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Essas mudanças vinham sendo preparadas desde os séculos XVII e XVIII, com o
desenvolvimento do pensamento racional Iluminista. Para os iluministas, a razão
poderia auxiliar todos os homens na explicação dos fenômenos da natureza e da forma
de organização da sociedade.
Todos os homens poderiam exercer o poder. Mas para isso era necessário criar
instituições que garantissem esse exercício. Nesse sentido, a República foi a principal
dessas instituições. Ela representava o fim dos privilégios da aristocracia e a libertação
dos camponeses dos laços de servidão que os prendiam à nobreza e ao clero. Nas
cidades, tinham fim as corporações feudais que limitavam os negócios da burguesia.
Construída para ser um forte que protegeria a cidade de Paris dos ingleses durante a Guerra dos
Cem Anos (que, na realidade, durou 116 anos, entre 1337 e 1453), a Bastilha se tornou uma
prisão contra os inimigos do rei e do regime monárquico. Era como um Game of Thrones da
vida real: durante séculos, o rei tinha o controle de todas as decisões econômicas e políticas e
era sustentado ideologicamente pela Igreja — a nobreza, dona de terras e de títulos que
mantinham os seus privilégios passados de pai para filhos, dava apoio político e militar ao
regime. Para a esmagadora maioria da população, restava trabalhar, pagar impostos e sustentar
esse insustentável modelo produtivo.
Antes de reclamar que você também paga impostos em excesso e as coisas não são tão
diferentes daquela época, alto lá. Afinal, mesmo sendo donos de negócios que rendiam dinheiro
por meio do comércio e da produção de bens, os empresários daquela época (conhecidos
como burgueses) não contavam com direitos políticos e pouco influenciavam nas decisões do
país — na prática, eles sustentavam a economia, mas dificilmente alcançariam os mesmos
privilégios da nobreza. Já para o grosso da população, formada por camponeses e trabalhadores
nas cidades, a situação era ainda pior: em condição de pobreza, ainda eram obrigados a pagar
pesados impostos em nome do rei e da Igreja.
Para piorar, o aumento populacional não acompanhou a produtividade agrícola e, no final do
século 18, a fome atingia os mais pobres que viviam em Paris. Inspiradas pelos ideais
iluministas, que questionavam o poder ilimitado do rei e da Igreja, as insatisfações sociais se
materializaram no dia 14 de julho. Não há um registro histórico exato para o estopim da revolta
— fontes afirmam que a população se mobilizou após boatos de que o Exército Francês atacaria
a população — mas uma massa de descontentes se concentrou em frente à Bastilha, rendendo
seus guardas e tomando as armas que se acumulavam na fortaleza.
A partir daí, um regime sustentado por séculos começaria rapidamente a ruir: os burgueses
dariam apoio econômico e político ao movimento revolucionário e o rei Luís 16 se viu obrigado
a convocar uma Assembleia Constituinte — uma das primeiras medidas assinadas foi
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que universalizaria os direitos sociais e
até hoje inspiram as constiuições de países democráticos de todo o mundo.