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convergiram para uma época de transformação que o historiador Eric Hobsbawn chamou
surgiram na era moderna, estabelecendo essa tradição racionalista como uma nova visão
inéditos, e voltado para a crítica da ordem existente a partir de múltiplos (e por vezes
contraditórios) ângulos, acabou por antecipar uma das revoluções políticas mais
política aumentava na França, do outro lado do Canal da Mancha o regime político que
partir do final do Século XVII, e que apontavam de maneira inegável que a Inglaterra
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dinamizada pelo Parlamento ao longo de todo o Século XVIII. Com a Revolução Francesa
modernidade e se espalharia por todo o mundo pela força das armas europeias, acabava
por tomar a forma que conhecemos e que, de modo geral, ainda marca firmemente a nossa
realidade atual.
Sobre a Revolução Francesa, detonada pela crise que se seguiu à convocação dos
Estados Gerais em 1788, pode-se dizer que ela estabeleceu as bases e o vocabulário para
a modernidade política propriamente dita. A crise política e fiscal que toma conta do
político e social que havia sido impiedosamente criticado e rejeitado pelo movimento
iluminista. A convocação dos Estados Gerais, evitada pelos reis franceses desde 1614,
sistema político francês. A divisão corporativa que concedia à nobreza e a Igreja reunidas
camponesa que se seguiu a ela, o sistema francês foi complemente e rapidamente abalado.
Uma estrutura que parecia eterna de repente se mostrava demasiadamente frágil. Uma
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resultando numa relativa normalização oligárquica da Revolução e na eventual ascensão
de Napoleão.
poder ser executada, apontou o caminho para uma série de inovações revolucionárias:
A escravidão foi imediatamente abolida, gerando efeitos imediatos nas colônias francesas
revolução escrava de todos os tempos, estabelecendo o que foi na época apenas o segundo
estado independente das Américas. Além de uma radical separação entre Estado e Igreja,
mais gerais, a ideia de que o Estado deveria promover bens e serviços voltados para o
público do qual ele era a representação coletiva. Essa ideia, que veio junto com a comissão
ser traduzida na prática; contudo, os princípios nela estabelecidos não seriam esquecidos
e formariam a base para o que podemos chamar da agenda política moderna, e seu
Revolução, pode ser tomado como um termômetro desse clima de inovação política.
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direitos de cidadania das mulheres. Sendo a razão a base dos direitos humanos, não
existiam argumentos sólidos para excluir metade da humanidade do exercício dos direitos
jacobinos em torno da Constituição de 1793 (para a qual havia escrito um projeto e seu
revolução que o entusiasmou. Mas as suas ideias, se comparadas com o período pré-
Revolução Francesa foi também a principal responsável pela nossa noção que divide a
regime que surge das cinzas da revolução. A sua crítica conservadora ganharia relevo na
obra do polemicista Edmund Burke, mas não era o medo do contágio revolucionário a
acabaram por sofrer todos os impactos da revolução. A Inglaterra passava por um período
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parlamentar estabelecida a partir do final do Século XVII estava mais consolidada do que
das novas cidades industriais que despontavam, afastadas da vida rural por meio da
furiosa onda de cercamentos que varreu a Grã-Bretanha no Século XVIII, e que refletia
célebre escocês Adam Smith. Smith, entre tantas contribuições, teorizou as condições de
de mercado por meio da sua famosa metáfora da “mão invisível” e defendeu a tese de que
o trabalho era a fonte última da riqueza. A sua descrição do potencial da divisão industrial
industrial. Também lançava um interessante olhar crítico sobre a expansão colonial que
afirmaria como a maior potência mundial, um período que estava destinado a durar, e que
estabelecido na história humana, apesar da perda da maior parte das suas colônias norte-
Revoluções foi justamente a Guerra pela Independência dos futuros Estados Unidos da
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América, e a promulgação da sua República constitucional, resultando na Constituição de
sua vinda para a América do Norte, se rebelaram contra os frouxos controles coloniais
ingleses, cujo olhar se voltava para outras partes do mundo, e realizaram a primeira
precedente que teria grande repercussão, tanto nas Américas quanto no imaginário
grande parte do continente, ainda assim influenciou a mentalidade europeia e deve ser
contada como mais um fator a detonar a muito mais influente revolução na França. As
palavras iniciais da constituição, “Nós, O Povo”, apontavam para o apelo que esse
James Madison, Alexander Hamilton e John Jay, que escreviam anonimamente sob o
moderna. O argumento defendido por esses autores e políticos, no contexto das polêmicas
políticas imediatas, era a defesa de um estado central forte como condição fundamental
ausência dos resquícios feudais e por um forte sentimento de igualdade fomentado pela
dos poderes, baseada na noção de “freios e contrapesos”, por meio da qual as instituições
