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DIREITO ROMANO

PROF. SANDRO SIMÕES


PERÍODOS HISTÓRICOS DE ROMA ANTIGA

• 1) Período da Realeza ou Monarquia (das origens de Roma à queda da


realeza em 510 a.C.);
• 2) Período da República (510 a.C. até 27 a.C., quando o Senado investe
Otaviano - futuro Augusto - no poder supremo, com a denominação de princeps);
• 3)Período do Império - se subdivide em: 3.1. Período do Principado ou Alto
Império (de 27 a.C. até 285 d.C., com o início do dominato pró-Diocleciano);
3.2. Período do Dominato ou Baixo Império (de 285 até 585 d.C., data em que
morre Justiniano).
• Os romanos acreditavam que sua comunidade
assumiu forma pela primeira vez sob o
domínio de reis no século VIII a.C. A maioria
dos historiadores modernos conclui que se
pode saber pouco sobre os eventos desse
SURGIMENTO período formativo da história humana.
• As lendas sobre a monarquia revelam ideias
DE ROMA importantes que os romanos posteriores
mantinham sobre suas origens. Essas ideias,
por sua vez, ajudam a explicar como os
romanos estruturaram a sociedade e a política
sob a República.
O termo técnico romano para a comunidade
política como um todo era “povo romano”,
mas na realidade esse termo não implicava
democracia. A classe alta sempre dominou o
governo romano.
“POVO
Havia uma divisão bipartida da sociedade
ROMANO” romana em classes, com definição legal: os
patrícios (pessoas das famílias tradicionais
privilegiadas de Roma) e os plebeus (pessoas
que não pertenciam à classe aristocrática, mas ao
povo comum). Posteriormente, uma classe alta
de patrícios e plebeus abastado emergiu, de
modo gradual e violento, como a força
dominante na sociedade e na política romanas.
• Roma, em sua fundação, enfrentou um grande
desafio de sobrevivência, porque sua população
era pequena e pobre, comparada com vizinhos
mais fortes. Os outros povos da área em que
estava localizada Roma, chamada Lácio, eram,
FUNDAÇÃO em sua maioria, aldeões pobres.
• A maior parte dos povos do Lácio falava a
DE ROMA mesma língua dos romanos, uma forma inicial
de latim, embora tal afinidade não significasse
que essas comunidades fossem vizinhas do
ponto de vista étnico. Nesse mundo, todas as
comunidades deviam estar prontas para se
defender contra ataques de vizinhos.
• Considerando Rômulo como o primeiro rei,
sete monarcas governaram Roma, um após o
outro, por dois séculos e meio após a
fundação. Roma cresceu adotando a seguinte
estratégia: transformar estrangeiros em
FUNDAÇÃO romanos ou cooperar com eles na defesa
mútua.
DE ROMA • A política de Roma de acolher estrangeiros
para aumentar o número de cidadãos e, com
isso, se fortalecer foi o segredo de longo
prazo para acabar se tornando o governo mais
poderoso que o mundo antigo testemunhou.
MONARQUIA

• As origens de Roma são lendárias. Mesmo os sete reis


(Rômulo; Numa Pompílio; Tulo Hostílio; Anco Márcio;
Tarquínio, o Prisco; Sérvio Túlio; e Tarquínio, o Soberbo) são
considerados por boa parte dos historiadores como personagens
lendários. O fato é que não há evidências suficientes desse
período da história romana para se chegar a um detalhamento
preciso.
CONSTITUIÇÃO POLÍTICA NA MONARQUIA

• A constituição política de Roma, na realeza ou monarquia, se


resume em três termos: o rei, o Senado e os comícios. Sobre
eles, no entanto, não temos dados incontroversos. Por isso, a
exposição que se segue acerca de suas atribuições e poderes é
baseada em conjecturas mais ou menos plausíveis.
CONSTITUIÇÃO POLÍTICA NA MONARQUIA- O REI

• 1) Rei - O rei era o magistrado único, vitalício e irresponsável. Sua


sucessão não se fazia pelo princípio da hereditariedade ou da eleição, mas,
segundo parece, o sucessor, quando não indicado pelo antecessor, era
escolhido pelo interrex (senador que, por designação do Senado,
governava, na vacância do cargo real, pelo prazo de cinco dias, passando o
poder, nas mesmas condições, a outro senador, e assim por diante até que
fosse escolhido o rei).
CONSTITUIÇÃO POLÍTICA NA MONARQUIA- O REI

• O rei, como chefe do Estado, tinha o comando supremo do exército, o


poder de polícia, as funções de juiz e de sacerdote, e amplos poderes
administrativos (dispunha do tesouro e das terras públicas). Além disso,
declarava guerra e celebrava tratados de paz. Contava com auxiliares nas
funções políticas, nas funções judiciárias e nas funções religiosas.
CONSTITUIÇÃO POLÍTICA NA MONARQUIA- O SENADO

• 2) O Senado – O Senado era o conselho do rei, sendo os seus membros –


cuja escolha possivelmente se fazia, pelo rei, entre os chefes das
diferentes gentes (famílias aristocráticas tradicionais) – denominados
senatores ou patres, cujo número, a princípio, era de 100, e,
posteriormente, ascendeu a 300. O Senado, que era convocado pelo rei,
estava em posição de subordinação diante dele.
CONSTITUIÇÃO POLÍTICA NA MONARQUIA- O SENADO

• Quanto à sua competência: a) com relação ao rei, era consultiva (este, nos
casos mais importantes, devia consultá-lo, embora não estivesse obrigado
a seguir o conselho); e b) com referência aos comícios, era confirmatória
(toda deliberação deles, para ter validade, devia ser confirmada pelo
Senado).
O POVO ROMANO
• Antes de tratarmos dos comícios ou assembleias, que é o último elemento da
constituição política romana à época da monarquia, é importante entendermos
quais eram os elementos que constituíam o povo de Roma à época da monarquia.
• O povo romano e sua organização – O povo romano se dividia em tribos e
cúrias. Cada tribo se compunha de 10 cúrias (divisões locais). Os elementos que
constituíam o povo romano, eram três: a gens, a clientela e a plebe.
• Gens - Formado pelos patrícios, representava uma família que tinha poder e
status especial dentro da sociedade romana. O agrupamento de gens, denominado
gentes, tinha um caráter político, com instituições e costumes próprios,
assembleia e regras de conduta. Cada gens tinha seu chefe (pater).
O POVO ROMANO
• A clientela - Era uma espécie de vassalagem – de existência antiquíssima
– na qual incidiam indivíduos ou famílias que eram reduzidos, ou se
sujeitavam espontaneamente, à dependência de uma gens (de uma família
patrícia), desta recebendo proteção. Os clientes eram, portanto, súditos e
protegidos dos gentiles. Às obrigações que deviam aos gentiles
(obediência, obsequium e operae) contrapunha-se o direito de exigir
destes proteção e assistência. Integravam, provavelmente, a clientela: 1º –
os estrangeiros vencidos na guerra e submetidos a uma gens; 2º - os
estrangeiros emigrados que se submetiam, voluntariamente e 3º – os
escravos libertados que ficavam vinculados à gens do seu antigo dono.
O POVO ROMANO
• A plebe - Ao lado dos patrícios e clientes, encontramos os plebeus, que
eram uma turba não organizada que formavam, em Roma, um mundo à
parte. Eles habitavam o solo romano, sem integrarem a cidade. Tinham
domicílio, mas, não, pátria. A princípio, os plebeus não possuíam direitos
políticos nem civis. A plebe, cuja origem é muito obscura, possivelmente
se constituía dos vencidos que ficavam sob a proteção do Estado, dos
clientes de famílias patrícias que se extinguiram, e dos estrangeiros aos
quais o Estado protegia.
CONSTITUIÇÃO POLÍTICA NA MONARQUIA

