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LIGA DE ENSINO DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE


HISTÓRIA DO DIREITO I - 2019.1
PROFESSOR Me. LUIZ FELIPE PINHEIRO NETO

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Ponto III – DIREITO ROMANO


PARTE 01 – HISTÓRIA DO DIREITO ROMANO
“Iuris praecepta haec: honete vivere, alterum non ladere, suum cuique tribuere”
(Ulpiano)

PARTE 01 – HISTÓRIA DO DIREITO ROMANO


1. Introdução;
2. História Romana: Realeza, República, Alto Império (Principado) e Baixo Império
(dominato);

PARTE 02 – INSTITUTOS DO DIREITO ROMANO


4. Classificação do Direito Romano;
5. Instituições do Direito Romano: Direito objetivo e direito subjetivo; pessoa física ou
natural e pessoa jurídica; fatos jurídicos;
6. Tutela dos direitos subjetivos: Organização do Poder Judiciário romano, ações,
processo;
7. O Direito das coisas no Direito Romano: Direitos reais, posse, propriedade, direitos
reais sobre a coisa alheia;
8. Direito das obrigações no Direito Romano;
9. Direito de Família e Sucessões no Direito Romano;
10. Direito Penal no Direito Romano.

1. INTRODUÇÃO
• “Direito Romano é o conjunto de normas que regeram a sociedade romana desde
as origens (segundo a tradição, Roma foi fundada em 754 a.C.) até o ano 565 d.C.,

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quando ocorreu a morte do imperador Justiniano.” (Moreira Alves)
• “A história do Direito Romano é uma história de 22 séculos, do Século VII a.C.
até o Século VI d.C., no tempo de Justiniano, depois prolongada até ao século XV
no império Bizantino. No Ocidente, a ciência jurídica romana conheceu um
renascimento a partir do Século XII; a sua influência permanece considerável
sobre todos os sistemas romanistas de direito, mesmo nos nossos dias” (Gilissen)
• “Foi sobretudo o direito privado romano que atingiu um nível muito elevado e
que exerceu uma influência duradoura sobre o direito da Europa medieval e
moderna.” (Gilissen)
• “A história de Roma é a história de todos nós... História que perpassa todo o
ocidente e nos faz oriundos do mesmo país... Latinos, antes de tudo. (...) Somos
romanos até quando falamos, nossa língua é filha do latim, somos romanos na
nossa noção urbana, somos romanos em nossa literatura, somos romanos mesmo
quando temos uma noção de patriotismo. Somos romanos política e
administrativamente. Mas, principalmente, somos romanos quando falamos em
Direito, quando fundamos nossa sociedade em um Estado de Direito. Direito este
sistematizado pelos romanos antigos.” (Flávia Lages)

• “O Direito Romano é uma criação típica deste povo, o que eles criaram nos deu a
possibilidade de hoje estarmos habitando países que se intitulam “Estados de
Direito”. (...) Para os romanos a definição de Direito passava por seus
mandamentos, que são: viver honestamente, não lesar ninguém e dar a cada um
o que é seu (iuris praecepta haec: honete vivere, alterum non ladere, suum cuique
tribuere).” (Lages)
• “A importância do Direito Romano para o mundo atual não consiste só em ter
sido, por um momento, a fonte ou origem do direito: esse valor foi só passageiro.
Sua autoridade reside na profunda revolução interna, na transformação completa
que causou em todo nosso pensamento jurídico e em ter chegado a ser, como o
Cristianismo, um elemento da Civilização Moderna.” (Von Lhering)
• “O Direito romano continua vivo em várias instituições liberais individualistas
contemporâneas, principalmente naquelas instituições jurídicas concernentes ao
Direito de Propriedade no seu prisma civilista e ao Direito das obrigações,
norteando o caráter privatístico do nosso Código Civil, priorizador da defesa da
propriedade como Direito Real, erga omnes, absoluto, portanto, como um Direito
ilimitado calcado no privilégio de usar (jus utendi), gozar (jus fruendi)e abusar da
coisa (jus abutendi), justificando inclusive o desforço in continenti, ou seja, a
legítima defesa da posse. Desta forma, a reapropriação formal de conceitos
jurídicos romanos adaptou-se historicamente à organização do cálculo racional, à
previsibilidade das expectativas exigidas pelo mercado e à certeza jurídica, como
fatores obliteradores em muitas circunstâncias de uma ideia mais ampla de justiça
social, nas sociedades capitalistas modernas e no colonialismo e neocolonialismo

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típicos das economias pré-capitalistas coloniais e dos países constituintes da
periferia do sistema capitalista atual.” (Francisco Quintanilha Véras Neto in
Wolkmer)

2. HISTÓRIA ROMANA
• “Roma, cuja fundação teria tido lugar, segundo a lenda, em 753 a.C., não era senão
um pequeno centro rural no século VIII a.C. Dez séculos mais tarde, nos séculos
II e III da nossa era, Roma é o centro dum vasto império que se estende da
Inglaterra, da Gália e da Ibéria à África e ao Próximo Oriente até aos confins do
Império Persa. (...) Este império romano deslocou-se no Ocidente no século V,
mas sobreviveu na parte oriental da bacia mediterrânica, à volta de
Constantinopla; o Império Romano do Oriente tornou-se no Império Bizantino e
substituiu como tal até o século XV.” (Gilissen)

