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LIGA DE ENSINO DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE


HISTÓRIA DO DIREITO I - 2019.1
PROFESSOR Me. LUIZ FELIPE PINHEIRO NETO

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Ponto I – HISTÓRIA DO DIREITO:


GENERALIDADES E ORIGENS, POVOS ÁGRAFOS,
DIREITO DOS POVOS ANTIGOS.

“Identifico, no momento presente, o historiador do direito com a imagem do marinheiro,


cismado na proa do seu navio acerca do rumo a tomar, quando, em plena imensidão
oceânica, ninguém o olha, mas ele domina perfeitamente a linha do horizonte”
(Rui Miguel de Figueiredo Marcos)

1. Por que estudar História do Direito?


2. Objeto, métodos e abordagens na História do Direito.
3. As origens do Direito: o homem e a formação do Direito. As formas de resoluções
de controvérsias. Autotutela e Vingança privada. O Direito dos Povos Ágrafos.
Passagem dos direitos dos povos ágrafos para o direito escrito dos povos antigos.
4. Mesopotâmia e o Direito cuneiforme: os direitos cuneiformes. Hammurabi.
5. Direito Egípcio. Antigo Império. Médio e Novo Impérios.
6. Direito Hindu. Divisão de Castas. Dharma. Organização política. Código de Manu.
7. Direito Hebraico. Breves apontamentos sobre a história hebraica. Fontes do direito
hebraico (Tanakh, Michna e Talmude). Deuteronômio.

1. POR QUE ESTUDAR HISTÓRIA DO DIREITO?


O que é o estudo da história?
• O estudo da história é o estudo do ser humano e a sucessão temporal de seus
atos, relacionados com a natureza e a sociedade.
• A história “dá aos saberes sucessividade, historicidade, lugar e época, nomes,
datas. Ela desintegra a sua ambição de verdade universal, global, total, absoluta,
final. A história revela seus fracassos, decepções, frustrações, traições. Ela

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mostra o transcurso, a passagem do ser ao novo ser.” (José Carlos Reis)
• O “olhar” do senso comum sobre o mundo é sempre fragmentado, imediatista e
pouco abrangente – o olhar da história oferece uma linearidade, constrói uma
narrativa com causas e consequências.
• A história clássica é “história dos que triunfaram, dos que chegaram ao poder.
Não é a história dos vencidos, dos humilhados e ofendidos. Estes são
esquecidos.” – a nova história, mais crítica, deve abordar também os vencidos e
mais fracos.
• Deve-se, contudo, entender que a História é produto do trabalho de historiadores
(ou dos que atuam como historiadores) – não é possível relatar mais do que uma
pequena parcela do que aconteceu, sendo que o relato do historiador nunca
corresponde exatamente ao passado.

O que é direito?
• O Direito é uma produção do homem e para o homem.
• O jurisconsulto romano Ulpiano responde: “Os que se vão dedicar ao estudo do
Direito devem começar por saber donde vem a palavra “ius”. Na verdade,
provém de “iustitia”: pois (retomando uma elegante definição de Celso) o direito
é a arte do bom e do equitativo. § 1. Pelo que há quem nos chame de sacerdotes.
Na verdade, cultivamos a justiça e, utilizando o conhecimento do bom e do
equitativo, separamos o justo do injusto, distinguimos o lícito do ilícito... § 2. Há
duas partes neste estudo: o direito público, que diz respeito, relativo à utilidade
os particulares, pois certas utilidades são públicas e outras, privadas. (...)”

Então, por que estudar história do direito?


• “História do Direito é a disciplina jurídica autônoma que se destina a estudar as
diferentes dimensões culturais assumidas pelo fenômeno jurídico através dos
tempos, investigando, para tanto, o significado da gênese e do ocaso das
instituições jurídicas fundamentais entre os seus inúmeros artífices.” (Palma)
• “(...) sendo o Direito uma produção humana, ele também é cultura e é produto
do tempo histórico no qual a sociedade que o produziu ou produz está inserida.
Plagiando o ditado árabe, poderíamos afirmar que o direito se parece com a
necessidade histórica da sociedade que o produziu; é, portanto, uma produção
cultural e um reflexo das exigências dessa sociedade.” (Flávia Lages)
• “(...) O valor do estudo da História do Direito não está em ensinar-nos não
somente o que o direito tem “feito, mas o que o direito é. Tendo isto em mende,
podemos avançar neste estudo, buscando compreender não somente as regras de
povos que viveram no passado, mas sua ligação com a sociedade que a produziu
para assim, e somente assim, entender o “nosso” Direito.” (Lages)

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• A História do Direito é “parte da História geral que examina o Direito como
fenômeno sócio-cultural, inserido em um contexto fático, produzido pela
interação dos homens entre si e com o ambiente, e materializado evolutivamente
através de fontes históricas, documentos jurídicos, agentes operacionais e
instituições legais reguladoras” (Wolkmer)
• Conhecer a história do Direito, e como ele foi feito, é conhecer a sua essência, o
que ele é.
• O estudo da história do direito é importante para a interpretação do direito atual
(sendo o histórico um dos métodos de interpretação), identificar quais seriam os
valores jurídicos imutáveis e como foram construídos os princípios vigentes,
sobretudo constitucionais.
• O conhecimento da história jurídica enriquece a sensibilidade e a argumentação
do jurista.
• “Os direitos dos povos equivalem precisamente ao seu tempo e se explicam no
espaço de sua gestação. Absurdos, dogmáticos, lúcidos e liberais – foram,
todavia, os anseios, as conquistas e os baluartes de milhões de seres que, para
eles, levantariam as mãos, em gesto de súplica ou de enternecido
reconhecimento.”
• “A história do Direito visa fazer compreender como é que o direito actual se
formou e desenvolveu, bem como de que maneira evoluiu no decurso dos
séculos. O quadro geográfico dessa investigação não pode ser limitado às
fronteiras de um só país; é absolutamente necessário situá-la num quadro mais
vasto, que compreenda toda a Europa ocidental, em virtude das influências
exercidas pelo direito dos diferentes países no sistema jurídico de cada um
deles.” (John Gilissen)
• “O direito é direito conformado pela história e não se pode compreender sem a
sua história. As regulações jurídicas podem ter um fôlego mais prolongado que
as ordens políticas em que surgem, quando assentem em circunstâncias sociais e
econômicas constantes ou quando dão resposta a questões fundamentais
humanas invariáveis. Mas essas mesmas regulações também podem extinguir-se
com as ordens políticas. Os direitos fundamentais são, enquanto parte do direito
público e do direito constitucional, direito político e estão sujeitos à mudança
das ordens políticas. Mas os direitos fundamentais são também,
simultaneamente, uma resposta à questão fundamental invariável da relação
entre a liberdade individual e a ordem política.” (Pieroth)
• “Os estudos históricos constituem a mais bela fonte inspiradora de modéstia
intelectual, de tolerância e de prudência, ao mesmo tempo que nos fortalecem a
convicção sobre a complexidade contraditória do homem. Das viagens que
empreendemos através do tempo, contemplando o esforço civilizador da espécie,
no rosário de suas conquistas e desventuras; do convívio entusiasta com figuras
dominantes que marcam vértices na experiência humana; do contato frio com os

