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DIREITO
Henrique Abel
As revoluções burguesas
e o Estado Liberal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, estudaremos a história das revoluções liberais burguesas e
as circunstâncias que levaram ao surgimento do chamado Estado Liberal.
Vamos começar examinando a história da Revolução Gloriosa e de
que forma ela abriu caminho para as revoluções liberais posteriores. Em
seguida, analisaremos as circunstâncias históricas, sociais e políticas por
trás da Revolução Francesa, identificando as suas principais realizações
e contradições.
Ao final, vamos analisar as principais características do chamado Es-
tado Liberal e de que forma ele se relaciona com as revoluções burguesas
dos séculos XVII e XVIII.
A Revolução Francesa
Iniciada em 1789, a Revolução Francesa representa o ápice das revoluções
liberais e o seu maior símbolo. É importante destacar que ela se desenvolveu de
forma muito diferente da Revolução Americana (que almejava independência,
criação de uma identidade nacional e de uma nova nação) e da Revolução
Gloriosa na Inglaterra (que teve caráter reformista e conciliador).
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efeitos positivos gerados dentro e fora da França, a revolução foi marcada por
extrema violência. Apenas no período da revolução, conhecido como Reino
do Terror, que perdurou entre 1793 e 1794, foram emitidas mais de 17 mil
sentenças de morte na guilhotina.
Nesse curto período, a França foi governada, de fato, pelo Comitê de
Segurança Pública, integrado por Maximilien Robespierre, uma das mais
poderosas lideranças revolucionárias da época. Foi um período de tribunais
revolucionários, julgamentos sumários (ou inexistentes) e condenações à
morte em números exorbitantes. O final desse período de exceção é marcado
pelo fato de que o próprio Robespierre cai em desgraça, é preso e — já no dia
seguinte — condenado à morte na guilhotina.
Além disso, apesar das suas pretensões democráticas e republicanas, a
chamada Primeira República, gerada pela revolução, durou apenas 8 anos
(1792–1799). Dessa forma, pelo menos em relação à política interna francesa,
o resultado direto mais marcante e decisivo da revolução foi a ascensão ao
poder de Napoleão Bonaparte, que assume o comando da nação primeiro
como cônsul, em 1799, e, 5 anos depois, como imperador.
Depois do período imperial napoleônico, ocorreu, a partir de 1815, a chamada
Restauração de Bourbon, com a recondução da antiga aristocracia ao poder. A
França tentou novamente um rompimento com a monarquia por meio da chamada
Segunda República, mas esta durou apenas 4 anos. O único presidente francês
da Segunda República foi o sobrinho de Napoleão Bonaparte, Napoleão III, que,
a partir de 1852, ergueu o Segundo Império e se tornou, também, imperador.
Apesar das grandes realizações sociais, econômicas e militares do seu governo,
Napoleão III exerceu o poder de forma ostensivamente autoritária, abrandando
a censura e as perseguições políticas apenas na sua última década no poder,
período no qual o seu império assumiu contornos mais liberais.
De qualquer forma, podemos dizer que foi apenas em 1870, com a instituição
da Terceira República, que a França finalmente conseguiu conquistar um período
de republicanismo liberal duradouro (o período durou até 1940, quando a França
foi tomada pelo exército nazista da Alemanha na Segunda Guerra Mundial).
Para conhecer mais sobre a Revolução Francesa, leia o artigo Revoluções burguesas:
contribuições para a conquista da cidadania e dos direitos fundamentais (LIMA, 2016).
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https://goo.gl/5bfYar
https://goo.gl/VvYUyg
Figura 2. A Bill of Rights sendo apresentada ao Rei William III. Pintura de James
Northcote, datada do século XVIII.
Fonte: Bill of Rights [(201?)].
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Leituras recomendadas
BARRETTO, V. de P. (Coord.). Dicionário de filosofia política. São Leopoldo: Editora
Unisinos, 2010.
As revoluções burguesas e o Estado Liberal 137
BOBBIO, N. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2000.
GILISSEN, J. Introdução histórica ao direito. 7. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
2013.
LIMA, C. A. de S. Revoluções burguesas: contribuições para a conquista da cidadania
e dos direitos fundamentais. Revista Jurídica da Universidade do Sul de Santa Catarina,
v. 7, n. 12, 2016. Disponível em: <http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.
php/U_Fato_Direito/article/view/3588/2559>. Acesso em: 11 set. 2017.
LOPES, J. R. de L. O direito na história: lições introdutórias. 2. ed. São Paulo: Max Li-
monad, 2002.
STRECK, L. L.; MORAIS, J. L. B. de. Ciência política e teoria do estado. 7. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2010.