.
Liberalismo, feudalismo, socialismo, comunismo, anarquismo, raciona-
lismo, positivismo e romantismo foram algumas das expressões da Euro-
pa em transformação.
Este artigo tem como objetivo analisar a construção da nova ordem
europeia no século XIX, buscando perceber como o desenvolvimento eco-
nômico e as transformações políticas impactaram o continente, do ponto de
vista tanto interno, das sociedades, como do sistema de relações interna-
cionais estruturado. Conclui que o domínio político e militar do mundo
pela Europa viria a ser o produto da era da dupla revolução (política e
econômica).

2 A Europa no final do século XVIII

A Europa, no final do século XVIII, era, ao mesmo tempo, menor e


muito maior que no nosso século. Era menor porque se conheciam apenas
pequenos pedaços do mundo habitado. Com o desenvolvimento da carto-
grafia e impulsionados pela expansão e comércio colonial, os principais con-
tornos dos continentes e da maioria das ilhas eram conhecidos, embora não
muito corretamente. Não só o mundo conhecido era menor, mas também o
mundo real, pelo menos em termos humanos, dado que a população mun-
dial ainda era pequena, concentrando o maior peso demográfico na Ásia.
A Europa tinha 187 milhões de habitantes em 1800 (HOBSBAWM, 1989).
Por outro lado, o mundo era maior pelas dificuldades de transporte
e comunicação. A correspondência poderia demorar dias para alcançar seu
destino. O transporte terrestre era lento. A maior parte das pessoas não
viajava ou enviava cartas (eram analfabetos). O mundo de 1789 era, portan-
to, para a maioria de seus habitantes, incalculavelmente grande.
A maioria deles, a não ser que fossem arrancados de suas regiões por um
acontecimento desestabilizador, viviam e morriam no distrito ou mesmo
na paróquia onde nasceram. Mas a abertura da conquista e do comércio
mundial e colonial havia projetado a população europeia para o Atlântico,
em busca de novas oportunidades.
O mundo do início do século XIX, a despeito da Revolução Indus-
trial, ainda era predominantemente rural. Na Inglaterra, pioneira da Revo-
lução Industrial, a população urbana só veio a ultrapassar a população
rural pela primeira vez em meados do século XIX. Mas o termo “urbano”
também inclui pequenas cidades de província. A cidade provinciana ainda
pertencia essencialmente à sociedade e à economia do campo. O problema
agrário era, portanto, o fundamental no ano de 1789. Hobsbawm (1989,
p.29) afirma – é fácil compreender porque a primeira escola sistematizada
de economistas do continente, os fisiocratas franceses, tomara como verda-
de esse fato – que a terra, sobretudo o seu aluguel, era a única fonte de
renda líquida.