Gilissen e Moreira Alves apresentam uma divisão da história romana em três épocas
(antiga, clássica e Baixo Império), que não necessariamente corresponde às formas de
governo (Realeza, República, Alto Império e Baixo Império), mas baseada na evolução
do Direito:
• Época Antiga
▪ Direito antigo ou pré-clássico, até meados do século II a.C. – das
origens de Roma à Lei Aebutia (entre 149 e 126 a.C.);
▪ “Período do ‘direito romano muito antigo’, direito de tipo
arcaico, primitivo, direito duma sociedade rural baseada sobre a
solidariedade clássica” (Gilissen).
• Época Clássica
▪ Direito Clássico, para Gilissen, cerca de 150 a.C. a 284 d.C., e
Alves aponta que seria do reinado de Diocleciano a 305 d.C.;
▪ “Direito romano clássico, direito duma sociedade evoluída,
individualista, direito fixado por juristas numa ciência jurídica
coerente e racional” (Gilissen);
• Época do Baixo Império:
▪ Direito pós-Clássico ou Romano-helênico (de 305 d.C. à morte
de Justiniano, em 565 d.C.)
▪ “Nascida da tripla crise do século III, política, econômica e
religiosa, direito dominado pelo absolutismo imperial, pela
atividade legislativa dos imperadores, pelo Cristianismo.”
(Gilissen)
▪ “Dá-se, porém, a designação de direito justinianeu ao vigente na

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época em que reinou Justiniano, de 527 a 565 d.C.)

2.1. REALEZA
• “O Direito Romano primitivo ou arcaico abrange toda a época da realeza e uma
parte do período republicano. Constitui um Direito essencialmente
consuetudinário característico de uma sociedade organizada em clãs, que pouco
conhecia o uso da escrita. Disso decorre a enorme falta de registros judiciais e
legislativos neste período.” (Argemiro Martins)
• “Não havia uma nítida diferenciação entre o Direito e a religião, pois eram os
sacerdotes que, até o período de 300-250 a.C., conheciam as formas e rituais de
interpretação da lei. Tal prática parece confirmar a clássica formulação de Fustel
de Coulanges de que em Roma, ao menos nesta fase, o ‘Direito não era mais do
que uma das faces da religião.” (Martins)

Origem mitológica:
• Criação de Roma pelos irmãos Remo e Rômulo.

Origem histórica:
• Algumas fontes defendem a fundação pelos Etruscos, mas a corrente dominante
defende a criação pelas próprias populações do Lácio.
• Os povos de pastores e predadores da região se uniriam em um grupo com chefe
comum (o rex, imposto muitas vezes pela força), havendo evolução da
complexidade de grupos, indo da família patriarcal, passando dos gens
(agrupamentos de várias famílias) até a formação da Cidade-Estado (Roma) e
posterior (aí então) invasão e dominação pelos Etruscos. (teoria patriarcal, de
Vico e Summer Maine)
• Bonfante apresenta uma outra teoria (gentílica) que reforça a existência da gens
(organismo de natureza política, dada sua finalidade de manutenção da ordem e
da proteção contra os inimigos externos – Alves) antes da Cidade.

Organização do povo
• “A família era o centro de tudo, mesmo do Direito. Os cidadãos romanos eram
vistos como membros de uma unidade familiar antes mesmo do que como
indivíduos. Mesmo a segurança dos cidadãos dependia muito mais do grupo a que
pertenciam do que do Estado.” (Lages)
• “O povo romano se dividia em tribos e cúrias. Cada tribo (...) se compunha de 10
cúrias (divisões locais constituídas de certo número de gentes, que aí tinha

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domicílio).” (Alves)
• Gens: “Agrupamento de famílias com caráter político, situada num território
(pagus), tendo chefe (pater ou magister gentis), instituições e costumes próprios,
assembleia (concio) e regras de conduta (decreta gentis).” (Alves)
▪ Seus membros eram os Gentiles.
▪ “Os gentiles das diversas gentes, quando surgiu o Estado Romano
(ciutas), formaram o patriciado. E, na realeza, somente os patrícios
gozavam de todos os direitos civis e políticos.” (Alves)
• Clientela: “Era uma espécie de vassalagem – de existência antiguíssima – na qual
incidiam indivíduos ou famílias que eram reduzidos, ou se sujeitavam
espontaneamente, à dependência de uma gens, desta recebendo proteção.” (Alves)
▪ Os clientes eram súditos, assistidos e protegidos pelos gentiles, a
eles devendo prestar obediência.
▪ Eram integrados principalmente por estrangeiros vencidos em
guerra (e submetidos à força aos gentiles), estrangeiros emigrados
e submetidos voluntariamente e escravos libertados.
• Peble: Uma turba não organizada, que habitava o solo urbano sem de fato se
integrar à cidade (tinham domicílio, mas não pátria), não tendo direitos políticos
ou civis.

