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HISTÓRIA DO

DIREITO
PROF. SANDRO NERY SIMÕES
FAMETRO
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO DIREITO

• Conceito: História do Direito é a disciplina jurídica autônoma que se


destina a estudar as diferentes dimensões culturais assumidas pelo
fenômeno jurídico através dos tempos, investigando, para tanto, o
significado da gênese e do declínio das instituições jurídicas fundamentais
entre os diferentes povos.
• Objetivo: Visa fazer compreender como é que o direito atual se formou e
desenvolveu, bem como de que maneira evoluiu no decurso dos séculos.
INTRODUÇÃO A HISTÓRIA DO DIREITO

• Principais fontes da cultura jurídica ocidental:


• - Influência dos gregos, principalmente dos atenienses.
Pensadores: Sócrates, Platão e Aristóteles. Seu pensamento, no
campo do direito público, até hoje é analisado.
• - Influência dos romanos: sistematizaram o direito privado que
nos serviu de modelo.
INTRODUÇÃO A HISTÓRIA DO DIREITO

• -Influência judaico-cristã: influência da tradição judaica e posteriormente do


cristianismo, principalmente após Constantino, no ano de 313 E.C., por meio do
Edito de Milão, que transformou o cristianismo na religião oficial do império.
Destacam-se, na influência judaico-cristã, os princípios de ordem moral e ética.
• - Influência da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948): estabelece
os direitos humanos básicos. Essa Declaração foi adotada pela Organização das
Nações Unidas, após a Segunda Guerra Mundial. Nela, a preeminência cabe ao
princípio da dignidade da pessoa humana, caracterizando o antropocentrismo da
cultura jurídica ocidental.
O DIREITO NA HISTÓRIA
• Quando se analisam as diversas culturas ao longo da história, percebe-se
um traço comum a todas elas: o estabelecimento de padrões de conduta
derivados do caráter normativo de regras ou valores que têm o intuito de
garantir a ordem social. O fenômeno jurídico é inerente a todas as épocas
e lugares. Por vezes, essas regras ou valores são expressos de uma
maneira não escrita, caracterizados pela tradição e pelos costumes dos
grupos sociais. Tal fato, no entanto, não retira a importância dessas
normas como fator ordenador de comportamentos e condutas.
DIREITO PRIMITIVO X DIREITO
ARCAICO
• Considerações iniciais
• Alguns autores diferenciam o chamado “direito primitivo” do
denominado “direito arcaico”. Para esses autores, o termo
“direito arcaico” incluiria aqueles povos que, mesmo sem
dominarem a técnica da escrita, conseguiram criar sociedades
que possuíam um sistema jurídico mais desenvolvido e com
um determinado grau de complexidade.
DIREITO PRIMITIVO X DIREITO
ARCAICO
• Considerações iniciais
• No entanto, por motivos didáticos, não utilizaremos aqui essa diferenciação,
embora reconheçamos a sua utilidade e a sua importância. Por conseguinte,
utilizaremos a expressão “direito primitivo” como sinônimo do direito não escrito
existente nas sociedades ágrafas, mesmo que esse direito já possuísse um sistema
jurídico mais complexo.
• IMPORTANTE: As expressões “Direito primitivo” e “Direito arcaico” devem
ser entendidas como aquele conjunto de regras estabelecidas no âmbito das
sociedades ágrafas.
DIREITO NAS
SOCIEDADES ÁGRAFAS
Nesta seção, será estudada a formação do direito nos antigos
sociedades ágrafas.
O DIREITO NAS SOCIEDADES
ÁGRAFAS
• Nas sociedades ágrafas, as tribos (grupo social humano de uma mesma
etnia organizada de forma rudimentar) e os clãs (pessoas que possuem
parentesco e descendem de um ancestral comum), já possuíam um
conjunto de normas não escritas, notadamente de natureza
consuetudinária, que orientava a conduta de seus indivíduos.
O DIREITO NAS
SOCIEDADES AGRÁFAS
• IMPORTANTE: Havia, assim, a existência de
um direito (ainda que muito rudimentar) mesmo
em sociedades que não possuíam escrita.
• IMPORTANTE: Os laços de consanguinidade
desses agrupamentos foram essenciais para a
geração de seu sistema jurídico. Ex: questões
ligadas a família e à propriedade.
O DIREITO NAS SOCIEDADES
ÁGRAFAS
• Características do Direito Primitivo
• 1) Ausência de escrita
• 2) Oralidade
• 3) O caráter consuetudinário das normas
• 4) O teor sagrado
• 5) Direito diversificado e numeroso
• 6) Laços de parentesco
• 7) Vingança privada
O DIREITO NAS
SOCIEDADES ÁGRAFAS
• CONSIDERAÇÕES
• Acerca direito primitivo, sobre a questão da ausência de
escrita, da oralidade e do direito consuetudinário, convém
tecer algumas considerações: o direito costumeiro
apareceu de forma lenta, gradual e espontânea, pela
reiteração de atos, usos e práticas que, devido a sua
utilidade para a comunidade, passaram a ser vinculantes
de comportamentos. Esse direito era mantido e
conservado pela tradição e transmitido de forma oral.
O DIREITO NAS SOCIEDADES
ÁGRAFAS
• Ainda na época que antecedeu a invenção da
escrita, com o crescimento da complexidade
social, surgiu, em algumas regiões, com o
objetivo de conservação dos costumes das
tribos, um grupo no seio social que possuía uma
posição de superioridade (uma aristocracia). A
esse grupo era reconhecido o poder de julgar de
acordo com os costumes pré-estabelecidos.
O DIREITO NAS SOCIEDADES
ÁGRAFAS
• CONSIDERAÇÕES
• Sobre a importância da questão religiosa no direito
primitivo, cabe enfatizar, a dificuldade para se
precisar onde acabava o preceito religioso e iniciava-
se o jurídico. Ambos estavam tão indissociavelmente
ligados, como um amálgama, que se confundiam. A
crença nos antepassados e o culto a eles prestado, a
atenção dada às forças da natureza como reveladoras
das vontades das divindades, por exemplo, eram
situações que estavam atreladas ao direito.
O DIREITO NAS SOCIEDADES
ÁGRAFAS
• Fontes dos Direitos Primitivos
• 1) Costumes e crenças
• 2) Preceitos verbais (provérbios populares)
• 3) Decisões pela tradição
O DIREITO NAS SOCIEDADES
ÁGRAFAS
• Os preceitos verbais cabiam aos chefes das tribos. Tais
preceitos, (demonstrando a fundamentalidade da oralidade para
essas sociedades) acabavam ganhando força pela autoridade e
pelo respeito que esses chefes possuíam.
• Quanto às decisões pela tradição, essas eram utilizadas pelos
chefes da tribo para resolverem situações conflituosas análogas.
• A fecundidade e a fertilidade da
MÃE DA mulher eram fundamentais para
FECUNDIDADE a sobrevivência das populações
primitivas, pois muitos filhos
corriam o risco de perder a vida
devorados por feras, epidemias
ou mesmo por tribos próximas.
• Nota-se, nas esculturas,
acentuado apreço pelas formas
femininas que são sempre muito
valorizadas. As representações
tinham um caráter de deidades.
DIREITO ANTIGO
Nesta seção, será estudado o Direito desenvolvido por
algumas civilizações da Idade Antiga.
DIREITO ANTIGO
• O processo que resultou no
surgimento das cidades começa no
paleolítico e prossegue no neolítico,
com a sedentarização do homem.
• As primeiras cidades são fundadas na
Mesopotâmia. As tribos vão pouco a
pouco se juntando e transformando-se
em aglomerações maiores, até
formarem-se as primeiras cidades, em
grande parte, próxima a rios.
DIREITO ANTIGO
• É também na Mesopotâmia que surge a primeira
forma de escrita mais complexa: a escrita
cuneiforme.
• O processo de consolidação da escrita possui
relação com o surgimento das cidades. As relações
sociais tornam-se mais complexas, de modo que a
transmissão oral da cultura passa a ser insuficiente
para registrar de modo efetivo a memória e a
identidade dos primeiros povos urbanos.
DIREITO
ANTIGO
• Por fim, tem-se o
advento do comércio.
• O comércio começa com
trocas de mercadorias.
Ao passo que o volume
se intensifica, as relações
comerciais também vão
se diferenciando,
surgindo outros tipos de
negócios jurídicos.
DIREITO ANTIGO
• Surge, com o comércio, uma classe de comerciantes,
que se apropriam do excedente dos bens produzidos
e passam a atribuir valor a eles. Começa a aparecer,
dessa forma, uma distinção entre ricos e pobres.
• Portanto, o surgimento das cidades, a invenção da
escrita e o advento do comércio são fatores que
levam ao surgimento de um direito diferenciado, que
leva em conta as relações que se desenvolvem no
seio urbano, mais complexas e mais dinâmicas.
PERFIL GERAL DO DIREITO NO
MUNDO ANTIGO
• O Direito penal foi o principal ramo a se destacar entre os
povos do passado. Regras criminais eram ferramentas
primordiais à coesão do grupo social. Havia muitas penas
cruéis. Ex: mutilação, decapitação, empalação,
crucifixação, a flagelação, a morte na fogueira ou na
forca, a impressão de marcas a fogo na pele das vítimas, o
apedrejamento, o banimento, aplicação de “juízos
divinos” ou “ordálios” (prova judiciária adivinhatória
feita com a concorrência de elementos da natureza para
verificar a culpabilidade ou a inocência do réu, e cujo
resultado era interpretado como um juízo de deus), lei do
talião.
PERFIL GERAL DO DIREITO NO MUNDO
ANTIGO
• Mas são encontradas outras formas de Direito que não podem ser
negligenciadas, como o Direito Civil. Por exemplo, os sumérios
desenvolveram regras para regular os contratos, além de várias outras
situações do cotidiano.
• Não se pode esquecer a ligação com o sagrado apresentada pelos Direitos
cuneiformes (escrita que é produzida com o auxilio de objetos em formato
de cunha em argila).
O DIREITO
MESOPOTÂMICO
IMPORTÂNCIA DOS RIOS