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É possível dividir, do ponto de vista das relações de propriedade
agrária, o complexo econômico cujo centro era a Europa Ocidental, em
três grandes segmentos. No além-mar (colônias americanas), utilizava-se
o trabalho escravo ou obrigatório. Na Europa Oriental, a base ainda era a
servidão (com algumas faixas de camponeses livres). Na Europa Ociden-
tal, o camponês típico tinha perdido muito de sua condição de servo no
final da Idade Média. Mas havia ainda uma série de obrigações conferi-
das aos camponeses. A agricultura europeia era ainda tradicional e inefi-
ciente, fora em algumas regiões adiantadas. Em poucas áreas havia uma
agricultura puramente capitalista. Mas lentamente esse modelo ia se im-
pondo, com o surgimento de uma classe de empresários agrícolas, os
fazendeiros, e um enorme proletariado rural.
Enquanto o mundo agrícola ainda estava pouco desenvolvido, o
comércio e as manufaturas mostravam seu dinamismo. Nessa época, um
sistema de vias comerciais marítimas circundava a terra, trazendo seus
lucros às comunidades mercantis europeias do Atlântico Norte. O cres-
cimento desse comércio criou condições rudimentares para um precoce
capitalismo industrial. A rápida e sempre crescente expansão maciça do
comércio e do empreendimento capitalista europeu minava a ordem so-
cial dessas civilizações afroasiáticas.
As ciências, ainda não divididas pelo academicismo do século XIX
em pura e superior, e “aplicada” e inferior, dedicavam-se aos avanços
produtivos. A educação ia desenvolvendo-se, embora a burguesia dese-
jasse uma escola mais prática, empirista e mais descolada do sistema
educacional escolástico-medieval.
Nesse sentido, o Iluminismo passou a ganhar terreno. O Ilumi-
nismo foi o movimento cultural e intelectual europeu do século XVIII,
influenciado pelo Humanismo do Renascimento e pelo Racionalismo e
Empirismo do século XVII. Assim, fundava-se no uso e na exaltação da
razão, vista como o atributo pelo qual o homem apreende o universo e
aperfeiçoa sua própria condição. Considerava que os objetivos do homem
eram o conhecimento, a liberdade e a felicidade, base para um projeto
emancipatório.
O Iluminismo avaliou com otimismo o poder e as realizações da
razão humana, e a crença na possibilidade de reorganizar a sociedade
segundo princípios racionais. Destruiu a concepção cíclica de história e
introduziu uma visão evolutiva da humanidade. A visão iluminista tinha
por base a possibilidade, aberta a cada ser humano, de ter consciência de
si mesmo e de seus erros e acertos, e de ser dono de seu destino, através
da racionalização. A crítica iluminista dirigiu-se contra a tradição e a
autoridade daqueles que se arrogavam a tarefa de guiar o pensamento,
como o monopólio da religião sobre o sagrado. A ideia de autonomia
política e intelectual completava esse quadro.

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Mas o tema central do Iluminismo era a emancipação, uma noção
que tem sido por séculos parte de nosso imaginário político (e cuja de-
sintegração estamos assistindo atualmente, com a emergência do pen-
samento pós-moderno), organizada em torno de distintas dimensões.
A emancipação tinha uma dimensão dicotômica, com uma descontinui-
dade radical entre a ordem que precedeu e a nova ordem a ser cons-
truída. Deveria afetar todas as áreas da vida social; eliminaria o poder,
com a abolição do Estado. Com a eliminação da opressão dos sujeitos,
defendia a ideia de refundação completa do social e, principalmente,
continha uma dimensão racionalista. Se, até o século XVIII, a sociedade
europeia formada com a cristandade reconhecia em Deus a possibilida-
de de emancipação da dor e do sofrimento, a partir do Iluminismo
ocorreria uma descentralização de Deus. É o que separa os discursos
emancipatórios das escatologias secularizadas e das escatologias reli-
giosas. Nas religiosas, Deus cumpre o papel de absorção do real dentro
de um sistema total de representação. Nas escatologias seculares, como
a absoluta representação do real não se pode apelar para nada externo
ao real, isso só pode ser feito pela absoluta racionalidade. A razão, des-
sa forma, cumpriria o papel de Deus. Não que os iluministas pregassem
o ateísmo, mas a descentração provocada indicava outra possibilidade
para a humanidade, que era a recuperação da autonomia decisória, e
a possibilidade de construir um futuro que não estava inteiramente
pré-determinado. Isso não ocorreria sem ter uma forma profundamente
perturbadora na ordem social e cultural do Ocidente (LACLAU, 1996,
p. 12-16). O Romantismo surgiu, então, em profundo contato com essa
sociedade que se transformava, valorizando o nacionalismo, mas ao
mesmo tempo criticando os efeitos da modernização, recuperando de
alguma forma a subjetividade dominada e buscando resgatar o passado
idílico. Se o futuro era incerto, o passado daria a chave para a esta-
bilidade.
Em 1848, Marx e Engels (1997, p. 13-14) já observavam o caráter
revolucionário e desestabilizador da sociedade, por parte das transfor-
mações ocorridas na ordem econômica e social:

A revolução constante da produção, os distúrbios ininter-


ruptos de todas a condições sociais, as incertezas e agita-
ções permanentes distinguiram a época burguesa de todas
as anteriores. Todas as relações firmes, sólidas, com sua
série de preconceitos e opiniões antigas e veneráveis, fo-
ram varridas, todas as novas tornaram-se antiquadas antes
que pudessem ossificar. Tudo que é sólido desmancha no
ar, tudo que é sagrado é profanado, e o homem é, final-
mente, compelido a enfrentar de modo sensato suas reais
condições de vida e suas relações com seus semelhantes.