Constituição política – Rei, Senado e comícios


• Rei: O rei era o magistrado único, vitalício e irresponsável. Sua sucessão não se
fazia pelo princípio da hereditariedade ou eleição, mas seu sucessor era indicado
por ele.
▪ O Rei era chefe de Estado, tendo comando supremo do exército,
“o poder de polícia, as funções de juiz e de sacerdote, e amplos
poderes administrativos (dispunha do tesouro e das terras
públicas). Demais, declarava guerra e celebrava tratados de paz.”
(Alves)
▪ Possuia o Imperium – poder total que abrangia os âmbitos civil,
militar, religioso e jurídico.
▪ “Esse soberano era o juiz supremo, não havendo apelação contra
suas sentenças.” (Lages)
▪ “Existiam também alguns cargos auxiliares ao rei, assessores
militares (tribunus militium e celerum), encarregados da custódia
da cidade (praefectus urbs), funções judiciárias (os duouiri
perduellionis: juízes nos casos de crimes contra o Estado); os
magistrados encarregados do julgamento do assassínio voluntário
de um pater famílias pelo seu filho (quaestore parricidii), nas
funções religiosas (os membros dos colégios dos pontífices,

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áugures e feciais).” (Quintanilha)

• Senado (Senatus): Tinham atividade consultiva para com o rei (podendo por este
ser convocado, que não tinha obrigação de seguir seus conselhos) e as decisões
dos comícios precisavam de sua validação.
▪ Seus membros eram os Senadores (ou patres), escolhidos entre os
chefes das diferentes gentes, a princípio em número de 100,
chegando a 300.
▪ “Senatus vem da palavra senis, que quer dizer ancião.” (Lages)
• Comícios por cúria (Comícios curiatos): Assembleia convocada pelo rei,
reunida no comitium (ao pé do Capitólio). Não tinham função deliberativa, apenas
aprovavam ou rejeitavam as propostas que lhe eram apresentadas.
▪ “(...) reuniões de todos os homens considerados como “povo”, ou
seja, os patrícios e os clientes, ficando de fora os plebeus e os
escravos.
▪ Colhia-se o voto individual de cada patrício, apurando-se a maioria
de cada cúria. Alguns estudiosos crêem que a votação se dava por
aclamação.
▪ As assembleias sobre questões religiosas (em que o povo era
apenas informado das decisões) se denominavam “comitia calata”.

Fontes do Direito
• “O Direito era essencialmente costumeiro, sendo a jurisprudência monopolizada
pelos pontífices.” (Quintanilha)
• Costume (mos maiorum);
• Leis Régias (leis propostas pelo rei e votadas pelos comícios por cúrias,
compiladas posteriormente)
• “Segundo parece, as leis régias não eram mais do que regras costumeiras,
sobretudo de caráter religioso, que foram compiladas nos fins da República ou no
início do principado.” (Alves)

Jurisprudência
• “Nos tempos primitivos, a jurisprudência romana era monopolizada pelos
pontífices. Esse monopólio – em decorrência do rigoroso formalismo que
caracteriza o direito arcaico – consistia em deterem os pontífices o conhecimento,
não só dos dias em que era permitido comparecer a juízo (dias fastos, em
contraposição aos nefastos, em que era isso proibido), mas também das fórmulas
com que se celebravam os contratos ou com que se intentavam as ações judiciais.”

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(Alves)

2.2. REPÚBLICA
Queda da Realeza e início da República
• Lento processo de mudança política e econômica.
• “Quando da fundação da República (Res + Públicae = coisa do povo), os romanos
decidiram pulverizar o poder executivo para as mãos de muitos, com mandatos
curtos, de um ano, na maior parte dos casos, assim evitando que alguém pudesse
ter um poder exacerbado nas mãos.” (Lages)
• Revolução e queda de Tarquímio, o Soberno (510 a.C.), sucedido por dois
magistrados eleitos anualmente, denominados iudices em tempos de paz e
praetores em guerra.
• Os Magistrados detinham o Imperium que fora da realeza.
• As funções religiosas passam ao rex sacrorum e ao pontifex maximus.

Magistratura
• “A princípio, os dois cônsules são os magistrados únicos, com atribuições
militares, administrativas e judiciárias. Assim, comandam o exército; velam pela
segurança pública; procedem ao recenseamento da população; tomam medidas
várias com vista ao bem público; gerem o erário; administram a justiça criminal;
e exercem a jurisdição voluntária e contenciosa.” (Alves)
• Progressivo surgimento de outras magistraturas e desconcentração dos poderes.
• As magistraturas republicanas eram:
▪ Temporárias (eleição anual, ou, no caso dos censores, a cada
cinco anos);
▪ Colegiadas;
▪ Gratuitas (os magistrados não percebem proventos);
▪ Dotadas de irresponsabilidade do magistrado (invioláveis
durante o exercício do cargo).
• Poderes dos magistrados:
▪ Potestas: competência para expressar com sua própria vontade a
do Estado, contraindo obrigações e gerando direitos para este,
presente em todas as magistraturas.
▪ Imperium: personificação da supremacia do Estado,
compreendendo direitos de formar e comandar tropas, apresentar
propostas aos comícios, de deter e punir cidadãos culpados e
administrar a justiça nos assuntos privados. Apenas algumas
possuíam este poder (daí classifica-las em magistraturas cum
imperio e sine imperio)