• A bacia da Mesopotâmia fica situada entre os


rios Tigre e Eufrates, atual território do Iraque,
região extremamente fértil. Vários impérios
nasceram e declinaram na referida região.
Nesse local, o Direito escrito encontra sua
primeira forma de expressão, por meio de
codificações. Entre os povos que habitaram a
região, destacam-se: os sumérios, os acádios,
os amoritas, os assírios e os caldeus.
IMPORTÂNCIA
DOS RIOS
• O crescente fértil, região
localizada no 
Oriente Médio, é
considerado o berço da
civilização. Isso porque,
as mais 
antigas civilizações se
desenvolveram na região
que propiciava a 
agricultura e moradia fixa.
MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO
• A importância dos rios nessas civilizações levou-as a
desenvolver um modo de produção econômico que ficou
conhecido como modo de produção asiático, na qual há uma
servidão coletiva e um poder monárquico centralizado. A
produção é feita, tendo como sustentáculo, os rios. Surgem,
assim, várias cidades à margem e dependente deles.
ESCRITA CUNEIFORME

• A escrita cuneiforme é a designação geral dada a


certos tipos de escrita feitas com auxílio de
objetos em formato de cunha. É juntamente com
os hieróglifos egípcios, o mais antigo tipo
conhecido de escrita, tendo sido criado pelos 
sumérios cerca de 3 200 a.C. Inicialmente a
escrita representava formas do mundo (
pictogramas), mas por praticidade as formas
foram se tornando mais simples.
DIREITO SUMERIANO E
SUA INFLUÊNCIA
OS SUMÉRIOS
• Os sumérios habitavam as margens dos rios Tigre e Eufrates, onde
deixaram inúmeros vestígios de uma adiantada civilização.
• Provavelmente, o progressivo ingresso dos sumérios na Mesopotâmia se
deu por volta de 4000 a. C.
• A mais antiga civilização conhecida (inventaram a escrita e a roda).
• São os responsáveis pelo desenvolvimento da escrita cuneiforme.
• Os primeiros a registrar as normas consuetudinárias que os regiam.
OS SUMÉRIOS
• Construíram cidades gigantescas para época.
• Dedicaram-se ao comércio e a agricultura, além de a cultura e às artes.
• Importância da água em suas vidas (modo de produção hidráulico).
Usavam-na, extensivamente, inclusive para transporte. Crescimento da
população ao longo dos rios. Cultivaram canais de irrigação
(desenvolveram sistemas de irrigação complexos).
• Região em que habitavam era pobre em minérios, o que estimulou a
prática de comércio por meio da navegação.
OS SUMÉRIOS
• Forte fervor religioso e ligação com a natureza.
• Vida centrada no templo. Possuíam, com esse objetivo, um grande corpo
de sacerdotes. Comida e animais eram trazidos diariamente
• Criadores do Zigurate, templo em formato de pirâmide usado para cultos
religiosos, para armazenar grãos e outros alimentos.
• A oração era parte de sua vida diária.
OS SUMÉRIOS
OS
SUMÉRIOS
Cidades na região da Suméria.
CÓDIGOS NA MESOPOTÂMIA
• Os reis de Isin, Eshnunna e de Babilônia tentaram impor a ordem em meio
a guerras e agitações constantes promulgando coleções de leis. Estas
coleções são chamadas de códigos atualmente, mas são, na realidade,
corpos de decisões reais mais ou menos agrupados por matérias e
apresentados segundo um formulário simples. Não tem um valor
normativo, como o que hoje atribuímos aos códigos modernos. O seu
enunciado, de modo geral, tem um caráter de sentença de um juiz.
• Data de aproximadamente 2040 a.
C.
• As legislação foi registrada num
maciço de pedra chamado de
CÓDIGO DE
“estela” e depois em tabuinhas de
UR-NAMMU
barro.
(SOBERANO)
• Descreve costumes antigos
transformados em leis e enfatiza
penas pecuniárias para delitos
diversos ao invés de penas de talião.
CÓDIGO DE UR-NAMMU
DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO DE UR-
NAMMU
• Disposições do Código de Ur-Namnu
• COL. VI. Se um cidadão fraturou um pé ou uma mão a outro cidadão
durante uma rixa pelo que pagará 10 ciclos de prata. Se um cidadão
atingiu outro com uma arma e lhe fraturou um osso, pagará uma mina de
prata. Se um cidadão cortou o nariz a outro cidadão com um objeto
pesado pagará dois terços de mina.
Data de aproximadamente 1930 antes de
Cristo.
Eshnunna é um nome de uma cidade que
espalhou sua influência na região.
O material legal reunido aqui não trata de
muitos pontos da vida jurídica e social da
LEIS DE cidade. Trazia questões de direito civil e de
ESHNUNNA direito penal. Possuía, em seu conteúdo, o
princípio da Reparabilidade. Evitava-se a pena
(CIDADE) de morte na maioria dos casos.
Seria a base para o Código de Hamurábi.
Tudo leva a crer que os tribunais de Eshnunna
conheciam em seu funcionamento cotidiano,
outras leis e prescrições que não foram
registradas nas Leis de Eshnunna.
LEIS DE ESHNUNNA
DISPOSIÇÕES DAS LEIS DE ESHNUNNA
• Disposições das Leis de Eshnunna
• 5. Se um barqueiro é negligente e deixa afundar o barco, ele responderá por tudo
aquilo que deixou afundar.
• 36. Se um cidadão dá os seus bens em depósito a um estalajadeiro, e se a parede da
casa não está furada, o batente da porta não está partido, a janela não está
arrancada, e se os bens que ele deu em depósito se perdem, o estalajadeiro deve
indenizá-lo.
• 56. Se um cão for considerado perigoso, e se as autoridades da Porta preveniram o
proprietário do animal, mas o cachorro morder um cidadão causando a morte deste, o
proprietário do cão deve pagar dois terços de uma mina de prata.
• Data de aproximadamente 1880 a. C.
CÓDIGO • Foram encontrados o prólogo e 37
artigos.
DE LIPIT- • Foi redigido em língua suméria pelo
ISHTAR rei Lipit-Ishtar, o quinto soberano da
dinastia de Isin.
(SOBERA • Tinha o objetivo de estabelecer o
NO) direito na Suméria e na Acádia.
CÓDIGO DE LIPIT-ISHTAR
DISPOSIÇOES DO CÓDIGO DE LIPIT-
ISHTAR
• 9. Se um homem for pego roubando o pomar de outro homem, deverá
pagar 10 shakels de prata.
• 10. Se um homem cortar uma árvore pertencente ao jardim de outro
homem deverá pagar uma mina e meia de prata.
• 14. Se o escravo de um homem tiver pago pela própria liberdade, e se
houver provas do fato, o cativo deverá ser posto em liberdade.
IMPORTANTES AVANÇOS TRAZIDOS PELOS CÓDIGOS
QUE ANTECEDERAM O CÓDIGO DE HAMURÁBI

• Substituição da pena de dor pela de pecúnia.