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3 Revolução industrial: capitalismo e mudança social

Como afirma Hobsbawm (1989), a Revolução Industrial era a con-


trapartida econômica da dupla revolução que estava ocorrendo no final do
século XVIII e que marcaria a política e a economia mundial até o tempo
presente, inaugurando a História contemporânea. Difícil de precisar, o
termo “revolução industrial” reflete seu impacto relativamente tardio sobre
a Europa, pois começou a tornar-se corrente apenas por volta de 1820. Do
ponto de vista da periodização, embora muitos historiadores considerem
1760 a partida para a revolução industrial, a guinada repentina aconteceu
por volta de 1780, embora sua repercussão possa ser precisada mais para as
duas últimas décadas do século XVIII. A Revolução Industrial é contempo-
rânea da Revolução Francesa, embora um pouco anterior a ela.
Uma das questões centrais quando se analisa a Revolução Indus-
trial, é compreender as causas do pioneirismo inglês. De fato, embora
outros países e regiões reunissem algumas condições para a produção
industrial, nenhum reunia de forma integrada todas as suas condições.
Entre elas, podemos citar a existência anterior de infraestrutura para a
manufatura. A Inglaterra já havia feito a sua “revolução agrícola”: con-
junto de transformações, entre os séculos XV e XVIII, que consistiu em
cercamento dos campos; fornecimento de mão de obra para as indústrias
em transformação e modernização da agricultura (rotatividade, utilização
de adubo e maquinaria). Por outro lado, a Inglaterra gozava de um
enorme mercado de consumo (o próprio país e seu enorme império colo-
nial). Além disso, a participação no grande comércio marítimo propiciou
um forte processo de acumulação de capitais, tanto nos fretes marítimos
como no comércio de escravos e na pirataria. A aliança entre a burguesia
e alguns setores da nobreza, após a Revolução Inglesa (1640-1689), tam-
bém contribuiu. Resumidamente, pode-se afirmar que as condições para
a Revolução Industrial na Inglaterra são a existência de capital, mão de
obra, máquinas, mercados, comércio internacional, frota mercante e ma-
térias-primas.
Entre as consequências da Revolução Industrial, figura a formação
de um mercado de massa. Sob qualquer aspecto, foi esse, provavelmente,
o mais importante acontecimento na história do mundo, pelo menos des-
de a invenção da agricultura e das cidades (HOBSBAWM, 1989, p. 45).
A revolução industrial também criou uma indústria de carvão, o desen-
volvimento das ferrovias e a expansão do capital. As ferrovias seriam o
principal ponto de investimento capitalista nos outros continentes. De
acordo com Antonio Carlos Lessa (2005, p.89),

As relações internacionais na primeira metade do século


XIX tiveram um grande ator (a Grã-Bretanha), que se tor-
nou preponderante sobre as demais potências europeias
porque teve condições de, pioneiramente, colocar em fun-

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cionamento do dínamo da modernização econômica pro-
porcionado pela Revolução Industrial e foi capaz de obter
ganhos de produtividade em grande escala provocados
pela facilidade de internalizar as revoluções tecnológicas.

