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UNIVERSIDADE VILA VELHA

RELAÇÕES INTERNACIONAIS - DISCIPLINA HISTÓRIA DO SISTEMA


INTERNACIONAL MODERNO

MARIA EDUARDA VENTURIM ALVES

1789, O SURGIMENTO DA REVOLUÇÃO FRANCESA, VIÉS DE LIBERDADE,


IGUALDADE E FRATERNIDADE.

Vila Velha
2023
INTRODUÇÃO

A Revolução Francesa, iniciada no ano de 1789 é um processo de extrema


importância para entendimento e formação do sistema internacional, tanto
moderno,quanto contemporâneo. É o surgimento de uma nova maneira política de
pensar e organização política, tanto social, como do Estado como um todo, marca o
fim do Antigo Regime europeu caracterizado pelos grandes Impérios absolutistas e
colonialistas que dominavam e colonizaram o mundo nos séculos anteriores.

Por conseguinte, é a partir da Revolução Francesa que surge em pauta o


surgimento de um terceiro estado, de uma nova classe social que toma força e,
eventualmente, o poder francês: a burguesia. Partiam desta nova classe as
principais reivindicações da revolução, tais quais: a abolição dos privilégios da
nobreza e igualdade social.

Além disso, é imprescindível a importância da Revolução Francesa e suas marcas


deixadas na política, sobretudo, ocidental até os dias de hoje, os legados
instaurados de Liberdade, Igualdade e Fraternidade são, até hoje, perpetuadas
pelas democracias mundiais e espelhadas em acordos e decisões que foram
primordialmente pontuadas durante o século XVIII.

Ademais, vale ressaltar que, também graças aos ideais iluministas que foram
perpetuados e espalhados pelo mundo durante a Revolução Francesa, que foram
se instaurando revoltas e questionamentos que posteriormente culminaram em
processos revolucionários e até mesmo, processos de independências nas
Américas.

CONTEXTO HISTÓRICO

A priori, é importante ressaltar que é comum que Revolução Francesa seja


periodizada em dois momentos pelos autores e historiadores: a periodização
clássica que marcam os dez anos iniciais de revolução e, posteriormente, o período
que engloba a era napoleônica que seguem os anos de 1799 a 1815.
Isto posto, ao constatar e iniciar pela periodização clássica, é importante ressaltar
que esta também foi periodizada e sofreu por mudanças radicais e em curtos
períodos de tempo em relação a seus governantes e chefes de estado.

1. 1789 - 1792: OS GIRONDINOS


O período inicial da Revolução Francesa é o momento que começam a serem
questionadas alguma regras e imposições naturais da época, tais quais o poder
absoluto centrado na mão de um governante, o poder que o clero ainda detinha
sobre as decisões estatais e a população e, por fim, uma das pautas que se torna
alicerce para a continuidade da revolução: a desigualdade entre os homens nobres
e uma classe que começa a ganhar força e se consolida ao longo da revolução, a
burguesia.

Este período inicial até o ano 1792 é marcado como o período mais liberal da
revolução, os Girondinos são conhecidos como um grupo político liberal da
revolução, eram membros da burguesia francesa e também foram conhecidos como
um grupo político mais moderado durante o período.

2. 1792 - 1794: OS JACOBINOS E A RADICALIZAÇÃO DA REVOLUÇÃO

É somente no segundo período da revolução que ela toma forma radical, com a
ascensão dos jacobinos no poder lutavam por reformas sociais, a igualdade perante
a lei e abolição dos privilégios da nobreza e do clero; valorizam a ideia da liberdade
individual, e diziam que todo cidadão francês deveria ter direitos e liberdades
básicas; e também enfatizavam a ideia de solidariedade e fraternidade dentro da
sociedade e entre os cidadãos.

Este período é conhecido também como “Reinado do Terror” pois os jacobinos, para
atingirem seus objetivos e fazer jus a revolução, utilizavam de métodos radicais para
implementação de seus objetivos políticos, perseguiram opositores políticos, e
implementaram medidas repressivas para suprimir essas oposições.
Seu governo é marcado pela luta por igualdade, liberdade e fraternidade, as
palavras que se tornam lema da Revolução Francesa e são perpetuadas até os dias
de hoje quando abordados os temas de direitos humanos e, sobretudo, democracia.