• 3) Os comícios ou assembleias – eram assembleias formadas por cidadãos


• 3.1 - Os comícios ou assembleias por cúrias - Os comícios por cúrias eram
uma assembleia convocada pelo rei, pelo interrex ou pelo tribunus celerum.
Reuniam-se, geralmente, no comitium, ao pé do Capitólio. Esses comícios
aprovavam ou rejeitavam a proposta de quem lhes presidia. Pronunciavam-se
sempre que se tratava de modificar, em casos concretos, a ordem legal da
cidade. No entanto, a rejeição das leis pela assembleia não impediria a sua
promulgação.
CONSTITUIÇÃO POLÍTICA NA MONARQUIA

• 3.2 Os comitia calata – Eram assembleias que cuidavam de questões


religiosas, nas quais o povo não era ouvido, mas apenas convocado para
tomar conhecimento de comunicações que lhe interessavam.
DIREITO ROMANO NA MONARQUIA – O FAS E O JUS

• O fas tipifica a dimensão sagrada existente no Direito romano em seus


primeiros séculos de história. Progressivamente, cuidaram os antigos de
distingui-lo do Direito secular (o jus), na medida em que a instauração da
República reclamava uma nova estruturação política da cidade e de suas
províncias. A partir do século V a.C., as leis atribuídas às divindades ou às
coisas sacrais vão continuamente perdendo a importância, mas sem
desparecer por completo.
DIREITO QUIRITÁRIO – MONARQUIA E INÍCIO DA
REPÚBLICA

• Direito quiritário (Ius quiritium), que fazem parte do jus, é o nome que se
confere às primeiras normas jurídicas nascidas no seio da aristocracia
romana. A família era o núcleo condicionador de sua gênese, e dela extraía
todo o seu vigor. Portanto, o ius civile, em seus primórdios, resumia-se ao
Direito quiritário, que excluía as demais classes sociais (clientes, plebeus
e escravos).
DIREITO QUIRITÁRIO – MONARQUIA E INÍCIO DA REPÚBLICA

• Não era este mais do que o próprio Direito patrício, o qual, em sua
essência, era naturalmente excludente. Certos “direitos eram exclusivos
dos patrícios”, por exemplo: “Jus sufraggi (direito de votar e de ser
votados); Jus honorum (direito de ocupar cargos públicos); Jus militiae
(direito de comandar as legiões romanas); Jus sacerdotii (direito de ser
sacerdotes e integrarem os colégios sacerdotais); conquistadas); Jus
connubii (direito de contrair matrimônio (justas núpcias); Jus actionis
(direito de fazer valer seus direitos na Justiça)”.
• Merecem destaque, à época da monarquia,
quatro grupos na sociedade: os sacerdotes e
os escravos:
• Sacerdotes - Sabe-se que as mais distantes
origens do estabelecimento de uma estirpe
sacerdotal em Roma, com a definição de
suas prerrogativas particulares, podem ser
SOCIEDADE traçadas na fundação da cidade, nos idos
ROMANA- tempos dos reis (tendo ocorrido
provavelmente no governo de Numa
MONARQUIA Pompílio). Dessa mesma época advém a
criação do mais importante órgão da
administração local no que diz respeito à
condução de assuntos de cunho sagrado,
qual seja, o chamado “Colégio dos
Pontífices”.
• Escravos - Os romanos eram proprietários
de escravos, como todas as outras
sociedades antigas. Consideravam os
escravos posse do proprietários, e não seres
SOCIEDADE humanos com direitos naturais. Os escravos
que ganhavam a liberdade imediatamente se
ROMANA - tornavam cidadãos romanos. Alguém virava
ROMA E OS escravo ao ser capturado na guerra, ser
vendido no mercado internacional de
ESCRAVOS escravos por invasores que o haviam
sequestrado ou por nascer de uma mãe
escrava.
SOCIEDADE ROMANA – PATERFAMILIAS E MULHERES

• É fundamental que entendamos, para melhor compreensão do


direito romano, em suas várias fases, a posição do
paterfamilias, das mulheres e os valores prezados pelos
romanos
•O paterfamilias era a suprema
autoridade no seio de seu clã, e todos
lhe deviam respeito, consideração,
obediência e, acima de tudo, suprema
reverência. Era ele o dirigente máximo
não somente dos interesses de sua
PÁTRIO PODER E
parentela imediata e agregados perante
PATERFAMILIAS
outrem (aqui inclusos no conceito de
“família), mas também, da gestão da
propriedade e dos bens pertencentes ao
núcleo que ele representava. Esse poder
que ele exercia era denominado de
pátrio poder.
• Portanto, o pátrio poder era o poder legal
que o pai possuía sobre os seus filhos, sem
importar a idade, bem como sobre os
escravos e agregados que eram contados
como membros de sua família.
• Ele era o único dono de toda a propriedade
PÁTRIO PODER E adquirida por qualquer um de seus filhos. O
PATERFAMILIAS pai também tinha o poder de vida e morte
sobre esses membros do domicílio. O
abandono de bebês indesejados, era prática
aceita para controlar o tamanho das famílias
e descartar bebês com imperfeições físicas.
• Até que um pai tomasse um recém nascido nas
mãos, sinalizando assim que aceitava a criança como
sua e se comprometia com sua criação, um bebê
podia literalmente não existir como pessoa. É
provável que as meninas tenham sofrido esse destino
com frequência maior do que os meninos, pois uma
SOCIEDADE família tinha uma grande ascensão de status
ROMANA - gastando recursos em filhos mais do que filhas.
PÁTRIO PODER E • O casamento das pessoas sob quem exercia
PATERFAMILIAS autoridade só era realizado através de sua permissão
ou prévio consentimento. O pátrio poder somente se
extinguia em função de morte, incapacidade
motivada normalmente pelo acometimento de
alguma doença limitadora do desempenho de suas
funções ou, ainda, por seu próprio desiderato.
ROMA E AS MULHERES
• Para a esposa, o “pátrio poder” tinha apenas efeito limitado sobre sua
vida. A esposa permanecia sob o poder do pai enquanto ele estivesse vivo.
Um mulher adulta sem um pai vivo, que era o mais comum, pois a
expectativa de vida não era muito alta, tinha autonomia para todos os fins
práticos. Em termos jurídicos, ela precisava de um protetor para conduzir
negócios em nome dela, mas a tutela das mulheres adultas se tornou uma
formalidade vazia no fim da República.
ROMA E AS MULHERES
• A sociedade romana esperava que a mulher crescesse com rapidez e
assumisse responsabilidades na família. Mulheres ricas tinham o dever de
administrar a propriedade familiar, inclusive os escravos domésticos. A
esposa supervisionava a criação dos filhos jovens por amas de leite e
acompanhava o marido em jantares festivos.
• O divórcio era uma questão simples do ponto de vista jurídico. O pai
geralmente ficava com os filhos após a dissolução do casamento, reflexo
do tradicional “pátrio poder” romano.
SOCIEDADE ROMANA - ROMA E AS
MULHERES
• ATENÇÃO: A mulher não tinha permissão de votar nas eleições romanas
nem de ser funcionária pública, mas podia ter influência indireta
manifestando opiniões a parentes com cargos públicos.
SOCIEDADE ROMANA – VALORES
ROMANOS
• Os valores pelos quais os romanos acreditavam que podiam viver eram
basicamente relacionados a obrigações com os deuses e com outras
pessoas, e ao respeito e status na sociedade que conquistavam ou perdiam
de acordo com o comportamento apresentado.
• A classe alta definia o sistema de valores que orientava a vida pública e
privada dos romanos sob a República Romana. Os homens da elite social
queriam compartilhar o poder entre eles próprios e não com toda a
população romana, afastando a maioria da população, formada pelos mais
pobres.
SOCIEDADE ROMANA – VALORES
ROMANOS
• Os romanos acreditavam que seus ancestrais haviam transmitido os valores que deviam
orientar suas vidas. Os valores centrais para eles eram os seguintes:
• 1 – Probidade – sabia distinguir o bem do mal, sabia o que era inútil, vergonhoso e
desonroso e evitava esse comportamento.
• 2 – Lealdade – cumprir as obrigações, sem importar o custo nem se a obrigação era
formal ou informal.
• 3 – Piedade – significava ser devoto à adoração dos deuses e ao sustento da própria
família.
• 4 – Gravidade – limitar manifestações de emoção e manter o autocontrole
• 5 – Status ou dignidade – recompensa que um romano obtinha por viver de acordo com
todos os outros valores.
A TRANSIÇÃO PARA A REPÚBLICA
ROMANA
• O marco que assinala o período de transição para a República consistiu na
derrocada de Tarquínio, chamado “o Soberbo”, em 510 a.C. Desse
momento em diante, Roma procurou organizar-se sob um novo sistema
político, o qual era, até certo ponto, sui generis na história do mundo
antigo.
• A ruptura caracterizava-se pela eleição de dois cônsules para governar a
cidade durante o período de um ano. Estes, por sua vez, se alternavam no
poder e, além disso, gozavam do direito de veto contra as decisões de seu
par. Durante a República, o Senado Romano certamente passou a ter
maior influência. Isso ocorre porque, durante a Realeza, os senadores
cumpriam mera função consultiva.
A TRANSIÇÃO PARA A REPÚBLICA
ROMANA
• Foi também nessa fase que o Direito romano tomaria seus contornos
decisivos, principalmente após 450 a.C., quando foram elaboradas as
famosas Leis das Doze Tábuas.
• Na República surgiram figuras decisivas para a sedimentação da práxis
jurídica, tais como o pretor, magistrado que se encarregava da distribuição
da justiça e juízes, designados por este.
A REPÚBLICA ROMANA – O CONFLITO
DAS “ORDENS”
• O Conflito das Ordens foi uma disputa
política entre plebeus ("comuns") e patrícios
("aristocratas") na antiga República Romana e
que durou de 494 até 287 a.C., no qual os
plebeus lutaram por igualdade política com os
patrícios. O termo “ordens” era usado no
sentido de que patrícios e plebeus eram ordens
distintas, estabelecidas pela vontade dos
deuses.
A REPÚBLICA ROMANA – O CONFLITO
DAS “ORDENS”
• O conflito teve um papel preponderante no
desenvolvimento das regras que passaram a
reger a República romana. Aos plebeus eram
negados vários direitos, tais como: o direito de
votar e de ser votado; de ocupar cargos
públicos, de integrar os colégios sacerdotais;
de contrair matrimônio; de fazer valer seus
direitos na Justiça, entre outros.
Essa situação, causou revolta entre os plebeus. Logo depois
da fundação da república, o conflito chegou ao seu ápice
A quando eles se retiraram da cidade e se reuniram no monte
Sagrado justamente numa época de guerra externa.
REPÚBLIC
A ROMANA
–O
CONFLITO O Senado Romano, por sua vez, somente conseguiu demovê-
DAS los desse intento com muita dificuldade e, mesmo assim,
mediante a aceitação das seguintes condições: a) Que lhes
“ORDENS” fossem perdoadas todas as dívidas; b) Que fossem colocados
em liberdade todos os plebeus reduzidos à escravidão por
insolvência; c) Que o povo nomeasse certos magistrados que
defendessem seus direitos contra a tirania dos patrícios
(tribunos da plebe).
A REPÚBLICA ROMANA – O CONFLITO DAS “ORDENS E O
SURGIMENTO DE LEIS ESCRITAS