A Inglaterra atingiu o auge de seu poder com o fortalecimento do


mercado exportador. A maior parte dos tecidos era exportada. Os merca-
dos colonial e semicolonial eram os mais importantes. O comércio colo-
nial tinha criado a indústria algodoeira, e continuava a alimentá-la, ba-
seado ainda no trabalho escravo. Começava a sobrar capital, que seria
investido em outros continentes, e a América Latina tornou-se um dos
grandes receptores de capital, dependendo das exportações britânicas. Já
a Índia foi desindustrializada neste período. A Europa finalmente expor-
tava para o Oriente (HOBSBAWM, 1989, p. 52). Mas a revolução indus-
trial também provocou falhas e descontentamentos sociais. A exploração
da mão de obra a mantinha no nível da subsistência. As crises periódicas
da economia levavam ao desemprego, quedas na produção e bancarrotas.
As leis do Trigo tentavam proteger a economia agrícola das regras do
capitalismo, mas foram abolidas em 1846, gerando descontentamento por
parte dos trabalhadores e proprietários agrícolas.
Desse modo bastante empírico, não planificado e acidental, cons-
truiu-se a primeira economia industrial de vulto. Sob qualquer aspecto,
foi este provavelmente o mais importante acontecimento na história do
mundo, pelo menos desde a invenção da agricultura e das cidades. Até a
década de 1830, o algodão era a única indústria britânica em que predo-
minava a fábrica ou o engenho (HOBSBAWM, 1989).
Entre os resultados da Revolução Industrial, pode-se verificar
também a subordinação das diferentes formações sociais à dinâmica capi-
talista, aumento da produção, estímulo comercial, urbanização, aumento
populacional, divisão técnica do trabalho, proletarização e assalariamen-
to da força de trabalho, maquinização da produção, concentração indus-
trial, nova configuração social, acirramento da luta de classes, mundiali-
zação da economia, surgimento dos monopólios e a corrida imperialista.
De acordo com Paul Kennedy (1989, p. 149),

A causa básica dessas transformações está, é claro, nos es-


pantosos aumentos de produtividade provocados pela
Revolução industrial. Entre, digamos, a década de 1750 e a
de 1830, a mecanização da fiação na Grã-Bretanha tinha
aumentado a produtividade, só naquele setor, de um fator
de 300 a 400, não sendo portanto de surpreender que a
parcela britânica da produção mundial se tenha elevado
dramaticamente. (...)Mas a história da Índia e China foi
bem diferente”, não só suas parcelas da manufatura total
mundial , apenas porque a produção do ocidente estava
crescendo depressa, como em certos casos suas economias
declinaram de maneira absoluta, isto é, se desindustriali-
zaram, devido à penetração em seus mercados tradicio-
nais pelos produtos muito mais baratos e melhores.

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4 A Revolução Francesa: a stasis coletiva

Com exceção da Grã-Bretanha, que fizera sua revolução no século


XVI, e alguns Estados menores, as monarquias absolutistas reinavam em
todos os Estados em funcionamento no continente europeu. A religião ia
lentamente sendo confinada na esfera privada, mas ainda provocava a
stasis (sedição e rebelião) em vários países. Mas a stasis religiosa foi sendo
substituída pela stasis social e nacionalista. O despotismo esclarecido sur-
giu como resposta à possibilidade de modernização dos Estados, e atingiu
as áreas mais atrasadas, como Espanha, Portugal, Rússia e Áustria, conse-
guindo conter temporariamente o impulso pela transformação social e
política. Na França, a falta de flexibilidade dos governantes diante das
novas exigências sociais condicionou a revolução (HOBSBAWM, 1989).
A Revolução Francesa foi o momento em que o pensamento político
iluminista da Europa foi colocado em prática, com a ascensão ao poder da
burguesia. Ao menos parte da burguesia, que não se acomodou na mera
compra de títulos de nobreza, buscou alcançar o poder para si, alterando a
ordem vigente. Era um projeto total, de refundação da sociedade. O mun-
do contemporâneo foi moldado nas duras batalhas revolucionárias france-
sas do século XVIII. A sociedade francesa, até as vésperas da Revolução,
era dividida em três estados, os chamados Estado Gerais: um primeiro, que
compreendia a nobreza; o segundo, de que faziam parte os clérigos e o
terceiro e último, composto de todos aqueles excluídos dos dois primeiros:
a pequena burguesia, o campesinato e a população urbana.
Com as contas nacionais comprometidas, o Rei Luis XVI convocou
ministros para implantar um plano de saneamento das finanças. A solu-
ção encontrada era o aumento de impostos, mas como onerar ainda mais
o Terceiro Estado? O Rei resolveu convocar a Assembleia dos Estados
Gerais, depois de 173 anos de inatividade. Entre os motivos da crise fiscal
estava o financiamento da guerra para apoiar a independência dos EUA,
ao mesmo tempo que uma má colheita ampliou a fome do povo.
A revolução iniciou em 1789. Mas os revolucionários franceses se-
param-se em três alas: os girondinos, que representavam os interesses da
grande burguesia, conhecidos também pela planície, porque sentavam à
direita da mesa diretora da Assembleia e ficavam em uma disposição
mais baixa; os jacobinos, que faziam parte do grupo mais radical dentro
da Assembleia, sentavam-se à esquerda e no alto à mesa diretora; e por
último os sanscullotes, principalmente pequenos proprietários que que-
riam aprofundar a revolução, representando, de certo modo, a grande
maioria da população que participou da revolta. As lutas internas da
revolução aprofundaram-se de tal forma que, em um momento, as três
alas revolucionárias tornaram-se inimigas. Com essa divisão, em breve o
vocabulário direita e esquerda marcaria a política ocidental para repre-
sentar progressistas e conservadores.

