Você está na página 1de 16

Índice

1. Introdução.................................................................................................................................2

2. Objetivos..................................................................................................................................3

3. A revolução francesa e o estado liberal oitocentista................................................................4

3.1. Sociedade francesa da época................................................................................................4

3.2. A revolução começa.............................................................................................................4

3.3. O bonapartismo.....................................................................................................................5

4. O estado liberal oitocentista.....................................................................................................6

5. Abate de Sieýes: O poder constituinte como poder autónomo do estado................................7

6. Benjamin Constant: O poder moderador..................................................................................8

7. As ideias socialistas: origens e caracteres fundamentais. O pensamento marxista................10

7.1. O pensamento marxista.......................................................................................................11

8. As experiências totalitárias. Críticas ao totalitarismo............................................................13

9. Conclusão...............................................................................................................................15

10. Referencias.........................................................................................................................16
1. Introdução

No ano de 1789 a França estava tomada pelo medo. O povo sentia mais que nunca
a crise econômica que atingia o país fazia décadas, e o governo falha em suas
tentativas de contornar a situação. O descontentamento popular somado com novas
ideias, uma aristocracia custosa e uma classe emergente proporcionaram o plano de
fundo perfeito para um evento que iria mudar as estruturas políticas e sociais de
toda a sociedade ocidental: A Revolução Francesa.

2
2. Objetivos

 2.1. Objetivo geral


O objetivo deste texto será o de identificar algumas dimensões do discurso sobre a cidadania
produzido por intelectuais, juristas e políticos europeus que escreveram nos finais do século
XVIII e na primeira metade do século XIX, nomeadamente os fundamentos por eles evocados
para reconhecimento.

 2.2. Objetivo específico


O objetivo do presente trabalho é apresentar algumas questões relacionadas com a Revolução
Francesa o Poder Constituinte, e a obra do abade Emmanuel Joseph Sieýes.

3
3. A revolução francesa e o estado liberal oitocentista
No desenrolar dos fatos históricos, alguns deles de tão marcantes, dividem os períodos da
humanidade. Atualmente os seres humanos dividem a sua atuação no mundo em cinco partes.
 Pré-História
 Idade Antiga
 Idade Média
 Idade Moderna
 Idade Contemporânea

A nossa “Era” ou “Idade”, corresponde a essa última, a Idade Contemporânea, que tem seu início
no século XVII com os acontecimentos que resultaram na Revolução Francesa.
A França, do seculo XVII, era governada pelo modelo do antigo regime em uma Monarquia
absolutista, o que levava fome e miséria a toda a população. Os trabalhadores não tinham
nenhuma participação nas decisões governamentais, aqueles que se opunham as decisões da
realeza eram levados a Bastilha ou simplesmente guilhotinados.

3.1. Sociedade francesa da época

Durante o antigo regime francês, a sociedade era dividida basicamente assim:


 Clero – Membros da igreja; tinham o privilégio de não pagar impostos.
 Nobreza - Formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que
viviam de banquetes e muito luxo na corte.
 Terceiro estado - Trabalhadores, camponeses e burguesia, sustentavam toda a sociedade
com seu trabalho e com o pagamento de altos impostos.

3.2. A revolução começa

A insatisfação do povo com Luiz XVI era tão grande, que a população faminta e miserável
começa a se organizar e decide tomar o poder de forma a melhorar a sua condição de vida. O
marco de início da revolução é a tomada da Bastilha e a libertação de todos os presos políticos

