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1. CONTEXTO HISTÓRICO
1.1. FIM DA ANTIGUIDADE / QUEDA DE ROMA
• Século IV d.C.: Divisão do Império Romano no Império do Ocidente (Roma) e
no Império do Oriente (Constantinopla), em um território que se espalha da Ibéria
e Inglaterra ao Danúbio, passando pelo norte da África e parte da Ásia ocidental.
• Deslocamento dos povos germânicos e eslavos do norte do império, em
decorrência de pressões de povos vindos da Ásia central.
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• “Queda” do Império Romano do Ocidente no século V, enquanto o Império do
Oriente (ou Bizantino) dura até o século XV, conservando o direito romano
(codificações justinianéias).
• “No Império Romano, uma religião nova, pregada por Cristo e pelos seus
discípulos no século I, impôs-se no Século IV; o Império torna-se cristão. Um
sistema jurídico próprio da comunidade dos cristãos, o direito canônico,
desenvolve-se à margem do direito romano, sem absorver; instala-se um sistema
dualista – direito laico e direito religioso – que se vai manter até o século XX.”
(Gilissen)
• Retirada do Cristianismo da semiclandestinidade e sua legalização – 313, Edito
de Tolerância de Milão (Imperador Constantino)
• Direitos verificados no início da Idade Média:
▪ Direito Romano (sobrevivendo no direito bizantino);
▪ Direito Canônico (em seu nascedouro);
▪ Direitos Germânicos;
▪ Direitos Eslavos;
▪ Direito Celta.
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• “Durante dois a três séculos – fim do século IX ao século XII -, o direito feudal
domina na Europa Ocidental; ele não desaparecerá definitivamente senão nos fins
do século XVIII em França e na Bélgica, e, quanto à Alemanha, no século XIX.”
(Gilissen)
• Direitos verificados na Alta Idade Média:
▪ Direito Muçulmano (sudoeste);
▪ Direito Bizantino (sudeste);
▪ Direito Romano (ainda entre os séculos VI a VIII);
▪ Direitos dos povos germânicos, tornados sedentários (Visigodos,
Francos, Lombardos, Anglos, Saxões, Normandos...);
▪ Direito do Império Carolíngio (Séculos VIII-IX);
▪ Direito dos povos Eslavos no Leste;
▪ Direito Feudal;
▪ Direito Canônico.
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• “O direito bizantino manteve-se no Sudeste até ao século XV, o direito
muçulmano no Sul da Espanha até a mesma época, seguidamente no Sudeste da
Europa, no quadro do Império Turco.” (Gilissen)
• Grandes sistemas Jurídicos na Europa dos Séculos XII a XVIII:
▪ Direitos romanistas;
▪ Common Law inglês;
▪ Direitos Eslavos;
▪ Direito Bizantino;
▪ Direito canônico;
▪ Direito Muçulmano.
2. O DIREITO CANÔNICO
• “A Igreja foi (...) uma força onipresente no desenvolvimento financeiro e jurídico
da Europa. Como maior latifundiário, estava comprometida com a defesa do
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feudalismo, e com toda a sua autoridade auxiliou na repressão das revoltas de
camponeses que varreram o continente. Denunciava como hereges ou trancafiava
em mosteiros todos aqueles que desejavam restabelecer a imagem de urna Igreja
comunal, apostólica.” (Tigar e Levy)
• O Direito da Igreja Cristã, especialmente da Igreja Católica, que desempenhou na
Europa medieval um forte poder temporal e uma grande influência religiosa e
cultural, sendo um direito religioso, como o hebraico, o hindu e o muçulmano,
retirando suas regras de preceitos divinos revelados em seus Livros sagrados, mas
se diferenciando dos demais direitos teológicos por entender a noção do direito
em separado dos comportamentos religiosos, rituais e morais.