• Separação entre direito civil e direito penal.
O CÓDIGO DE HAMURÁBI (BABILÔNIA)
O CÓDIGO DE
HAMURABI
• É a mais importante
de todas as
codificações da
Antiga
Mesopotâmia.
• Foi descoberto em
1902 em Susã, com
as escavações
realizadas pelo
arqueólogo francês
Jacques de Morgan.
O CÓDIGO DE
HAMURÁBI
• Escrito em caracteres
cuneiformes num grande
maciço de pedra diorita
(rocha) preta de 2,23 m.
• O Código possui 46
colunas e 3600 linhas de
escrita cuneiforme, com
282 leis.
• Embora a numeração vá
até 282, a cláusula 13 foi
excluída por superstições
da época.
• Hamurábi foi um rei que transformou
Babilônia em um grande império, repleto de
esplendor.
• Foi o sexto rei da Suméria e aquele que
unificou os semitas (com destaque para os
O CÓDIGO acádios) e os sumérios, sendo o fundador do
império babilônico(Império Paleobabilônico).
DE • Acredita-se que o Código foi escrito por ele,
HAMURÁB por volta de 1.772 a.C.
• Diversas cópias suas foram distribuídas pelo
I reino de Hamurábi.
• No topo do monólito Hamurábi é
representado em frente ao deus sol sumeriano
Shamash.
• Hamurábi conseguiu unir os sumérios, os
acadianos e outros povos de origem semita.
• Ele dividiu a Babilônia em províncias que
confiou a oficiais e a governadores que lá o
representam. Como imperador, ele faz com
O CÓDIGO que as diferenças locais diminuíssem em
favor de uma centralização cada vez mais
DE acentuada. Os oficiais e dignitários que o
HAMURÁB representam tem de prestar contas de suas
atividades a ele, que não hesita, se for o
I caso, em condená-los à morte.
• Essa unificação permitiu que ele se
declarasse governante supremo de Babilônia.
• No preâmbulo do Código de
Hamurábi, com o notável poder que
detinha, o rei se apresenta para o povo
como o protetor da nação, aquele que
O CÓDIGO executaria a justiça e consagraria uma
DE paz duradoura.
HAMURÁB • Como forma de autoafirmação de seu
poder político, Hamurábi escreveu, no
I preâmbulo, que sua sabedoria era
incomparável.
• Tudo indica que o Código de Hamurábi
reuniu leis sumerianas anteriores e mesclou
a costumes semitas muitos antigos.
• Embora Hamurábi tenha criado algumas leis
que constam no Código, essas são minoria.
Assim, não há grande originalidade ou
O CÓDIGO inventividade por parte da pessoa de
DE Hamurábi na escrita do referido Código,
pois a maior parte dele consiste em
HAMURÁB compilações de leis e costumes que já eram
conhecidos pelos babilônios.
I • Um dos objetivos principais de Hamurabi,
com esse Código, foi o de poder organizar e
controlar melhor a sociedade.
• O Código de Hamurábi e as práticas comerciais
do período, principalmente no campo do direito
privado, no que se refere aos contratos, revelam
um sistema jurídico muito desenvolvido.
• Entre alguns tipos de contratos praticados pelos
O CÓDIGO mesopotâmicos, destacam-se: a venda, inclusive
a crédito; o arrendamento; o depósito; o
DE empréstimo a juros etc.
HAMURÁB • Eles faziam operações bancárias e financeiras
em grande escala.
I • Foi o direito a época de Hamurábi o que criou a
técnica dos contratos( tal técnica influenciou
posteriormente os romanos, que conseguiram
sistematizá-la).
• O direito penal, apresentado no
Código de Hamurábi, traz penas
muito severas, envolvendo, em geral,
mutilações.
O CÓDIGO • O incesto acarretava o banimento, a
morte na fogueira ou por afogamento.
DE
HAMURÁB • A lei de talião é reiteradamente
adotada, com o objetivo, pelo que
I tudo indica, de impedir vinganças
extremas.
• O Código não distingue entre o
roubo e o furto. A morte era a
pena aplicada em grande parte
dos casos, havendo uma
O CÓDIGO severidade maior, em relação às
DE penas, no que diz respeito aos
HAMURÁB mais pobres.
I
Os historiadores dividem a sociedade da
época de Hamurábi em três grupos:
1)awilu – cidadãos,
proprietários, camponeses e
SOCIEDADE comerciantes.
À ÉPOCA DE 2) mushkenu – antigos escravos e
estrangeiros.
HAMURÁBI
3) wardu – escravos (em
resultado da guerra ou do nascimento).
• No Código de Hamurábi, reiteramos, torna-
se evidente uma diferenciação de acordo
com o estrato social a que pertencesse o
indivíduo.
O CÓDIGO • Quanto aos escravos(wardu), apesar das
DE diferenciações que o Código faz em relação
aos cidadão livres(awilu),ele possui
HAMURÁB personalidade jurídica. Por exemplo, ele
I pode possuir bens, conserva a possibilidade
de ser liberto. A sorte do escravo não é tão
penosa como o será na Roma Antiga.
O CÓDIGO DE HAMURÁBI
• PENA DE TALIÃO
• A expressão “talião” deriva do latim talis e significa “tal
e qual”. Indica uma proporcionalidade entre a conduta
do infrator em relação à vítima, e a pena que o primeiro
deveria receber (olho por olho, dente por dente).
• A pena de Talião aparece no Código de Hamurábi e na
Torá. Não se sabe ao certo sua origem. Especula-se que
era um costume típico das sociedades tribais que
começou, em determinada época, a ser transposto para
as codificações cuneiformes.
• O Código prevê também as “penas
pecuniárias”, que determinam que
O CÓDIGO deva ser paga uma certa quantia de
DE acordo com o delito praticado e com a
condição social do indivíduo.
HAMURÁB • Constam a previsão de “ordálios” no
I Código.
ORDÁLIOS
• Ordálios são práticas adivinhatórias judiciárias utilizando, em geral,
elementos da natureza, cujo resultado é interpretado como o julgamento
de Deus, e que tinham por objetivo verificar a inocência ou a
culpabilidade de um indivíduo. Por exemplo, de acordo com o Código de
Hamurábi, se alguém fosse acusado de feitiçaria, mas isso não fosse
provado, ele deveria mergulhar no rio. Se o indivíduo se afogasse, o
acusador ficaria com a sua casa, se sobrevivesse, o acusador deveria ser
morto e o acusado ficaria com a casa do cidadão.
DIREITO ASSÍRIO
OS ASSÍRIOS
• Outro povo que habitou a região da
Mesopotâmia.
• A ascensão dos assírios como grande potência
do Oriente próximo ocorre durante o reinado
de Tiglath-Pileser., entre 745 a 727 E.C.
• Babilônia caiu perante os assírios em 729 a.C.
• Contavam com forças armadas extremamente
aparelhadas para enfrentar qualquer confronto.
OS ASSÍRIOS
• Promoviam o terror com práticas
de grandes atrocidades contra os
vencidos antes de tomar os
despojos de guerra.
• O grande propósito do Direito
assírio era subjugar o ser humano
por meio do terror e da truculência.
OS ASSÍRIOS
• O antigo Direito assírio está
condensado em quatorze tabletes,
encontrados em Assur, datados do
século XV e XIV a.C.
• Eles consideravam delitos o furto, o
aborto, o adultério, a bruxaria e a
sodomia etc.
• As leis eram severas em se tratando de
adultério e incluíam a pena de morte.
• Delitos como o roubo, levavam o infrator a
ter uma de suas orelhas decepadas.
• A administração da justiça era muito
simplória entre os assírios. Eles não tinham
tribunais ou cortes no país.
OS • Foram responsáveis por inúmeras
ASSÍRIOS deportações em massa, com intuito de evitar
sedições. Eles consideravam que separando
as pessoas de seus laços familiares isso
evitaria que eles se unissem e se revoltassem
contra o jugo assírio.
A CRUELDADE DOS ASSÍRIOS
• A crueldade dos assírios era proporcional à eficiência de seus
exércitos. Arrancavam os olhos aos vencidos e cortavam-lhe as
línguas. Muitos eram empalados, outros eram esfolados vivos.
A violência dos dominadores assírios estimulou a união dos
babilônios e medos. Nabopolassar, rei caldeu da Babilônia e
Ciaxares, rei dos medos e persas, unidos, atacaram Nínive, que
foi totalmente destruída.
• A crueldade dos assírios era
A CRUELDADE proporcional à eficiência de seus
exércitos. Arrancavam os olhos aos
DOS ASSÍRIOS vencidos e cortavam-lhe as línguas.
Muitos eram empalados, outros
eram esfolados vivos. A violência
dos dominadores assírios estimulou
a união dos babilônios e medos.
Nabopolassar, rei caldeu da
Babilônia e Ciaxares, rei dos medos
e persas, unidos, atacaram Nínive,
que foi totalmente destruída.
A CRUELDADE
DOS ASSÍRIOS

• Soldados inimigos
são despidos e
esticados ao chão,
onde serão
esfolados vivos.
A CRUELDADE DOS
ASSÍRIOS
Dois soldados assírios levantando uma estaca com um
homem nu, ao lado de outros dois já empalados.
O DIREITO PERSA
OS PERSAS
• São um povo de origem indo-europeia.
• Desenvolveram-se no planalto do atual Irã e chegaram a constituir um
poderoso império, que se superou a hegemonia de Babilônia ao espalhar
seus domínios por todos os confins da Ásia Menor.
• Eles utilizaram, inicialmente, uma escrita cuneiforme derivada da
Suméria, porém adaptada aos idiomas locais, por meio do qual escreveram
seus escritos literários essencialmente religiosos, bem como as próprias
leis a reger o império.
OS PERSAS
• Acreditavam numa divindade representante do bem supremo e da justiça,
Ahura-Masda, que se contrapunha a um ser que personificava o mal,
Arimã.
• Também acreditavam na figura de uma espécie de “messias”, que nasceria
de uma virgem e também num juízo final, evento este que anunciaria a
derradeira vitória do bem.
O DIREITO PERSA
• Os juízes eram considerados e respeitados e as leis eram muito severas.
• O direito persa admitia três espécies de crimes:
• 1) contra Masda, quando o homem se afastava do culto religioso;
• 2) contra o rei, em caso de revolta, fuga ou traição diante do inimigo;
• 3) contra o próximo, quando prejudicava a terceiros.
O DIREITO PERSA
• Na seara do Direito Civil, desenvolveu-se um Direito de Família e das
Sucessões. Tinham regras regendo o matrimônio, a adoção e a antecipação
na herança e a participação nos bens.
• Quanto as penalidades admitidas na Pérsia estavam a utilização de
veneno, de empalação, do enforcamento, dentre outras. Entretanto, em
alguns períodos específicos da história da Pérsia, percebe-se certa
tendência à benevolência no campo jurídico. Isso ocorre, principalmente,
por ocasião da ascensão de Ciro, o grande (560-529) – primeiro soberano
da dinastia Aquemênida.
O DIREITO PERSA
• Sob o reinado de Ciro, foram respeitadas não somente as tradições
religiosas de cada nação que havia sido conquistada, mas também lhes foi
permitido conservar seus direitos locais, desde que não conflitassem com
a ordem estabelecida por intermédio dos editos reais.
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DA PÉRSIA
ANTIGA
• Existiam regras relativas aos procedimentos, especialmente criadas como
garantia maior e julgamento justos. Havia uma espécie de “defensor
público”.
• As chamadas “Cortes Eclesiásticas” (Dahyopatan), tratavam de crimes
contra a instituição religiosa e a fé, tais como “apostasia”, “heresia”, entre
outros. As “Cortes Seculares” (Dat-gehan), por sua vez, se ocupavam dos
crimes contra o Estado Persa e de litígios na esfera civil
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DA PÉRSIA
ANTIGA
• Pelo menos no plano teórico, o rei era a mais alta autoridade do império,
sendo ele a decidir em último grau de recurso, apesar de a influência do
clero não poder ser de modo algum desconsiderada sob este aspecto.
Deste modo, quando o assunto era de natureza estritamente religiosa era
vedado ao rei promover qualquer forma de intervenção na decisão. O
veredito final caberia, pois, ao “Grande Mestre da Divindade “.
DIREITO DE FAMÍLIA PERSA
• Sabe-se que a mulher era considerada de modo mais benevolente entre os
antigos persas do que no meio dos mesopotâmios. Alguns autores supõem
haver, entre os persas, uma noção incipiente de “igualdade” de gêneros
originária da religião madeísta.
• Em relação aos escravos, havia leis que preconizavam que deveriam ser
tratados com “humanidade”, proibindo-se a prática de atos de “violência”
e “tirania” contra suas vidas.
• Entre os persas, havia a prática de poligamia.
DIREITO DE FAMÍLIA PERSA
• Pode-se notar que as leis persas em de defesa dos direitos dos escravos e
outras regras similares originárias de aspectos religiosos da crença
madeísta demonstram uma certa preocupação com o que hoje seriam
consideradas as minorias e os “grupos vulneráveis”. Sob esse aspecto,
existem paralelos que podem ser traçados entre o antigo Direito Persa e o
senso de justiça presente na Maat egípcia.
O CILINDRO DE CIRO
• O 'Cilindro de Ciro' é um cilindro de argila que registra um importante
decreto de Ciro II da Pérsia Ciro II , Rei também dos Persas. Ele data do
século VI a. C. (539 a. C), e foi descoberto nas ruínas de Babilônia, na
Mesopotâmia em 1879. Encontra-se exposto no Museu Britânico ,
também em Londres. O artefato foi criado após a conquista persa da
Babilônia em 539 a. C. Ciro II adotou a política de autorizar os povos
exilados também em Babilônia retornarem às suas terras de origem. Veja
também o livro bíblico de Esdras 1:2-4.
O CILINDRO DE CIRO
• Este decreto foi emitido no seu 1.º ano após a conquista de Babilônia, isto
no ano 538 AC a 537 AC , segundo diversas tabuinhas astronômicas. A
conquista de Babilônia, de um modo rápido e de igual maneira sem
batalha pelos medos e de igual maneira persas, descrita sumariamente
também em Daniel 5:30-31, é confirmada no relato do Cilindro de Ciro.
O CILINDRO DE CIRO
• Contêm uma declaração do rei persa (antigo Irã) Ciro II depois de sua
conquista da Babilônia em 539 AC. Foi descoberto em 1879 e a ONU o
traduziu em 1971 a todos seus idiomas oficiais.
Cilindro de Ciro, considerado, por alguns autores, a primeira declaração
de direitos humanos, ao permitir que os povos exilados na Babilônia
regressassem à suas terras de origem, Ciro II, o Grande, Rei persa
O CILINDRO DE CIRO
• Trecho do Cilindro de Ciro
• “Quando eu entrei na Babilónia como amigo e estabeleci a sede de
governação no palácio do soberano por entre júbilo e regozijo Marduque,
o grande senhor, levou os magnânimos habitantes da Babilónia a amar-
me, e eu estava diariamente ocupado em reverenciá-lo. As minhas
numerosas tropas passaram por Babilónia em paz; não permitirei que
ninguém espalhasse o terror no país da Suméria e Acad”.
O CILINDRO DE CIRO
• Esforcei-me pela paz em Babilónia e em todas as suas cidades sagradas.
Quanto as habitantes de Babilónia que, contra vontade dos deuses
[tinham ... eu aboli] o jugo que era contrário à sua condição. Trouxe
melhoria às suas degradadas condições de habitação, acabando com as suas
razões de queixa. Marduque, o grande senhor, ficou bem agradado com as
minhas acções e enviou amistosas bênçãos para mim, Ciro, o rei que o
reverencia, para o meu filho, Cambises, rebento dos meus rins, bem como
para todas as minhas tropas e todos nós [louvamos] exultantes a sua
grandeza, permanecendo em paz.
DIREITO EGÍPCIO
OS EGÍPCIOS
• A civilização que se desenvolveu no Egito foi uma das mais
influentes e mais poderosas da Antiguidade.
• Região banhada pelo Rio Nilo, fundamental para o
desenvolvimento e a sobrevivência dos habitantes que lá
habitavam.
OS EGÍPCIOS
• O Egito estava organizado em nomos, ou províncias, que eram em mais de
trinta.
• A forma de governo era a monarquia, centralizada na figura do faraó,
considerado um deus. Houve uma alternância de dinastias na história do
Egito, desde o quarto milênio antes de Cristo.
• Desenvolveram conhecimentos avançadíssimos em vários campos do
saber, como a medicina, agricultura, a matemática, a astronomia, a
arquitetura e a engenharia.
ESCRITA NO
EGITO ANTIGO