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tarefas do poder público e impediriam que uma vontade autocrática, de origem
da nação. O poder executivo foi desenhado para ser exercido por um presidente eleito
pelo voto direto dos cidadãos aptos ao voto (num primeiro momento, homens brancos
adultos de origem inglesa), contrabalançado por sua vez por um poder legislativo
por sua vez, era consagrada pelo estabelecimento de uma Suprema Corte, que deveria
servir como guardiã e supervisora da constituição, e cujos membros deveriam deter uma
posição vitalícia a fim de garantir a sua autonomia frente aos demais poderes. Esse
desenho institucional, inspirado tanto pelo medo do poder popular quanto pela convicção
identificado como um novo modelo de democracia, apesar de tal defesa não estar presente
revolução de época nas formas de consciência, uma revolução da qual ainda somos os
nos séculos XVI-XVIII, acabou finalmente por se converter num vetor fundamental da
militante. A esse longo processo de formação de uma nova visão de mundo se acrescentou
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uma bomba política para o mundo ocidental na época, espalhando a sua influência
eventualmente inclusive para regiões que nunca haviam sentido o impacto do pensamento
viver numa era revolucionária gerou novas teorias sobre a sociedade e a história. Os
geologia, que a superfície que vemos hoje na terra, com a sua enorme variedade de
relevos, era produto de uma longa história, de causas puramente naturais. O tempo
humanos extintos, e por uma nova compreensão da longa duração da história humana.
Em meio a uma fuga que acabaria resultando na sua captura e execução, Condorcet
progresso como uma tendência fundamental e de longo prazo na história humana, que
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irreversível para um futuro de prosperidade, liberdade, justiça e razão. Do fundo do
abismo político Condorcet encontrava razões para um otimismo de longo prazo que
uma história humana universal era também o resultado dos esforços iluministas e do
conferia um valor central à ideia de tempo e de mudança. Essa nova visão, inspirada pelos
trabalhadas nas ciências naturais. Seu resultado final é a ideia de que tudo que existe, já
tenha existido ou existirá, tem uma história. Aplicada aos seres humanos e à vida como
um todo, essa noção se traduz na poética afirmação de que somos “poeira de estrelas”. As
Mas já no início do Século XIX ela se apresentava como uma lógica irresistível do ponto
de vista da teoria social e política. Se tudo é histórico, isso é ainda mais relevante para o
ser humano, que não apenas vive o tempo, mas faz a sua própria história, como Marx
apresentada pelo seu predecessor Kant, Hegel argumentou que a razão moderna é o ponto
de chegada da história, por assim dizer, e não o seu ponto de partida, tal como apresentado
pelos contratualistas Hobbes e Locke assim como por Kant, ou, em outra chave, por
Descartes (ou, ainda, pela tradição da economia política e as suas “robinsonadas”, mas
tarde assim caracterizadas por Marx). Longe de apresentar a natureza humana em algum
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processo. Hegel, particularmente na sua Fenomenologia do Espírito e na sua Filosofia do
do senhor e escravo”, por meio da qual Hegel apresentava a história humana como uma
igualdade universal, que o Hegel tardio e mais conservador associou com o Estado liberal
revelou como um imponente edifício teórico para os seus contemporâneos. Não à toa é
reconhecido como um dos maiores filósofos de todos os tempos. Na sua obra todo um
espírito de época convergia, exatamente da maneira que ela descrevia em seu modelo
filosóficas numa Alemanha que dava seus primeiros passos na formação de uma
fragmentadas partes políticas. Quando ele morreu em meio a uma epidemia de cólera em
1831 a disputa pelo seu legado determinou importantes caminhos teóricos e políticos que
seriam trilhados, incluindo notavelmente a obra de Karl Marx, talvez o pensador social e
pelo filósofo e teólogo hegeliano David Strauss com a publicação do seu A Vida de Jesus
em 1835. Essa obra, inspirada em Hegel, procurava traçar um panorama mais realista da
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Bíblia uma fonte de alegorias históricas e morais, e não de verdades literais. O iluminismo
Jesus, incluindo uma escandalosa versão do Barão D’Holbach que apresentava Jesus
como um inepto charlatão. Mas essas obras tiveram impacto limitado no contexto mais
1872). Esses pensadores seriam amigos e mentores do jovem Marx, nascido em 1818 e
sua época. Bauer, pupilo de Hegel e vencedor do prêmio nacional de filosofia em 1830,
crítica à Vida de Strauss. Mas a obra de seu contemporâneo o leva a uma epifania, o
tempo consagrada e para a qual tanta atenção havia sido dada. Ele desenvolveu uma
escritos décadas após a suposta crucificação de Jesus. Com suas teses bombásticas, muito
à frente de seu tempo, Bauer cai em desgraça política e seria eventualmente prescrito
se encontra até aos dias atuais. Seu radicalismo se traduzia numa crítica universal à
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religião e a identificação dela como o maior mal político e social. Marx consideraria tal
ênfase unilateral e procuraria orientar o seu próprio radicalismo numa nova direção.