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A Revolução Francesa consiste em quatro fases: o período que vai
de 1789 até 1792, denominado de Assembleia; o segundo, de 1792 até
1794, que se denomina Convenção, o terceiro – quando Napoleão e mais
dois líderes assumem o poder, em 1799 –, denominado Diretório, e um
quarto momento, o Império, que vai da aclamação de Napoleão pelo
Papa até 1815, quando se forma o sistema napoleônico.
Marx saúda essa nova classe de forma contundente, porque en-
tende que foram os primeiros homens que provaram a capacidade de
produzir de forma racional e eficiente para subjugar as forças da natureza
com o objetivo da geração de riqueza. No Manifesto do Partido Comunis-
ta, vemos Marx e Engels (1997 [1848], p 12-13) saudarem a chegada da
burguesia ao poder:

A burguesia, historicamente, teve um papel extremamente


revolucionário. A burguesia, sempre que obteve o domí-
nio, pôs termo a todas as relações feudais, patriarcais e idí-
licas. Desapiedosamente, rompeu com os laços feudais he-
terogêneos que ligavam o homem aos seus ‘superiores na-
turais’ e não deixou restar vínculo algum entre um ho-
mem e outro além do interesse pessoal estéril, além do pa-
gamento em dinheiro insensível. [...] A burguesia não po-
de existir sem revolucionar, constantemente, os instru-
mentos de produção e, desse modo, as relações de produ-
ção e, com elas, todas as relações da sociedade.

De acordo com Adam Watson, a Revolução Francesa foi o ato mais


dramático de autoafirmação da classe média (burguesia) na história eu-
ropeia. O Terceiro Estado derrubou o antigo regime com uma força ex-
plosiva que modificou profundamente as relações entre as várias comu-
nidades europeias, que, desde Vestfália (1648), tinham sido organizadas
numa sociedade de Estados semelhantes, num certo tipo de equilíbrio.
O grande aumento de poder que a Revolução liberou no Estado mais
importante do sistema foi reforçado pelas ideias, colocadas em termos
universais, que ela desenvolvia e disseminava e que eram atraentes aos
equivalentes insatisfeitos do Terceiro Estado em outros Estados do conti-
nente europeu. “Em outras palavras, a Revolução produziu e seus lideres
ativamente estimularam, uma stasis geral na Europa a Leste da França.”
(WATSON, 2004, p. 322).
Por outro lado, a ordem imperial promovida por Napoleão foi o
ponto mais avançado do balanço do pêndulo para longe da ortodoxia e
da legitimidade das independências múltiplas da Europa. Assim, a ideia,
bastante difundida e parcialmente acatada durante dois séculos, de res-
peito à soberania e ordem interna dos Estados, e do equilíbrio de poder
entre esses Estados, evitando o surgimento de uma potencia hegemônica
no sistema, entrou colapso. Mas, depois da queda de Napoleão, o pendu-
lo só balançou parte do caminho de volta na direção da extremidade do
espectro em que se situam as independências múltiplas, ou seja, perce-