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medíocres que, muitas vezes, o acaso beneficia com um traço de perpetuidade;
da descoberta de gestos de nobreza imprevista em almas maceradas no crime, ao
lado de delitos e vilezas, assinalando de sombra o roteiro dos melhores, da
marcha inexorável dos séculos nivelando instituições harmonizando
antagonismos antigos e forçando inesperadas rupturas; de tudo isso o que nos
resta é um sentimento de mais fundo humanismo, um desejo impenitente de
composição superior de valores, mediante uma sondagem nas forças primordiais
do espírito.” (Miguel Reale)
• “A história do Direito é muitas vezes tratada com um condescendente desdém
por aqueles que entendem ocupar-se apenas do direito positivo. Os juristas que
se interessam por ela, quase sempre à custa de investigações muito longas e
muito laboriosas, são frequentemente acusados de pedantismo... Uma apreciação
desse gênero não beneficia aqueles que a formulam. Quanto mais avançamos no
Direito Civil mas constatamos que a História, muito mais do que a Lógica ou a
Teoria, é a única capaz de explicar o que as nossas instituições são as que e
porque é que as que existem.” (H. de Page, apud Gilissen)

2. OBJETO, MÉTODOS E ABORDAGENS NA HISTÓRIA DO DIREITO


• “(...) a pesquisa histórica foi revolucionada nos últimos anos. Uma história nova,
uma história material, uma história das mentalidades e uma espécie de
arqueologia do cotidiano esquecido geraram novos objetos de investigação.
Trata-se de uma combinação de história de eventos e de estruturas: a história de
longa duração e das estruturas, associada... à história das práticas cotidianas, do
imaginário social, das mentalidades, etc. na tradição aberta pela escola francesa
dos annales.” (Lima Lopes)
• “Como o direito, a história pode cumprir, nos momentos de mudança, um papel
legitimador do status quo, um papel restaurador e reacionário, ou ainda um
papel legitimador do novo regime, ou, se procurarmos uma expressão mais
neutra, um papel crítico. Para desempenhar este último, tem que adquirir uma
atitude de suspeita permanente para com suas próprias aquisições.” (Lima
Lopes)

• A Nova História deixa de se forcar na Política do Estado e passa a se focar na


vida material.
• Lima Lopes observa que para se estudar história, é necessário levantar
suspeitas:
▪ Suspeita do Poder.
▪ Suspeita do Romantismo.

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▪ Suspeita das Continuidades.
▪ Suspeita da idéia de progresso e evolução.

• “Gosto de usar a tripartição simplificada de Lawrence Friedman: o direito pode


ser visto como ordenamento, isto é, como o conjunto de regras e leis (estudar
direito seria então estudar leis e princípios); pode ser visto como uma cultura,
um espaço onde se produz um pensamento, um discurso e um saber; e poder ser
visto como um conjunto de instituições, aquelas práticas sociais reiteradas, as
organizações que produzem e aplicam o próprio direito.” (Lima Lopes)
• “A história do Direito pode então cruzar todos os recursos da nova história com
estes três elementos do universo jurídico.” (Lima Lopes)

• Para Marcos, Mathias e Noronha, são objetos da história do direito a história


das fontes, a história das instituições e a história do pensamento jurídico.
• História das fontes: é o estudo das
▪ Fontes existendi (órgãos produtores das normas jurídicas nas
diversas épocas que marcam a evolução do direito),
▪ Fontes manifestandi (os diferentes modos de produção da
normatividade jurídica, como as leis, costumes e jurisprudência),
▪ Fontes cognoscendi (textos onde podemos tomar conhecimento
com as normas jurídicas).
• História das instituições: o estudo das instituições jurídicas, como o direito à
propriedade (de sua criação à sua prática).
• História do pensamento jurídico: o estudo do direito compreendido como uma
criação humano-cultural autônoma, devendo-se avaliar como o direito foi
encarado ao longo da história.

3. AS ORIGENS DO DIREITO: O DIREITO DOS POVOS ÁGRAFOS


3.1. O HOMEM E A FORMAÇÃO DO DIREITO
• “Toda cultura tem um aspecto normativo, cabendo-lhe delimitar a
existencialidade de padrões, regras e valores que institucionalizam modelos de
conduta. Cada sociedade esforça-se para assegurar uma determinada ordem
social, instrumentalizando normas de regulamentação essenciais, capazes de
atuar como sistema eficaz de controle social. Constata-se que, na maioria das
sociedades remotas, a lei é considerada parte nuclear do controle social,
elemento material para prevenir, remediar ou castigar os desvios das regras
prescritas. A lei expressa a presença de um Direito ordenado na tradição e nas
práticas costumeiras que mantêm a coesão do grupo social.” (Wolkmer)
• “As origens do Direito situam-se na época pré-histórica, o que quer dizer que
delas não se sabe quase nada. O problema das origens da maior parte das

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instituições jurídicas, é, portanto, quase insolúvel. No entanto, não se deve
renunciar a estudar os diferentes aspectos, permanecendo-se todavia muito
prudente nas conclusões que se podem tirar dos estudos feitos.” (Gilissen)
• “As origens do Direito situam-se na formação das sociedades e isto remonta a
épocas muito anteriores à escrita e o que se mostra mais interessante é que,
dependendo do povo de que tratamos, esta “época” ainda é hoje.” (Lages)
• “A dificuldade de se impor uma causa primeira e única para explicar as origens
do Direito arcaico deve-se em muito ao amplo quadro de hipóteses possíveis e
proposições explicativas distintas. O Direito arcaico pode ser interpretado a
partir da compreensão do tipo de sociedade que o gerou. Se a sociedade pré-
histórica fundamenta-se no princípio do parentesco, nada mais natural do que
considerar que a base geradora do jurídico encontra-se, primeiramente, nos laços
de consaguinidade, nas práticas de convívio familiar de um mesmo grupo social,
unido por crenças e tradições.” (Wolkmer)

3.2. O DIREITO DOS POVOS ÁGRAFOS


• “Durante muito tempo deu-se o nome de “direitos primitivos” aos sistemas
jurídicos dos povos sem escrita. Esta expressão não é de modo alguma
adequada, pois numerosos povos conheceram uma longa evolução da sua vida
social e jurídica sem terem atingido o estado cultural da escrita; tal foi o caso,
por exemplo, dos Maias e dos Incas na América. A maior parte dos povos cuja
vida social se pode hoje observar ou se pôde observar no decurso do século XIX
já não são primitivos. Emprega-se também a expressão “direitos
consuetudinários” (costumary law) para designar estes sistemas jurídicos,
porque o costume é neles a principal fonte do direito; mas veremos que o mesmo
se passa em certas épocas da evolução dos direitos na Europa, por exemplo dos
séculos X a XII da nossa era. A expressão “direitos arcaicos” é mais vasta que
“direitos primitivos” porque ela permite cobrir sistemas sociais e jurídicos de
níveis muito diferentes na evolução geral do direito. Embora não a afastando de
todo, preferimos-lhe a expressão “direitos dos povos sem escrita”, o que acentua
o que distingue mais nitidamente esse sistema jurídico de outros, ou seja, a
ignorância da escrita; mas não se pode perder de vista que o nível da evolução
jurídica de certos povos que serve da escrita pode ser menos desenvolvido do
que o de certos povos sem escrita.” (Gilissen)