• “(...) é chamado de canônico por causa da palavra “canon” que em grego significa
regra.” (Lages)
• “Os cânones são regras jurídico-sagradas que determinam de que modo devem
ser interpretados e resolvidos os vários litígios. Mais que regras, são leis, isto é,
são verdades reveladas por um ser superior, onipotente, e a desobediência, muito
mais que uma infração, é um pecado. Os cânones são os desígnios de Deus,
transformados em regras a serem seguidas sem questionamento pelos homens.”
(Wolkmer)
• Principais períodos do direito canônico:
▪ Fase ascendente (séculos III a XI – Alta Idade Média);
▪ Fase do apogeu (séculos XII e XIII – Fim da Alta Idade Média e
Início da Baixa);
▪ Fase da decadência (A partir do século XIV, acelerando a partir do
século XVI, na esteira da Reforma Protestante e laicização dos
Estados)
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• Este direito continua, na atualidade, a reger relações entre os membros das
comunidades cristãs (em especial no clero) em consonância ao direito secular,
orientando ainda relações privadas em países como Irlanda e Espanha.
• Apogeu do poder pontifical nos séculos XII e XIII, com a acepção que os reis
detêm um poder concedido pela Igreja, que pode exomungá-los. Não há uma
teocracia direta, pois o Papa só pode exercer pode temporal em seus domínios,
mas pode se falar em indireta, pela clara subordinação.
• Conflitos entre reis e a Igreja na Inglaterra e na França, entre outros lugares,
diminuem o poder do Papa, crise que é aumentada com o Cisma do Ocidente
(divisão do papado entre Avinhão e Roma).
• As concordatas são utilizadas para reger (durante a Idade Média e ainda as épocas
moderna e contemporânea) as relações entre Igreja e Estados.
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Um arcebispo para cada província, um bispo para cada civitas (que se torna uma diocese ou
episcopado) e dentro delas, submetidas ao bispo, as paróquias, com o trabalho de padres no domínio
religioso e diáconos no domínio laico (administração de bens).
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• As concordatas são convenções estabelecidas entre os poderes religioso e
temporal (ou secular) para organizar a intervenção do Estado na nomeação de
altos funcionários eclesiásticos, além de outras questões patrimoniais e políticas.
• Concordata de Worms (1122): princípio da separação dos poderes espiritual e
temporal.
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Relacionadas às chaves da Igreja.
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2.1.2. APOGEU (séculos X a XIV)
• Decadência das jurisdições laicas em decorrência do enfraquecimento do poder
real pelo feudalismo e apogeu da Igreja na maior parte da Europa Ocidental.
• Os tribunais eclesiásticos tornaram-se competentes para julgar (quanto aos
sujeitos):
▪ Eclesiásticos, que possuíam o privilegium fori, que era absoluto e
irrenunciável, aplicável a qualquer matéria.
▪ Cruzados;
▪ Membros das universidades (professores e estudantes), posto que
todas elas eram eclesiásticas até o século XVI;
▪ Miserabiles personae (viúvas e órfãos), quando pedissem proteção
à Igreja.
• Também fora determinada a competência ratione materiae (quanto às matérias de
direito civil e direito penal):
▪ No Direito Penal, julgar-se-iam todas as pessoas que tivessem
cometido infração contra a Igreja (como heresia, apostasia,
simonia, sacrilégio, feitiçaria) ou outros crimes, que atentassem
mesmo que indiretamente contra regras canônicas (como adultério
e usura);
▪ No Direito Civil, seriam julgados casos de benefícios eclesiásticos
(rendimentos atribuídos a um clérigo), casamento e matérias
conexas (como separação e filhos), testamentos (quando
continham legado pio a favor de uma instituição eclesiástica) e não
execução de promessa feita sob juramento.
• O processo aplicado perante os tribunais eclesiásticos era diferente do praticado
nos tribunais laicos à época:
▪ No campo penal, desenvolve-se inicialmente um processo
acusatório (nos moldes romanos), firmando-se o processo oficioso
(inquisitorial) nos finais do século XII, sendo largamente aplicado
pelo Santo Ofício contra as heresias.