• A necessidade de fazer com que os plebeus servissem na força de defesa


contra ataques de inimigos externos foi o principal motivo pelo qual os
patrícios, por fim, tiveram de chegar a um acordo com os plebeus, embora
a elite odiasse ceder às demandas daqueles considerados inferiores sociais.
• A tradição romana diz que o denominador comum entre patrícios e
plebeus levou às primeiras leis escritas de Roma.
• Em razão do “Conflito das Ordens” foi
organizada uma comissão de decênviros que
receberam a incumbência de elaborar leis
gerais para Roma. O resultado final desses
trabalhos, entre os anos 451 e 450 a.C.,
ficou conhecido como as “Leis das Doze
A LEI Tábuas” (Lex Duodecim Tabularum). Sua
importância tornou-se incontestável a partir
DAS XII da verificação de que o mencionado corpo
de leis reflete uma das primeiras iniciativas
TÁBUAS no sentido de reduzir à forma escrita todo o
Direito preexistente, fazendo com que este
passasse a ser de conhecimento público. Foi
na República que o Direito romano se
estruturou e desenvolveu.
• O novo código legal entrou em vigor após a
missão de uma delegação romana a Atenas,
onde estudaram o Código de Sólon.
• Os patrícios se aproveitaram dessa ocasião
para impor o infame banimento sobre o
A LEI casamento com plebeus.
• Era importante para os plebeus, no entanto,
DAS XII ter um código de leis escrito para evitar que
TÁBUAS os magistrados patrícios, que julgavam a
maioria das ações legais, tomassem decisões
arbitrárias e injustas sobre disputas de
acordo com os seus interesses pessoais ou
com os de quem pertencia à sua ordem.
• As provisões concisas da Lei das XII Tábuas
condensavam os costumes locais
prevalecentes da sociedade agrícola dos
primórdios de Roma, com leis expressas de
modo simples, como “Se alguém for
A LEI chamado a Juízo, compareça.”
• Com a ênfase de assuntos legais, como
DAS XII disputa sobre propriedades, a Lei das XII
Tábuas demonstrava o predominante
TÁBUAS interesse romano no direito civil. O código
penal romano, por outro lado, nunca chegou
a ser extenso. Os magistrados decidiam
sobre a maioria dos casos sem nenhum júri.
• Posteriormente, ainda nesse período em
específico, foram promulgadas outras leis
que visavam reconhecer os direitos da plebe
e com isso diminuir progressivamente as
tensões sociais.
OUTRAS LEIS • A primeira delas foi a “Lei Canuleia”, do
DO PERÍODO ano de 445 a.C., que finalmente passou a
REPUBLICANO permitir o casamento entre patrícios e
plebeus, uma histórica pretensão destes
últimos. A legislação em tela ainda
franqueava à plebe o acesso à magistratura
de cônsul.
• Outra grande vitória para os plebeus
consistiu na aprovação do conjunto de Leis
chamado “licínias”, em 367 a.C. Estas
trataram de incluir a plebe no programa de
divisão e utilização das terras que foram
OUTRAS LEIS objeto de conquista.
DO PERÍODO • A “Lei Ogúlnia”, de 300 a.C., por sua vez,
REPUBLICANO reconhecia aos plebeus uma série de direitos
religiosos antes negados. A “Lei Hortênsia”,
de 286 a.C., fez com que as deliberações dos
plebeus, tomadas no âmbito dos plebiscitos
fossem alçadas no plano real à categoria de
“leis”.
• Eram homens responsáveis por emitir
pareceres jurídicos sobre questões
práticas a eles apresentadas
(respondere), por instruir as partes
sobre como agir em juízo (agere) e
orientar os leigos na realização de
JURISCONSULTO negócios jurídicos (cauere). Exerciam
S essa atividade gratuitamente, pela
fama e, evidentemente, para obter
destaque social, que os ajudava a
galgar os cargos públicos da
magistratura”.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
ROMANA
• A constituição da República Romana é um nome normalmente utilizado
por especialistas para se referir ao conjunto de regras e princípios, escritos
ou não, que determinavam o que era permitido ou proibido dentro dos
limites estabelecidos na antiga Roma republicana.
• ATENÇÃO: não havia uma constituição como a Constituição brasileira,
na Roma antiga.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
ROMANA
• Os romanos acreditavam que sua “constituição” havia sido constituída
pela acumulação da sabedoria de seus antepassados e não por um ato
pontual de legislação e, consequentemente, não existia um texto legal
unificado que codificasse a prática constitucional. Os princípios
republicanos eram tidos, em larga medida, como frutos da tradição
(costume ancestral, conhecido como mos maiorum). Esse sistema político
era conhecido como res publica, expressão latina que pode ser traduzida
por “coisa pública” e que se opõe ao sistema monárquico que antes
existira.
ASSEMBLEIAS (COMÍCIOS)
• Na época republicana, as três principais assembleias ou comícios de
Roma, eram:
• 1) A Assembleia das Centúrias;
• 2) A Assembleia Tribal dos Plebeus;
• 3) A Assembleia Tribal do Povo.
Não havia a regra de “um homem, um voto”. As
assembleias não eram propriamente
democráticas. Os homens nas assembleias eram
divididos em um grande número de grupos de
acordo com as regras específicas que eram
diferentes para cada tipo de assembleia ou
comício. Os grupos não se equivaliam em
ASSEMBLEIA tamanho.
S (COMÍCIOS) Como se dava a votação? Primeiro, os membros
de cada grupo davam o voto individual para
determinar qual seria o voto único de seu grupo
na assembleia. Cada voto único de cada grupo
era contabilizado de forma que a decisão da
assembleia se dava pelo voto da maioria dos
grupos.
Uma assembleia devia ser
convocada por um magistrado
público, realizada apenas em dias
considerados adequados pela lei
religiosa e sancionada por auspícios
ASSEMBLEIA favoráveis.
S (COMÍCIOS) As assembleias serviam para
votação e não para discussão de
candidatos ao cargo ou de possíveis
políticas a serem adotadas pelo
governo.
Discussões e debates ocorriam antes das
assembleias (chamadas convenções), em
uma grande reunião pública da qual
qualquer um, inclusive mulheres e não
cidadãos, podia participar, mas na qual
apenas cidadãos homens podiam falar.
ASSEMBLEIA
S (COMÍCIOS)
Assim que a assembleia em si tinha
início, apenas se podia votar em questões
propostas pelos funcionários públicos, e
emendas às propostas não eram
permitidas naquele momento.
ASSEMBLEIA DAS CENTÚRIAS