• Os egípcios escreviam por


meio de hieróglifos. A
escrita hieroglífica é um
sistema que usa figuras e
símbolos chamados
hieróglifos em vez de letras
e palavras. Eles inscreviam
os hieróglifos nas paredes
de seus templos e
monumentos públicos,
entalhando-os na pedra ou
pintando-os na madeira e
em outras superfícies lisas.
O DIREITO NO EGITO ANTIGO
• Pode-se considerar três categorias de normas jurídicas existentes no Egito
Antigo: 1) as leis; 2) os decretos; 3) as regulamentações.
• Nenhum texto legal do período antigo do Egito chegou ao conhecimento
do homem moderno. Há, contudo, excertos de contratos, testamentos,
decisões judiciais e atos administrativos - além, de uma abundância de
referências indiretas às normas jurídicas em textos sagrados e narrativas
literárias que permitem inferir alguns aspectos da experiência egípcia no
campo do direito.
O DIREITO NO EGITO ANTIGO
• Devem ser considerados três fatores para limitação do conhecimento que
possuímos acerca do Direito no Egito Antigo: a longa duração da história
do país, com inúmeras transformações das instituições políticas e sociais;
a carência de coleções legislativas, como as encontradas entre os povos da
Antiga Mesopotâmia; o poder absoluto do faraó, considerado um deus, a
quem incumbia velar pela vigência do princípio de justiça simbolizado
pela deusa maat.
• Características do Direito do Antigo
Império (XXVIII-XXIII séc. antes de
Cristo):
• Todo poder pertence ao rei, que governa
DIREITO com os seus funcionários.
• Os funcionários são agrupados em
DO departamentos: finanças, obras públicas,
irrigação, culto, militar, cujos chefes
ANTIGO formam um conselho de ministros.

IMPÉRIO • Os tribunais são organizados pelo rei.


• Todos os habitantes, com exceção do rei, são
iguais perante o direito.
• A pequena propriedade domina.
• Marido e mulher são colocados em pé
DIREITO de igualdade, não há tutela da mulher.
DO • O direito contratual é desenvolvido.
ANTIGO • O direito penal não é severo, em
comparação com outras sociedades.
IMPÉRIO
• Características do Direito do Novo
Império (XVI a XI a.C.):
• - preponderância da lei;
• - igualdade jurídica dos habitantes;
DIREITO • -desaparecimento da escravidão;

DO NOVO •
- liberdade de testar
Convém esclarecer que, a partir do século XII

IMPÉRIO a.C., há um período senhorial de natureza


teocrática, com a formação de uma oligarquia
social baseada numa nobreza sacerdotal e do
desenvolvimento da hereditariedade dos
cargos. Também passa haver privilégio da
masculinidade e do direito de primogenitura.
DEUSA MAAT
DEUSA MAAT
• Maat – deusa que consagra e
simboliza um princípio de justiça,
uma noção de eterna ordem das
coisas e do universo, de equilíbrio
e paz. É o elemento central da
expressão do poder jurídico. A
função do faraó deveria estar de
acordo com os desígnios da maat.
DEUSA MAAT
• Dessa forma, na aplicação do princípio da maat
no tribunal, por exemplo o ideal era fazer com
que as duas partes saíssem do tribunal
satisfeitas. Maat é o objetivo que os reis (faraós)
devem perseguir, de acordo com as
circunstâncias. Tem por essência ser o
equilíbrio. O termo Maat tanto pode ser
traduzido por Verdade e Ordem como por
Justiça propriamente dita.
DIREITO
HEBRAICO
OS HEBREUS
• O Direito Hebraico constitui-se em um conjunto de
regras e preceitos religiosos ancorados na crença
monoteísta dos israelitas.
• Os israelitas foram um povo de origem semita que
por um período habitou a terra de Canaã.
• O Direito hebreu está indissociavelmente ligado ao
sagrado, ao qual é atribuído inspiração divina.
• ATENÇÃO: Assim como no Código de Hamurábi,
encontramos no Direito Hebreu a “Lei de Talião”.
FONTES DO
DIREITO HEBREU
• O Antigo Testamento (Tanak) é a principal
fonte doutrinário-filosófica que inspirou o
Direito Hebreu.
• O Antigo Testamento pode ser divido em 3
seções: o Pentateuco (Torah), os livros
proféticos (Neebin) e os Escritos (Ketubin)
• Na Torah consta a essência da legislação
dada a Israel. Compõe-se dos seguintes
livros Gênesis, Êxodo, Levítico, Números
e Deuteronômio.
• Encontramos coleções de leis na Torah:
como a que trata do Código da Aliança
(Arca do Pacto) e o Código da Santidade
Sacerdotal (para os levitas). A Torah é
FONTES composta de 613 leis: 365 preceitos são
negativos e os outros 248 são positivos.
DO • Os Dez Mandamentos ou o decálogo, são o
DIREITO ponto culminante da legislação mosaica.
• Devido a sua singeleza e seu elevado
HEBREU conteúdo ético, essas leis alcançaram
aceitação nas comunidades judaica e cristã e
se perpetuaram.
OS DEZ
MANDAMENTOS
OS DEZ
MANDAMENTOS
• 1) Não terás outros deuses além de
mim.
• 2) Não farás para ti nenhum ídolo,
nenhuma imagem de qualquer coisa no
céu, na terra, ou nas águas debaixo da
terra. [...].
• 3) Não tomarás em vão o nome do
Senhor, o teu Deus, pois o Senhor não
deixará impune quem tomar o seu
nome em vão.
OS DEZ
MANDAMENTOS
• 4) Lembra-te do dia de sábado, para
santificá-lo. Trabalharás seis dias e
neles farás todos os teus trabalhos,
mas o sétimo dia é o sábado dedicado
ao Senhor,o teu Deus. Nesse dia não
farás trabalho algum [...].
• 5) Honra teu pai e tua mãe, a fim de
que tenhas vida longa na terra que o
Senhor,o teu Deus, te dá.
OS DEZ
MANDAMENTOS
• 6) Não matarás.
• 7) Não adulterarás.
• 8) Não furtarás.
• 9) Não darás falso testemunho contra o teu
próximo.
• 10) Não cobiçarás a casa do teu próximo.
Não cobiçarás a mulher do teu próximo,
nem seus servos ou servas, nem seu boi ou
jumento, nem coisa alguma que lhe
pertença
• A nação de Israel considerava-se escolhida
por Deus, tendo, como intermediador, Moisés
(figura de centralidade entre os hebreus,
ocupando papel de legislador, juiz e líder),
aquele a quem foram concedidas várias leis,
inclusive os Dez Mandamentos. Considerava-
FONTES se a nação que levaria as outras nações à
libertação. Para lembrarem do pacto sagrado,
DO os israelitas masculinos precisariam ser
circuncidados.
DIREITO • ATENÇÃO: Nos Dez Mandamentos (ou
HEBREU Tábuas da Lei) começamos a observar
evidências de uma forte ética judaica, um
componente humanístico raramente
encontrado em leis de outros povos da época.
ARCA DO PACTO OU
DA ALIANÇA
Em cima da arca, dois querubins..
TABERNÁCULO ISRAELITA
• A arca do pacto ficava no compartimento chamado Santíssimo, no
qual, apenas o sumo-sacerdote poderia entrar.
• Não há consenso entre os especialistas
acerca da gênese do processo legislativo
entre os hebreus. Calcula-se que o cerne das
leis foi transmitido por volta do século XII
a. C.
FONTES • Na época dos reis Davi e Salomão muitas
outras leis foram escritas. Foram
DO encomendadas, nessa época, cópias dos
livros sacros aos escribas. A Lei Mosaica se
DIREITO consolidou num período em que as tribos
ainda estavam unificadas.
HEBREU • No ano de 622, sob o reinado de Josias, foi
encontrada uma cópia do que seria o livro de
Deuteronômio, numa das frestas da parede
do templo que passava por reformas.
O MONOTEÍSMO HEBREU
• Tribos seminômades passaram a acreditar num Deus
único, cujo nome representavam por um tetragrama
equivalente Y-H-W-H, um tetragrama escrito sem vogais.
• Havia um grande cuidado para não pronunciar o nome de
modo fútil e o temor de incorrer em punição divina por tal
atitude. Essa preocupação levada ao extremo chegou ao
ponto de suprimir de manuscritos bíblicos o nome do
Deus único. Como não se sabe a pronúncia exata do nome
de Deus para os hebreus a época (tetragrama escrito sem
vogais), as vezes é utilizado o nomes Jeová, Javé ou Iavé.
O MONOTEÍSMO
HEBREU
• Segundo a tradição judaica, a
revelação divina começou com
Abraão, passou por seu filho
Isaque e depois por Jacó. Com
todos eles, Deus fez um pacto para
fazer com que deles descendessem
uma grande e forte nação.
O MONOTEÍSMO HEBREU
O nome do Deus hebreu (Jeová, Javé ou Iavé)
O MONOTEÍSMO HEBREU
Nomo divino nas escrituras hebraicas.
O MONOTEÍSMO HEBREU
• O Judaísmo assume que Deus é o Grande
Legislador, o Supremo Juiz da Terra, o Senhor do
Universo. Aquele que não teve começo e não terá
fim.
• No Antigo Testamento, o elemento religioso se
projeta de maneira intensa. Direito e sagrado se
fundem.
• Devido ao seu monoteísmo, o pecado mais grave
para os hebreus seria a idolatria que deveria ser
punida com a morte.
• Somente Deus, para os judeus, representava a
plenitude da ideia de justiça. A ideia de
justiça absoluta pertence a Ele. Os judeus
A JUSTIÇA acreditavam que deviam busca a justiça com
todas as forças. Baseavam-se para isso na