• As sociedades ágrafas eram formadas em volta da família, e podemos observar


tanto sociedades matrilineares (centrada na figura feminina) ou sociedades
pratrilineares.
• “(...) de todos os sistemas de regras legais de sociedades primitivas, o destaque
maior é atribuído ao Direito matrimonial. Não só é o mais abrangente sistema

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legal, como o fundamento essencial dos costumes e das instituições. A força do
Direito matriarcal define que o parentesco só se transmite através das mulheres e
que todos os privilégios sociais seguem a linha materna. Daí decorre a rigidez da
lei primitiva com relação ao comércio sexual dentro do clã, fundamentalmente,
no que se refere ao crime de incesto (principalmente com a irmã) que gera
práticas de punição mais severas.” (Wolkmer)
• Aristóteles: a família seria a associação natural e responsável por necessidades
cotidianas do homem (animal político, por natureza).
• “O sistema patrilinear e patrilocal é o dos Gregos e dos Romanos; continuará a
ser o dos direitos da Europa Ocidental medieval e moderna. Noutras zonas, na
antiguidade pré-helênica, como hoje na África e na Austrália, há tantos sistemas
matrilineares como sistemas patrilineares. Na realidade, existe um número
infinito de combinações entre os dois sistemas: por exemplo alternância de
filiação matrilinear e de filiação patrilinear, patrilocalismo nas famílias
matrilineares, etc.” (Gilissen)
• Quando várias famílias se unem, por aspirarem algo além das necessidades
diárias, é constituída a primeira sociedade: a aldeia (ou clã), construído em volta
de um totem e com supremacia do interesse coletivista sobre o individual.
• Várias aldeias ou clãs unidos em uma comunidade suficientemente grande para
ser quase ou autossuficiente, assegurando o viver bem, proporcionam o
surgimento da cidade ou Estado.
• Assim, na visão de Aristóteles (teoria orgânica ou organicista), o Estado seria
uma forma natural de associação cuja natureza é a sua finalidade, ou seja, a
perfeição e a autossuficiência.
• Esta idéia se opõe à tese da origem patrimonial, de Platão, à tese da origem
violenta (defendida por Jean Bodin, com base num conceito darwinista) e às
teorias contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau).

3.3. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DOS POVOS ÁGRAFOS


• Boa parte da doutrina trabalha com as características apontadas por John
Gilissen.

Direitos não escritos


• Oralidade do direito.
• “Muitos grupos utilizam o procedimento de, em intervalos regulares de tempo,
terem suas regras enunciadas a todos pelo chefe (ou chefes) ou anciãos. Outras
formas são os Provérbios e Adágios que desempenham papel decisivo na tarefa
de fazer conhecer as normas da comunidade.” (Lages)
• O fato de serem direitos não escritos atrapalha o grau de abstração destes
direitos, pois, como as regras devem ser decoradas e passadas oralmente de
pessoa a pessoa, devem ser feitas da maneira mais clara possível, sendo assim

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concretas e pontuais.

Direitos numerosos e diversificados


• Direitos numerosos e qualificados, pela ausência de centralização jurídica

Direitos impregnados de religiosidade


• Pouca ou nenhuma distinção entre a regra religiosa e regra jurídica, com uma
confusão entre as funções sociais que atualmente são realizadas pela religião,
direito e moral.
• “Mesmo na Europa Ocidental, a laicização sistemática do Direito é um
fenômeno relativamente recente que data sobretudo do século XVI: basta
lembrar a concepção teocrática do poder, em que o rei era o representante de
Deus na terra (..)” (Gilissen)
• No âmbito Penal, verificamos a Ascenção da Vingança Divina, que se estende às
civilizações que desenvolvem os registros escritos.
• Ferrajoli (Direito e razão): “A história das penas é, sem dúvida, mais horrenda e
infamante para a humanidade do que a própria história dos delitos: porque mais
cruéis e talvez mais numerosas do que as violências produzidas pelos delitos tem
sido as produzidas pelas penas porque, enquanto o delito costuma ser uma
violência ocasional e às vezes impulsiva e necessária, a violência imposta por
meio da pena é sempre programada, consciente, organizada, por muitos contra
um”
• Masson: “O homem primitivo não regulava sua conduta pelos princípios da
causalidade e da consciência em torno de sua essência e circunstância, mas sim
no temor religioso ou mágico, sobretudo em relação com o culto dos
antepassados, cumpridores das normas, e com certas instituições de fundo
mágico ou religioso.”
• Punição rigorosa (cruel) à desobediência à lei divina.
• Busca-se a satisfação da divindade (pena expiatória) e a purificação do
criminoso.
• Submissão da vontade humana aos totens e tabus, conformadores da sociedade.
• Freud: O totem “via de regra, é um animal (comível e inofensivo, ou perigoso e
temido) e mais raramente um vegetal ou um fenômeno natural (como a chuva e a
água), que mantém relação peculiar com todo o clã. Em primeiro lugar, o tem é
o passado comum do clã; ao mesmo tempo, é o seu espírito guardião e auxiliar,
que lhe envia oráculos, e embora perigoso para os outros, reconhece e poupa
seus próprios filhos. Em compensação, os integrantes estão na obrigação sagrada
(sujeita a sanções automáticas) de não matar nem destruir seu totem e evitar
comer sua carne (ou tirar proveito dele de outras maneiras).

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• Nucci: “O vínculo existente entre os membros de um grupo era dado pelo totem
(estátuas em formas de animais ou vegetais), que era o antepassado comum do
clã: ao mesmo tempo, era o seu espírito guardião e auxiliar ,que lhe enviava
oráculos, e embora perigoso para os outros, reconhecia e poupava os seus
próprios filhos (Freud, totem e tabu). Na relação totêmica, instituiu-se a punição
quando houvesse a quebra de algum tabu (algo sagrado e misterioso). Não
houvesse a sanção, acreditava-se que a ira dos deuses atingiria todo o grupo.”
• Aplicação das penalidades pelos sacerdotes – penas que iam do desterro ao
sacrifício.