4
que nela foram trancafiados já que esse cárcere era o símbolo da monarquia e do regime
absolutista.
Alguns estudiosos destacam que sociologicamente falando, a Revolução Francesa foi à pioneira
no que se refere à idealização dos direitos humanos, levando seu lema: Resultando da grande
agitação popular que permeava a França durante os acontecimentos revolucionários, grande parte
da realeza decide abandonar a França, incluindo a família real, porém esta acaba sendo capturada
e guilhotinada em praça publica em 1793, onde posteriormente o clero também começa a sofrer
os efeitos da nova realidade que se instalava na França; saques a igrejas e pilhagens de mosteiros
ecoavam por toda a França. No período pós-revolucionário, o povo começa a se organizar em
pequenos grupos partidários de ideias distintas.
Existiam dois principais grupos nesse período:
 Girondinos – Representantes da alta burguesia e idealizavam manter a população e os
trabalhadores urbanos e rurais longe das decisões políticas.
 Jacobinos – Liderados por Robespierre representavam a baixa burguesia e defendiam
uma maior participação do povo nos assuntos governamentais.
Mais adeptos do radicalismo do que os Girondinos, os Jacobinos defendem profundas mudanças
sociais que beneficiem o povo. Em 1792, os radicais assumem o poder, e liderados por
Robespierre, Danton e Marat começam a organizar as guardas nacionais, que consistiam em
milícias com o objetivo de assassinar qualquer um que
discordasse dos objetivos do governo. A violência empregada como ferramenta política nesse
período consolidou o termo pelo qual ficou conhecido: O grande terror. Em 1795, a burguesia
consolida-se no poder e representada pelo general Napoleão Bonaparte,
resultando na extinção do sistema absolutista e consolidando de uma vez por todas o
assentamento do sistema capitalista.

3.3. O bonapartismo

Nascido em 1769 na Córsega, Napoleão Bonaparte figurou na história com um dos maiores
generais e estrategistas de todos os tempos. Posto no poder pela Revolução Francesa, Napoleão
implementou um governo de caráter burguês. Foi vitorioso na maioria das batalhas francesas
pós-revolução utilizando-se de uma estratégia que ia além dos campos de batalha; Napoleão

5
valorizava seus soldados e procurava demonstrar essa valorização publicamente com honras
militares e medalhas por feitos de guerra, isso levantava a alta estima do combatente e
proporcionava um melhor rendimento em batalha. Em 1804, Napoleão se nomeou imperador e
uma de suas principais metas era vencer a qualquer custo o seu maior inimigo: os britânicos. O
revanchismo entre as duas nações já existe desde muito tempo, porém a Inglaterra sempre teve
um poderio naval tão grande quanto sua economia, como essas duas atividades eram interligadas,
a estratégia napoleônica visava destruir ambos sistemas com um só golpe, baseado nesse
conceito Napoleão institui o Bloqueio Continental que proíbe todos os países conquistados por
Napoleão de comercializar com a Inglaterra.

4. O estado liberal oitocentista


O liberalismo oitocentista conheceu, através de processos de recepção que não são susceptíveis
de ser aqui reconstituídos, este património de reflexão intelectual e política sobre o princípio da
igualdade. A ideia da igualdade original da espécie humana foi comum ao pensamento das suas
referências mais importantes (John Locke, Montesquieu, Immanuel Kant, Benjamin Constant,
Alexis Tocqueville, John Stuart Mill).

E, não obstante, o ordenamento jurídico liberal oitocentista, além de ter deixado quase intactas
muitas situações de desigualdade herdadas das sociedades que os políticos seus contemporâneos
denominaram de “Antigo Regime”, inventou formas novas de exclusão política, submetendo o
acesso aos direitos políticos ao critério da autonomia da vontade e do interesse que aquele
ordenamento aferia através do acesso à propriedade (pela imposição de esquemas censitários), do
grau de instrução, da idade, do sexo e do “estádio civilizacional” dos povos e dos indivíduos que
os integravam.

A justificação doutrinal da desigualdade foi, durante o século XIX, facilitada pelo facto de o
pensamento político oitocentista ter sido mais modelado pelo “iluminismo moderado” de obras
como as de Locke ou de Montesquieu do que por um “iluminismo radical”. Este registo mais
moderado da família dos “iluminismos” acomodou, em muitos aspectos, a ideia de desigualdade,
oferecendo à doutrina jurídica argumentos para a sua preservação. Numa das obras mais
importantes da tradição do pensamento liberal clássico europeu, Two Treatises of Government
(1698), John Locke, um exemplo que aqui convoco pela sua matricialidade, descreveu o estado

6
natural do homem como um estado de absoluta igualdade, mas enumerou também com pormenor
as formas de desigualdade que essa afirmação não comprometia.