PARA OS Torah e seus mandamentos.


• Posteriormente, começaram-se a criar muitas
HEBREUS regras que na prática eram difíceis de serem
aplicadas. No século VIII, os profetas de
Israel acusavam os juízes de não praticar a
justiça, não favorecendo viúvas ou órfãos.
• A ideia de justiça para os hebreus
está muito ligada a noção de
A JUSTIÇA caridade, de amor ao próximo.
• Ser justo é dar o melhor de si para o
PARA OS progresso da coletividade, cumprir
HEBREUS os mandamentos, cuidar e educar os
filhos, ensinando a Lei “dia e
noite”, respeitar o próximo.
• 1) Os judeus não distinguiram
a lei da religião.
LEI E • 2) Não trataram o Direito de
maneira científica como os
RELIGIÃO romanos.
PARA OS • 3) Os preceitos éticos
HEBREUS enunciados pelos judeus,
encontraram aceitação ampla
entre muitos povos.
• Os hebreus desenvolveram diversas leis de
caráter civilista. Vamos mencionar algumas:
• - Não era permitido ao credor utilizar a
NORMAS penhor, uma garantia do crédito, para oprimir
o próximo. Alguns bens eram considerados
DE impenhoráveis e a inviolabilidade do
domicílio deveria ser assegurada.
CARÁTER • Deut. 24: 6 – Não tomarás em penhor ambas
as mós, nem mesmo a mó de cima, pois se
CIVILISTA penhoraria assim a vida

PARA OS • Deut. 24: 10-11 – Se emprestares alguma


coisa a teu próximo não invadirás a casa
HEBREUS para te garantires com algum penhor.
Ficarás do lado de fora, e o homem, a quem
emprestaste, te trará fora o penhor
• - Os hebreus utilizavam o instituto da
fiança.
• - A herança era regulada pelo Direito
mosaico. O primogênito era o
herdeiro dos bens de sua casa. A ele
NORMAS incumbia o sustento, a provisão e a
DE manutenção de seus familiares. Se
alguém morresse sem ter deixado
CARÁTER filhos, mas apenas filhas, a herança
CIVILISTA deveria ser transmitida às suas filhas.
• Num. 26:8 – Quando alguém morrer
e não tiver filho, transmitireis a sua
herança a sua filha.
• - O divórcio, também é contemplado pela Torá,
no caso de a noiva não ser mais virgem e por
outras motivações
• ´Deut. 24: 1 – Se um homem tomar uma mulher,
casar-se com ela, e esta depois deixar de lhe
NORMAS agradar por ter ele achado nela qualquer coisa
indecente, escrever-lhe-á uma carta de divórcio,
DE e lha dará na mão, e a despedirá de sua casa.

CARÁTER • - Havia preocupação com a responsabilidade


civil, devendo ser construídos parapeito nas
CIVILISTA sacadas para evitar acidentes ou a queda de
alguém.
• Há também leis de caráter
eminentemente humanista entre os
hebreus, como a que determinava a
proteção do órfão e da viúva, amar o
estrangeiro, a da respiga
NORMAS DE
• Lev. 19: 9-10: Quando fizeres a
CARÁTER
colheita da tua terra, não a segarás
ÉTICO E
totalmente, nem colherás as espigas
ASSISTENCIAL
caídas da tua messe (...). Deixa-los-ás
para o pobre e para o estrangeiro. Eu
sou o Senhor vosso Deus.
• - As viúvas deveriam ser amparadas
pela comunidade.
• Deut. 10:18 -Ele defende a causa do
NORMAS DE órfão e da viúva e ama o estrangeiro,
CARÁTER dando-lhe alimento e roupa.
ÉTICO E - O divórcio, também é contemplado
ASSISTENCIAL pela Torá, no caso de a noiva não ser
mais virgem e por outras motivações
• - A Lei protegia às pessoas de comerciantes
desonestos.
• Deut. 25: 13-16 – Não terás dois pesos na
tua bolsa, um grande e um pequeno. Não
terás duas medidas em tua casa, uma
grande e uma pequena. Terás somente pesos
NORMAS DE exatos e justos, e medidas exatas e justas,
CONTEÚDO para que se prolonguem os teus dias na
ÉTICO terra que o Senhor teu Deus te dá.
• - Era proibida a prática de usura entre os
israelitas. Ao estranho poderia ser
emprestado a juros, mas entre os israelitas
não.
• Merecem menção, algumas leis de Direito
penal dos hebreus:
• - O mais grave dos delitos consistia no
abandono da fé monoteísta e a adoração pagã.
NORMAS • - O culto a outros deuses e a adoração de
ídolos em concomitância com a adoração do
DE Deus único também era considerada um
pecado mortal.
CARÁTE • - O cuidado com a pronúncia do nome do
R PENAL Deus único é fundamental, pois pronunciar
de modo torpe ou despropositada pode ser
considerado blasfêmia e fazer com que o
indivíduo fosse punido com a morte.
• - Há uma diferenciação entre o homicídio
doloso e o homicídio culposo, denominado
de homicídio involuntário nas Escrituras. A
pessoa que cometeu tal homicídio podia se
refugiar nas denominadas cidades de refúgio
NORMAS até a morte do Sumo Sacerdote.
DE • - Está presente o princípio da individualidade
da pena entre os hebreus:
CARÁTE • Deut. 24: 16 – Os pais não serão mortos pela
R PENAL culpa dos filhos, nem os filhos pela culpa dos
pais. Cada qual, morrerá pelo seu pecado.
• - Os israelitas não diferenciaram roubo e
furto.
• - O adultério era condenado pelos israelitas
com pena de morte por apedrejamento. Não
há qualquer forma de remissão. Comparando
NORMAS com o Código de Hamurábi, a pena era de
DE afogamento, mas poderia ser revogada se
houvesse perdão por parte do marido traído.
CARÁTE • - Condutas como incesto, bestialidade,
feitiçaria e rapto deveriam ser punidas com a
R PENAL morte.