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• Lei Valéria (509 a.C): gestão financeira confiada a dois quaestores (foram 40 na
época de César) nomeados pelos cônsules (após as XII Tábuas, eleitos pelo povo).
• Lei Valeria de Prouocationae (509 a.C.): condenados à morte poderiam apelar
da sentença determinada pelos cônsules.
• Criação da Ditadura (501 a.C.): “era possível ao patriciado, por deliberação do
Senado, restabelecer, em Roma, pelo prazo máximo de seis meses (...), o poder
absoluto.” (Alves)
• Revolta da Plebe em 494 a.C., com ameaça de fundação de nova cidade, obtendo
a criação de duas magistraturas plebeias: o tribunato e a edilidade da plebe,
passando os plebeus a ficarem garantidos contra a arbitrariedade dos magistrados
patrícios (os tribunos tinham poder de vetar atos dos magistrados patrícios).
• Luta da plebe por uma lei escrita e criação da Lei das XII Tábuas entre 450 e
449 a.C.
• Em 445 a.C., após pressão da plebe, cria-se o tribunato consular, embora os
patrícios continuem com a prerrogativa do consulado.
• Lei Licinia de Magistratibus (367 a.C.): um plebeu pode ser cônsul, sendo
criadas novas magistraturas para enfraquecer ainda mais o poder dos cônsules
(para o caso da ascensão de um plebeu para o cargo): pretores para dirimir
conflitos e edis curuis para polícia dos mercados e ações penais e civis correlatas.
• Até 337 a.C. a plebe consegue acesso às demais magistraturas (e até 300 a.C. no
caso das dignidades sacerdotais), num esforço de equiparação política aos
patrícios.
• “Com a igualdade política entre patrícios e plebeus, desaparece a distinção social
entre as duas classes, e surge, então, uma nova aristocracia, a nobilitas, a que
pertencem todas as famílias que contam, entre seus antepassados, com um ou mais
membros que ocuparam a magistratura curul (ditadura, consulado, pretura,
censura, edilidade curul).” (Alves)

Senado
• “Na República, o Senado se torna o verdadeiro centro do governo, pois os
magistrados tinham interesse em consulta-lo e em seguir o seu conselho, antes de
tomarem deliberações mais importantes, uma vez que, sendo o Senado um órgão
permanente, ficavam eles resguardados de possíveis incriminações quando
retornassem à qualidade de simples cidadãos.” (Alves)
• “Somente o Senado permanecia vitalício, entretanto sua função primordial
durante este período foi a de cuidar de questões externas. Contudo, devido à
temporariedade de mandato dos cargos executivos da política, devido à
temporariedade do mandato dos cargos executivos da política republicana frente
à vitaliciedade do Senado, este acabava possuindo uma autoridade permanente,

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tornando-se o centro do Governo.” (Lages)

Comícios
• Comícios por cúrias (comitia curiata): votação da lex curiata de imperio e
apreciação de testamentos. Larga perda de poder.
• Comícios por centúrias (comitia centuriata): atribuições eleitorais, legislativas
e judiciárias.
▪ Divisão entre os que pagavam impostos e prestavam serviço
militar (se agrupando em cinco casas, de acordo com seu
patrimônio, bens móveis e imóveis) e os que não possuíam bens
para estes encargos.
▪ As cinco classes se dividiam em várias centúrias (até 193),
constituídas, meio a meio, por iuniores (cidadãos entre 17 e 46
anos) e seniores (de 46 a 65 anos)
• Comícios por tribos (comitia tributa): baseados na divisão de tribos da época da
Realeza, teriam surgido das assembleias da plebe, tendo atribuições eleitorais,
legislativas e judiciárias.
• Comícios da plebe (concilia plebis): eleição de tribunos e edis da plebe e
apreciação de recursos de multas impostas por magistrados plebeus.

Fontes do Direito
• Costumes: fonte preponderante do direito privado no período republicano, graças
às atividades dos jurisconsultos.
• Lei: Lex Rogata (proposta de magistrado aprovado pelos comícios ou de um
tribuno aprovado pela plebe) e Lex Data (lei emanada pelo magistrado em
decorrência de poderes concedidos pelos comícios – a Lei das XII Tábuas é um
exemplo).
• Edito dos Magistrados: “Os magistrados romanos tinham a faculdade de
promulgar editos (ius edicendi), dos quais os mais importantes, para a formação
do direito, foram os dos magistrados com função judiciária: em Roma, os pretores
(urbano e peregrino) e os edis curuis; nas províncias, os governadores e questores.
O do pretor urbano, porém, sobreleva, em importância, a todos os demais.”
(Alves)
▪ Inicialmente proclamações orais, passaram a ser escritas em tábuas
pintadas.

A Lei das XII Tábuas


• Atualmente, são conhecidos apenas fragmentos do texto original.