Direitos em nascimento
• Problemas na distinção entre o que é ou não jurídico (seus costumes teriam ou
não conteúdo jurídico?), o que leva alguns juristas inclusive a discutirem se
haveria um sistema jurídico nestes povos.
• “Admite-se assim que não existe uma noção universal e eterna de justiça
podendo esta noção variar com o tempo e com o espaço. Nos sistemas arcaicos
de direito é justo tudo aquilo que interessa para a manutenção da coesão do
grupo social, e não o que tende para o respeito dos direitos individuais (...)”
(Gilissen)
• “A função de julgar não consiste em resolver um litígio segundo regras pré-
estabelecidas, mas tem tentar obter o acordo das partes por concessões
recíprocas (...)” (Gilissen)

3.4. FONTES DOS DIREITOS DOS POVOS ÁGRAFOS


• Via de regra: Costumes – direito consuetudinário (customary law)
• Obediência aos costumes assegurada pelo temor dos poderes sobrenaturais e das
punições físicas infligidas.
• Os provérbios e adágios são um modo frequente de expressão do costume.

• Estabelecimento também de leis, mesmo não escritas, enunciadas pelo chefe ou


por grupos de chefes, os “anciãos do clã”.
• “Excepcionalmente, os chefes podem enuncia-las numa longa exposição de
regras jurídicas, por exemplo os Kabay (discursos) dos soberanos do reino de
Imarina, em Madagáscar, entre 1787 e 1810 (...)” (Gilissen)

• Outra fonte a ser utilizada é o precedente judiciário – “os que julgam (...) têm a
tendência, voluntária ou involuntariamente, para aplicar aos litígios soluções
dadas precedentes a conflitos do mesmo tipo.”

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3.5. PASSAGEM DOS DIREITOS DOS POVOS ÁGRAFOS PARA O DIREITO
DOS POVOS ANTIGOS
• “Os mais antigos documentos escritos de natureza jurídica aparecem nos finais
do 4º ou começo do 5º milênio, isto é, cerca de 3000 anos antes da nossa era, por
um lado no Egito, por outro na Mesopotâmia. Pode seguir-se a evolução do
direito nestas duas regiões durante toda a antiguidade. No 2º milênio, as regiões
limítrofes acordam também para a história do direito: o Elam, o país dos Hititas,
a Fenícia, Israel, Creta, a Grécia. No primeiro milênio, a Grécia e Roma
dominam, até que quase todos estes países sejam reunidos no Império Romano,
durante os cinco primeiros séculos da nossa era. Mais a oriente, a Índia e a
China conhecem também o nascimento dos seus sistemas jurídicos nesta época.”
(Gilissen)
• “Pode-se ilustrar a transição das formas arcaicas de sociedade para as primeiras
civilizações da Antiguidade mediante três fatores históricos: (1) o surgimento
das cidades; (2) a invenção e domínio da escrita e (3) o advento do comércio e,
numa etapa posterior, da moeda metálica.” (Araújo Pinto in Wolkmer)
• Araújo aponta que o surgimento da escrita está ligado ao estabelecimento das
cidades, pela maior complexidade social que apresentam (inclusive, em termos
de comércio e administração). A transmissão oral da cultura passa a se tornar
insuficiente para a preservação da memória e identidade.
• Verba volant, scripta manet.
• “A síntese destes três elementos – cidades, escrita, comércio – representa a
derrocada de uma sociedade fechada, organizada em tribos ou clãs, com pouca
diferenciação de papéis sociais e fortemente influenciada, no plano das
mentalidades, por aspectos místicos ou religiosos. (...) aos poucos, vai se
construindo uma nova sociedade – urbana, aberta a trocas materiais e
intercâmbio de experiências políticas, mais dinâmica e complexa -, que
demandará um novo Direito.” (Araújo)

4. MESOPOTÂMIA E DIREITO CUNEIFORME


4.1. OS DIREITOS CUNEIFORMES
• A expressão “direitos cuneiformes” é dada aos direitos da maior parte dos povos
do Oriente Próximo da antiguidade, que, apesar da diversidade étnica,
desenvolveram sociedade aparentadas, especialmente pela difusão da língua
acádia.
• A Mesopotâmia apresenta uma série de povos e sistemas jurídicos (período
sumério, acádio sumério, dinastia de Akkad, dinastia de Ur, reino de Mari,
dinastia babilônica – especialmente Hammurabi -, período assírio...).

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• Códigos dos direitos cuneiformes: “Chama-se-lhes geralmente ‘códigos’,
erradamente, aliás, pois não contêm senão um pequeno número de disposições
(30 a 60 artigos), relativas a questões de detalhe, e não uma exposição
sistemática e completa do direito ou de uma parte do direito. São antes recolhas
de textos jurídicos agrupados de uma maneira que parece ilógica, mas seguindo
aquilo que parece ser o ‘mecanismo instintivo da associação de idéias’. Estes
textos não parecem mesmo terem sido leis, mas antes, como lhes chama o
Código de Hamurabi, dinât misharim, ou seja, julgamentos de direito,
ensinamentos indicando o caminho aos juízes. Cada frase, geralmente breve, diz
respeito a um caso concreto e dá a solução jurídica (...)” (Gilissen)
• O mais antigo destes códigos, atualmente conhecido, é o de Ur-Nammu
(fundador da 3ª dinastia de Ur = 2040 anos a.C., com seu império localizado na
região da Suméria, na baixa Mesopotâmia), mas que possui vestígios de outros
textos ainda mais antigos, como o “código” de Urakagina de Lagas.
• “Um importante dado da estrutura da sociedade é transmitido pelo texto do
Cödigo de Ur-Nammu: existem duas grandes classes de pessoas, os homens
livres e os escravos, bem como uma camada intermediária, de funcionários que
servem os palácios reais e os templos, e que possuem uma liberdade limitada.”
(Flávia Lages).

4.2. HAMMURABI
• Promulgado pelo Rei Hammurabi em 1694 a.C., no apogeu do império
babilônico, sendo composto por 282 artigos “que abrangem quase todos os
aspectos ligados à dinâmica da sociedade babilônica, desde penas definidas com
precisão de detalhes até institutos de Direito privado, passando, inda, por uma
rigorosa regulamentação do domínio econômico.” (Araújo)
• Hammurabi é reconhecido como grande conquistador e estrategista militar,
além de bom administrador público, e o império babilônico compreendia
diferentes povos, de diversas raças e culturas, sendo necessário um sistema de
unificação normativa para impedir a dissolução social, que seria calcado na
língua (acádio enquanto língua oficial), na religião (fixação de um panteão de
deuses) e no direito.
• “Após a morte de Hammurabi a dinastia manteve-se por aproximadamente 150
anos, mas em 1594 os Hititas invadiram e incendiaram a Babilônia,
abandonando-a em seguida. A queda da dinastia de Hammurabi fez ascender os
Cassitas que iniciaram um novo período na história da babilônia.” (Flávia
Lages)
• “O código de Hammurabi e os numerosos actos da prática do mesmo período
dão-nos a conhecer um sistema jurídico muito desenvolvido, sobretudo no
domínio do direito privado, principalmente os contratos. Os Mesopotâmicos
praticaram a venda (mesmo a venda a crédito), o arrendamento (arrendamentos