5. Abate de Sieýes: O poder constituinte como poder autónomo


do estado

Para o abade Emmanuel Joseph Sieyès (1748-1836) somente o Poder Constituinte é livre e deve
estar submetido à razão e ao âmbito do pacto social. Não resta dúvida que a construção teórica
do Poder Constituinte nasce na Revolução Francesa a partir da obra do abade Sieyès. Conhecer
as origens intelectuais que permeiam os valores de nosso atual Direito Constitucional faz-se
necessário e urgente em nossa sociedade atual. Nas últimas décadas temos assistido a
proliferação de um sem fim de teorias que negam os valores constitucionais mais fundamentais
como o exercício do Poder Constituinte somente em ocasiões especialíssimas.

Interesses dos mais variados, alguns até concebidos em bases pouco sólidas, oportunistas da
ignorância endêmica vigente, e fundamentados em preconceitos classistas ou de outras origens.
Alguns desses interesses podem causar danos enormes em sociedades periféricas como a nossa,
em favor de alguns privilegiados. O exercício do Poder Constituinte, originário ou não, deveria
ser um assunto tratado de forma mais séria pela mídia em nosso entorno. É um assunto que
deveria ser também discutido fora da academia.

É indiscutível a importância do bom entendimento da Teoria do Poder Constituinte no contexto


do Direito atual. Uma vez que o exercício do Poder Constituinte é ilimitado, inicial e
incondicionado e deve somente ser exercido em momentos políticos muito especiais e não
banalizados como pretendem alguns em nosso contexto político-social. Um texto constitucional
não prevê o seu próprio fim. As normas constitucionais definidoras de Direitos (direitos
fundamentais), consagradas em nosso texto de 1988, são o coração e a cabeça das atuais
constituições ocidentais e felizmente em nosso texto constitucional de 1988 consideradas como o
núcleo impossível de ser abolido (esfera do indecidível ou cláusulas pétreas) do mesmo. Estamos
em plena era do pós-positivismo ou neoconstitucionalismo, como preferem alguns, e os vetores
que regem todo o sistema de normas são valores de direitos fundamentais. Já é hora de colocar os
direitos fundamentais e as questões da cidadania em seu devido lugar: como disciplina autônoma
nos currículos das universidades brasileiras, não somente nos cursos de Direito, e colocá-los em

7
pauta em diversos debates – principalmente naqueles dirigidos a um maior número de cidadãos
possível.

O poder de constituir as regras prévias do viver em sociedade é o primeiro poder constituinte,


aquele que é inicial, ilimitado e incondicionado19, chamado pela doutrina atual de poder
constituinte originário. Esse se deve a um acontecimento político e social, é dizer, um
acontecimento, um fator, metajurídico, isto é fora do jurídico, não previsto pelo sistema jurídico,
não previsto pelo Direito posto. Exatamente desse fator metajurídico, acontecimento político não
previsto pelo Direito vigente, surgem as constituições escritas da modernidade. A primeira
constituição escrita surge de um fator metajurídico – acontecimento histórico e político – que foi
a independência dos Estados Unidos da América. As revoluções políticas e sociais também serão
históricos fatores metajurídicos que geraram muitas constituições. Infelizmente por ser inicial,
ilimitado e incondicionado, o poder constituinte (originário) poderá ser exercido de forma
ilegítima, uma vez entendido que legitimamente é exercido pelo povo, por forças estranhas a
vontade popular como por exemplo por um ditador, ou uma elite oligárquica, ou um grupo que
através da força bruta detenha o poder como os militares na América Latina em sua conturbada
história do século XX. Seria o caso de o poder constituinte ser exercido ilegitimamente a partir
do fator metajurídico chamado de golpe de estado, que difere da revolução por não ter ampla
participação popular e levar ao poder um ditador ou um grupo que instala uma ditadura. Outro
fator metajurídico que gera o exercício do poder constituinte (originário), considerado como
legítimo, seria um processo de redemocratização de uma sociedade. Os exemplos de processos
de redemocratizações são muitos, e todos eles derivaram assembleias constituintes que geraram
constituições democráticas, como os exercidos no pós-guerra a partir de 1945, entre outros,
França, Alemanha e Itália, e no final de ditaduras como Portugal e Espanha e certamente o
exemplo brasileiro que gerou a Constituição de 1988.