Durante esse período Bauer era nada menos do que o orientador da tese de doutorado de
politicamente, com o jovem Marx dedicando algumas de suas principais obras iniciais,
como A Questão Judaica e A Sagrada Família, a sua polêmica com o velho mestre.
grandes pioneiros gregos do materialismo antigo. Como seus colegas mais velhos, a obra
como as formas do direito, deveriam ser compreendidas não como uma realidade
primária, mas sim como um reflexo das formas de vida concretas. A consciência é a
propõe como o seu grande objetivo teórico, desde sempre inspirado pelo radicalismo
político que ele desenvolve ainda enquanto jovem, o estudo das diferentes formas de
existência material concreta do ser humano e das sociedades por eles formadas. A história
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humana, concebida por Hegel como a história do desdobramento da consciência humana,
passa a ser vista como a história da sucessão de uma série de formas de organização social
humana agora associada ao que ele chama de divisão de classes e luta de classes. “A
lo”, afirmou o jovem Marx na últimas das suas Teses sobre Feuerbach.
EUA, Marx elabora uma crítica precoce e presciente. O modelo dos direitos políticos
estabelecido se assenta numa dualidade social, numa separação dos domínios sociais,
entre uma esfera pública do cidadão marcada pela universalidade dos direitos civis (o
“Céu”, afirmou o jovem Marx em polêmica com o seu mentor Bauer), e uma realidade
“terra” dos homens em contraposição ao céu dos cidadãos. Marx apontou para o caráter
formal da democracia política e para a abstração dos direitos por ela consagrados. A sua
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dominação de classes que era o próprio fundamento da sociedade burguesa. Podemos
dizer que é o próprio caráter formal e abstrato dos direitos políticos sob a ordem burguesa,
ou capitalismo, que facilita a sua universalização: a expansão dos direitos civis e políticos
monopólio dos meios de produção por parte da classe capitalista. O direito ao voto não
que o jovem Marx antecipou essas críticas e essa análise, persistindo somente nos EUA
(em pouco tempo a Revolução de 1848 na França traria uma versão ainda mais abrangente
embora de forma nada linear. O pensador liberal francês Alexis de Tocqueville já havia
dado esse conselho para a burguesia francesa e europeia na sua obra A Democracia na
traduzir numa democracia substantiva real, voltada para os interesses da maioria. Tal
propriedade e sua superação por uma forma superior de organização, que Marx acreditava
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Marx, em meio a uma parceria de vida com o seu amigo Friedrich Engels (1820-
1895), co-autor de várias das suas obras, procurou desenvolver uma ampla teoria social
que fundamentasse a sua análise política e que fornecesse as bases para uma teoria capaz
Montesquieu um século antes eram agora retomadas, mas à luz de um novo propósito
a história da luta de classes. O que são as classes? Marx define as classes a partir do que
a produzir para se manterem. O trabalho humano, que envolve um tipo único de relação
humanos. Marx adota uma antropologia naturalista e materialista: o ser humano é um tipo
de produção com o desenvolvimento das forças de produção confere uma estrutura central
para cada sociedade (ou conjunto de sociedades, ou épocas históricas), o seu modo de
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da produção. Marx reconhece que as sociedades humanas originárias não eram marcadas
que, embora ainda escassa em termos de material empírico, antecipou de maneira notável
com a quebra desse modelo originário (que hoje sabemos que perdurou por dezenas de
dominantes e dominados. Seja como ela tenha se dado, essa ruptura promoveu uma
escravocrata, com sua divisão entre senhores e escravos, e o modo feudal, baseado na
produção capitalista. Marx definiu também o modo de produção “asiático”, baseado numa
divisão direta entre Estado e produtores. Característico de todas essas estruturas de classes
classes no feudalismo, só que na escala do senhor feudal, que exerce um tipo mais
mais rígidas no que no modo asiático em tese caracterizado pela exploração coletiva de