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beu-se que a ordem colocada por Napoleão trazia alguma estabilidade no
relacionamento entre os Estados, embora fosse desestabilizadora na or-
dem interna dos Estados. Dessa forma, as principais potências europeias
passaram a negociar alguma forma de governo coletivo, que fosse con-
servador o suficiente para evitar as crises políticas e sociais (WATSON,
2004, p. 320).
De acordo com Giovanni Arrighi (1996), a Revolução Francesa e
as guerras napoleônicas violaram os princípios, normas e regras do sis-
tema de Vestfália (principalmente soberania); fomentou revoltas vindas
de baixo, desrespeitou a liberdade de comércio e a propriedade. Dessa
forma, a expansão da Revolução Francesa desestabilizava o sistema,
oferecia risco para as elites, e era necessária uma restauração. Entretan-
to, os vencedores não puderam, ou quiseram, restaurar o padrão do
século XVIII. Embora o sistema de Napoleão tenha sido demasiado
breve para adquirir aceitação geral, após a sua derrubada, as suas van-
tagens ainda eram suficientemente impressionantes para fazer que os
europeus liberados desejassem ver quais de seus méritos podiam ser
negociados por meio da cooperação entre as grandes potencias e im-
plementados por meio de uma ação concertada, em vez de impostos
pela força unilateral (WATSON, 2004, p. 331).
Dessa forma, conforme Adam Watson, o império de Napoleão
mudou as estruturas sociais da Europa Ocidental e de muitas das da
Europa Central, e alterou permanentemente as ideias dos homens sobre
o que era desejável ou atingível (WATSON, 2004, p. 333). Da Declaração
de Aquisgrana (1818) até o ano das revoluções (1848), as cinco grandes
potências chegaram perto de funcionar como uma diretoria. Tinham
uma solidariedade de fins: temiam os riscos que ameaçavam seu mun-
do. A reconstrução da Europa partiu dos entendimentos entre Rússia e
Inglaterra, e convinha aos dois Estados restabelecer a Áustria e a Prús-
sia como grandes potências independentes, nominalmente iguais a eles
próprios. Eles haviam entendido as vantagens da ordem e da tranquili-
dade que o império de Napoleão havia trazido às grandes áreas da Eu-
ropa que ele havia controlado. A contradoutrina da legitimidade dinás-
tica e o desejo prático de administrar o sistema pareceram aos estadis-
tas, em Viena, justificar igualmente as intervenções ideológicas para
reprimir tentativas revolucionárias de tomar o poder em qualquer Esta-
do (WATSON, 2004, p. 335).
Durante o século XIX, a nação começou a ser aceita como unida-
de política básica, e outras formas de identidade e lealdade tiveram de
acomodar-se. A própria definição da democracia procurava legitimar a
nação. A guerra não seria mais feita por mercenários contratados pelas
unidades dinásticas, mas pelo recrutamento do cidadão.

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5 Novos atores e forças sociais:
o liberalismo e seus críticos