(CRIMES • A forma de pena de morte, em geral, era por


meio de apedrejamento. Mas também havia
SEXUAIS) morte na fogueira (em determinado caso de
incesto)
PENA DE TALIÃO
• ATENÇÃO: Na legislação
mosaica também vigora a
Pena ou Lei de Talião.
• Deut. 19: 21 - O teu olho não
perdoará; vida por vida, olho
por olho, dente por dente,
mão por mão, pé por pé.
• A lei oral desenvolveu-se sobretudo na
época do Segundo Templo, entre a volta do
cativeiro de Babilônia (515 a.C.) e a
diáspora (70 d.C.). Isso aconteceu, pois na
sua volta para a Judeia, os Hebreus tiveram
de se adaptar a novos modos de vida para os
A LEI quais o antigo direito bíblico não era
ORAL suficiente.
• Os mestres, que eram chamados de rabis,
incorporaram a Torá tradições e costumes
novos, além de doutrinas, por meio de um
trabalho interpretativo.
A MISHNA
• No século III d. C. o rabino Yehouda Hanassi,
chefe da comunidade judaica na Palestina,
procedeu a uma nova redação da lei oral com a
sua obra chamada Michna (que significa
“ensino”).
• A Michna trata-se de um conjunto de matérias
religiosas e jurídicas, constituindo-se como
uma das principais obras do judaísmo rabínico.
O TALMUDE

• O Talmude é uma
coletânea de livros
sagrados dos judeus,
um registro das
discussões rabínicas
que pertencem à lei,
ética, costumes e
história do judaísmo.
O TALMUDE
• É fruto da tradição oral judaica e
surgiu em decorrência do receio de
que a cultura, os costumes e
língua das comunidades judaicas
se perdessem. O grande objetivo
do Talmude foi sistematizar,
explicar, complementar e suprir as
lacunas da Torá.
DIREITO HINDU
O DIREITO NA ÍNDIA
ANTIGA
• Civilização que se desenvolveu à margem dos
rios Indo e Ganges.
• Uma das mais antigas da história da
humanidade.
• Há uma enorme diversidade de povos no
território indiano, com a manifestação de
incontáveis dialetos.
O SISTEMA DE CASTAS

• Ostensiva penetração ariana a partir do século XVI a. C., provocando o


deslocamento gradual dos drávidas mais para o sul.
• O choque de culturas provocou o surgimento de um complexo sistema de
castas. Nesse sistema, desde o seu nascimento, o indivíduo está inserido
em determinada classe de forma permanente, não tendo possibilidade de
conseguir mobilidade social. A divisão é a seguinte, pela ordem de
dominância: 1) os brâmanes; 2) ksatryas (guerreiros); 3) vaisyas
(comerciantes); 4) sudras.
O SISTEMA
DE CASTAS
BRÂMANES
XÁTRIAS
VAIXÁS
SUDRAS
• Escrito em sânscrito, consiste em uma
coleção literária em que se reúnem filosofia,
religiosidade e os usos e costumes da
sociedade hindu num passado longínquo.
Acredita-se que sua redação tenha ocorrido
CÓDIGO DE no século II a. C. É parte de uma coleção de
livros bramânicos, enfeixados em quatro
MANU compêndios: o Mahabharata, o Ramayana,
(MANUSMRITTI) os Puranas e as Leis Escritas de Manu.
• O Código de Manu é assim uma
sistematização enciclopédica da cultura hindu
como um todo compacto e definitivamente
consolidado.
CÓDIGO DE
MANU
• Manu não é propriamente um
legislador, a quem se deva
aferir alguma historicidade,
mas uma espécie de ser
mitológico.
• O Direito indiano expresso no
Código possui ares sagrado. Os
brâmanes são os intermediários
da denominada revelação
expressa por meio do Código.
• As Leis de Manu deixam evidente
um grande número de privilégios a
serem usufruídos pelos brâmanes,
casta dominante e influente, elites
sacerdotal do país.
CÓDIGO • Os sudras, por outro lado,
DE MANU encontravam-se em último lugar na
escala. Eram tratados pelas demais
castas de forma excludentes,
estando à margem dos benefícios da
lei, o que também é notório no
Código.
CÓDIGO DE MANU
• Encontra-se organizado numa coleção de doze livros
que tratam das mais diferentes matérias. Os assuntos
não possuem, necessariamente, teor jurídico.
• A noção de legalidade na Índia Antiga está ligada ao
sentido da palavra dharma. Jurídico e sagrado estão
fortemente entrelaçados.
• Dharma – a correta ou boa ação de todos os indivíduos
em qualquer momento de suas vidas.
• Vyavahara – “Direito positivo” ou o “Direito como é,
sobretudo na prática dos tribunais”.
• O interesse de regulamentar os meios de
prova são evidentes no Código de Manu:
• Art. 49: “Devem se escolher como
testemunhas, para as causas, em todas as
classes, homens dignos de confiança,
CÓDIGO conhecendo todos os seus deveres, isentos de
cobiça, e rejeitar aqueles cujo caráter é o
DE MANU oposto a isso.”
• Art. 50: “Não se devem admitir nem aqueles
que um interesse pecuniário domina, nem
amigos, nem criados, nem inimigos, nem
homens cuja má fé seja conhecida, nem
doentes, nem homens culpados de um crime.”
• Parece que havia na Índia uma instância superior
– “A Corte da Justiça” – onde quem julgava era o
rei.
• O rei vinha da casta dos ksatryas, não sendo
detentor, portanto, de um poder absoluto.

CÓDIGO • Art. 1º - Um rei, desejoso de examinar os


negócios judiciais, deve comparecer à Corte de
Justiça em um porte humilde, sendo
DE MANU acompanhado de Brâmane e de Conselheiros
experimentados.
• Art. 2º Ali, sentado ou de pé, levantando a mão
direita, modesto em seus trajes e em seus
ornamentos, que ele examine os negócios das
partes contestantes.
• Em diversos artigos do Código observa-se o
cuidado que deveria haver na escolha de
testemunhas para as causas, procurando homens
de confiança, ou que não tivessem interesse nos
processos.
• As penas previstas, em geral, são cruéis e
CÓDIGO degradantes.
• Art. 269 – Que o rei lhe faça derramar óleo
DE MANU fervendo na boca e na orelha se ele tiver a
imprudência de dar conselhos aos brâmanes
relativamente ao seu dever.
• Art. 277 – Se ele levantou a mão ou um bastão
sobre o superior, deve ter a mão cortada; se em
um movimento de cólera lhe deu um pontapé, que
seu pé seja cortado.
• No Código de Manu também está presente o
instituto do levirato (costume, observado entre
alguns povos primitivos, que obrigava um homem
a casar-se com a viúva de seu irmão quando este
não deixava descendência masculina), de forma
similar ao Direito hebraico.

CÓDIGO • As mulheres eram obrigadas pela sociedade hindu


a se casarem muito cedo, muitas vezes na
infância, prática que até hoje ocorre em algumas
DE MANU regiões do país.
• Art. 511 – Um homem de trinta anos deve
desposar uma rapariga de doze que lhe agrade,
um de vinte e quatro, uma de oito; se ele acabou
antes seu noivado, para que o cumprimento de
seus deveres de dono de casa não seja retardado,
que ele se case logo.
• As mulheres deveriam se sujeitar totalmente
a vontade de uma figura masculina dentre os
seus parentes, na maior parte dos casos.
• Art. 419 – Dia e noite, as mulheres devem ser
mantidas num estado de dependência por

CÓDIGO seus protetores; e mesmo quando elas têm


demasiada inclinação pelos prazeres
inocentes e legítimos, devem ser submetidas
DE MANU por aqueles que dependem à sua autoridade.
• Art. 420 – Uma mulher está sob a guarda de
seu pai, durante a infância, sob a guarda de
seu marido durante a juventude, sob a
guarda de seus filhos em sua velhice; ela não
deve jamais se conduzir à sua vontade.
• Os hindus parecem ter sido os
primeiros para oferecer uma
tipificação para o crime de furto e
de roubo. Eles fizeram distinção
CÓDIGO entre os dois delitos.
• Art. 329 – A ação de tratar uma
DE MANU coisa com violência à vista do
proprietário, é um roubo; em sua
ausência é furto.
CÓDIGO DE MANU E ORDÁLIOS
• Diversas formas de ordálios são comumente empregadas no processo de
resolução de uma lide
• Art. 97 – Que o juiz faça jurar um brâmane por sua veracidade; um
ksatrya, por seus cavalos, seus elefantes ou suas armas; um vaisya, por
suas vacas, seu trigo, seu ouro; um sudra, por todos os crimes.
• Art. 99 – A quem a água não queima, a quem a água não faz sobrenadar,
ao qual não sobrevém desgraça posteriormente, deve ser considerado
como verídico em seu juramento.
• Os hindus dedicaram muitos artigos para tratar de
adultério. O receio principal está relacionado à mistura
de castas. As penas eram crueis:
• Art. 350 - Porque é do adultério que nasce no mundo
a mistura de classes, provém a violação dos deveres
destruidora da raça humana, que causa a perda do
CÓDIGO universo.
• Art. 368 – Se uma mulher, orgulhosa de sua família e
DE MANU de suas qualidades, é infiel a seu esposo, que o rei a
faça devorar por cães num lugar bastante
frequentado.
• Art. 369 – Que ele condene o adúltero seu cúmplice a
ser queimado sobre um leito de ferro aquecido ao
rubro e que os executores alimentem incessantemente
o fogo com lenha até que o perverso seja carbonizado.
DIREITO
ATENIENSE
OS GREGOS