uma vasta população e território por um Estado central (modelo inspirado numa
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No caso da escravidão o próprio indivíduo-escravo se transforma numa mercadoria à
disposição do seu senhor, a quem pertence toda a produção por ele realizada. Em todos
lógica por meio do modo de produção capitalista que explica as peculiaridades do sistema
Nela, o capitalista é o proprietário dos meios de produção, visando utilizar a sua estrutura
pela sua propriedade exclusiva dos meios de produção, a classe produtora se define pela
sua não-propriedade, pelo seu afastamento, dos meios de produção. É uma situação
A sua única posse é a propriedade de si e a sua capacidade para o trabalho. Nesse contexto
relação de assalariamento como base para a produção. Essa nova classe trabalhadora é o
proletariado. Marx não está lançando uma teoria abstrata. Esse modelo é uma descrição
dos acontecimentos que formaram essa estrutura na Inglaterra. Para o capitalista o único
objetivo da sua propriedade é a produção de mais renda. Isso se dá por meio da compra
produção. O objetivo é a realização do lucro ao final do processo, depois do que ele deve
sua produção para o mesmo mercado. Marx descreve de forma simples como esse modelo
com o investimento em dinheiro (D), passa pela produção de mercadorias (M) e depois
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pela sua venda, resultando novamente em dinheiro (D’). Um circuito D-M-D’. Ora, tal
processo só faz sentido se o resultado final for maior do que o inicial. A acumulação de
capital pressupõe a realização do lucro, gerando uma lógica social circular potencialmente
sem limites. Tal modelo gerava um novo tipo de imperativo de crescimento econômico e
uma dinâmica nova em termos da inovação dos meios de produção. Ao mesmo tempo, a
valor da força de trabalho e da riqueza gerada por esse mesmo trabalho era a fonte última
da renda do capitalista. Essa fonte de renda, camuflada pela ficção do contrato no contexto
do mercado de trabalho, aparecia como uma forma muito mais opaca de exploração do
relação aos meios de produção permitia que a expansão dos direitos políticos não
econômica marcada pela divisão de classes e pela exploração. Como Marx disse para os
seus leitores alemães do primeiro volume do Capital: essa é a nossa história narrada.
Max Weber (1864-1920) nasceu quase cinco décadas após Marx, e teve uma
trajetória e formação que não poderia ser mais distinta do que a do teórico do materialismo
histórico. Marx viveu a maior parte da sua vida exilado em Londres e completamente
alheio ao ambiente acadêmico. Como havia ocorrido com o seu mentor Bauer, sua heresia
política o transformou num pária. O seu profundo conservadorismo político de base não
uma vasta série de temáticas e projetos de pesquisa que despontavam na época. Nesse
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revolucionando o nosso conhecimento do mundo antigo, por meio de descobertas como
evangelhos foram escritos em grego, e que Paulo de Tarso teria vivido bem antes dos
escritores dos Evangelhos, quem quer que eles fossem, tendo em vista que as suas
verdadeiras identidades foram agora também questionadas. Isso são apenas alguns
arquivos. Estudar história é estudar fontes, afirmou Ranke. Uma vida intelectual e
e depois da sua unificação política liderada pela Prússia em 1870. Weber foi um filho da
um conservador. Ele não era mobilizado pelas paixões políticas que mobilizavam a
na sua juventude. A sua visão do mundo moderno, apesar de em grande parte pressupor
as suas bases históricas, a partir de uma concepção grandiosa baseada na ideia então
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especialização preconizadas a partir de Ranke, Weber era um autor extremamente
abrangente e ambicioso. Pode-se dizer que com ele a ambição de Montesquieu também
estava presente. Weber também pretendia superar os limites do que ele conhecia somo a
concepção marxista. Em termos gerais, podemos dizer que a obra de Weber visava a
particularidade do Ocidente. Ele queria estabelecer uma série de fatores que ele
voltar para a transformação dos valores culturais dominantes (por meio da análise da
inspirada por Hegel, é olhar para o todo, pode-se dizer que Weber elabora um pluralismo