• Responsável por:
• a) eleger censores, cônsules e pretores;
• b) aprovar leis;
• c) declarar guerra e paz;
• d) infligir a pena de morte em julgamentos.
ASSEMBLEIA DAS CENTÚRIAS

• Como visto anteriormente, as assembleias eram divididas em grupos. No caso da


Assembleia das Centúrias, os grupos recebiam o nome de centúrias.
• Os grupos (centúrias) eram organizados para corresponder às divisões dos
cidadãos quando eram agrupados como exército. Os comícios por centúrias se
realizavam fora da cidade de Roma, no Campo de Marte, porque o povo, nessa
reunião, votava armado.
• ATENÇÃO: na Roma republicana, cada cidadão devia se armar às próprias
custas e da melhor forma possível. Quanto mais rico fosse um cidadão, mais ele
gastava com armadura. Entendia-se, portanto, que seu voto deveria ter mais peso
na Assembleia das Centúrias.
ASSEMBLEIA DAS CENTÚRIAS

• A Assembleia das Centúrias tinha 193 grupos (centúrias). A divisão era feita
na seguinte ordem:
• 1) 18 primeiros grupos – cavalarianos
• 2) 170 grupos seguintes – soldados de infantaria, classificados de acordo
com as propriedades que tinham.
• 3) 4 grupos seguintes – não combatentes que prestavam serviço ao
exército (marceneiros e músicos).
• 4) grupo final – proletários (não tinham condições de adquirir armadura,
apenas contribuindo para a República romana com a prole ou filhos.
ASSEMBLEIA DAS CENTÚRIAS

• Como bastava que se alcançasse a maioria absoluta por centúrias (97, pois
eram elas 193) para que esses comícios deliberassem, desde que as 18
centúrias de cavalaria e as 80 primeiras classes votassem no mesmo
sentido, aquele quórum era atingido, e as demais classes deixavam de
votar, por desnecessário. Ora, sendo as 18 centúrias de cavalaria e as 80 da
primeira classe integradas pelos cidadãos mais ricos, e geralmente
concordes por terem os mesmos interesses, os menos favorecidos
raramente podiam influir nas deliberações desses comícios.
• Na Assembleia Tribal da Plebe ou
Assembleia da Plebe, só participavam
os plebeus, não os patrícios. A
votação era feita por grupos. A
divisão da Assembleia em grupos se
ASSEMBLEI dava de acordo com a divisão de
A DA PLEBE tribos da República romana. Nos
últimos anos da República romana, o
número de tribos (e, portanto, o de
grupos) se fixou em 35 (31 na zona
rural e 4 na capital).
• Qual o critério de divisão das tribos
romanas? As tribos eram estruturadas
em termos geográficos, de acordo
com o local onde viviam os cidadãos
ASSEMBLEI
• ATENÇÃO: as tribos não eram
A DA PLEBE associações de parentesco de grupo
étnico, mas um conjunto de
subdivisões de área da população para
fins administrativos.
• Como eram chamadas essas
propostas votadas na Assembleia dos
Plebeus? Eram chamadas de
plebiscitos.
ASSEMBLEI • As propostas aprovadas na
A DA PLEBE Assembleia Tribal dos Plebeus eram
consideradas leis? Nos primeiros
séculos da República, não. Eram
consideradas recomendações, não leis,
e em grande parte das vezes, foram
ignorados pela classe aristocrática.
• A partir de quando os plebiscitos
passaram a ser considerados
vinculantes? A partir de 287 a.C. os
plebiscitos se tornaram uma das
ASSEMBLEI principais fontes de legislação
A DA PLEBE vinculativa a todos os cidadãos
romanos, inclusive os patrícios.
•O reconhecimento oficial dos
plebiscitos, como lei oficial, finalmente
encerrou o Conflito das Ordens entre
plebeus e patrícios.
• Que eram as atribuições na
Assembleia Tribal dos Plebeus?
• 1) Eleição de tribunos da plebe
(eleitos para defender os interesses
dos plebeus) e edis plebeus.
ASSEMBLEI
• 2) Votavam os plebiscitos que, com a
A DA PLEBE Lei Hortência, passam a ser
equiparados às leis
• 3) Apreciavam as multas impostas por
magistrados da plebe, a título de
recurso.
• A Assembleia Tribal do Povo ou Assembleia
do Povo incluía patrícios e plebeus.
• Essas assembleias também eram divididas em
tribos que, como já foi mostrado, baseavam-
ASSEMBLEI se em divisões geográficas e não em critérios
étnicos. Nos últimos anos da República
A DO POVO romana, o número de tribos se fixou em 35
(31 na zona rural e 4 na capital).
• O povo decidia, dentro da tribo, por maioria,
e a deliberação dos comícios resultava da
decisão da maioria das tribos.
• Eram atribuições da Assembleia do Povo:
• 1) eleitorais: elegiam os magistrados menores
(edis curuis e questores e os tribunos
militares ou consulares);
• 2) legislativas: a votação das leis em geral era
indistintamente feita pelos comícios por
ASSEMBLEI centúrias e por tribos, mas, a partir de 286
a.C., têm estes, no particular, preponderância
decisiva sobre aqueles; e
A DO POVO • c) judiciárias: apreciam, em grau de recurso,
a imposição, ao cidadão romano, de multa de
valor superior a 3.020 asses (julgamentos
menores).
• Dentro das tribos, as decisões eram
sempre tomadas por maioria simples e
cada tribo recebia um voto na assembleia,
ASSEMBLEI independente de quantos habitantes ela
congregasse. Uma vez que a maioria das
A DO POVO tribos era atingida numa determinada
decisão, a votação terminava e o assunto
era considerado como decidido.
QUADRO DAS ASSEMBLEIAS
(COMÍCIOS) REPUBLICANAS
Funções
Assembleia Composição Estrutura Eleições
judicias