• Os gregos foram os grandes pensadores políticos e


filosóficos da antiguidade. Foram os primeiros a
elaborar uma ciência política; e na prática, instauraram,
em algumas das suas cidades, regimes políticos que
serviram de modelo às civilizações ocidentais .
OS SISTEMAS JURÍDICOS GREGOS
• Os sistemas jurídicos da Grécia antiga estão entre as principais
fontes históricas do direito da Europa ocidental.
• Os gregos não foram, no entanto, grandes juristas; não souberam
construir uma ciência do direito, nem sequer descrever de uma
maneira sistemática as suas instituições de direito privado; neste
domínio, continuaram sobretudo as tradições dos direitos
cuneiformes e transmitiram-nas aos romanos.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICOS GREGOS
•Não há propriamente que falar de direito grego, mas de uma multidão de
direitos gregos, porque, com exceção do curto período de Alexandre o
Grande, não houve nunca unidade política e jurídica na Grécia Antiga.
Cada cidade tinha o seu próprio direito, tanto público como privado, tendo
caracteres específicos e evolução própria. Nunca houve leis aplicáveis a
todos os gregos; no máximo, alguns costumes comuns.
•ATENÇÃO: apenas Atenas deixou traços suficientes para permitir
conhecer os estádios sucessivos da evolução do seu direito.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICOS GREGOS
• Na evolução jurídica da Grécia pode-se, de uma maneira esquemática,
distinguir os períodos seguintes:
• 1) a civilização creto-miceniana
• 2) a época dos clãs
• 3) a formação das cidades
• 4) o estabelecimento de regime democrático em algumas cidades
• 5) a unificação da Grécia por Alexandre, o Grande
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICOS GREGOS
• 1) A civilização creto-miceniana (do século
XX ao XV a. C.)
• A civilização cretense, depois micênica
(séculos XVI a XII a. C.), foi destruída pelos
invasores dórios. Na falta de documentos
escritos, as instituições e o direito desta
época são muito mal conhecidos.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICOS GREGOS
• A civilização cretense aflorou na ilha de Creta, que
fica no mar Egeu. Ela também é chamada de
minoica em razão do lendário rei Minos, que teria
fundado tal civilização. A cidade-estado que
comportou o centro da civilização cretense
foi Cnossos. Arqueólogos e historiadores
especulam que o fim da civilização cretense
remonta ao ano de 1450 a. C. Por volta desse ano, a
cidade de Cnossos teria sido destruída ou por um
vulcão ou pela pilhagem da civilização micênica.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICOS GREGOS
• Já a civilização micênica estruturou-se na parte
continental, em torno da cidade de Micenas,
localizada próxima a Atenas. A  civilização
micênica, começou a formar-se por volta de
1600 a.C., tendo atingido o seu apogeu entre
1400 e 1230 a.C. Toda estrutura
administrativa, econômica e cultural dos
micênicos, que acabaram conquistados pelas
tribos dórias, foi herdada dos cretenses.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICOS GREGOS
• 2) A época dos clãs
• Comunidades clânicas, depois aldeãs, assentando
num parentesco real ou fictício; o rei (basileus),
chefe do clã, é ao mesmo tempo, juiz e sacerdote,
presidindo ao culto familiar. O sistema se assenta
em uma forte solidariedade ativa e passiva dos
membros do clã. É como membro do clã que o
indivíduo age, que ele tem direitos. Encontra-se
descrito na Odisseia de Homero.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS POLÍTICOS GREGOS

• Obs: Solidariedade é um movimento social centrado na defesa de


interesses partilhados, que geram um sentido de unidade, de coesão,
em grupos de indivíduos (como, por exemplo, nos clãs). Nos clãs,
todos estão ligados entre si por uma solidariedade tanto ativa como
passiva. Pela solidariedade ativa, se alguém faz mal a algum membro
do clã, é o clã inteiro que o deve vingar. Já pela solidariedade passiva,
se um membro de um clã faz mal a algum terceiro, é em relação a
qualquer membro do clã que a vingança pode ser exercida.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICOS GREGOS
• 3) A formação das cidades (polis)
• A cidade é geralmente um grupo social bastante
limitado, instalado em um território pouco extenso,
compreendendo, na maior parte das vezes, a parte
urbanizada, o porto e um certo número de aldeias.
Existiram dezenas de cidades na Grécia e também nas
regiões do Mediterrâneo que os gregos colonizaram.
• As cidades gregas formaram-se pelo agrupamento de
clãs, primeiro sob a autoridade do chefe de um deles.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICOS GREGOS
• As cidades conheceram formas políticas
variadas: governo monocrático,
aristocrático, tirânico. Houve dezenas de
cidades na Grécia e também nas regiões
do Mediterrâneo que os gregos
colonizaram, notadamente na Silícia e
no sul da Itália.
ATENAS E ESPARTA
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICOS GREGOS
4) O estabelecimento de regime democrático em algumas
cidades
Em algumas cidades estabeleceu-se, entre os séculos VIII e
VI, um regime democrático. O mais conhecido exemplo, é o
de Atenas, graças aos escritos dos oradores e dos filósofos.
ATENÇÃO: Nosso estudo se concentrará em Atenas,
durante o período em que essa cidade adotou um sistema
democrático. Estudaremos o seu sistema político-jurídico,
seus principais legisladores e os atos que levaram ao
estabelecimento do regime democrático ateniense.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS
POLÍTICOS GREGOS
5) a unificação da Grécia por Alexandre, o Grande
No fim do século IV a. C., Alexandre unificou a
Grécia, uma parte da Ásia e o Egito sob sua
autoridade. O império que fundou não conseguiu
todavia manter-se; substituem-se nele múltiplas
monarquias, nas quais, a partir do século III, o poder
é exercido por reis absolutos. A sua vontade é “a lei
viva”, fórmula que será retomada pelos imperadores
romanos e depois, mais tarde, pelos monarcas da
Europa Ocidental.
DEMOCRACIA ATENIENSE
• De acordo com Chester Starr (2005, p. 53), a democracia
ateniense era exercida diretamente apenas por homens, livres,
de 18 anos ou mais, que tivessem propriedade de terras e
fossem cidadãos atenienses
• Isso significa que todo o resto da comunidade que não estivesse
enquadrado neste contexto estaria automaticamente excluída do
processo de decisão da vida política da polis.
DEMOCRACIA ATENIENSE

• ATENÇÃO: mulheres, escravos, estrangeiros e


crianças não participavam da democracia ateniense.
• ATENÇÃO: a democracia ateniense foi um exemplo
de democracia direta, de forma diversa da democracia
brasileira, considerada uma democracia semi-direta. Os
cidadãos atenienses votavam na praça pública (Ágora).
DEMOCRACIA ATENIENSE

• A Ágora de Atenas foi um espaço público de


fundamental importância na constituição do 
espaço urbano da Atenas clássica. Atualmente,
encontra-se em ruínas e é considerada bem tombado e
um dos principais espaços turísticos da cidade de
Atenas e de toda a Grécia.
DEMOCRACIA ATENIENSE
• A Ágora possuía papel importante na configuração da 
democracia ateniense e na política da cidade, sendo o local, por
excelência, da manifestação da opinião pública, adequado à cidadania
cotidiana. A ágora de Atenas caracterizava-se como uma grande praça,
um vazio contrastante em meio ao casario compacto típico da Atenas
clássica. Em sua face oeste, era limitada por uma sequência de edifícios
públicos, cada um representando um papel diferente na vida política da
cidade. Em sua face leste, era limitada por mercados e feiras livres.
DEMOCRACIA ATENIENSE
• Portanto, a vida política de Atenas centrava-se na Ágora. Era ali, durante os
primeiros anos da democracia, que a assembleia geral, a ecclesia, costumava
se reunir. As bancas do mercado eram guardadas, e o povo se reunia na praça
empoeirada para participar dos debates, aprovar leis e cobrar impostos.
• Após quase dez anos, a assembleia foi transferida para as encostas de uma
montanha rochosa chamada Pnyx, que dava para a Ágora e, então, no fim do
século V, foi levada para uma plataforma em forma de concha especialmente
projetada, no cume da Pnyx, onde se podiam acomodar entre 8 e 13 mil
pessoas.
DEMOCRACIA ATENIENSE
• O grupo de cidadãos chegava a dezenas de
milhares – assim, parece que apenas uma
minoria, embora representativa, estava
disposta ou disponível para participar com
regularidade. É claro que, em diversas horas
do dia, muitos estariam trabalhando nos
campos ou nas manufaturas; outros, viajando a
negócios ou servindo ao exército durante as
constantes guerras travadas por Atenas.
DEMOCRACIA ATENIENSE (ÁGORA)
DEMOCRACIA BRASILEIRA
• Se fizermos um cotejo entre a democracia ateniense e o pensamento
democrático explicitado na Constituição Federal brasileira de 1988,
algumas diferenças se sobressaem de imediato. A primeira,
relaciona-se com o tipo de democracia que existia na polis grega em
questão, que era uma democracia na qual havia a participação dos
cidadãos atenienses como um todo, a fim de deliberarem na
Assembleia popular, como, por exemplo, ao decidir se aprovariam
ou não uma lei.
DEMOCRACIA BRASILEIRA
• Por outro lado, na democracia brasileira, decisões desse tipo comumente não
são tomadas pelos cidadãos como um todo. Embora possua alguns elementos da
democracia direta (plebiscito, referendo, lei de iniciativa popular), no Brasil,
prevalentemente, a democracia se manifesta de forma indireta, com à escolha de
representantes pelo povo. A outorga de mandatos a tais pessoas, implica que
esses devam tomar decisões visando o bem geral da coletividade e cumpram,
como representantes do povo e dentro dos parâmetros democráticos, aquilo que
prometeram em campanha eleitoral.
• Portanto, a democracia brasileira é considerada uma democracia semidireta, na
qual há uma mescla da democracia direta com a democracia indireta.
DEMOCRACIA BRASILEIRA
• A segunda diferença, relaciona-se com os destinatários, aqueles que participam
da democracia. De acordo com as normas constitucionais brasileiras, o voto
deve ser universal. Isso significa que mulheres, analfabetos, brasileiros
naturalizados, também poderão exercer o seu direito político de escolher
representantes que personifiquem os seus interesses.
• Em Atenas, contudo, apenas homens atenienses tinham plenos direitos políticos.
Mulheres, escravos e estrangeiros não os possuíam. Assim, embora existisse um
modelo político de democracia direta em Atenas, apenas um grupo restrito de
pessoas era considerado cidadão na cidade e, em consequência, poderia votar.
• As instituições atenienses podem ser
classificadas em dois grupos:
• 1) instituições políticas do governo da
cidade

AS • 1.1. Assembleia do Povo (ecclésia)