▪ No campo civil, o processo era essencialmente escrito, iniciando
por um pedido escrito (libellus) do queixoso a um oficial, que
convocaria o réu, e na presença de ambos o libelo seria lido, com
possibilidade do réu oferecer exceções, que seriam examinadas,
firmando-se um contrato judiciário. Após, as partes submetiam-se
à produção de provas e seriam julgados por um juiz.
• Na questão penal, se verifica que até os séculos XII e XIII, o julgamento era
baseado em provas consideradas “irracionais”, não sendo explicáveis pela razão,
mas sim ao julgamento divino, por meio de ordálias como provas de ferro em
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brasa ou de água ou óleo fervente (ordálias unilaterais) ou combates (ordálias
bilaterais).
• “Uma outra forma de provas por ordálios era a chamada “prova do cadáver”, que
consistia em fazer o acusado tocar o defunto sem que este sangrasse.” (Lages)
• Estes julgamentos irracionais foram condenados pela Igreja a partir do IV
Concílio de Latrão, em 1215, mas ainda sobreviveram pela Europa por muitos
séculos.
• Passou-se então, na Igreja, ao uso de prova racional, como testemunhos e
confissão, mas, no sistema inquisitivo ou inquisitorial, poder-se-ia usar até mesmo
a tortura para obtê-los.
IUS DIVINUM
• O Direito extraído das “Sagradas Escrituras” (Antigo e Novo Testamento),
escritos dos apóstolos e “Doutores da Igreja”, como Santo Agostinho e São
Gregório.
• Grande influência do Direito Oriental e do Direito Grego.
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LEGISLAÇÃO CANÔNICA
• Decisões eclesiásticas, que formavam “a fonte viva” do Direito Canônico, muitas
vezes reunidas em coleções canônicas.
• Dividem-se entre Concílios e Decretos papais.
• Concílios: Destaque-se, por exemplo, o Concílio de Trento, que se pôs à Reforma
(trazendo mudanças no direito canônico, como no casamento). Além dos concílios
gerais, existem inúmeros concílios regionais, provinciais e diocesanos.
• Decretos dos Papas (decretais ou constituiones): “(...) escritos dos papas,
respondendo a uma consulta ou a um pedido emanado de um bispo ou de uma alta
personagem eclesiástica ou laica.” (Gilissen)
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que em todos os outros domínios da vida Jurídica do Ocidente, as fontes escritas
do direito tinham desaparecido quase completamente; o direito canônico
permaneceu então como o único direito escrito.” (Gilissen)
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pela visão que tem (ou faz) do fato (Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, “O
Papel do Novo Juiz no Processo Penal”).
• O sistema de apreciação de provas é o da prova legal (ou taxativa), obedecendo a
valoração das provas a rigorosos critérios que podem atrapalhar a análise da
verdade real.
2.6. GLOSADORES
• Pode-se, no fenômeno jurídico, demarcar o surgimento da especificidade do
estudo do Direito com a escola dos Glosadores na Itália.
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• Surgimento da Universidade de Bolonha.
• As duas escolas se formaram ao longo dos séculos XII e XV, despreocupadas com
o direito justinianeu, na medida em que sabiam se tratar de direito racional.
• Tinham como texto tradicional o corpus de direito romano enquanto ratio scripta.
As escolas influenciaram seriamente, inúmeras áreas do direito, processo civil e
penal, o segundo materializado em algumas inovações do direito canônico.
• No direito comercial, ajudaram nas justificativas às práticas e invenções dos
mercadores.
• Influíram também, em matérias de direito internacional, em direito de família, uso
da terra, pessoas jurídicas (“teoria das corporações e suas autonomias”).
GLOSADORES
• Tiveram um trabalho mais tímido, limitado, em relação ao texto.
• Mesmo sendo conhecedores de todo o conteúdo dos textos, suas glosas eram
comentários que seguiam a ordem do texto.
• “Não queriam usá-lo na vida prática, queriam comprová-lo como instrumento de
razão da verdade da autoridade”.