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• “(...) o texto original foi destruído por ocasião do saque de Roma pelos gauleses
em 390 a.C.. No entanto, como escreve Gilissen, alguns fragmentos chegaram até
nós graças às citações de Cícero e de Gélio e por comentários escritos por Labeo
e por Gaio no Digesto.” (Argemiro Martins)
• Resultou da luta entre plebeus e patrícios. “Um dos objetivos dos plebeus era o de
acabar com a incerteza do direito por meio da elaboração de um código, o que
viria refrear o arbítrio dos magistrados patrícios contra a plebe.” (Alves)
• “(...) a Lei das XII Tábuas não era um código como os modernos, que se ocupam
de determinado ramo do direito (por exemplo: Código civil, Código comercial,
código penal), mas lei geral que continha dispositivos sobre direito público e
direito privado.” (Alves)
• “No conjunto, a Lei das XII Tábuas revela um estádio da evolução do direito
público e privado comparável ao que é conhecido em Atenas pelas leis de Drácon
e de Sólon. A solidariedade familiar é abolida, mas a autoridade quase ilimitada
do chefe de família é mantida; a igualdade jurídica é reconhecida teoricamente;
são proibidas as guerras privadas e instituído um processo penal; a terra, mesmo
a das gentes, tornou-se alienável; é reconhecido o direito de testar.” (Gilissen)
• Crítica de Alves: “É certo (...) que se pode admitir que algumas das disposições,
que nos foram transmitidas como pertencentes à Lei das XII Tábuas, não faziam
parte da codificação original, mas a ela foram atribuídas, ou em virtude da
transmissão oral dessa lei, ou pela tendência dos antigos de atribuir à legislação
decenviral todas as normas arcaicas. Mas isso, evidentemente, não destrói a
autenticidade da Lei das XII Tábuas.”
• “A Lei das XII Tábuas não é um código, no sentido moderno do termo; não é
talvez um conjunto de leis, antes uma redução a escrito de costumes, sob a forma
de fórmulas lapidares. A sua redação tendeu a resolver um certo número de
conflitos entre plebeus e patrícios; mas a sua interpretação permaneceu secreta,
porque confiada aos pontífices.” (Gilissen)

Jurisprudência
• Iuris est diuinarum atque humanarum rerum notitia, iusti atque iniusti scientia (A
jurisprudência é o conhecimento das cosias divinas e humanas, a ciência do justo
e do injusto).

2.3. ALTO IMPÉRIO (PRINCIPADO)


• O final da República e o Principado compreendem o Período Clássico do Direito
Romano.
• “Este período, do Século II a.C. até o século III d.C., foi o auge do Direito Romano
e, mais especificamente, foi o auge do desenvolvimento do Direito Romano. O

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poder do Estado foi centralizado e dois personagens – os pretores e jurisconsultos
-, adquirindo maior poder de modificar as regras existentes, puderam revolucionar
constantemente o Direito. (...)” (Lages)
• “O Direito apresenta um caráter essencialmente laico e individualista, cuja
interpretação de suas fontes, cada vez mais de natureza legislativa do que
consuetudinária, compete a um corpo de profissionais especializados: os
jurisconsultos – que tiveram o seu apogeu nos séculos II e III d.C. Sob o
principado de Otávio Augusto, alguns juristas renomados tornaram-se
consultores, cujas interpretações da lei possuíam o reconhecimento da autoridade
imperial. No entanto, somente sob o imperador Adriano (117-138 d.C.) tais
pareceres passaram a vincular os magistrados em suas decisões, mas desde que
houvesse unanimidade por parte dos juristas reconhecidos pelo príncipe. (...) A
jurisprudência romana, levada a cabo pelos jurisconsultos, visava o estudo das
regras de Direito e sua aplicação na prática forense, sem uma maior preocupação
na sistematização do seu ordenamento.” (Argemiro Martins)

Formação do Principado
• Formação do exército para conservação externa do território Romano e
consequente fortalecimento interno dos generais, que foi utilizado por Silas.
• Conflito entre Pompeu e Júlio César (que chegaram a formar o primeiro
triunvirato, junto a Crasso) após Silas abdicar ao poder, com vitória de César, que
governa até seu assassinato (44 a.C.). César não detém, ainda, título de rei.
• Sucedido por uma série de agitações, que leva à criação do segundo triunvirato,
formado por Otaviano, Marco Antônio e Lépido, o qual é posto rapidamente de
lado, formando-se um duunvirato, com Otaviano controlando o Ocidente e Marco
Antônio controlando o Oriente.
• Otaviano derrota Marco Antônio em 31 a.C. (Batalha de Ácio), tornando-se o
único detentor do poder.
• Divisão das províncias entre senatoriais e imperiais.
• Surge o principado em 27 a.C., com Otaviano sendo autodeclarado Príncipe em
28. Em 23, Otaviano renúncia ao consulado (que possuía as limitações jurídicas e
políticas advindas da República) e recebe o título de Augustus e o proconsulado,
passando a ter comando geral do exército romano, e a tribunicia potestas,
passando a ter inviolabilidade pessoal e veto às decisões dos magistrados
republicanos, consolidando-se na posição de princeps.
• “O principado apresenta dupla faceta: em Roma, é ele monarquia mitigada, pois
o príncipe é apenas o primeiro cidadão, que respeita as instituições políticas da
república; nas províncias imperiais, é verdadeira monarquia absoluta, porque o
princeps tem, aí, poderes discricionários.” (Alves)
• É um regime de transição entre a República e a Monarquia absoluta.