todos os cônsul, pretor,


Centurias 193 centúrias penas capitais.
cidadãos censor
Delitos não
35 tribos: 4 edil curul,
Tribal do todos os capitais e
urbanas e 31 questor, tr
povo cidadãos determinadas
rurais ibuno consular
multas
Tribal da tribuno da plebe,
todos os plebeus 35 tribos nenhuma
plebe edil da plebe
ASSEMBLEIAS (LEMBRETE)
• Embora tenham os comícios por tribos surgido das assembleias da plebe
(concilia plebis), ambos não se confundem. Assim, na Assembleia da
Plebe só vota a plebe, que é convocada pelos seus magistrados: o tribuno
ou o edil. Já os comícios por tribos são convocados pelo cônsul ou pelo
pretor, e nele vota todo o povo. Ademais, as atribuições de um e de outro
comício não são idênticas.
MAGISTRADOS
• Os magistrados eram eleitos pelas assembleias (comícios) para
exercerem cargos públicos que tinham hierarquia variada diante da
República romana. Era considerada uma carreira honrável e desejável
para alguém da alta posição social.
• No início da República, os patrícios dominavam as eleições às posições
mais altas na escada de cargos, sobretudo a de cônsul. Havia inclusive
vedação para que os plebeus exercessem cargos importantes. Essas
proibições aos poucos foram sendo derrubadas.
MAGISTRADOS
• Os principais magistrados romanos eram:
• 1) o ditador;
• 2) o censor;
• 3) o cônsul;
• 4) o pretor;
• 5) o edil;
• 6) o questor;
• 7) o tribuno da plebe;
• 8) e o tribuno militar ou consular.
MAGISTRADOS
• CÔNSUL
• O cônsul tinha poder sobre todas as questões importantes do governo
republicano e comandavam as divisões mais importantes do exército
romano no campo de batalha. Dois cônsules eram eleitos em votações na
assembleia das centúrias. Eram nomeados para atuar por um ano apenas,
mas poderiam ser reeleitos após um intervalo fixo de dez anos. Tinha o
direito de convocar e realizar eleições para magistrados. Um cidadão
deveria ter ao menos 42 anos para ser eleito para o cargo de cônsul, de
acordo com as regulamentações estabelecida por Sula.
MAGISTRADOS
• PRETOR
• Os pretores tinham uma série de deveres civis e militares, incluindo a
administração da justiça e o comando de tropas na guerra. Era uma das
magistraturas mais prestigiadas na escala hierárquica de cargos na
República romana. Proclamavam editos. Eram escolhidos pela assembleia
das centúrias após a decisão de um cônsul.
MAGISTRADOS
• CENSOR
• A cada 5 anos, dois censores eram eleitos na assembleia das centúrias para
servir por 18 meses. Era, portanto, uma magistratura especial. Deviam ser
ex-cônsules e seu principal dever era conduzir um censo para listar todos
os cidadãos romanos e a quantidade de suas propriedades. Também
indicavam membros para o Senado, caso houvesse vaga e excluíam
senadores indesejáveis O censor também era responsável pela fiscalização
da moral e dos costumes.
MAGISTRADOS
• ATENÇÃO: Cônsules e pretores podiam exercitar o comando militar
porque, por lei, esses cargos concediam a eles um poder especial chamado
poder de “imperium”, que garantia a esses magistrados o direito de exigir
obediência dos cidadãos romanos a quaisquer uma de suas ordens, além
de incluir a autoridade de desempenhar os ritos religiosos da adivinhação,
chamados auspícios, antes de conduzirem eventos importantes, como
eleições e operações militares.
MAGISTRADOS
• DITADOR
• O cargo de ditador era o único tipo de governo de um homem só
permitido na “constituição romana”. Ele era ocupado em emergências
nacionais mais graves, quando era preciso tomar decisões rápidas para
salvar a República romana. Quem escolhia o ditador era o Senado, que
deveria permanecer no cargo por, no máximo, seis meses. O ditador
também possuía poder de imperium de controlar homens dentro e fora de
Roma e o auspício de consultar os deuses em nome da cidade.
MAGISTRATURAS
• QUESTOR E EDIL
• Os questores e edis eram mais numerosos e tinham funções relativamente
restritas. Ambos eram eleitos pela assembleia tribal, sendo os primeiros
responsáveis pelo controle do tesouro, dos arquivos e das finanças,
enquanto os segundos organizavam jogos anuais e fiscalizavam ruas e
mercados, além de se responsabilizarem pelo suprimento de alimentos.
MAGISTRATURAS
• TRIBUNO DA PLEBE
• Era o magistrado responsável pela proteção dos interesses da plebe. O
tribuno da plebe tinha poder de veto contra qualquer decisão de outro
magistrado ou decreto senatorial. Também tinha o poder de suspender
eleições e propor leis perante a Assembleia Tribal da Plebe. Ele poderia
intervir pela proteção dos direitos de qualquer cidadão, exceto se essa
ação contrariasse as intenções de um ditador.
MAGISTRATURAS
• TRIBUNO MILITAR OU CONSULAR
• No período republicano, havia seis tribunos militares designados para
cada legião. Eram escolhidos pelo senado e, inicialmente, pertenciam à
classe aristocrática da sociedade romana.
• Tito Lívio menciona que, nos primeiros anos da República, os tribunos
podiam, eventualmente, substituir os cônsules, sendo chamados de
tribunos consulares.
CARACTERÍSTICAS DA
MAGISTRATURAS
• As características fundamentais das magistraturas republicanas
são:
• 1) a temporariedade;
• 2) a colegialidade;
• 3) a gratuidade e a irresponsabilidade do magistrado.
CARACTERÍSTICAS DAS
MAGISTRATURAS
• 1) Temporariedade - os magistrados eram eleitos anualmente. Os
censores, porém, o eram de cinco em cinco anos. Os ditador era indicado
em situação excepcionais, como no caso de ameaça externa.
• 2) Colegialidade - as magistraturas são, em geral, colegiadas, isto é,
constituídas de mais de um membro, podendo qualquer deles paralisar ato
do outro pela intercessio (veto), com exceção do ditador, sendo indicado
apenas um.
CARACTERÍSTICAS DAS
MAGISTRATURAS
• 3) Gratuidade e irresponsabilidade do magistrado - O magistrado não
era remunerado pelo desempenho da magistratura. Também eram
invioláveis durante o exercício do cargo, mas, no término de seu mandato,
podiam ser chamados a prestar contas perante o povo.
CARACTERÍSTICAS DAS
MAGISTRATURAS
• IMPORTANTE: Os poderes dos magistrados se resumem na potestas e
no imperium. A potestas, é a competência de o magistrado expressar com
sua própria vontade a do Estado, gerando para este direitos e obrigações.
Já o imperium é a personificação, no magistrado, da supremacia do
Estado, supremacia que exige a obediência de todo cidadão ou súdito, mas
que está limitada pelos direitos essenciais do cidadão.Todos os
magistrados têm a potestas, mas nem todos o imperium.
SENADO ROMANO
• O Senado romano era uma instituição formada, em geral, por ex-
magistrados. Os senadores eram indicados pelos censores. Nos últimos
anos da República, por exemplo, era permitido que os questores se
tornassem senadores. Os senadores possuíam uma influência vitalícia
sobre os rumos da política romana, embora seus poderes fossem limitados.
SENADO ROMANO
• O senado não podia eleger magistrados, não podia propor leis diretamente
e nem aprovava leis. Seus decretos eram, formalmente, como conselhos, e
não tinham a mesma natureza de deliberações realizadas nas assembleias.
Era o prestígio dos senadores que imprimia a seus conselhos um caráter
decisório importante, mas os magistrados tinham o poder de ignorá-los e
desafiar o senado. Os decretos senatoriais tratavam de temas como
política externa, política militar, assuntos religiosos e questões financeiras.
• Na república, as fontes de direito são três: o
costume, a lei e os editos dos magistrados.
FONTES • 1) Costume
DO • É ele, no período republicano, a fonte
preponderante do direito privado, graças à
DIREITO atividade dos jurisconsultos, que
NA disciplinaram as novas relações sociais pela
adaptação das normas primitivas que a
REPÚBLIC tradição transmitira de geração a geração,
A ROMANA mas cuja origem se perdera num passado
remoto.