• O iniciador desta tradição, Irnério, consolidou o Corpus Iuris Civilis de Justiniano,
além de editor de uma cópia, foi também autor de um formulário notarial e de um
ensaio sobre as ações.
• Os integrantes desta escola, dada o baixo nível de conhecimento da população
medieval, se apropriaram de um papel proeminente dentro da sociedade, já que
eram capazes de ler, escrever, redigir documentos em jargão jurídico.
• Considerados novos clérigos, estamento insurgente, respeitado e até temido, nas
comunas e cidades, por serem conselheiros de senhores e mercadores, usufruindo
de seus treinamentos na nova arte do “direito douto”.
• Obra desta mesma escola, temos por Acúrsio, une todas as glosas anteriores e une-
as na chamada “Magna Glosa”. Produzindo assim, uma autoridade a mais,
tornando possível conhecer o direito não somente em sua literalidade, mas
também, por meio de Acúrsio.
• Os glosadores, determinam um estilo relativamente simples de estudo, inicial,
com grande reverência ao texto romano.
• Só os juristas do século XIV, com um saber mais consolidado, tinham mais
liberdade, enorme avanço legislativo sobre o costume, possuíam diversas copias
dos textos romanos, até mesmo pela reforma gregoriana da Igreja.
COMENTADORES
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• Composta por aqueles que se tornaram conselheiros dos príncipes, das comunas e
dos particulares, emitindo pareceres e auxiliando na harmonização dos direitos
locais, espalhados pela cristandade.
• Por meio do Ius Commune, se esforça em conciliar os direitos locais, acaba por
viabilizar a convivência das tradições feudais com as novas tendências da vida
europeia, monetarização da vida, comércio, e proporciona uma certa
flexibilização nas transferências de terras e sucessões.
• Os comentadores, antecedidos por sucessores dos glosadores, são do século XIII
e XIV, são possuidores de tarefas mais práticas e mais livres, na medida em que
tratam dos temas sem seguir à risca os textos, e respondem à indagações e
consultas, tem grandes nomes, como: Cino de Pistóia (1270-1336), Bártolo de
Sassoferrato (1314-1357), entre outros. Bártolo, compositor de tratados e
comentários, escreveu sobre diversas áreas do direito, privado e público, redigiu
um tratado sobre o governo das cidades (Tractatus de Regimine Civitatum, entre
1355-1357). A geração intermediária entre os comentadores e glosadores, já
discutia livremente as glosas, segundo Solmi. A influencia da escola de Bolonha
se dá como cultural, seus alunos influirão na cultura jurídica das sociedades,
criando sua própria maneira de estudar o direito (mos italicus). Se conflitam com
os humanistas no pé de que não buscam o texto romano puro, mas sim seu valor
contemporâneo, usando do que se possuía advindo da Antiguidade, para seus
próprios interesses de pesquisa. Existentes também na França (mos gallicus), onde
combateram a Igreja, à serviço do Rei. Na Alemanha, criaram uma classe de
juristas comuns independentes de fronteiras geográficas. Na Itália foram
conselheiros dos Podestá e Signorie, arbitrando disputas territoriais. Se
constituíram diplomatas e administradores, fornecendo aos príncipes a “teoria da
soberania”, cobertura ideológica e politica. Puderam redigir documentos e criaram
um aparelho administrativo.
3. O DIREITO CELTA
• Foram identificados diversos povos celtas espalhados pela Europa desde a Idade
de Ferro, como no caso da Irlanda e parte da Gália, e pouco antes da conquista
romana (cerca de 50 a.C.), como no caso dos povos belgas (Nérvios, Menápios e
Mórinos), ocupando regiões das atuais Bélgica e França.
• Os celtas foram, em sua maioria, povos ágrafos que não chegaram a constituir um
Estado, mas possuidores e defensores de seu território.
• Poucos grupos celtas escaparam da romanização e tiveram registros escritos,
como o caso dos Betrões (Inglaterra e oeste da França), Galeses e Irlandeses (que
possuem até hoje uma grande influência da cultura céltica).