6. Benjamin Constant: O poder moderador

Diz a Constituição do Imperio no art. 98: O poder moderador é a chave de toda a organização
politica, e é delegado privativamente ao Imperador, como chefe supremo da nação e seu primeiro
representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da independência, equilíbrio
e harmonia dos mais poderes políticos.

8
E no art. 99 dispõe: A pessoa do Imperador é inviolável e sagrada. Elle não está sujeito a
responsabilidade alguma. Refletindo-se um pouco sobre o nosso poder moderador impossível é
não descobrir nelle a theoria engenhosa de um livro francez traduzida na Constituição Politica do
Imperio.
Foi antevendo, portanto, a resistência que enfrentaria a proposta institucional de corte
monarquiano que os partidários do Imperador lançaram mão da teoria do poder neutro como
forma de dourar a pílula. Embora isso pareça não fazer sentido, já que o Poder Moderador em
princípio enfraqueceria o poder monárquico, o estratagema envolvia uma engenhosa linha de
argumentação: o Poder Moderador era uma invenção da moderna escola francesa de direito
público e, portanto, insuspeita aos brasilienses. Segundo tais autores, aquele poder, cujas
atribuições compreendiam o direito de veto e o de dissolução era da essência de toda a
monarquia constitucional. No Brasil, desde o 7 de setembro, já havia um Estado independente, e
seu regime era o monárquico constitucional; portanto, esse Poder Moderador também já existia.
Logo, o Imperador detinha suas atribuições, podendo vetar e dissolver a câmara. Estava armada,
assim, a arapuca retórica (Lynch, C. 2005).

Dito isso, inspirada em Constant, a Constituição de 1824, em seu artigo 99, estabelecia a
irresponsabilidade do Imperador. Tal ponto deu origem a diversos debates ao longo do século
XIX entre políticos e juristas da época, como Braz Florentino

Visconde de Uruguai, Tobias Barreto e Zacarias de Goés e Vasconcellos, sobretudo no que diz
respeito à amplitude dessa responsabilidade e o seu significado para os atos dos Ministros e dos
Conselheiros de Estado. A Constituição, logo em seguida, definia quais eram as competências do
Poder Moderador. De acordo com o texto,

Art. 101 - O Imperador exerce o Poder Moderador: I. Nomeando os Senadores, na forma do Art.
43. Convocando a Assembleia Geral extraordinariamente nos intervalos das Sessões, quando
assim o pede o bem do Império.

9
Sancionando os Decretos, e Resoluções da Assembleia Geral, para que tenham força de Lei: Art.
62. Aprovando e suspendendo interinamente as Resoluções dos Conselhos Provinciais:Arts. 86, e
87. Prorrogando, ou adiando a Assembleia Geral, e dissolvendo a Câmara dos Deputados,nos
casos, em que o exigir a salvação do Estado; convocando imediatamente outra, que a substitua.
Nomeando, e demitindo livremente os Ministros de Estado. Suspendendo os Magistrados nos
casos do Art. 154.

Perdoando, e moderando as penas impostas e os réus condenados por Sentença.IX. Concedendo


anistia em caso urgente, e que assim aconselhem a humanidade, e bem do Estado.

A prerrogativa da graça insere-se na ideia de que o poder Moderador é responsável por controlar
politicamente os atos dos outros poderes. Ela permite a correção de erros do poder Judiciário, tal
como a prerrogativa de dissolver o Gabinete corrige erros do Executivo e a de dissolver o
Parlamento os do Legislativo. Dessa forma, a atuação do Imperador serviria para temperar a
atuação dos magistrados, o que se coaduna com a proposta original de Constant.

A regulamentação do direito de perdoar constava na lei de 11 de setembro de 1826. Previa o


dispositivo que “a sentença proferida em qualquer parte do Império que impuser a pena de morte
não será executada sem que primeiro suba à presença do Imperador para poder perdoar ou
moderar a pena, conforme o art. 101, VIII, da Constituição do Império”. A legislação, contudo,
não significou o fim da pena de morte. Nada obstante, “entre 9 de junho de 1828 e dezembro de
130, o Imperador junto a seu Conselho de Estado Pleno examinou vinte e duas sentenças de
morte, mandando executar dezesseis” (Ribeiro, J. 2005, 15).