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Magistratura
• Consulado: Uma sombra do que fora na República, privado de poder fora da Itália
e com poderes limitados na Itália (não mais dispõe de poder militar e tem poderes
civis limitados pela tribunicia potestas do príncipe).
• Pretura: Permanência dos pretores urbanos e peregrinos, exercendo em Roma e
na Itália jurisdição civil. Com o tempo, some a pretura peregrina.
• Censura: Redução a funções de redação das listas dos cidadãos de Roma,
coordenação de recenseamentos realizados por magistrados, deixando de ser uma
magistratura autônoma no império de Domiciano.
• Questura: Redução dos poderes dos questores.
• Edilidade curul e da plebe: Aos poucos, as funções dos edis são atribuídas a
funcionários imperiais, sumindo a edilidade no século III d.C.
• Tribunato da plebe: Redução de funções, sendo muitas transferidas ao
imperador, passando a ter funções administrativas, como vigilância de sepulturas.

Senado
• Redução do número de Senadores por Augusto (19 a.C.) de mil a 600, tendo
atividade inspirada e orientada pelo príncipe, que tinha vital influência na eleição
de seus membros (que eram escolhidos entre ex-magistrados).
• Perde poderes importantes que tinha na República, como direção da política
externa.

Comícios
• Gradativa perda das funções judiciárias, eleitorais e legislativas.
• Em certo momento, “o povo reunido em comício se limita a aprovar, por
aclamação, a lex de imperio, que, proposta a ele pelo Senado, conferia poderes ao
novo príncipe” (Alves)

Princeps
• “Para a designação do princeps não vigorava o princípio da hereditariedade, nem
o puramente eletivo: o sucessor era geralmente designado pelo antecessor, quer
pela adoção, quer mediante simples designação ou atribuição dos poderes
fundamentais do princeps, como a tribunicia potestas. De fato, no entanto, era
grande a influência do exército na designação do príncipe. O escolhido era, a
seguir, consagrado pelo voto do Senado e do povo (pura formalidade) (...)”
(Alves).

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• O príncipe detinha a tribunicia potestas, celebrava paz e declarava guerra,
concluía tratados, fundava e organizava colônias, concedia direito de casamento
legítimo e cidadania aos estrangeiros, convocaca o Senado, cunhava moedas e
tinha jurisdição civil (em grau de recursos) e criminal.
• Existência de um conselho consultivo.

Funcionários Imperiais
• Legados: lugares-tenentes na administração de províncias.
• Prefeitos (praefecti): representantes do príncipe, podendo ser
▪ praefecti praetorio (funções militares e jurisdição criminal),
▪ prafecti urbi (função policial em Roma),
▪ praefecti annonae (encarregados do abastecimento de Roma e
jurisdição de delitos relacionados),
▪ praefectus uigilum (policiamento noturno, extinção de incêndios e
jurisdição penal relacionada) e
▪ praefectur erarii (administração do tesouro público).
• Procuradores: mandatários do príncipe, especialmente na administração
financeira.
• Auxiliares: diversas funções de secretariado.

Fontes do Direito
• Costumes: para a existência do costume, era necessário que a prática fosse
observada por longo tempo. Havia o costume praeter legem (preenche lacuna
legal), contra legem (comportamento positivo contrário à lei) e o desuso,
comportamento negativo de não observância à lei.
• Leis comiciais.
• Edito dos Magistrados: “No principado, o pretor – cujos editos, como vimos,
eram os mais importantes na república -, embora não tenha perdido, até o tempo
de Adriano, o poder de, indiretamente, criar direitos por meio de elaboração de
seu edito (ius edicendi), na prática se limita, geralmente, a copiar os editos de seus
antecessores, e isso, por certo, pela posição subalterna a que ficou reduzida, nesse
período, a pretura.” (Alves)
▪ Na época de Adriano, o jurisconsulto Sálvio Juliano fixa
definitivamente o texto dos éditos – Edictum perpetuum – “a partir
de então, o pretor somente pode criar novos meios processuais por
solicitação do Princeps ou do Senado.” (Alves)
• Senatusconsultos: deliberações do Senado (não eram fonte de Direito na
República), a partir do exaurimento do poder legislativo dos comícios.
• Constituições imperiais: “Ao príncipe jamais foi atribuída expressamente a

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faculdade de legislar, mas em decorrência dos poderes que absorveu das
magistraturas republicanas e de auctoritas que lhe era reconhecida, ele, desde o
início do principado, interferiu na criação do direito com as constituciones
(constituições imperiais) (...)” (Alves)
▪ Editos: normas gerais emanadas do ius edicendi do príncipe.
▪ Mandatos: instruções que o príncipe transmitia aos funcionários
imperiais.
▪ Rescritos: respostas sobre questões jurídicas que o imperador
dava a particulares, magistrados ou juízes.
▪ Decretos: sentenças prolatadas pelo príncipe em litígios
submetidos a ele em primeiro grau ou recursal.
• Respostas dos jurisconsultos (Responsa prudentium): Resposta de
jurisconsultos a litigantes, magistrados ou juízes, e, a partir de Augusto, algumas
destas consultas passam a ter maior autoridade (ius publice respondendi)