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• “No antigo direito celta, o poder jurídico pertencia à classe sacerdotal, os druidas;
uma das suas doutrinas principais era a proibição absoluta de confiar a tradição,
jurídica ou religiosa, à escrita. A interdição druídica da escrita não desapareceu
senão pela cristianização que se efetuou na Irlanda do século VI ao século VIII da
nossa era; a tradição jurídica foi então objeto de redações, mas estas não
sobreviveram; não são conhecidas senão por cópias posteriores, muitas vezes
influenciadas pelo direito canônico. Os comentários e as glosas que acompanham
abundantemente as cópias testemunham geralmente uma má compreensão da
língua.” (Gilissen)
• Principais e mais antigas compilações consuetudinárias irlandesas: Senchus Mor
no século VII e o Livro de Aicill.
• Um exemplo de adaptação cristianizada da cultura céltica é o mito do Rei Arthur.
4. OS DIREITOS GERMÂNICOS
• Os povos que invadem o Império Romano eram principalmente originários da
região da Germânia, sendo povos isolados em cidades e aldeias.
• “Para os Germanos não existem nem Estado nem cidades do tipo romano, mas
comunidades: tribo, clã, (sippe) e família, que são as estruturas da sua vida política
e social (...) A tribo, comunidade de família e de aldeia, é dirigida por uma
aristocracia de nascimento ou de valor (na guerra), que possui a maior parte da
terra (...)” (Pierre Riché)
• Principal Instituição: a família.
• Oralidade – era um direito basicamente consuetudinário.
• “Quando estes povos invadiram o Império Romano, algumas tribos
estabeleceram-se como reinos e, algumas delas para um melhor controle da
população romana conquistada, portanto diferente e acostumada com direito
escrito, perceberam a necessidade de confeccionar um direito escrito, outros
reinos optaram por manter a qualquer custo seus costumes e, portanto, a sua
legislação. Estes são os Direitos das Monarquias Germânicas.” (Lages)
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5.1. O DIREITO ROMANO
• “Embora o último imperador do Ocidente seja destituído em 476, a influência
romana não deixou, no entanto, de se fazer n o Ocidente. A organização
administrativa e religiosa conserva aí as características da época romana durante
vários séculos. O direito privado romano permanece o direito das populações
romanizadas enquanto que os invasores germanos mantêm os seus costumes
ancestrais; aplica-se pois a personalidade do direito, pelo menos durante alguns
séculos.” (Gilissen)
• “No sistema de personalidade do direito, cada indivíduo vive segundo seu direito,
isto é, dentro do grupo social (...) ao qual pertence. (...) A aplicação do princípio
da personalidade do direito implica a necessidade de determinar que direito é
aplicável a cada indivíduo e de resolver os conflitos que podem nascer entre as
pessoas permanecentes a dois sistemas jurídicos diferentes. As regras que nascem
desta época estão na origem dos princípios que sobrevivem no direito
internacional privado moderno.” (Gilissen)
• Aplica-se o direito ao grupo social, transmitido pelo pai a seus filhos legítimos,
incluindo a mulher solteira (que passa ao grupo do marido no casamento).
• Em conflito de pessoas de direitos diferentes, aplicava-se em geral a regra do réu.
• Em certas regiões da Europa, havia menor presença do direito romano – divisão
futura entre o direito consuetudinário (de maior influência germânica) e o direito
escrito (maior influência romana).
• Aplicação das COMPILAÇÕES romanas, embora o direito romano ainda tenha
uma tímida evolução (direito romano vulgar, com o domínio de costumes locais,
suplantando-se progressivamente textos da época clássica).
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5.3. LEGISLAÇÃO NA MONARQUIA FRANCA
• O Reino Franco é o principal reino da Alta Idade Média, tanto no reinado dos
Merovíngios, quanto no governo carolíngio (de Carlos Martel, a principalmente
Carlos Magno).