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de instalações agrícolas, de casas, arrendamentos de serviços), o depósito, o
empréstimo a juros, o título de crédito à ordem (com a cláusula de reembolso ao
portador), o contrato social. Eles faziam operações bancárias e financeiras em
grande escala e tinham já comandita de comerciantes. Graças ao
desenvolvimento da economia de troca e das relações comerciais, o direito da
época de Hammurabi criou a técnica dos contratos, ainda que os juristas não
tivessem chegado a construir uma teoria abstracta do direito das obrigações; da
Babilônia, esta técnica de contratos espalhou-se por toda a bacia do
Mediterrâneo; os Romanos herdaram-na finalmente e conseguiram sistematiza-
la.” (Gilissen)
• Intervenção do Estado na economia e atividades privadas (limitação de preços e
salários)
• Mantem-se uma separação social ao estilo do código de Ur-Nammu:
▪ Awilum: homens livres, com direitos de cidadania (tanto homens
ricos como pobres).
▪ Muskênum: camada intermediária entre os escravos e os homens
livres, funcionários públicos, com direitos e deveres específicos.
▪ Escravos: Maior parte da população, em geral prisioneiros de
guerra ou pela insolvência de dívidas (no caso de dívida, impõe-
se limite temporal). São propriedade, bens alienáveis, não sendo
condição imperiosa (na antiguidade) serem de outra raça

• Direito Penal:
▪ Adoção do princípio da proporcionalidade das penas (Lei de
Talião)
▪ “(...) o Código, na parte alusiva aos delitos e às penas, consagra-
se uma fusão de elementos sobrenaturais, princípios de autotutela
e retaliação e penas ligadas à mutilação e aos castigos físicos.”
(Araújo)
▪ “O princípio da pena de Talião não contava quando os danos
físicos eram aplicados a escravos à medida que estes podem ser
definidos como bens alienáveis; o dano contra um bem deve ter
ressarcimento material.
▪ Punição do falso testemunho, furto, roubo e estupro (a vítima
seria também apenada pelo estupro

• Direito da Família:
▪ Organização familiar via de regra monogâmica (possibilidade de
uma concubina em caso de esterilidade do casal), com casamento
legitimado pela realização de um contrato, com regime de
comunhão de bens.

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▪ Somente a mulher seria responsabilizada pelo crime de adultério
(previsão de pena de morte, embora pudesse ser concedido
perdão pelo marido).
▪ “A mulher, dotada de personalidade jurídica, mentem-se
proprietária de seu dote mesmo após o casamento, e tem a
liberdade na gestão de seus bens.” (Araújo)
▪ Possibilidade de repúdio à mulher pelo marido por “descumprir”
seus deveres (com recíproca, podendo a mulher alegar também
má conduta do seu marido, sendo possível divórcio, levando a
mulher o seu patrimônio)
▪ Adoção: Impossibilidade de devolução da criança, a não ser em
caso de criança adotada mais velha, que pedisse pela entrega aos
pais originais.

• Sucessão:
▪ Limitação da disposição sobre patrimônio.
▪ Não havia previsão de primogenitura, embora o filho mais velho
começasse a escolha dos bens durante a partilha.
▪ Possibilidade dos filhos serem deserdados, mediante avaliação
judicial.

• Trabalho: “(...) este Código é o primeiro que conhecemos indicar não somente
o pagamento que um médico deve ter, mas também o pagamento de inúmeros
profissionais como lavradores, pastores, tijoleiros, alfaiates, carpinteiros, etc.”
(Lages)

• Processos: “As leis babilônicas desta época permitem e preveem a mistura do


sagrado e do profano no julgamento, embora a justiça leiga tenha tido maior
importância que a sacerdotal à época de Hammurabi. Um juiz podia ser um
leigo, um sacerdote e até forças da natureza (...)” (Lages)

5. DIREITO EGÍPCIO
• O conhecimento que temos sobre o direito jurídico é quase exclusivamente
baseado em atos práticos, contratos, testamentos, decisões judiciárias, etc.
• “A contribuição mais interessante ao estudo das relações entre sociedade e
Direito que se pode retirar do Egito antigo é a consagração, na aplicação do
Direito, de um princípio de justiça que é simbolizada pela figura de uma deusa,
de nome Maat. Consoante a descrição de José das Candeias Sales, ‘os egípcios
acreditavam numa lei reguladora e organizadora dos sistemas de coisas, numa

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noção de eterna ordem das coisas e do Universo, a maat, que gozou no Egito
faraônico de enorme popularidade e importância na estruturação e
funcionamento da própria realeza. Podemos afirmar que é o elemento basilar do
Estado.” (Araújo)
• Na história egípcia há alternância de períodos individualistas baseados em
desenvolvimento econômico de trocas (vide o Antigo Império, XXVIII-XXIII
séculos antes de Cristo) e períodos feudais/coletivistas (Médio e Novo Império,
séculos XVII a XX e XVI-XI a.C.)

5.1. ANTIGO IMPÉRIO (III à IV Dinastias, séculos XXVIII-XXIII a.C.)


• Estado jurídico próximo ao desenvolvido em Roma nos séculos II e III d.C.,
com o indivíduo isolado em face do poder, possuindo liberdade real para dispor
de sua pessoa e de seus bens, com igualdade entre os indivíduos (inclusive entre
o homem e a mulher na relação matrimonial e entre os filhos, sem direito de
primogenitura).
• Poder concentrado na figura do Rei, assessorado por um “Conselho de
Ministros” (Direito Público centralizador em contraste a um Direito privado
individualista), e que tem ascendência sobre o Poder Judiciário, que utiliza um
processo escrito.
• A principal fonte do direito é a lei, com suplementação pelos costumes, sendo
outorgada pelo Rei, com parecer de um Conselho de legislação.
• Bom desenvolvimento do direito de contratos e da propriedade privada, havendo
pouca severidade do direito penal (com pouca presença da pena de morte).

5.2. MÉDIO (XII Dinastia, por volta do séc. XX, a.C.) E NOVO (XVIII à XX
Dinastias, séculos XVI-XI a.C.) IMPÉRIOS
• Declínio econômico e descentralização do Poder.
• Evolução para um regime senhorial, com formação de uma oligarquia social
baseada em uma nobreza sacerdotal e desenvolvimento da hereditariedade e
imunidade dos cargos.
• Reforço do poder paternal, privilégio masculino e direito de progenitura.
• Breve momento de retorno à centralização do Poder e fortalecimento do direito
individual (XII Dinastia), mas com retorno ao direito coletivista (século XII
a.C.), que irá até o século VIII a.C., com um novo ciclo ascendente que vai até o
século I a.C. – verificação de ciclos de ascendência e descendência