7. As ideias socialistas: origens e caracteres fundamentais. O


pensamento marxista

Entre os propagandistas de ideias socialistas, no início do século XX, havia pessoas oriundas da
classe operária, como José Veiga, França e Silva, Mariano Garcia, mas a maior parte delas fazia
parte das camadas médias urbanas, como os professores Vicente de Souza e Eugênio Borba, o
jornalista Gustavo de Lacerda, o advogado Evaristo de Moraes e os médicos Estevam Estrela,

10
Silvério Fontes, Sóter de Araújo e Carlos Escobar. Estes três últimos formaram em Santos, em
1889, um Círculo Socialista que, para Astrojildo Pereira, foi a mais antiga organização socialista.

A maioria dos partidos socialistas criados à época apelava com frequência para a caridade, a
bondade e a justiça que, segundo eles, os patrões deveriam demonstrar para com os proletários os
quais, por sua vez, deveriam ter espírito de tolerância e evitar “abalos subversivos”

A palavra marxismo designa dubiamente a doutrina política elaborada por Karl Marx e Friedrich


Engels e o método de análise socioeconômica baseada no que Marx chamou de materialismo
histórico dialético, que apresenta como elemento de definição e análise da sociedade a sua
produção material.
Quando nos referimos ao marxismo ou aos marxistas, estamos tratando especificamente desses
elementos. Para referirmo-nos aos livros de Marx ou à sua obra, sem a especificação da doutrina
ou do método de análise social, devemos utilizar o adjetivo “marxiano”, como a “obra marxiana”
ou a “teoria marxiana”.
O marxismo ainda é amplamente estudado nos âmbitos da sociologia, da filosofia e da economia.
Atualmente, pelo fato de o marxismo estar alinhado a um pensamento de esquerda, setores da
direita, sobretudo da direita conservadora, acusam os movimentos de esquerda de infiltrarem os
ideais marxistas nas instituições de educação, na mídia e na cultura em geral, formando o que
eles chamaram de “marxismo cultural”.

7.1. O pensamento marxista

O pensamento marxista está fundamentado no reconhecimento de um sistema de exploração


da classe operária pela burguesia. Fundado por Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo
fundou-se com base em um pensamento socialista já existente na Europa industrial, a fim de criar
uma doutrina amparada pela socialização dos meios de produção (indústrias) e pela tomada de
poder da classe operária, tendo em vista sua libertação do sistema explorador.

O marxismo começou a ser difundido por meio das obras de Marx e Engels, lembrando que não
foram os autores que criaram o termo “marxismo”, e ganhou força no fim do século XIX a partir
da formação de grandes sindicatos de operários. A expressão maior do marxismo deu-se com
a Revolução Russa e a ascensão de Vladimir Lenin ao poder na nascente União Soviética.

Outros governos que se autointitularam socialistas marxistas foram o da China, a partir da


revolução de Mao Tsé-Tung, e o de Cuba, a partir da Revolução Cubana liderada por Fidel
Castro, Raul Castro, Ernesto “Che” Guevara e Camilo Cienfuegos.
11
O marxismo, na sua forma pura, defende que deve haver uma revolução pela qual a classe
operária toma para si os meios de produção e o governo, suprimindo a burguesia e os seus
meios de hegemonia e manutenção do poder, que constituem os conjuntos chamados
infraestrutura e superestrutura. Com base nisso, deveria ser criado um Estado forte, com um
governo chamado de socialista, que acabaria com a propriedade privada e controlaria toda a
propriedade em nome da população, formando uma ditadura do proletariado.

A tendência, defende o sistema marxista, é que aos poucos a diferença de classes sociais deixaria
de acontecer, pois as classes seriam suprimidas, formando uma população economicamente
homogênea por meio da igualdade social. O fim desse processo, de igualdade plena, seria o
chamado comunismo, que pode ser considerado uma utopia, pelo fato de que, até hoje, não foi
concretizado.