6. O DIREITO FEUDAL
• “Pode-se entender por feudalidade um tipo de sociedade baseado numa
organização muito particular entre os homens: laços de dependência de homem
para homem estabelecendo uma hierarquia entre os indivíduos. Um homem ,
ovassalo, confia-se a outro homem, que escolhe para seu amo, e que aceita esta
entrega voluntária. O vassalo deve ao amo a fidelidade, conselho e ajuda militar
e material. O amo, o senhor, deve a seu vassalo fidelidade, proteção, sustento. O
sustento pode ser assegurado de diversas maneiras. Geralmente faz-se através de
concessão ao vassalo duma terra, benefício ou feudo.” (Fourquin)
• “O feudalismo é varacterizado por um conjunto de instituições das quais as
principais são a vassalagem e o feudo. Nas relações feudo-vassálicas, a
vassalagem é o elemento pessoal: o vassalo é um homem livre comprometido para
com o seu senhor por um contrato solene pelo qual se submete ao seu poder e se
obriga a ser-lhe fiel e a dar-lhe ajuda e conselho (consilium et auxilium), enquanto
o senhor lhe deve proteção e manutenção. A ajuda é geralmente militar (...)”
(Gilissen)
• “O feudo é o elemento real das relações feudo-vassálicas; consiste numa tenência,
geralmente uma terra, concedida gratuitamente por um senhor ao seu vassalo, com
vista a garantir-lhe a manutenção legítima e dar-lhe condições ao seu senhor o
serviço adquirido.” (Gilissen)
• “Nos Estados nascidos nas partilhas sucessivas do Império Carolíngio, o regime
feudal chegou a seu completo desenvolvimento nos séculos X, XI e XII”, época
em que as instituições feudo-vassálicas dominaram a organização política e social
das regiões das atuais França, Alemanha, Itália e Espanha cristã, e em certa parte
na Inglaterra (Gilissen)
• É importante observar que o feudalismo não se desenvolve cronologicamente de
maneira homogênea em toda a Europa
• Economia agrícola e fechada.
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• “Antes de mais o desaparecimento de toda a atividade legislativa (com algumas
reservas, sobretudo para a Inglaterra e para o período otoniano na Alemanha). Em
França, por exemplo, o rei já não é capaz de impor a sua vontade em todo o reino.
Embora esteja no topo da hierarquia feudal, não tem muito poder sobre ela; a
maior parte do reino está nas mãos de grandes senhores (...). O poder real está
desmembrado em benefício desses grandes vassalos; e muitas vezes o próprio
poder desses grandes feudatários está desmembrado em benefício de seus
vassalos. O próprio poder judicial passou das mãos do rei para as dos seus vassalos
e subvassalos.” (Gilissen)
• Autoridades real e senhorial mantidas em parte pelo Direito Canônico, única fonte
de direito escrito da época.
• “Os Séculos X e XI foram séculos sem escritos jurídicos: nem leis, nem livros de
direito, nem sequer atos reduzidos a escrito. Os contratos tão numerosos que estão
na base dos laços de dependência de homem para homem (vassalagem, servidão)
e dos direitos sobre a terra (feudos, foros, etc) raramente eram reduzidos a escrito;
quando muito, algumas instituições eclesiásticas (...) mandaram redigir os atos
(sobretudo doações) que lhes interessavam (...)” (Gilissen)
• O costume acaba por ser a única fonte do direito laico, mas é um direito sobretudo
territorial, variando de aldeia a aldeia – “O parcelamento territorial do direito
consuetudinário é favorecido pela divisão do poder entre as mãos dum grande
número de senhores, pelo desenvolvimento do sistema dominial, no quadro da
economia fechada.” (Gilissen).
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• A princípio, o contrato não poderia ser rompido (contratos, como juramentos,
eram sagrados e eternos), mas na prática poderia ser quebrado de forma “ilícita”,
pela força ou interesses de uma das partes.
• O contrato poderia ser quebrado sem ocorrência de ilegalidade se houvesse a
devolução do feudo por parte do vassalo,.