que tal pressuposição de esferas sociais representava um importante passo para a ciência
explicação do milagre do Ocidente. Foi com essa perspectiva que Weber elaborou a sua
moderno. Apesar da sua ênfase na pluralidade causal, no fundo Weber também apresenta
lógica singular e impessoal para cada uma delas. Com essa lógica ocorre um
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desencantamento do mundo. Assim a economia segue uma lógica econômica do lucro, a
política a lógica política do poder, a religião se volta para uma esfera própria e mais
restritamente espiritual, o Direito segue uma lógica formal e autônoma, etc. Subjacente à
todas as esferas sociais, mas particularmente as esferas econômica e política. Tal lógica
corria o risco de sair do controle, ponderava Weber, permitindo uma visão tenebrosa do
futuro como uma “jaula de ferro”. Ao diagnosticar tal perigo Weber se limita a uma
peculiar esperança no poder carismático como uma forma de quebrar o desencanto que
política da lógica impessoal e formal, “racional”, que permeia o Estado moderno. Toda
legitimidade. Weber não discute a questão das sociedades sem formas estabelecidas e
sacralizados. No seu modelo mais puro, o patriarcal, o poder decisório reside na figura
dominante do patriarca, que exerce o seu poder de modo pessoal, escolhendo os seus
própria noção de moralidade, a partir dos limites estabelecidos pela tradição. O principal
limite do poder do patriarca está na própria tradição, a qual ele não pode quebrar sem
colocar em risco as bases da sua própria legitimidade. Uma variante desse modelo é o
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tipo de dominação estamental, na qual o poder da tradição não está investido num único
indivíduo, mas num grupo de senhores. Weber identifica a Europa feudal com esse
modelo, e para ele tal forma representa mais um fator causal da especificidade do milagre
europeu que deu origem à sociedade moderna caracterizada pela racionalidade. A disputa
pelo poder no interior da classe dos senhores feudais teria dado impulso a uma revolução
no campo do direito, formando as bases para o futuro Estado marcado pela racionalidade
formal e pela concepção do direito positivo. Nesse modelo, no qual a competição entre
senhorial ainda são as tradições que conferem uma posição de privilégio e poder. O caso
do modelo carismático é ainda mais enfático na sua demonstração de uma lógica pessoal
associado ao carisma, ou seja, prestígio, afeto, que um líder carismático é capaz de exercer
enorme: além de escolher os seus preferidos como seus xerifes e comandantes, ele não é
restringido pela tradição, tendo a liberdade de reformular as leis e de criar uma nova
tradição. Talvez essa seja a fonte última das tradições, pondera Weber. Seja como for, tal
modelo segue uma lógica rigorosamente personalista e informal, no qual os únicos limites
consciência.
estatutos formais, argumenta Weber. É a dominação formal por meio de regras, leis e
estatutos, que foram criados por sua vez de acordo com critérios igualmente formais, e
que estabelecem ao mesmo tempo as condições para a mudança das leis. Essa é a base da
ideia moderna do direito positivo, o direito visto como um sistema criado e recriado a
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por sua vez, são burocratas profissionais, que exercem as suas funções de acordo com
liberal, também os políticos exercem os seus cargos de acordo com critérios formalmente
estabelecidos (eleição, indicação). Num modelo republicano tal princípio se aplica a todos
transformando numa pessoa jurídica, distinta dos ocupantes específicos dos cargos
estatais. Weber também aponta que esse novo tipo Estado, que caracteriza as sociedades
modernas, é marcado pelo estrito monopólio não apenas da lei, mas também do uso
legítimo da força.
superável, Marx concebia tal sociedade não apenas como injusta e sustentada pela
acumulação de capital apontava para uma absurda lógica da produção pela produção, que
do primeiro volume de O Capital, o mundo parece cada vez mais periculosamente preso
meio depois das suas formulações originais, ainda estamos presos nos dilemas apontados
por Marx.
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