O socialismo existente antes da teoria marxista é chamado de socialismo utópico. O socialismo


marxista pode ser chamado de socialismo científico, pois ele cria uma metodologia sociológica
de análise social e traz para a teoria socialista elementos das ciências econômicas. Já o
socialismo que entrou em prática nos governos soviéticos (após o afastamento de Lenin e
Trotsky e a tomada tirânica de Stalin), chinês (de Mao Tsé-Tung), cubano, vietnamita, entre
outros países que passaram por regimes socialistas, pode ser chamado de socialismo real, pois
todas essas nações ditas socialistas afastaram-se muito da teoria marxista.

Foram muitos os detratores do marxismo ao longo da história. No século XX, a Alemanha


nazista de Hitler efetuou uma caça ao comunismo, que se resumia, para o governo totalitário, a
qualquer pensador de esquerda ou que discordasse do governo vigente. Aqui no Brasil, na
mesma época, Getúlio Vargas perseguiu e prendeu comunistas que se apresentavam como uma
ameaça ao governo desde 1930, destacando nomes como Carlos Marighella, Luís Carlos Prestes
e Olga Benário, ativistas marxistas que lutavam na guerrilha armada comunista.

Durante a Guerra Fria, onde se formaram dois blocos econômicos centrais, o socialista e o


capitalista, houve uma intensa campanha ideológica dos Estados Unidos para suprimir o que
eles chamavam de ameaça comunista, que envolvia governos marxistas, governos de esquerda
em geral e pensadores e ideólogos marxistas.

12
As ditaduras na América Latina, que aconteceram a partir da década de 1960, foram organizadas
e financiadas pelo governo estadunidense, pois este justificava haver uma crescente comunista
nos países do sul. Aqui no Brasil, porém, a luta armada comunista de cunho marxista já havia
acabado desde os anos de 1950, e os guerrilheiros marxistas voltam à cena após a deflagração
do golpe civil militar de 1964. No campo econômico, podemos destacar nomes das escolas
Austríaca e de Chicago, de orientação neoliberal, como opositores do marxismo nas práticas
econômicas e políticas.

8. As experiências totalitárias. Críticas ao totalitarismo

A guerra fria se configura como uma guerra civil internacional que dilacera transversalmente
todos os países: para o Ocidente, o melhor meio de enfrentá-la é apresentar-se como o campeão
da luta contra o novo totalitarismo, caracterizado como a conseqüência necessária e inevitável da
ideologia e do programa comunista.

Nesse contexto, como colocar a intervenção de Arendt? Logo após sua publicação, Origens do
totalitarismo foi submetido a dura crítica por parte de Golo Mann:

As duas primeiras partes da obra tratam da pré-história do Estado total. Mas aqui o leitor não
encontrará aquilo que está acostumado a encontrar em trabalhos semelhantes, isto é, pesquisas
sobre as peculiaridades históricas da Alemanha ou da Itália ou da Rússia [..] Pelo contrário,
Hannah Arendt dedica dois terços de seu esforço ao anti-semitismo e ao imperialismo e,
sobretudo, ao imperialismo de matriz inglesa. Não consigo segui-la [..] Somente na terceira
parte, em vista da qual todo o resto foi escrito, Hannah Arendt parece abordar realmente o
tema16.

Portanto, estariam substancialmente fora do tema as páginas dedicadas ao anti-semitismo e ao


imperialismo, embora se trate de explicar a gênese de um regime como o hitleriano, que
declaradamente ambicionava construir na Europa central e oriental um grande império colonial
fundado sobre o domínio de uma pura raça branca e ariana, após ter liquidado de uma vez por
todas o bacilo judeu da subversão, que alimentava as revoltas dos Untermenschend e das raças
inferiores.

13
Ao resenhar Origens do totalitarismo, Golo Mann sintetizava assim o sentido de suas críticas:
“Tudo é demasiadamente sutil, demasiadamente inteligente, demasiadamente artificial [...] Em
breve, teríamos preferido um tom mais rigoroso, mais positivo no conjunto”35. Com efeito, a
teoria do totalitarismo tornou-se, em seguida, menos “sutil” e mais “robusta” e “positiva”.
Adaptou-se em cheio às exigências da guerra fria. Emergindo do organicismo e do holismo de
direita e de esquerda e dedutível de algum modo apriorístico desta frutífera fonte ideológica, o
totalitarismo, em suas duas distintas configurações, explica todo o horror do século XX: essa é,
hoje, a vulgata dominante.