Jurisprudência / produções dos jurisconsultos


• “Os jurisconsultos, principalmente no período clássico do Direito Romano, foram
personagens da mais profunda importância para o desenvolvimento do Direito.
Sua principal característica e qualidade era o estudo profundo e sistemático e,
consequentemente, o respeito advindo desta sabedoria.” (Lages)
• “A atividade destes homens, também chamados Prudentres, consistia em indicar
as formas dos atos processuais aos magistrados e às partes (eles não atuavam em
juízo); esta indicação tinha o nome de agere. Eles também auxiliavam na
elaboração e escrita de instrumentos jurídicos que, em vista do formalismo
exigido, necessitava de particular competência, isto era chamado de cavere. Era
ainda da parte do jurisconsulto a obrigação de respondere, que consistia em emitir
parecer jurídicos sobre questões a pedido de particulares e magistrados.” (Lages)
• Passa a ser fonte de direito no principado.
• “Os juristas clássicos escreveram, além de monografias, várias obras que seguiam,
principalmente, um dos seguintes tipos: institutiones, regulae, enchiridia e
definitiones (livros destinados ao ensino); sententiae e opiniones ( obras também
elementares, mas que visavam mais à prática do que ao ensino); responsa (livros
de consultas respostas sobre casos concretos); questiones e disputationes
(repositórios de controvérsia jurídica); libri ad, libri ex e notae ad (comentários
ou notas de um jurista à obra de um seu antecessor, cujo nome – ou denominação
de seu trabalho – se seguia a essas expressões latinas); libri ad edictum (obras que
obedeciam ao plano do edictum perpetuum, e de ocupavam do ius honorarium);
e digesta (espécie de enciclopédias sobre o ius ciuile e o ius honorarium)” (Alves)
• Produções mais famosas:
▪ Institutas de Gaio (Gai institutionum commentatii quattuor)
▪ Regras de Ulpiano (Ulpiani liber singularis regularum)

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▪ Sentenças de Paulo (Pauli sententarium ad filium livri V).

▪ “Por fim, cabe ressaltar que a jurisprudência romana conferiu um tratamento


especial para a regulamentação das relações contratuais entre cidadãos, relativas
a transações econômicas de compra e venda, aluguel, permuta e relações de
família que envolvessem o patrimônio (casamento e herança). Isso se deu porque
o relacionamento entre o cidadão e o Estado era marginal ao desenvolvimento
central do Direito, pois não era a lei pública (sujeita a discricionariedade do
imperador), mas a lei civil que dispunha sobre as relações de propriedade e de
comércio. E é dentro da lei civil que encontramos uma grande contribuição do
Direito Romano, o conceito de propriedade absoluta ou quiritária – que diz
respeito aos quirites, cidadãos de Roma que não serviam nos exércitos -, da qual
uma parte significativa era dedicada à propriedade de escravos. Na Grécia, no
Egito ou na Pérsia, o Direito de propriedade sempre este condicionado a direitos
superiores derivados de uma autoridade religiosa, estatal ou comunitária: em
Roma, a jurisprudência pela primeira vez ‘emancipou a propriedade privada de
quaisquer qualificações extrínsecas ou restritivas, desenvolvendo a nova distinção
entre a mera posse – o controle factual de bens – e a propriedade – o pleno Direito
legal a eles.” (Martins)

2.4. BAIXO IMPÉRIO (DOMINATO)


• “A decadência econômica e política de Roma no baixo império não poderia deixar
de afetar o Direito. Este ficou adstrito, durante o dominato, à compilação dos
preceitos formulados na época clássica de sua existência. (...) A grande
codificação dos preceitos do Direito romano clássico ocorreu no Oriente. Isto se
deve ao fato de que a porção oriental do antigo Império Romano, graças ao seu
grande desenvolvimento econômico e sua estrutura social mais flexível, resistiu
às invasões bárbaras que devastaram o Ocidente. (...) Portanto, é no Oriente,
refúgio natural da cultura latina após a queda do Império Romano Ocidental, que
se assiste a um grande esforço de codificação, empreendido sob o governo do
imperador Justiniano em 527-234 d.C. (...) O Direito do baixo império não
apresentou nenhuma contribuição significativa ao trabalho dos juristas clássicos.
Como assinala Villey, o grande mérito ao trabalho do Direito pós-clássico foi o
de ter conservado, através do trabalho dos compiladores, as obras dos
jurisconsultos romanos do período áureo de seu Direito.” (Argemiro Martins)
• “A codificação Justianéia, chamada de Corpus Iuris Civilis, é considerada
conclusiva, mesmo porque praticamente todos os códigos modernos trazem a
marca desta obra. O Corpus Iuris Civilis é composto por quatro obras: o Codez, o
Digesto (chamado também de Pandectas), as Institutas e as Novelas.” (Lages)

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Instauração do Dominato
• Crise política, econômica e religiosa no final do século III d.C.
• Implementação da monarquia absoluta por Dioclesiano, com nova organização
política do Império (que seria aperfeiçoada por Constantino).
• “O imperador já não é um princeps, o primeiro dos cidadãos, mas um senhor, o
dominus do Império; ao principado sucede-se o dominado. O seu poder é absoluto;
é divinizado, encarna a res publica; dispõe de todos os poderes, sem outro controle
senão o dos seus conselheiros; legisla só.” (Gilissen)
• Divisão de fato (embora unidade jurídica) do Império Romano em pars Orientis
e pars Occidentis, cada uma com seu Augustus e seu sucessor, o Caesar
(Tetrarquia).
• Constantino funde a pars Orientis e pars Occidentis e transfere a capital do
Império para Bizâncio (posterior Constantinopla) e redivisão após a morte de
Teodósio I.
• “Constantino reconheceu oficialmente a religião cristã, nomeadamente pelo édito
de Milão (313). A Igreja organiza-se a partir daí no quadro político e
administrativo do Império Romano (...).” (Gilissen)
• Queda do Império Romano do Ocidente com as invasões germânicas em 476 d.C..
O Império do Oriente dura até 1453, quando Constantinopla é tomada pelos turcos
otomanos.