6. DIREITO HINDU

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• “O direito hindu é um direito religioso e tradicional. Não se pode confundir com
o direito indiano, que é o direito territorial da Índia, enquanto estado moderno; o
direito indiano é constituído sobretudo por leis da República Indiana,
teoricamente aplicado a todos os habitantes do território; mas, de facto, em
muitos domínios, os direitos das comunidades religiosas substituem, quer se
trate do direito hindu quer do direito dos muçulmanos, do direito dos Cristãos,
etc.” (Gilissen)
• O direito hindu seria revelado pelas divindades, sendo escritas em seus livros
sagrados (o hinduísmo ou bramanismo é uma religião politeísta, sem serviço
público ou sacerdotes, com um diálogo íntimo do indivíduo com a divindade e
sacrifícios com fins pragmáticos).
▪ Anteriormente ao bramanismo/hinduísmo clássico, havia o
Vedismo (versão primita do hinduísmo) (Veda – a soma de todo
o conhecimento), antes das influências budistas.
▪ Do Vedismo e do Hinduísmo, nós temos a instituição de divisão
de castas.
▪ Crença de que se uma pessoa fosse boa durante sua vida, poderia vir em
uma casta melhor em sua próxima encarnação, ou o contrário – Tal crença
fortalecia o cumprimento das normas morais, religiosas e jurídicas, reforçando a
coesão social em uma sociedade estratificada
▪ Código de Manu, art. 751. Um Sudra, puro de espírito e de corpo, submetido
às vontades das classes superiores, doce em sua linguagem, isento de
arrogância e se ligando principalmente aos brâmanes, obtém um nascimento
mais elevado.

6.1. DIVISÃO DE CASTAS


• “A casta é um conjunto de pessoas às quais o nascimento permite contrair
casamento entre elas (endogamia) e a comer conjuntamente. Cada casta tem, em
cada localidade, os seus próprios costumes e o seu próprio tribunal, o panchayat
ou assembleia local da casta. Esta assembleia resolve todas as dificuldades
internas da casta, atendendo à opinião pública no seio da casta; ela julga segundo
o dharma tal como ele é adaptado às necessidades locais da casta pelo costume;
ela intervém em todas as matérias religiosas e também jurídicas, tal como a
sucessão, o casamento, a detenção do solo; inflinge sanções, podendo ir do
desprezo até a exclusão dada casta, sanção muito grave no meio hindu.”
(Gilissen)
• O sistema não admite mudanças em vida, sendo estabelecidas conforme o
nascimento do indivíduo (na sua determinada casta).
• A divisão das castas não dependia da riqueza. Via de regra, um Brâmane era
muito rico, mas um Varsya poderia ser mais rico (embora socialmente inferior).

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• Brâmanes:
▪ Casta superior, considerada a mais pura física e espiritualmente.
▪ Exercia funções como administradores, médicos, líderes
espirituais e professores.
▪ Código de Manu. Art. 733. Instruído ou ignorante, um Brâmane
é uma divindade poderosa, do mesmo modo que o fogo
consagrado ou não consagrado é uma poderosa divindade.

• Ksatyras:
▪ Casta dos guerreiros, encarregados de proteger a ordem pelas
armas.
▪ Em geral, os reis eram destas castas, embora também pudesse
haver monarcas dos Brâmanes.

• Varsyas:
▪ Casta dos negociantes

• Sudras:
▪ Casta inferior, de mão de obra (pedreiros, agricultores...), em
condição servil.
▪ Código de Manu. Art. 410. Mas, que ele (o Brâmane) obrigue
um Sudra, comprado ou não, a cumprir as funções servis; porque
ele foi criado para o serviço de brâmane pelo ser existente por si
mesmo.
▪ Código de Manu. Art. 411. Um Sudra, ainda que liberto por seu
senhor, não é livre do estado de servidão; porque este estado, lhe
sendo natural, quem poderia dele isentá-lo?

• Chandalas (ou párias)


▪ “(...) não eram considerados castas; na prática, não eram
considerados nem gente. Eram classificados como os mais
impuros, cabendo a eles as tarefas também consideradas
demasiado impuras para que um membro de uma casta as
executasse. Eles eram os sapateiros, os limpa-fossas, os
curtidores, etc. Ou seja, exerciam as funções que lidavam com
restos humanos ou de animais.” (Lages)

6.2. DHARMA
• “O dharma é o conjunto das regras que o homem deve seguir em razão da sua

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condição na sociedade, isto é, o conjunto de obrigações que se impõem aos
homens, por derivarem da ordem natural das coisas. O Dharma compreende
portanto regras que, segundo a nossa óptica, relevam umas da moral, outras do
direito, outras ainda da religião, do ritual ou da civilidade.” (Gilissen)
• O Dharma (ou dever) tem três fontes: o Veda, a tradição e o costume.
• Veda:
▪ “(...) o conhecimento, a soma de todo o saber, de todas as
verdades religiosas ou morais.” (Gilissen)
• Tradição
• Costume:
▪ “(...) o direito hindu é um direito consuetudinário que varia até ao
infinito, mas dominado por uma doutrina religiosa, o hinduísmo,
fixada nomeadamente nos escritos sagrados. Os dharmasastra.”
(Gilissen)

6.3. ORGANIZAÇÃO POLÍTICA


• “A organização política variou muito na Índia, no decurso dos seus três milênios
de existência. Mas o fundamento permaneceu, até há alguns anos, o raja, o rei, o
chefe ou senhor da aldeia. A realeza sempre considerada como uma instituição
necessária para a manutenção da ordem social estabelecida pelos deuses; um dos
dogmas do hinduísmo é: uma sociedade sem rei não é viável.” (Gilissen)
• Cada Raja tem um território, recebendo impostos e gozando do direito de punir,
sendo independentes em relação aos outros rajas (salvo nas épocas feudais,
quando obedientes aos Marajás), mas submetidos ao Dharma.

6.4. CÓDIGO DE MANU


• Mulheres:
▪ O hinduísmo entendia que as mulheres tinham uma propensão
natural ao mal, estabelecendo que devem ser mantidas num
estado de dependência e vigilância.
▪ Não tinham direito à propriedade e tinham suas funções diárias
(como a de ser mãe, dona de casa e gestora de gastos domésticos)
especificados em lei.

• Direito de Família:
▪ “Nesta sociedade muitas crianças já nasciam ‘prometidas em
casamento’ e, especificamente no caso da mulher, esta não era
uma escolha pessoal, até mesmo porque, na maior parte das
vezes, elas casavam-se ainda muito crianças (...)” (Lages)

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▪ O Código admitia o divórcio e quem decidia a separação era
exclusivamente o marido, que dentre outros, poderia suscitar a
infertilidade. Contudo, a mulher considerada virtuosa, mesmo
doente, não poderia ser rejeitada.
▪ O casamento era monogâmico e a lei exigia a fidelidade, devendo
haver punição (com morte ou castração, ou, no caso dos
Brâmanes, penas brandas como tonsura – sim, corte de cabelo) do
adultério e até mesmo da sedução (mesmo que não haja a
traição), havendo grande aversão à infidelidade pelo risco de
mistura de classes.
▪ Quando não era possível conceber-se filhos homens, o código
permitia outras formas de consegui-lo, como a adoção do
primogênito da própria filha do adotante. Era até mesmo
autorizado que o cunhado da mulher agisse como reprodutor no
lugar do irmão.
▪ A sucessão obedecia ao direito do primogênito, especialmente do
sexo masculino (não havia este privilégio na casta dos Sudras)

• Direito econômico e comercial:


▪ Juros (e formas de cobrança) diferentes entre as castas.
▪ Vedação de contratação com pessoas sem capacidade para tanto.
▪ Limitação no direito de propriedade.