Teoria do totalitarismo e seleção dos horrores do século XIX É uma vulgata que nem mesmo
tenta interrogar-se sobre alguma catástrofe central do século o qual, assim mesmo, pretende
explicar. Procedamos como se estivéssemos no passado em relação à Revolução de Outubro, que
constituiria o ponto de partida da vicissitude totalitária. Como interpretar a I Guerra Mundial,
com seu séquito de mobilizações totais, de arregimentação total, de execuções e dizimações no
interior do próprio campo, de impiedosas punições coletivas que comportam, por exemplo, a
deportação e o extermínio dos armênios?

14
9. Conclusão

Em segundo lugar, as obras de Constant citadas no trabalho para expor sua ideia de poder Neutro
foram escritas em momentos conturbados da vida política francesa. Assim, suas considerações
sobre o poder Neutro em um sistema republicano, mencionadas na introdução, podem ser
valiosas para a pesquisa, considerando que a gênese do texto, inclusive sua não-publicação em
vida, poderiam nos dar acesso ao pensamento constantiano despreocupado com os processos
políticos que transcorriam na França de sua época (Constant, B. 2013).

Retomo aqui algumas das questões levantadas no início, como a que chamei de pensamento
subalterno, isto é, a dificuldade dos líderes operários em criar uma contraideologia, a tendência a
aceitar a luta nos termos colocados pela burguesia. Um exemplo disso é a questão da repressão
ao anarquismo. Um dos principais argumentos para tal repressão era o de que os operários
brasileiros seriam gentis, cordatos e estariam longe de atitudes agressivas contra seus patrões.
Tais atitudes seriam típicas dos “famigerados” operários estrangeiros, os anarquistas, no caso. A
resposta dos anarquistas não foi a de desmascarar o nacionalismo grosseiro e de colocar a todos
como operários, independentemente de sua nacionalidade.
Apesar de se chamarem libertários para se diferenças dos marxistas “autoritários”, os anarquistas
demonstravam algum desprezo – e maior intolerância - pelos que não aderiam ou não
compreendiam sua doutrina.
Outra questão e que diz respeito à linguagem e às formas de propaganda, o discurso dos
anarquistas era frequentemente bastante doutrinário, falando de teorias e enaltecendo a educação.
Por outro lado, o operário era sempre considerado um infeliz, um pobre coitado, que via seus
filinhos morrerem à mingua por falta de pão ou pela brutal exploração do patrão. Não havia
qualquer exagero nisso, mas a imagem era apresentada de forma desoladora, o retrato de um
desgraçado, e dificilmente alguém gosta de ver sua imagem retratada desta forma, por mais
verdadeira que seja.
Já os comunistas, no início de sua existência, repetiam informes e teorias que lhes chegavam da
URSS e que nada diziam ao cotidiano dos operários brasileiros. Os comunistas se habituaram de
tal forma a essas repetições que não deixaram mais de produzir informes pesados e repetitivos.

15
10. Referencias

PEREIRA, Astrojildo, Formação do PCB, 1922/1928. Lisboa, Prelo, 1976. VASCO, Neno, A
concepção anarquista do sindicalismo. 2ª Ed. Lisboa:Afrontamento, 1984.

Boccanera Júnior, S. (1921b). Bahia histórica: reminiscências do passado, registros do


presente. Salvador: Tipografia Bahiana de Cincinnato Melchiades.

HAMPSON, Norman. Historia social de La Revolución Francesa. Tradução de Javier Pradera.


Madrid: Alianza Universidad, 1970. Título original: A Social History of the French Revolution.
HELLER, Hermann. Teoria do Estado. Tradução de Lycurgo G. da Motta. São Paulo: Mestre
Jou, 1968.
LEFEBVRE, George. O surgimento da Revolução Francesa. Tradução de Cláudia Schilling.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. Título original: Quatre-vingt-neuf.

16

Você também pode gostar