A formação do proletariado ocorreria neste contexto. O trabalho ar-


tesanal, uma forma de produção simples em que não ocorre grande divisão
e especialização do trabalho (geralmente uma pessoa controla todas as
etapas do processo produtivo), foi cedendo espaço para a produção manu-
fatureira, na qual o artesão foi transformado em assalariado. Paralelamen-
te, ocorreu o processo de transformação pela força de trabalho no mesmo
local e sob a direção de um chefe. A produção passou a ser feita em série e
com especialização do trabalho. Nesta fase, o trabalhador foi separado dos
meios de produção, ocorrendo a subordinação da força de trabalho à má-
quina, bem como a substituição da energia humana pela energia natural.
Tamanha reorientação do processo produtivo gerou suas reações. Os traba-
lhadores queixavam-se das condições de trabalho e baixa remuneração. Na
esteira desse processo, na Inglaterra, surgia o movimento ludista (dos que-
bradores de máquinas), em 1811, bem como, em 1830, os movimentos car-
tista (do proletariado urbano) e Swing (do proletariado rural). Também foi
ocorrendo o surgimento dos novos sindicatos (trade-unions).
A nova situação do trabalhador gerava novos níveis de relação e
consciência. Com referência ao livro Utopia (de Thomas Morus, publicado
no século XVI), os primeiros socialistas começaram a surgir no final do
século XVIII e na primeira metade do século XIX: Fourier, Saint-Simon,
Louis Blanc e Proudon. Eles desejavam uma sociedade mais justa com a
extinção da propriedade privada. Além dos anarquistas, que, como Prou-
dhon e Bakunin, pregavam a destruição do Estado e a extinção da proprie-
dade privada, surgiram os chamados socialistas científicos, com Karl Marx
(1818-1883) e Friederich Engels, conferindo uma nova teoria para interven-
ção coletiva do proletariado. Marx e Engels publicaram, em 1848, às véspe-
ras da Revolução, o Manifesto Comunista. Para eles, a luta de classes é o
motor da História, e, se a burguesia havia revolucionado os meios de pro-
dução e as relações sociais até meados do século XIX, então era a vez do
proletariado. O primeiro partido socialista surgiu na Alemanha em 1860.
Em 1864 surgiu a Primeira Internacional dos Trabalhadores.
Mas liberais burgueses também acenavam com manifestações e críti-
cas às tentativas de restauração do velho regime absolutista. Com a Restau-
ração na França, Luís XVIII reinou de 1815 a 1824, quando foi substituído por
Carlos X, que tentou uma série de reformas absolutistas. Entre elas, restabe-
leceu o direito de primogenitura, a abolição do direito de voto, a restrição à
liberdade de imprensa e a indenização dos nobres emigrados com a Revolu-
ção Francesa. Após as eleições de 1830, que deram vitória à oposição, Carlos
X dissolveu a Câmara e convocou novas eleições. Em julho de 1830, os jor-
nais desrespeitaram a interdição e foram atacados pelas tropas do Rei.
Os revoltosos, então, tomaram Paris e obrigaram Carlos X a fugir. A revolu-
ção de 1830 colocou então no trono francês Luis Filipe de Órleans.

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A revolução de 1830 repercutiu na Europa. A Bélgica libertou-se
da Holanda. Houve revolta nacionalista na Polônia contra a Rússia.
A Itália foi sacudida pelas agitações da sociedade carbonária. Também
ocorreram agitações na Espanha, na Alemanha e em Portugal.
Em 1848, influenciada pelo liberalismo, pelo nacionalismo, pelo
socialismo e em meio a uma conjuntura de crise econômica (na agricultu-
ra e na superprodução capitalista), eclodiu uma revolta e o Rei Luís Filipe
de Órleans abdicou do trono. Era a “primavera dos povos”. No dia 23 de
abril, ocorreu a primeira eleição na Europa com sufrágio universal mas-
culino, que elegeu Luís Napoleão. Assim, os trabalhadores foram afir-
mando seu protagonismo político, que vivenciou ainda a Comuna de
Paris. Em 1870, a Guarda Nacional (formada por populares) marchou
sobre Paris, e, em março de 1871, iniciava a Comuna de Paris. Entretanto,
o comitê revolucionário, dominado por elementos pequeno-burgueses,
não quis radicalizar a revolução. Em 2 de abril, Louis Adolphe Thiers,
chefe provisório do Executivo francês, em virtude da prisão de Napoleão
III, atacou Paris, vindo a conquistá-la em 27 de maio. Trinta mil commu-
nards foram mortos na luta.
O desenvolvimento do capitalismo e a Revolução Industrial na
Europa também ocasionaram crises periódicas e diversos efeitos colate-
rais. O aumento da oferta de produtos manufaturados, em descompasso
com a demanda, levou à queda dos preços e ao acirramento da competi-
ção em torno dos mercados consumidores, que não cresciam na mesma
proporção. Por outro lado, conforme Antônio Lessa (2005, p. 126),

[...] as novas tecnologias foram responsáveis pelo processo


crescente de concentração industrial que se verificou en-
tão, uma vez que o negócio industrial de pequeno porte
perdeu condições de competição diante da crise de super-
produção que estava nas origens da depressão econômica
que caracteriza o período em análise.