Instituições Políticas
▪ Ampla burocratização administrativa.
▪ “Das magistraturas originárias da república, persistem no dominato o consulado
(com funções puramente honoríficas), a pretura urbana (sem jurisdição e com o
ônus de, a suas expensas, dar jogos públicos) e o tribunato da plebe (com
existência apenas nominal, desaparece no século V).” (Alves)
▪ O senado vira conselho municipal, um localizado em Roma, outro em
Constantinopla.

Fontes do Direito
▪ “No principado, por ser período de transição, encontramos o maior número de
fontes de direito que Roma conheceu sob determinado regime. No dominato
(monarquia absoluta), há apenas uma fonte atuante de criação organizada do
direito: a constituição imperial (então denominada lex). A seu lado, persiste o
costume como fonte espontânea do direito, mas limitado a preencher as lacunas
das constituições imperiais, sendo pequena sua importância para o direito privado.
No entanto, continuam em vigor as normas decorrentes das fontes de direito dos
períodos anteriores, desde que não revogadas. E, como no início do dominato é

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muito acentuada a decadência da jurisprudência – não há grandes juristas, mas,
sim, práticos -, conhecem-se essas normas não do estudo da própria fonte, mas,
indiretamente, por intermédio da obra dos jurisconsultos clássicos. Por isso, ao
lago das constituições imperiais (leges), vigora, também, o direito contido nessas
obras (e que é denominado, nesse tempo, iura).” (Alves)

Compilações pré-justinianéias
▪ Diversas codificações prévias às ocorridas no governo de Justiniano, como os
códigos Gregoriano, Hermogeniano e Teodosiano.

Jurisprudência
▪ Não há grandes jurisconsultos. A jurisprudência desta época de decadência, é
anônima.
▪ O estudo do direito, com as escolas do Império Romano do Oriente
(especialmente as de Constantinopla e Berito) ocorre no século V d.C.
▪ “Apesar desse reflorescimento, não se encontra, durante todo o dominato, obra
verdadeiramente criadora. Os professores dessas escolas de direito, em geral, se
dedicaram ao estudo das obras dos jurista clássicos para adaptá-las, por via de
reelaboração, às necessidades sociais de sua época.” (Alves)

Corpus Iuris Ciuilis


▪ Em 528 d.C., pouco após assumir o poder, Justiniano nomeou uma comissão de
dez membros para compilar as constituições imperiais vigentes, criando-se o
nouus Iustinianus Codex.
▪ Posteriormente, Justiniano expediu 50 constituições (Quinquanginta Decisiones)
para resolver controvérsias entre jurisconsultos antigos, partindo daí a idéia de
compilação dos iura.
▪ Em três anos, uma comissão de professores de direito e advogados, consulta quase
dois mil livros e desenvolve o Digesto (Padectas), e antes de sua promulgação,
fora desenvolvido um manual escolar de introdução ao Digesto (Institutas).
▪ Devido a contradições entre o Codex de Justiniano e o Digesto, o Código fora
atualizado.
▪ Com o tempo, o Digesto, o novo Codex e a Institutas foram sendo atualizados
pelas Nouellae constituciones (novelas), e o objetivo de Justiniano, antes de sua
morte, era reuní-los em um único documento.

Influência do Cristianismo

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▪ O Cristianismo se torna a religião oficial do Império com o Imperador
Constantino, exercendo influência sobre o direito romano a partir desta época.

Próximo Ponto:
III. PARTE 2. DIREITO ROMANO: INSTITUTOS
Este material não substitui a doutrina, sendo mero fichamento orientador do conteúdo
ministrado em sala de aula.
O aluno deverá pautar seus estudos pela leitura da doutrina, jurisprudência e legislação.
Referências (literatura obrigatória):
CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e do Brasil. 3ª edição. Rio de
Janeiro: Ed. Lumen Júris, 2006.
GILISSEM, Jonh. Introdução histórica ao direito. 7. ed. Lisboa: Caloustre Gulbenkian,
2013.
WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamentos da história do direito. 8. ed. Belo Horizonte:
Del Rey, 2014.

Referências (literatura complementar):


ALTAVILA, Jayme de. Origem dos direitos dos povos. 11. ed. São Paulo: ICONE, 2006.
ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. 16 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 6ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2008.
COULANGES, Fustel. A cidade antiga. 2. ed. São Paulo: Hemus, 2003.
LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na História: Lições Introdutórias. Max
Limonad, 2002.
MARCOS, Rui de Figueiredo, MATHIAS, Carlos Fernando e NORONHA, Ibsen.
História do Direito Brasileiro. 1 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
NASCIMENTO, Walter Vieira do. Lições de história do direito. 15. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2011.
PALMA, Rodrigo Freitas. História do Direito. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
REALE, Miguel. Horizontes do Direito e da História. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

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