• 2) Lei
• Sob duas modalidades apresenta-se a lei em
FONTES Roma: lex rogata (a proposta de um
magistrado aprovada pelos comícios, ou a de
DO um tribuno da plebe votada pela Assembleia
DIREITO da Plebe, desde quando os plebiscitos se
equipararam às leis) e lex data (lei procedente
NA de um magistrado em decorrência de poderes
que, para tanto, lhe concederam os comícios).
REPÚBLIC
• ATENÇÃO: a mais importante lei na
A ROMANA república é uma lex data: a Lei das XII
Tábuas, o primeiro monumento legislativo dos
romanos.
• 3) Edito dos magistrados
• Os magistrados romanos tinham a faculdade
de promulgar editos (ius edicendi), dos quais
FONTES os mais importantes, para a formação do
direito, foram os dos magistrados com função
DO judiciária: em Roma, com destaque para os
DIREITO editos dos pretores (urbano e peregrino) e nas
províncias, os editos dos governadores e os
NA questores. O do pretor urbano, porém,
REPÚBLIC sobreleva, em importância, a todos os demais.
• Obs: O pretor peregrino administrava justiça
A ROMANA entre estrangeiros e o pretor urbano presidia
os casos civis entre os cidadãos romanos.
• O edito, a princípio, era a proclamação oral de
uma espécie de programa do magistrado (o
daqueles com função judiciária é um verdadeiro
FONTES inventário de todos os meios de que o particular
pode valer-se para obter a tutela de seu direito),
DO no início do ano em que desempenharia a
DIREITO magistratura. Posteriormente, passou a ser escrito.
• O edito podia ser permanente ou imprevisto. O
NA edito permanente era aquele divulgado no início
de cada ano, e destinado a perdurar durante esse
REPÚBLIC espaço de tempo. Por seu turno, o edito
A ROMANA imprevisto era o promulgado pelo magistrado – e
divulgado em uma assembleia popular – para
regular situações não previstas no edito
permanente.
• O edito dos pretores era uma fonte do direito.
Esses magistrados não se limitavam a
relacionar os meios de proteção (ações) aos
direitos decorrentes do ius civile (na
FONTES república, integrados pelos costumes e leis).
Mas com base no seu imperium (poder que
DO lhes permitia dar ordens a que todos deviam
DIREITO obedecer), concediam medidas judiciais que
visavam a corrigir, suprir ou afastar a
NA aplicação do ius ciuile, quando este lhes
REPÚBLIC parecesse injusto.

A ROMANA • Portanto, os magistrados judiciários, no


direito romano, podiam conceder ou negar
ações (o que, praticamente, equivalia à
criação de direitos).
A DESTRUIÇÃO DA REPÚBLICA
ROMANA
• O violento conflito que voltou a elite dominante de Roma contra si mesma
acabou por destruir a República, que já vinha abalada pelos conflitos entre
grandes proprietários de terras e os representantes daqueles que não tinham
propriedades, e os conflitos em resultado da Guerra Social, entre os romanos e os
seus aliados da península itálica.
• O processo que se seguiu, nos últimos anos da República, foi desdobramento de
uma perversão da antiga tradição romana das obrigações mútuas de patronos e
clientes. Essa corrupção começou no fim do século II a. C., quando a República
romana enfrentou novas e perigosas ameaças que exigiam respostas militares
imediatas de comandantes competentes.
A DESTRUIÇÃO DA REPÚBLICA
ROMANA
• A intensidade desses perigos deu abertura para a emergência de um novo
tipo de líder – o homem não nascido no círculo privilegiado da mais alta
nobreza de Roma, mas que tinha destreza e habilidade militar para
conduzi-lo à eleição para cônsul e ao maior status e influência que esse
cargo representava.
• Para obter o apoio de que precisavam para superar o preconceito social
contra eles, esses “novos homens”, na função de comandantes militares,
eram bastante generosos com os soldados, distribuindo despojos e
cuidando de suas necessidades.
A DESTRUIÇÃO DA REPÚBLICA
ROMANA
• O soldado romano comum, que muitas vezes era pobre, ficou cada vez
mais disposto a seguir um comandante assim e tê-lo como patrono,
operando como seu cliente e mais obediente a ele pessoalmente do que ao
Senado ou às Assembleias. Desta forma, o sistema patrono-cliente tornou-
se mais uma maneira de os líderes obterem maior poder individual do que
um suporte para os interesses da comunidade como um todo.
• Dois comandantes militares, Mário e Sila, tiveram um papel importante
nos eventos que levaram a ruína posterior da República romana.
A DESTRUIÇÃO DA REPÚBLICA
ROMANA
• Com a reforma da organização militar realizada por Mário, deu-se a Roma
exército à altura da conservação de seu vasto império, mas, internamente, dela
decorreu uma consequência funesta à república: o poder dos generais de
livremente recrutar soldados e de receber o seu juramento vinculou estes àqueles,
e não, como anteriormente, os soldados a Roma. Sila foi o primeiro a servir-se
dessa arma poderosa – a fidelidade pessoal que lhe tributava o exército – para a
dominação política interna. De 82 a 79 a.C., exerceu a ditadura (no sentido
moderno de tirania), realizando várias reformas políticas. Mas, em 79 a.C., Sila
espontaneamente abdicou do poder, e morreu um ano mais tarde.
A DESTRUIÇÃO DA REPÚBLICA
ROMANA
• Segue-se o período em que se projetam dois homens: Pompeu e Júlio
César. Ambos intentavam assumir o poder supremo, mas por métodos
diversos. O conflito entre eles era inevitável. Desencadeia-se, quando
César, em 49 a.C., desrespeitando o Senado, não licencia suas tropas,
atravessa o Rubicão, e invade Roma. De 48 a 44 a.C. – data do assassínio
de César –, este, embora não seja reconhecido oficialmente como rei, age
como se de fato o fosse.
O PRINCIPADO
• Em 2 de setembro de 31 a.C., Otaviano, sobrinho neto de Júlio César,
derrota, na batalha de Ácio, Marco Antônio, e se torna o detentor único do
poder. Já desde alguns anos antes, vinha Otaviano obtendo prerrogativas
que lhe preparavam caminho para a implantação do regime pessoal em
Roma. Em 29, o Senado lhe confirma o título de imperador (que lhe dava
a posição de herdeiro de César, e que se transmitiria aos seus próprios
herdeiros). Em 28, atribuiu-se-lhe o título de princeps senatus. Em 13 de
janeiro de 27 a.C., surge o principado.
O PRINCIPADO
• Em 23, Otaviano (a quem o Senado, dias depois da sessão de 13 de janeiro
de 27 a.C., havia outorgado o título de Augustus) renuncia ao consulado
que vinha exercendo ininterruptamente desde 31 a.C. Graças a essa
renúncia, ele recebe o proconsulado sem as limitações existentes na
república, pois ele exerce essa magistratura em toda a extensão do Estado
Romano. Consolidava-se, assim, Otaviano na posição de princeps: tinha o
comando geral dos exércitos romanos, a inviolabilidade pessoal e o veto
às decisões dos magistrados republicanos.
AS INSTITUIÇÕES REPUBLICANAS NO
PRINCIPADO
No principado subsistiram as instituições políticas da república, mas com
suas atribuições cada vez mais reduzidas, por se tratar de regime de
transição para a monarquia absoluta, a qual é incompatível com essas
instituições nos moldes em que existiram na república.
AS INSTITUIÇÕES REPUBLICANAS NO
PRINCIPADO
• Durante o principado, o Senado manteve-se, aparentemente, em posição
de destaque. Na realidade, porém, sua atividade foi inspirada e orientada
pelo imperador. Este tinha livre iniciativa para convocar o Senado e a ele
apresentar propostas. Para que a administração, no principado, pudesse
funcionar, era fundamental, tendo em vista a decadência das magistraturas
republicanas. organização de aparelhamento administrativo. Para isso,
foram nomeados pelo imperador funcionários imperiais.
• São as seguintes as fontes de direito nesse
período: costume, leis comiciais, edito dos
magistrados, senatus consultos,
constituições imperiais e respostas dos
jurisconsultos.
• A) Costume A importância dos costumes,
FONTES DO nesse período, é menor do que nos
DIREITO anteriores, até porque, quando começava a
formar-se um costume, o pretor podia
ROMANO NO acolhê-lo em seu edito. Para a existência do
PRINCIPADO costume, era necessário que a prática fosse
observada por longo tempo. O costume
praeter legem – que é o que preenche lacuna
da lei – era, sem dúvida, obrigatório. Quanto
ao costume contra legem – o que é contrário
à lei –, não revogava a lei..
• B) Leis votadas pelas assembleias ou comícios
- No tempo de Augusto, os comícios votam uma
série de leis. Depois de Augusto, no entanto, a
legislação comicial entra em decadência. É
certo, todavia, que o poder legislativo dos
comícios não foi abolido, expressamente, mas
FONTES DO desapareceu por ter, de fato, deixado de ser
exercido pelos comícios.
DIREITO • C) Edito dos magistrados - No principado, o
ROMANO NO pretor, embora não tenha perdido, até o tempo
do imperador Adriano, o poder de,
PRINCIPADO indiretamente, criar direitos por meio de
elaboração de seu edito (ius edicendi), na prática
se limita, geralmente, a copiar os editos de seus
antecessores, pois o poder do pretor foi muito
reduzido durante o Principado.
• D) Senatusconsultos – eram as deliberações
do Senado Romano. Essas deliberações não
eram fonte do direito na República romana,
apesar de exercerem forte influência sobre
FONTES DO os magistrados. No início do principado,
porém, os senatusconsultos passam a ser
DIREITO fonte de direito, o que em parte se deve ao
ROMANO NO exaurimento do poder dos comícios nessa
PRINCIPADO época. A prática se dava da seguinte forma:
o imperador propunha ao Senado as medidas
que julgava necessárias, e o Senado sobre
elas deliberava.
• E) Constituições imperiais - Ao príncipe
jamais foi atribuída expressamente a
faculdade de legislar, mas em decorrência
dos poderes que absorveu das magistraturas
republicanas e da autoridade que lhe era
FONTES DO reconhecida, ele, desde o início do
DIREITO principado, interferiu na criação do direito,
com as constitutiones (constituições
ROMANO NO
imperiais), que não indicavam um ato
PRINCIPADO formal do princeps para criar direito, mas
qualquer ato dele emanado, e que eram fonte
de direito quando continham novo preceito
jurídico.
• F) Respostas dos jurisconsultos – Durante
o principado, as respostas dos jurisconsultos
passaram a ser fonte de direito – portanto,
vinculavam o juiz – em decisões dos juristas
FONTES DO
que tivessem o denominado ius respondendi
DIREITO (instituto instituído por Otávio Augusto pelo
ROMANO NO qual o imperador concedia a alguns juristas
PRINCIPADO uma espécie de patente pela qual as suas
respostas tinham maior autoridade que a dos
juristas sem o ius respondendi).
• Sob o imperador Adriano, as respostas dos
jurisconsultos passam a abranger não só os
pareceres dados sobre casos concretos, mas
também as opiniões em geral dos
jurisconsultos com ius respondendi
FONTES DO manifestadas sobre obras doutrinárias.
DIREITO Nesse caso, se constituíssem opinião sem
ROMANO NO divergência entre os jurisconsultos que
PRINCIPADO possuíssem o denominado ius respondendi,
o juiz era obrigado a seguir. Se houvesse
divergência de opiniões, o juiz julgava
segundo a que lhe parecesse melhor.
O SURGIMENTO DO DOMINATO
• Como já acentuamos, o principado foi regime de transição entre a república
e a monarquia absoluta. Se, em Roma, o princeps era somente o primeiro
cidadão, nas províncias era ele o monarca. Gradativamente, porém, os
imperadores romanos vão firmando seu poder absoluto até em Roma.
• No século III d.C., deu-se, depois da morte de Alexandre Severo, crise maior
do que a que se verificara nos fins da república. Durante aproximadamente
50 anos, sucederam-se vários imperadores, que não conseguiram impor-se
por períodos superiores a cinco e seis anos. Alguns permaneceram no poder
apenas meses.
O DOMINATO
• Com a ascensão de Diocleciano, em 284 d.C., terminou essa crise.
Deixando de lado a política seguida por Augusto e seus sucessores, bem
como a antiga constituição republicana, Diocleciano implantou a
monarquia absoluta, dando nova organização ao Império. Sua obra foi
completada e aperfeiçoada por Constantino.
O DOMINATO
• Com Constantino ocorre a fusão da parte oriental com a parte ocidental,
tendo sido a capital do Império Romano transferida para Bizâncio, cujo
nome passou a ser Constantinopla. A reunião das duas partes persistiu até
a morte de Teodósio I, quando se verificou a divisão definitiva do Império
Romano entre seus dois filhos: Honório ficou com o Império do Ocidente;
Arcádio, com o do Oriente.
AS INSTITUIÇÕES REPUBLICANAS NO
DOMINATO
• Das magistraturas originárias da república, persistem no dominato o
consulado e a pretura urbana (sem jurisdição e com o ônus de, a suas
expensas, dar jogos públicos) e o tribunato da plebe (com existência
apenas nominal; desaparece no século V). O Senado, nesse período,
reduz-se à condição de mero conselho municipal. Existe um em Roma, e
outro em Constantinopla.
FONTES DO DIREITO NO DOMINATO
• No Dominato (monarquia absoluta), há apenas uma fonte atuante de
criação organizada do direito: a constituição imperial. A seu lado,
persiste o costume como fonte espontânea de direito, mas limitado a
preencher as lacunas das constituições imperiais, sendo pequena sua
importância para o direito privado. No entanto, continuam em vigor as
normas decorrentes das fontes de direito dos períodos anteriores,
desde que não revogadas. E, como no início do Dominato é muito
acentuada a decadência da jurisprudência, conhecem-se essas normas não
do estudo da própria fonte, mas, indiretamente, por intermédio da obra dos
jurisconsultos clássicos.
O FIM DO IMPÉRIO ROMANO - OCIDENTAL E ORIENTAL