• Direito Penal:
▪ Fraude quanto à casta a que se pertence: crime punido com
suplício físico.
▪ As penas por injúria (qualquer ofensa que não atinja a integridade
física) variavam de acordo com o ofensor, o ofendido e a
gravidade da ofensa.
▪ As ofensas físicas obedeciam à Lei de Talião.
▪ Explícita distinção no código entre furto e roubo.
▪ Previsão de legítima defesa.

7. DIREITO HEBRAICO
7.1. BREVES APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA HEBRAICA
• “A história da Israel antiga abrange um período de cerca de vinte séculos,
compreendidos entre 2000 a.C. e 135 d.C., portanto de quarenta e vinte séculos
distantes de nossa época, sistemas políticos organizacionais que compreendem
um sistema patriarcal de um povo nômade, uma confederação de tribos, um
reino unido, dois reinos separados e, finalmente, uma nação súdita de diferentes

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governos de nações estrangeiras (Assíria, Pérsia, Grécia e Roma). Essa história
costuma se denominar de história de Israel dos tempos bíblicos (...)” (Marcos
Antônio de Souza in Wolkmer)

Souza apresenta a divisão da história hebraica da seguinte forma:


• Período patriarcal:
▪ Séculos XXI ao XVI a.C. – povo nômade.
▪ Patriarcas – Gênesis, capítulos 12 a 50, de Abraão (que reúne
seu clã e se desloca de Ur para a terra de Canaã) a José (filho de
Jacó – o povo se move de Canaã para o Egito)
▪ Instalação na Palestina, como sociedade pastoral seminômade, e
posterior processo de sedentarização
▪ Organização social baseada no líder do clã (que preenchia todas
as funções públicas, incluindo sacerdócio, liderança militar, juiz e
representante do clã perante outros clãs) e no princípio da
responsabilidade coletiva do clã.

• Confederação:
▪ Séculos XVI ao XII a.C. – Formação das Doze Tribos, tempo dos
“Juízes” (governantes e chefes militares, sem passagem
hereditária).
▪ Retorno à Palestina, sob liderança de Moisés (líder político e
legislador).
▪ “A transição de sistema de clãs para uma nação é tratado pelos
quatro últimos livros do Pentateuco (Torah). Segundo Ze`eve W.
Falk, um dos mais importantes fatores para o estabelecimento de
uma unidade entre as diferentes tribos foi a ‘Lei Comum’ da
comunidade conforme estabelecida pelo Decálogo e outras leis.”
(Souza)
▪ Separação da figura do líder do clã (e líder Político) e do
sacerdócio (formação de uma classe de Clérigos, os Levitas) e
criação de um conselho de anciãos e de uma confederação de
tribos.
▪ Além das tribos (que dividiam-se em famílias), verificam-se
ainda as figuras dos escravos e estrangeiros (que, mesmo livres,
não gozavam do mesmo direito dos hebreus)

• Reino Unido:
▪ Séculos XII ao X a.C., período da monarquia, compreendendo os
reinados de Saul, Davi e Salomão.

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▪ “Pelo relato da Tanakh, quando Samuel ainda era juiz, o povo
manifestou o desejo de ter um rei e que, diferentemente dos
juízes, seria um governante hereditário. (...) Enquanto os
primeiros reis foram escolhidos por um chamado divino para
salvar Israel de seu inimigo, sua função foi se tornando aos
poucos uma instituição, permitindo ao rei possuir um exército,
um serviço de funcionários, organizar a adoração religiosa e
administrar a justiça.” (Souza) – Importante destacar que o rei
não tinha status divino, embora comissionados por Deus.

• Reino dividido:
▪ Séculos X ao VI a.C., formado pelos reinos do norte ou Reino de
Israel (capital em Samaria) e do sul ou Reino de Judá (capital em
Jerusalém).
▪ Cisma em Israel após a morte de Salomão.
▪ O Reino do sul foi dominado por Nabuconodosor em 607 a.C.
(destruição de Jerusalém e cativeiro na Babilônia) e o do norte
pelos assírios, em 740.

• Vassalagem:
▪ Séculos VI a.C. a II d.C., que vai do cativeiro na Babilônia ao
retorno na Palestina, construção do segundo templo e sua
destruição pelo Romanos, com a ocupação do Império Romano.
▪ Em 135 d.C., Israel deixa totalmente de ser uma nação, até o pós-
II Guerra (sionismo)

7.2. FONTES DO DIREITO HEBRAICO


▪ “O direito hebraico é um direito religioso. Religião monoteísta, muito diferente
dos politeísmos que a rodeavam na antiguidade. (...) O direito é ‘dado’ por Deus
ao seu povo. Assim, se estabelece uma ‘aliança’ entre Deus e o povo que ele
escolheu; o Decálogo ditado a Moisés é a Aliança do Sinai, o Código da Aliança
de Jeová; o Deuteronómio é também uma forma de aliança. O direito é desde
logo imutável, só Deus o pode modificar, idéia que reencontraremos no direito
canônico e no direito muçulmano. Os intérpretes, mais especialmente os rabinos,
podem interpretá-lo para o adaptar à evolução social; no entanto, eles nunca o
podem modificar.” (Gilissen)
▪ “Acreditam alguns que o Torá (que contém a lei dos Hebreus) foi criada pelo
próprio Moisés e, embora este dado esteja um tanto desacreditado hoje em dia,
continuamos denominando a legislação de “mosaica”(...)” (Lages)
▪ A base moral da Legislação Mosaica está nos Dez Mandamentos (o Decálogo,

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não havendo separação entre o jurídico e o sagrado (direito de fundo religioso) –
muitos apontam que a religiosidade é o principal elemento cultural dos hebreus.
▪ A bíblia acaba por ser a principal fonte de estudo do Direito hebraico antigo.

TANAKH
▪ O que é considerado o Velho Testamento para os cristãos é o Tanakh (a bíblia
hebraica) para os judeus, no qual se insere o Torah (Torá).
▪ “Devido ao Tanakh não ser um livro jurídico, embora trate de legislação,
códigos e aplicação de leis, o estudo do Direito hebraico consiste em um tipo de
garimpagem ao longo de seus relatos (...). Evidentemente, a fonte de informação
mais importante da história legal de Israel é o Pentateuco ou Torah, porém
vários códigos, leis e práticas relativas à administração da justiça estão incluídos
na sequência das narrativas que se iniciam com a sociedade patriarcal dos
tempos de Abraão e se estendem até o período pós-exílio em Babilônia.”
(Souza)
▪ “A Torá, também chamada Pentateuco, é formada pelos cinco primeiros livros
da Bíblia: o Gênesis, o Êxodo, o Levítico, o Números e o Deuteronômio. Em
toda a Torá encontramos leis; entretanto, há no último livro uma reunião maior
de leis (...)” (Lages) – Deuteronômio significa “segunda lei”.