3. 1794 - 1799: TERMIDOR, O PERÍODO DE INDEFINIÇÃO DA REVOLUÇÃO

Com a morte de Maximilien Robespierre, fundamentalista por parte dos jacobinos,


além de grande líder do movimento radical da revolução francesa, marca o fim do
reinado do terror instaurado na França e os revolucionários entraram em um
impasse, e entram em um período de indefinição.

Nesse sentido, a morte de Robespierre é um marco imprescindível para os anos


que seguem e finalizam a Revolução Francesa, é neste momento de indecisão que
os revolucionários se encontram em uma incerteza política, econômica e social.
Ademais, os “termidores” aqueles que assumiram o poder após a morte do antigo
líder jacobino,visavam reverter algumas políticas implementadas durante os anos de
terror, enquanto lidavam com crises sociais e econômicas dentro do país.

Por conseguinte, este período se torna uma base, e prepara o território francês para
o governo seguinte, nomeado de Diretório e, posteriormente, corrobora para
ascensão de Napoleão Bonaparte, revolucionário que golpeia o Estado Francês e
se torna imperador. É um momento de fraqueza em que Napoleão se apoia e toma
vantagem para se consolidar no poder.

NAPOLEÃO BONAPARTE

Com a insegurança e indecisão instalada no governo francês, surgem


oportunidades e necessidades de surgimento de um líder a fim de retomar o sentido
da revolução e buscar a glória e reorganização do governo, além de promover a
segurança e prosperidade para os cidadãos.E neste período que surge a figura de
Napoleão Bonaparte, que se põe na política pautado e empenhado em se tornar um
“salvador” para o povo francês, e retomar os dias de glória da potência europeia.
A priori, a chegada de Napoleão ao poder é um processo gradativo, que contou com
algumas ajudas e posicionamentos externos, é em 1799 que é instaurado o
consulado trino, composto por Napoleão e mais dois políticos franceses a fim de
estabilizar a França e conter a revolução. O consulado trino era uma forma de
estabelecer Napoleão como um líder de forma sucinta e indireta, sem que
parecesse que estavam retomando a ideia de centralização de poder nas mãos de
uma só pessoa. Por conseguinte, é somente em 1801 que Napoleão toma o poder
como Cônsul da França, se tornando o único homem no consulado. E três anos
depois, em 1804 é que este se consagra Imperador.

A posteriori, é com sua autodeclaração de imperador que Napoleão utiliza de seu


poder para desfazer pensamentos e atos da revolução, ao mesmo tempo que
mascarava estas atitudes ao manter alguns dos lemas centrais da revolução. Além
disso, Napoleão também é responsável por organizar a França de modo jurídico e
administrativo.

CONCLUSÃO E O LEGADO DEIXADO

É irrefutável as ideias e concepções que surgiram e foram instauradas no mundo


graças a Revolução Francesa, os ideais de direitos dos cidadãos, bem como a
melhoria da qualidade de vida das classes sociais, abolição do Antigo Regime são
somente alguns dos pontos marcantes deixados pela revolução e que perduram até
os dias de hoje na história ocidental. É com a revolução francesa que os assuntos e
discussões pautadas, sobretudo, nos direitos do cidadão vem à tona, não à toa, é
com a Revolução Francesa que surge a “Declaração do Homem e do Cidadão”
documento este que serve de base para a “Declaração Universal dos Direitos
Humanos” utilizada hodiernamente para regulamentar o direito dos seres humanos.

Ademais, a Revolução Francesa é o pontapé inicial para a “Era das Revoluções”


que surge na Europa, como cita o autor Eric Hobsbawm. É um momento
fundamental para o fortalecimento do continente europeu e sua reforma, é o
momento em que os súditos passam a ser reconhecidos como cidadãos, bem como
a ideia de “cidadão” é aperfeiçoada e se torna pauta importante nos debates
posteriores.

Portanto, é possível dizer que a Revolução Francesa é um marco para a história


ocidental, e até hoje mantém suas raízes e ideias perpetuadas e enraizadas no
mundo contemporâneo, serve como uma fronteira entre o mundo moderno e o
contemporâneo. É neste período que as classes sociais se aproximam e debatem
seus interesses em comum, bem como a melhoria da vida em sociedade em um
geral para todos.

REFERÊNCIAS:

RENNÓ, Pedro (Parabólica). HISTÓRIA GERAL #17 REVOLUÇÃO FRANCESA.


Youtube, 14 abril 2017. Disponível em: https://youtu.be/bb6d54mQkL0

HOBBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções

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