O resultado foi a concentração e centralização de capital, com a


formação dos grandes conglomerados econômicos, pois a crise econômi-
ca obrigou as empresas buscar alternativas para acelerar o ritmo de cres-
cimento e competir com as maiores, levando-as a integração vertical, das
incorporações e da racionalização da produção. De acordo com Lessa
(2005, p. 127),

Algo semelhante aconteceu no setor financeiro, especial-


mente nas primeiras praças do mercado. A partir de 1880,
o setor bancário passou por uma espetacular concentração,
o que fez desaparecer os bancos de província e as tradi-
cionais casas bancárias familiares, absorvidos por grandes
conglomerados financeiros [...] o resultado dessas trans-
formações foi a criação de grandes monopólios e oligopó-
lios.

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6 Considerações finais

Até 1815, a luta pela supremacia mundial entre duas grandes po-
tências, França e Inglaterra, dominou o sistema interestatal europeu.
O grande conflito culminou com a vitória da Inglaterra, já que a propos-
ta hegemônica francesa alterou o cenário europeu e era potencialmente
desestabilizadora, ao incentivar a participação popular e a mobilização.
Assim, a Inglaterra liderou a aliança de forças primordialmente dinásti-
cas e conservadoras; contudo, como uma potencia liberal do ponto de
vista econômico, tentou moldar o mundo a sua imagem. Mas a Inglater-
ra fez mais, criando o imperialismo de livre comércio, um sistema
mundial de governo que se expandiu e suplantou ou sistema construí-
do nos tratados de Vestfália.
As duas maiores potências, Inglaterra e França, fizeram dois mo-
delos diferenciados de reformas de classe: a primeira, baseada na gran-
de acomodação entre a nobreza e a burguesia, que levou à Revolução
Industrial, na qual as forças produtivas atingiram um nível elevado de
lucratividade e expansão. A segunda, com reformas políticas que com-
plementarão a revolução industrial, oferecendo modelos políticos di-
versos para a burguesia em expansão.
Após o grande ciclo de guerras e conflitos, o sistema europeu
construído no congresso de Viena era basicamente conservador, mas
tinha a flexibilidade suficiente para tentar acomodar as novas forças
políticas e sociais que surgiam, dentro e fora dos Estados nacionais.
Formou-se uma sociedade europeia, com regras, valores e princípios
comuns, como a legitimidade, a restauração, o nacionalismo, a sobera-
nia, que regularia as relações entre os países. A Europa aparecia, assim,
em relação ao resto do mundo, como uma unidade, e assim se apresen-
tariam para colonizar a África e a Ásia, numa tentativa de recuperar o
espaço perdido na América Latina, agora formalmente independente.
O século XIX foi o século da hegemonia inglesa, tanto quanto foi
o século do concerto europeu, da formação da sociedade europeia. Os
ideais de progresso e desenvolvimento fortaleceram a crença de que o
mundo estava em rápida transformação e que a Europa do século XIX
estava no ápice do processo civilizatório. A dupla revolução significou
dois movimentos da revolução burguesa, que se alimentavam mutua-
mente, ao conquistar o Estado e dominar os meios de produção. Entre-
tanto, a modernização constituiu novas forças sociais, que seriam os
novos atores políticos nas próximas décadas.
A cultura não ficaria inerte. Diante das grandes transformações
na forma de produzir, pensar e interagir, escritores, músicos e pintores
tentavam decifrar a nova sociedade que surgia diante de si. Saudosistas

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do passado ou ufanistas do futuro, a arte não ficou indiferente ao novo
mundo que surgia, e contribuiu para tornar a sociedade que nascia mais
complexa do que seu passado imediato.

Recebido em maio de 2010.


Aprovado em maio de 2010.

The New European Order in the Nineteenth Century: the Effects of Dual Revolution in Modern History

Abstract
This article aims to analyze the construction of the new European order in the nineteenth
century, seeking to understand how the economic and political changes impacted the conti-
nent both from internal point of view of societies and from the system of international
relations. It discusses the effects on dual revolution (the French and Industrial) in the shap-
ing of the contemporary era.

Keywords: French Revolution. Industrial Revolution. Europe. International relations.

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