• “Como tudo relativo a contratos na Idade Média, era feito mediante ritual, o
rompimento do contrato feudo-vassálico não era exceção. Quando um vassalo
(justa ou injustamente) desejava deixar claro o rompimento unilateral do contrato,
ele o fazia de acordo com o desafio, que poderia ser simplesmente atirar uma
flecha ou uma luxa em direção ao senhor (não para acertá-lo).” (Lages) – o mesmo
poderia ocorrer se o Senhor quisesse romper o contrato, desde que ouvido o
conselho de sua corte.
• “A doação do benefício, se feita junto com os direitos de natureza pública (como
a de cunhar moedas e fazer justiça), deixava claro a quem pertencia o direito de
justiça naquele feudo, contudo na maior parte das vezes o senhor continuava
nominalmente a deter a jurisdição em toda a sua propriedade, incluindo aí os
feudos que tinham sido dados em benefício.” (Lages)
• Com o tempo, a jurisdição do senhor passa a ser exercida em conjunto com o
Conselho de Vassalos, e em algumas cidades (especialmente no fim da Idade
Média) podia haver a instalação de cortes, especialmente criminais.
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• “O Direito canônico atinge o apogeu da sua autoridade nos séculos XII e XIII.
Encontra-se nesta época mais ou menos sistematicamente codificado (Graciano,
Gregório IX). É objeto de trabalhos importantes de juristas formados nas
universidades que surgem. Exerce uma influência profunda sobre o
desenvolvimento de certas partes do direito consuetudinário laico,
designadamente o processo. A decadência do direito canônico começa no século
XIV, com o Grande Cisma do Ocidente e a laicização do direito.” (Gilissen)
• Considerável mudança na estrutura da sociedade medieval no século XIII, com a
colocação das instituições feudo-vassálicas para um segundo plano
(especialmente na França, na Lotaríngia e na Inglaterra), com alargamento do
poder do rei e de príncipes territoriais,
• Surgimento do conceito de Estado Moderno (como dotado de soberania) também
no século XIII.
• Desenvolvimento de uma organização administrativa estatal, substituindo a
hierarquia feudal, desenvolvimento de grandes cidades como centros de comércio
e indústria (muitas vezes com um direito próprio), consolidando a substituição da
economia fechada por uma economia de troca e manufatura.
• A lei reaparece como principal fonte do direito, embora ainda haja importância
dos costumes, especialmente no direito civil. Contudo, por necessidade de
segurança jurídica, este costume será reduzido a escrito, com as recolhas e
doutrina do direito.
• Renascimento do Direito Romano, com compilações (especialmente na Itália),
estudos nas universidades e posterior infiltração na prática, com sua recepção
como direito subsidiário na maior parte dos países da Europa Ocidental (por volta
dos séculos XV e XVI).
• “O século XIII vê também sistemas de provas racionais substituírem as provas
irracionais, tais como as ordálias e os duelos judiciários. As partes deixam de
recorrer a Deus para resolver os seus conflitos; pedem a juízes, ou mesmo a
árbitros, para investigarem a verdade e decidirem tendo em conta regras de direito.
Justiça e equidade aparecem como fundamentos do direito.” (Gilissen)
• “A formação de um direito objetivo sobrepõe-se, no século XIII, ã massa de
direitos subjetivos.” (Gilissen)
Próximo Ponto:
V. DIREITO MUÇULMANO
Este material não substitui a doutrina, sendo mero fichamento orientador do conteúdo
ministrado em sala de aula.
O aluno deverá pautar seus estudos pela leitura da doutrina, jurisprudência e legislação.
Referências (literatura obrigatória):
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Youtube: Direito à Cafeína 20
CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e do Brasil. 3ª edição. Rio de
Janeiro: Ed. Lumen Júris, 2006.
GILISSEM, Jonh. Introdução histórica ao direito. 7. ed. Lisboa: Caloustre Gulbenkian,
2013.
WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamentos da história do direito. 8. ed. Belo Horizonte:
Del Rey, 2014.
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