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MARCELA NOGUEIRA VEGA

MEMORIAL ACADÊMICO

Para a disciplina de Políticas Sociais, do curso de


Pós-Graduação em Políticas Públicas, ministrado
pelo Prof. Dr. Salomão Ximenes

SÃO BERNARDO DO CAMPO


Universidade Federal do ABC
2022
A crise na Educação no Brasil, não é uma crise; é um projeto
Darcy Ribeiro
Políticas Sociais: O que é cidadania, Welfare State, e o que busco em minha pesquisa.

A disciplina de Políticas Sociais é muito importante para que o pesquisador


compreenda mais profundamente o conceito acerca da Cidadania, em termos modernos, bem
como a formação de um Estado de Bem-Estar Social, que irei me aprofundar mais adiante.
No que tange a questão da Cidadania, o conceito de Cidadania vem da Grécia Antiga,
quando as pessoas eram consideradas livres ou iguais. Na verdade, durante esse período
apenas homens que fossem ricos ou proprietários de terras seriam considerados cidadãos. Para
Aristóteles ser cidadão “é o homem que partilha os privilégios da cidade” (1997, p.88). Nesse
sentido, esses homens são sujeitos que participam da polis e são responsáveis por exercer os
poderes “deliberativos e judiciários”.
Já, em relação aos Romanos, bem como com os gregos, era referente aos direitos que
uma determinada pessoa poderia ter ou exercer, e, portanto, nessa sociedade a desigualdade
de tratamento entre eles era visível, e somente romanos “livres” eram considerados cidadãos.
Sobre o conceito moderno de cidadania, devemos voltar aos tempos da Revolução
Francesa, em um momento em que as pessoas buscam lutar por suas liberdades e direitos,
contra Estados Absolutistas, e a questão da cidadania se vincula aos “Direitos do homem e do
cidadão”, bem no começo do processo revolucionário.
Ademais, em relação aos direitos universais, estes são os direitos dos “homens”,
entretanto, também são os direitos dos cidadãos, que seria as pessoas que vivem em um
determinado território – “país”), e com isso os direitos universais são os direitos dos cidadãos,
dentro daquele Estado em que se habita.
Após esta pequena elucidação sobre o que era ser cidadão, nos tempos antigos, e como
essa discussão se dá, em nosso contexto, como algo de grande relevância, e que,
frequentemente me causa grandes reflexões, é muito importante pensar cidadania, o Estado de
Bem-Estar Social, as desigualdades, a partir da minha pesquisa e das teorias críticas
apresentadas durante esse quadrimestre, ao que tange nos dias atuais, e que se mostra um
desafio interessante a criticidade do pesquisador, enquanto ser e cidadão.
A partir do texto de Esping-Andersen, em relação a tratativa do Welfare State,
podemos entender como ideia inicial para discussão sobre essa temática, a elucidação sobre a
influência de diferentes contextos no nascimento dessa política e a análise de sua efetividade
no alcance dos fins propostos, a exemplo da mitigação da desigualdade social.
De uma maneira geral, economistas políticos clássicos (liberais, conservadores ou marxistas),
buscam estabelecer relações entre o sistema capitalista e o bem-estar social. A partir dessa
análise é evidente o posicionamento liberal ante o papel do Estado no âmbito econômico, pois
defende que o Estado deve se abster de qualquer atuação frente a economia, aos moldes da
teoria do laissez-faire. Já o modelo conservador é a busca por um caminho autoritário, que
favorece hierarquias sociais rígidas – que surgem a partir de uma reação em relação a
Revolução Francesa, a partir de um pensamento nacionalista, antirrevolucionário, que
favorece a disciplina, sem que haja uma competição, e, portanto, inviabiliza o conflito entre as
classes e promove o status quo. A teoria marxista traz uma releitura interessante acerca do
pensamento liberal, no qual “abomina efeitos atomizantes do mercado” e a defesa por um
mercado livre, que poderia acabar com as desigualdades, visto que, em verdade ocorre o
contrário: com a acumulação de capital aumenta-se a chance do povo não ter acesso a
propriedade, e como resultado, a população cada vez mais será dividida em classes. Essa
divisão trará conflitos e o Estado Liberal tenderá a defender àqueles que são proprietários dos
bens, renunciando aos seus “ideais de liberdade e neutralidade”, compactuando com a
dominação de classes em relação ao povo marginalizado e pobre.
Aqui, já vejo alguns pontos interessantes que conversam com a proposta dos meus estudos
acerca dos atores políticos e sociais que influenciam a reformulação das Políticas Públicas no
Brasil, principalmente no que se refere à Política de Financiamento da Educação, ou seja,
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEB).
É sabido que meu estudo seria uma continuidade do meu Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso do Bacharelado em Políticas Públicas da UFABC, que tem como
objetivo entender a relação entre os atores sociais, a formação de coalizões entre movimentos
sociais e demais atores, e a pressão para aprovação do Novo FUNDEB antes do final de 2020,
e identificar essas relações com o Legislativo e Governo Federal. No mestrado, ainda que
precise rever alguns pontos da pesquisa, pretendo olhar para os atores (policy entrepreneurs) e
suas crenças e valores, e entender como se deu suas defesas de interesses para que a política
fosse reformulada, inclusive, propondo entrevistas com os diversos desses atores da
comunidade acadêmica, movimentos sociais, políticos envolvidos, para assim identificarmos
suas crenças (se são mais ou menos conservadores, liberais ou neoliberais, ou marxistas) e
como todo esse “policy primeval soup” foi criado e influenciou o processo de discussão,
reformulação, para no fim alcançarmos a aprovação do Novo FUNDEB. Talvez essa análise
não parta dos modelos de formulação de políticas públicas, como Multiple Streams Model, de
Kingdon, ou Advocacy Coalition Framework, do Sabatier, mas a partir de teorias que
envolvam movimentos sociais.
No que se refere a importância do FUNDEB para a Educação no Brasil, o ponto que
considero mais importante é em relação a diminuição das desigualdades educacionais que
permeiam nosso país, principalmente nas regiões mais pobres e com maiores dificuldades de
arrecadação. Deixo claro, de antemão, que a pesquisa, em si, não tem como fim tomar lados,
mesmo que eu tenha total concordância com a Campanha Nacional Pelo Direito a Educação e
tenha críticas a diversas propostas que foram discutidas nesse processo.
Ademais, Política de Financiamento da Educação, no Brasil, impacta diretamente em Políticas
Sociais como um todo, pois, como

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