• O Império do Ocidente teve um fim prematuro. Assediado pelos bárbaros,


cai em 476 d.C. Mais tarde, em 553, Justiniano – Imperador do Oriente –
consegue retomar a Itália, mas a reconquista foi efêmera, pois, em 568, os
lombardos expulsaram os bizantinos do norte da Itália, e, a pouco e pouco,
a ocuparam quase totalmente. Já o Império do Oriente perdurou até o ano
de 1453, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos
comandados por Maomé II.
• Em 527 d.C., sobe ao trono, em
Constantinopla, Justiniano, que inicia ampla
obra militar e legislativa. Em 528 d.C., ele
nomeou uma comissão de dez membros para
compilar as constituições imperiais vigentes.
Em 529, estava a compilação pronta, e foi
intitulada Codex.
CORPUS • Por sua vez, , Justiniano, em 530 d. C.
IURIS encarrega Triboniano de organizar comissão
destinada a compilar os jurisprudência e
CIVILIS doutrina deixada pelos jurisconsultos. Para o
término desse projeto grandioso, previu
Justiniano prazo mínimo de dez anos, mas o
trabalho foi concluído em apenas 3 anos.
Era o Digesto, também denominado
Pandectas.
• Justiniano então escolheu três dos compiladores
– Triboniano, Doroteu e Teófilo – para a
organização de um manual escolar que servisse
aos estudantes como introdução ao direito
compendiado no Digesto. Essa comissão
elaborou as Institutiones (Institutas).