A Lei Oral – MICHNA


• As interpretações e adaptações do Torá pelos rabinos constituem a lei oral, que
se desenvolve principalmente na época do Segundo Tempo (no período da
Vassalagem, entre a volta do cativeiro da Babilônia e a Diáspora) frente à
necessidade de adaptação das velhas regras ao novo momento social e político.
• A atividade dos Rabi (mestres) é comparável “à dos jurisconsultos romanos da
mesma época, que também se esforçaram por adaptar um direito arcaico a uma
sociedade em rápida evolução.” (Gilissen)
• “A lei oral (Torah Cheb’al Pé) atuava ao lado da escrita, isto é, mosaica (Tora
Chebikhtav). Esta continuou a ser considerada, séculos afora, a lei suprema,
infalível, sacrossanta. Prevalecia sempre (mesmo depois da codificação da lei
oral) em qualquer conflito que se verificasse entre as duas.” (Ráo)
• Michna (ensino) obra do Rabi Yehouda Hanassi no século III, coletânea de
opiniões dos rabinos sobre matérias jurídicas e religiosas.

GUÉMARA e TALMUDE
• “Para guardar a fidelidade à Legislação Mosaica no uso da codificação nova, os
séculos seguintes produziram discussões, interpretações e aprofundamentos do

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texto de Michna que deram origem às Guemaras que juntamente com o Michna
e a própria Tora constituem o Talmud (que significa estudo), que é o verdadeiro
corpo da legislação hebraica.” (Lages)
• O Talmud “compreende não somente uma massa imensa de textos jurídicos e
religiosos, ou seja, explicações a lei (Halakha) que se impõem pela autoridade da
maior parte dos Rabi (...), mas também numerosos textos que dizem respeito à
história, à medicina, à astronomia, às ciências em geral.” (Gilissen)
• “Complementar à Tanakh, como fonte do Direito Hebraico, temos o Talmud que
registra a tradição oral e foi escrito entre os séculos II e VI de nossa era. No
entanto, visto que a soberania de Israel como nação existiu somente até 70 d.C.,
quando o segundo Templo foi destruído pelos romanos, o Direito hebraico
deixou de existir como um sistema real e todas as discussões sobre leis, crimes e
punições deixaram de ser práticas e passaram a ser questões teóricas. A
penologia talmúdica deve ser considerada como uma tentativa de formular
melhores leis para uma sociedade ideal.” (Souza)

7.3. DEUTERONÔMIO
• Embora o Livro do Êxodo contenha o decálogo, o livro do Pentatêuco que mais
importa ao direito hebraico é o do Deuteronômio, que inclusive reproduz os Dez
Mandamentos.
• Deut. 12:1. Estes são os regulamentos e decisões judiciais que deveis cuidar em
cumprir.

• Justiça e processo
▪ Previsão de imparcialidade do julgador.
▪ “A questão da justiça, ou melhor, de não cometer injustiças, é
muito cara aos hebreus, mesmo porque ter o ‘sangue de um justo
nas mãos’ é um pecado gravíssimo para eles. Neste sentido, este
povo se difere um pouco dos outros, já que, praticamente, não
admite julgamento sem investigação ou julgamento por forças
naturais ou deuses.” (Lages)
▪ A prova testemunhal era primordial para a antiguidade, havendo
pesada pena por falso testemunho.

• Direito Penal
▪ Previsão da pena de Talião.
▪ Individualização das penas.
▪ Separação entre o homicídio intencional e o não intencional
(doloso e culposo).
▪ A vítima não era punida em caso de estupro (salvo a exceção da

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vítima que poderia ter gritado para que alguém a ouvisse).
▪ “O conceito de crime difere do conceito moderno, isto porque a
transgressão de qualquer lei era considerada uma ofensa séria
devido ao princípio de que toda a lei era proveniente de Deus e
representava sua vontade. Portanto, qualquer transgressão, fosse
contra pessoas ou contra o próprio Deus, era um ato de violação
de uma lei divina.” (Souza)

• Direito da Família
▪ Homens e mulheres seriam punidos pelo adultério.
▪ Possibilidade de comcubinato.
▪ “Todos os povos da Antiguidade preveem divórcio. Este só
começou a ser proibido a partir do cristianismo. Na Legislação
Mosaica, entretanto, somente os homens podem divorciar-se, às
mulheres não cabe a iniciativa. Mesmo assim teria que haver algo
vergonhoso (o que pode ser interpretado de várias maneiras) na
esposa para que o esposo pudesse repudiá-la.” (Lages)
▪ Benefício do primogênito em caso de herança (só homens
recebiam herança, mulheres recebiam dotes)

• Escravos
▪ “Em Israel, os prisioneiros de guerra não israelitas eram vendidos
como escravos (Deut. 21, 10) ou podiam ser comprados em Tiro,
Gaza ou Aço; o tráfico de escravos estava, principalmente, nas
mãos dos Fenícios. Era proibida a compra de escravos israelitas
por israelitas, embora um israelita pudesse vender a si mesmo
(provavelmente para pagamento de dívida) como escravo.”
(Lages)
▪ A escravidão não poderia ser eterna e o recém ex-escravo deveria
receber um auxílio de seu senhor.

• Governo
▪ Deus institui o governo, mas o rei não pode sentir-se muito acima
dos demais mortais.

• Comércio
▪ A legislação hebraica proíbe a usura (empréstimo a juros).

• Meio Ambiente
▪ Preocupação preservacionista.

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Próximo Ponto:
II. O DIREITO NA ANTIGUIDADE: GRÉCIA
Este material não substitui a doutrina, sendo mero fichamento orientador do conteúdo
ministrado em sala de aula.
O aluno deverá pautar seus estudos pela leitura da doutrina, jurisprudência e legislação.
Referências (literatura obrigatória):
CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e do Brasil. 3ª edição. Rio de
Janeiro: Ed. Lumen Júris, 2006.
GILISSEM, Jonh. Introdução histórica ao direito. 7. ed. Lisboa: Caloustre Gulbenkian,
2013.
WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamentos da história do direito. 8. ed. Belo
Horizonte: Del Rey, 2014.

Referências (literatura complementar):


ALTAVILA, Jayme de. Origem dos direitos dos povos. 11. ed. São Paulo: ICONE,
2006.
ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. 16 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 6ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2008.
COULANGES, Fustel. A cidade antiga. 2. ed. São Paulo: Hemus, 2003.
LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na História: Lições Introdutórias. Max
Limonad, 2002.
MARCOS, Rui de Figueiredo, MATHIAS, Carlos Fernando e NORONHA, Ibsen.
História do Direito Brasileiro. 1 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
NASCIMENTO, Walter Vieira do. Lições de história do direito. 15. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2011.
PALMA, Rodrigo Freitas. História do Direito. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
REALE, Miguel. Horizontes do Direito e da História. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

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