CORPUS • As Institutas, o Digesto e o Código foram as


compilações feitas por ordem de Justiniano. No
IURIS entanto, depois de elaboradas, Justiniano
introduziu algumas modificações na legislação
CIVILIS mediante novas constituições imperiais – a que
se deu a denominação de Novelas –, que
pretendia reunir num corpo único, o que não foi
feito durante sua vida, mas posteriormente, por
particulares. A coleção das Novelas constitui a
quarta seção do Corpus Iuris Civilis.
• 1) Codex ou Código (compilação das
constituições imperiais, desde o
SEÇÕES DO imperador Adriano)
CORPUS • 2) Digesto (compilação da
IURIS jurisprudência deixada pelos
CIVILIS jurisconsultos)
(CORPO DO • 3) Institutas (manual escolar)
DIREITO • 4) Novelas (reunião das constituições
CIVIL) promulgadas, posteriormente, por
Justiniano).
• Sabe-se que o Corpus Iuris Civilis teve
um valor fundamental no renascimento
do Direito romano entre muitos países
ocidentais, mas de modo especial na
IMPORTÂNCIA França, Alemanha, Espanha e Portugal.
Por meio dessa monumental obra e da
DO CORPUS iniciativa de Justiniano se possibilitou o
IURIS CIVILIS estudo e a retomada das instituições
jurídicas clássicas e da aceitação dos
princípios gerais fundamentais que
hodiernamente norteiam a percepção
legal de inúmeros juristas do mundo todo.
• A palavra direito pode ser tomada em duas
acepções: a) direito objetivo; e b) direito
subjetivo. Quando dizemos direito civil
brasileiro, estamos, inequivocamente,
referindo-nos a um conjunto de normas
jurídicas: direito, aí, está empregado em
DIREITO acepção objetiva – direito objetivo. Se
aludimos, porém, ao nosso direito de exigir
OBJETIVO o pagamento de uma dívida, obviamente não
E DIREITO nos referimos, como na expressão anterior, a
um conjunto de normas jurídicas, mas, sim,
SUBJETIVO ao poder que temos de exigir do devedor
que no momento convencionado satisfaça a
prestação que nos é devida: o vocábulo
direito, nessa hipótese, é utilizado em
acepção subjetiva – direito subjetivo.
DIREITO OBJETIVO E DIREITO
SUBJETIVO NO DIREITO ROMANO
• Os juristas romanos usavam a palavra ius,
entre outros significados, no sentido de direito
objetivo e de direito subjetivo. Todavia, como
não foram eles dados à abstração, não
chegaram a fixar, expressamente, a diferença
entre esses dois conceitos.
• 1) Quanto à forma: direito escrito (lei,
senatusconsulto, constituição imperial, edito
dos magistrados e resposta do jurisconsulto)
e não escrito (costumes).
DIVISÕES • 2) Quanto à fonte: direito civil (ius civile),
DO direito honorário ou pretoriano (ius
honorarium ou praetorium). O costume, a
DIREITO lei, o senatusconsulto, a resposta dos
jurisconsultos e as constituições imperiais
OBJETIVO 15 constituíam o ius civile. Os editos dos
magistrados com funções judiciárias
NA ROMA formavam ius honorarium ou praetorium.
• 3) Quanto ao interesse, classificava-se o
ANTIGA direito objetivo em direito publico (ius
publicum) e direito privado (ius privatum).
• O direito privado, por sua vez, se
subclassifica. Ora os jurisconsultos romanos
AS o subdividem em ius ciuile (direito civil) e
ius gentium (direito das gentes); ora o
DIVISÕES subdividem em ius ciuile (direito civil), ius
gentium (direito das gentes) e ius naturale
DO (direito natural). O ius ciuile é o direito
cidadãos romanos Já o ius gentium é o
DIREITO direito que era aplicado aos estrangeiros. O
direito romano, portanto, contém normas do
PRIVADO ius ciuile e normas do ius gentium. Com
efeito, o ius naturale – conceito derivado da
EM filosofia estoica – é um conjunto de normas
ditadas ao homem pela sua própria natureza
ROMA racional, e em conformidade com a justiça.
DIREITO SUBJETIVO
• A norma jurídica se dirige, em geral, a duas partes,
atribuindo a uma a faculdade de exigir da outra
determinado comportamento. A relação que se
estabelece entre elas, vinculando-as, denomina-se
relação jurídica; quem tem a faculdade de exigir o
comportamento é o titular do direito subjetivo; quem
está sujeito a observá-lo é o titular do dever jurídico.
Portanto, a relação jurídica estabelece um elo entre dois
elementos: de um lado, o direito subjetivo; de outro, o
dever jurídico. Daí o princípio: a todo direito subjetivo
corresponde um dever jurídico.
PESSOA FÍSICA OU
NATURAL
• Sendo o direito subjetivo a
faculdade concedida pelo direito
objetivo a alguém de exigir certo
comportamento de outrem, não há,
obviamente, direito subjetivo sem
titular. O sujeito de direito
subjetivo é denominado,
tecnicamente, pessoa.
PESSOA FÍSICA OU NATURAL PARA OS ROMANOS

• As pessoas físicas são os homens. No entanto, nem todo homem é pessoa


física (basta atentar para os escravos). Para que o seja, são necessários
dois elementos: a) que o homem exista para a ordem jurídica; e b) que ele
tenha personalidade jurídica.Reconhece a ordem jurídica a existência de
um ser humano quando se preenchem certos requisitos. Modernamente,
basta, em geral, o nascimento com vida para que, juridicamente, se
configure um homem. O mesmo, no entanto, não ocorria em Roma, em
que pelo menos três requisitos eram necessários: 1º) o nascimento; 2º) a
vida extrauterina; e 3º) a forma humana.
PESSOA FÍSICA OU NATURAL PARA OS ROMANOS

• Não basta que haja, apenas, o nascimento. É mister, ainda, que ocorra a
vida extrauterina; em outras palavras: é necessário que a criança venha à
luz com vida. Em relação à forma humana, sabemos que aquele que não a
possuísse era considerado monstruoso. O problema, quanto à
caracterização desse requisito, não é saber o que era para os romanos a
forma humana (obviamente a configuração normal do homem), mas
determinar os casos em que ela inexistia. Em síntese: que era o alguém
considerado montruoso?
PESSOA FÍSICA OU NATURAL PARA OS ROMANOS

• Parece que em duas hipóteses os romanos consideravam monstros seres


nascidos de mulher: a) quando tivessem, no todo ou em parte,
configuração de animal (os romanos acreditavam na possibilidade de
nascerem seres híbridos ou inumanos da cópula entre animal e mulher); e
b) quando apresentassem deformidades externas excepcionais, como, por
exemplo, o caso de acefalia (ausência aparente de cabeça em criança, que,
apesar disso, muitas vezes vive por algum tempo).
PERSONALIDADE JURÍDICA EM ROMA

• A ordem jurídica romana não reconhecia a todo e qualquer homem a


qualidade de sujeito de direitos. Assim, o escravo não a possuía, uma vez
que era considerado coisa (res), isto é, objeto de direitos. Para que o
homem fosse titular de direitos (pessoa física ou natural), era necessário
que se lhe atribuísse personalidade jurídica.
PERSONALIDADE JURÍDICA
• A personalidade jurídica é a potencialidade de adquirir direitos ou de
contrair obrigações; a capacidade jurídica é o limite dessa potencialidade.
Enquanto personalidade jurídica é conceito absoluto (ela existe, ou não
existe), capacidade jurídica é conceito relativo (pode ter-se mais
capacidade jurídica, ou menos).
• Requisitos para a aquisição, pelo ser
humano, da personalidade jurídica –
No direito romano, a princípio, eram
REQUISITOS necessários, para que o ser humano
PARA A
AQUISIÇÃO, adquirisse personalidade jurídica, dois
PELO SER requisitos: a) ser livre; e b) ser
HUMANO, DA cidadão romano. Demais, para que
PERSONALIDADE
JURÍDICA tivesse capacidade jurídica plena,
fazia-se mister que fosse pater
familias (chefe de uma família).
IMPORTÂNCIA DO DIREITO ROMANO
PARA A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL
• A contribuição dos antigos romanos ao Direito é difícil de ser mensurada.
Em Roma, pela primeira vez em toda a longa história da humanidade, a
apreciação sui generis do fenômeno jurídico passou a ser redimensionada
por completo, assumindo, progressivamente, contornos ou ares científicos.
Nesse ambiente, o processo de desvinculação do sagrado é gradual, porém
absolutamente inequívoco. Foram os romanos que desenvolveram, com
renomada maestria no campo da teoria, os principais institutos jurídicos
que conhecemos, notadamente aqueles no âmbito do Direito Privado.
IMPORTÂNCIA DO DIREITO ROMANO
PARA A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL
• Influenciados pelos preceitos doutrinários propostos pelos romanos estão,
marcadamente, países da América Latina, como o Brasil, e outros tantos
da Europa: Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Áustria, Suíça e
Escócia, só para citar alguns exemplos. Em decorrência da dedicação
romana aos estudos jurídicos, o principal sistema de Direito do mundo
contemporâneo é justamente o Romano-Germânico de Direito.

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