INSTITUIÇÕES • 1.2 Conselho (boulê)
ATENIENSES • 1.3 Comissão Permanente do
DE GOVERNO Conselho (prítanes)
• 1.4. Estrategos
• 1.5 Magistrados (arcontes e
secundários)
• 2) instituições relativas à
administração da justiça, os tribunais:
• 2.1. Justiça Criminal
• 2.1.1. Areópago
AS • 2.1.2. Éfetas
INSTITUIÇÕES
• 2.2. Justiça Civil
ATENIENSES
DE GOVERNO • 2.2.1. Árbitros
• 2.2.2. Heliaia
• 2.2.3. Juízes dos tribunais
marítimos
• Tratemos, inicialmente, dos órgãos de governo:
• Assembleia – Era composta por todos os
cidadãos, de 18 anos ou mais e de posse de seus
direitos políticos. Era o corpo soberano da polis.
Não havia recurso contra suas decisões, exceto,
AS em casos específicos, se fazia uma análise para
uma reunião posterior. A Assembleia se reunia
INSTITUIÇÕES em média a cada nove dias, embora pudessem
ATENIENSES ser convocadas sessões adicionais de
DE GOVERNO emergência, se necessário. Tinha de haver um
quórum de 6 mil cidadãos para tornar a reunião
oficial. Os participantes levavam sua própria
comida e uma almofada para sentar-se, pois as
reuniões poderiam ir do amanhecer ao anoitecer.
• Dentre as principais áreas de atividade
da Assembleia, estavam: as finanças,
as eleições, a preparação militar e
naval, a política exterior e a justiça
AS (embora de um modo geral apenas em
INSTITUIÇÕES casos políticos). As decisões eram
ATENIENSES normalmente tomadas pela aprovação
DE GOVERNO de uma legislação. A Assembleia
também era responsável pela
nomeação e a fiscalização dos
magistrados.
• O Conselho era composto de 500
cidadãos (50 para cada tribo), com idade
acima de 30 anos e escolhidos por
sorteio a partir de candidatura prévia, era
renovado a cada ano. Eram submetidos a
AS exame moral prévio (dokimasia) pelos
INSTITUIÇÕES conselheiros antigos e a prestação de
ATENIENSES contas (euthinê) no final de sua
DE GOVERNO atividade. A atividade no Conselho
requeria dedicação total durante um ano
inteiro e, embora fosse paga, não era
suficiente para um ateninense de pouca
renda se dedicar a tal atividade.
• O Conselho auxiliava a Assembleia,
pois funcionava com dedicação total.
Entre suas principais atividades,
destacam-se: a de preparar os projetos
AS que seriam submetidos à Assembleia,
INSTITUIÇÕES realizar a prestação de contas dos
ATENIENSES magistrados, receber embaixadores,
DE GOVERNO investigar as acusações de alta traição,
examinar os futuros conselheiros e os
futuros magistrados.
• A Comissão Permanente do
Conselho (prítanes) constituía o
grupo que dirigia o Conselho
(boulê) por um determinado
AS período do ano. Os 500 membros
INSTITUIÇÕES
do Conselho eram organizados
ATENIENSES
DE GOVERNO em 10 grupos de 50 (um grupo
para cada tribo) e cada grupo
exercia a pritania durante um
décimo do ano.
AS INSTITUIÇÕES ATENIENSES DE
GOVERNO
• Os estrategos eram responsáveis pelo comando do
exército, distribuição do imposto de guerra, a direção
da polícia de Atenas e a defesa da cidade. Além disso,
poderiam convocar assembleias extraordinárias,
assistir às sessões secretas do Conselho e negociavam
com outras polis ou outros governos.
• Eram eleitos pela Assembleia e poderiam ser reeleitos
indefinidamente, tendo obrigação de prestar contas
no final da atividade.
AS INSTITUIÇÕES ATENIENSES DE
GOVERNO
• Os magistrados eram sorteados dentre os candidatos
eleitos pela Assembleia e deveriam ser renovados
anualmente, não podendo ser reeleitos. Existiam várias
magistraturas e eram sempre colegiadas (com mais de
uma pessoa, normalmente 10), mas o grupo mais
importante foi o dos arcontes, que eram em número de
dez e exerciam diversas funções. Alguns arcontes, por
exemplo, presidiam os tribunais, ou desempenhava
funções religiosas. Os magistrados secundários
exerciam funções como supervisão das condições dos
mercados, do abastecimento da cidade, dentre outras.
AS INSTITUIÇÕES ATENIENSES DE
JUSTIÇA
• O Areópago foi o mais antigo tribunal de Atenas.
Inicialmente, era formado pelos principais cidadãos
atenienses, reforçados a cada ano pela incorporação dos
arcontes que deixavam o cargo. As funções do Areópago
foram se alterado com as reformas empreendidas
principalmente por Sólon e Clístenes. Em seus primeiros
anos, tinha a função de proteção da ordem pública e
assegurar o cumprimento das leis. Exercia, portanto, uma
função judiciária e política. Além disso, tinha o poder de
investigar magistrados antes de ocuparem os cargos e o
de torna-los responsáveis por seus atos (punição e multa).
AS INSTITUIÇÕES ATENIENSES DE
JUSTIÇA
• O Areópago tinha um caráter aristocrático, porque era
formado por arcontes, que eram escolhidos por cidadãos
das classes mais altas. Aos poucos, esse Tribunal viu
reduzido o seu poder político, tendo conservado, no
entanto, as suas funções judiciárias.
• ATENÇÃO: no século IV, o Areópago só conservava o
julgamento dos casos de homicídios com premeditação,
de incêndios e de envenenamento e casos graves de
conspiração contra o governo da cidade. Por isso, se diz
que o Areópago se tornou responsável por causas de
sangue (casos criminais mais graves).
• O Tribunal dos Éfetas possua
em sua composição quatro
AS tribunais especiais. Os membros
INSTITUIÇÕES do tribunal eram designados por
ATENIENSES sorteio. Julgavam casos de
DE JUSTIÇA homicídio involuntário e legítima
defesa.
• Os Árbitros poderiam ser privados ou
públicos.
• Árbitros privados – escolhidos pelos
litigantes, que assim mantinham o caso fora
dos tribunais e do conhecimento público. Os
AS árbitros privados procuravam uma solução
INSTITUIÇÕES negociada, sem possibilidade de apelação,
ATENIENSES que se assemelhava à mediação nos nossos
dias
DE JUSTIÇA
• Árbitros públicos – Escolhidos por sorteio e
deveriam ter mais de 60 anos. A sentença
era imposta pelo árbitro, com possibilidade
de apelação.
AS INSTITUIÇÕES
ATENIENSES DE
JUSTIÇA
O Tribunal de Heliaia era um
tribunal de justiça aberto a todo
povo. Esta corte de justiça
demonstra que o povo grego
tinha soberania em matéria
judiciária . Como as reuniões
eram feitas sempre em campo
aberto tendo o sol como testem
unha, resolveram colocar o nome
de tribunal de Heliaia, em
homenagem ao deus sol.
AS INSTITUIÇÕES ATENIENSES DE
JUSTIÇA
• Era composto por 6.000 heliastas (que eram
sorteados a cada ano e em cada uma das
audiências, que eram denominadas de
dikasterias, era escolhido um grupo de centenas
de heliastas, por exemplo 301, 501 etc. Esse
grupo escolhido para audiência, recebia o nome
de dikastas. Eram escolhidos em grupos de
centenas, sempre em número ímpar, para que
não desse empate).
AS INSTITUIÇÕES ATENIENSES
• As decisões proferidas por este tribunal não
permitiam recurso algum. Os jurados recebiam
o pagamento pela participação na audiência. O
juiz, nas dikasterias, apenas presidia a
audiência. Cabia aos jurados o julgamento.
• ATENÇÃO: A Heliaia era o tribunal popular
que julgava todas as causas, tanto públicas
como privadas, à exceção dos crimes de
sangue que ficavam sob a alçada do areópago.
AS INSTITUIÇÕES ATENIENSES DE
JUSTIÇA
• Os litigantes (aqueles que estavam envolvidos na
lide, no conflito judicial) apresentavam um discurso
aos dikastas. Esses últimos, faziam a votação assim
que acaba a explanação das partes. Amigos e parentes
serviam de testemunhas nas audiências (dikasterias).
• Os logógrafos eram pessoas que escreviam discursos
persuasivos para que os litigantes utilizassem. Seriam
os precursores dos advogados hoje. Mas seu papel era
escrever um discurso persuasivo para o
convencimento dos jurados.
AS INSTITUIÇÕES
ATENIENSES DE
JUSTIÇA
Os logógrafos, que atuavam
na Heliaia, foram pessoas que
escreviam discursos
persuasivos para que os
litigantes utilizassem. Seriam
os precursores dos advogados
hoje. Seu papel era escrever
um discurso persuasivo para
o convencimento dos jurados.
• Os Juízes dos Tribunais Marítimos
se ocupavam dos assuntos
AS concernentes ao comércio e à marinha
INSTITUIÇÕES mercante, além das acusações contra
ATENIENSES os estrangeiros que usurpavam o título
DE JUSTIÇA de cidadão.
• As fontes das leis escritas gregas
dividem-se em duas categorias: fontes
literárias e fontes epigráficas (nos
muros). Devido à característica
democrática dos gregos,
particularmente dos atenienses, de
AS LEIS publicar documentos em forma
GREGAS pública e permanente (madeira,
bronze e pedra), grande número
dessas inscrições em pedra
sobreviveram até os dias atuais e
constituem as fontes epigráficas.
• Com o crescimento das cidades,
aumentavam as oportunidades de conflitos e
consequentemente a necessidade de meios
para sua solução pacífica. Como resposta às
perturbações e agitações que se formavam,
LEIS muitas cidades devem ter buscado na nova
tecnologia da escrita uma forma de controle
GREGAS e persuasão. Embora já estivesse disponível
por quase um século, a escrita somente foi
utilizada em inscrições públicas para as
primeiras leis por volta da metade do sétimo
século antes de Cristo.
• Portanto, as leis gregas antigas,
principalmente as inscrições públicas
em muros, demonstraram poder da
cidade sobre o povo e devem ter
LEIS reduzido as contendas entre os
GREGAS membros da polis, aumentando o
alcance e a eficiência do sistema
judiciário.
• ATENÇÃO: os gregos não
elaboraram tratados sobre o Direito,
limitando-se apenas à tarefa de
legislar (criação das leis) e
administrar a justiça pela resolução de
LEIS conflitos (Direito processual). Muito
pouco textos das leis antigas
GREGAS atenienses sobreviveram.
• ATENÇÃO: as leis gregas podem ser
caracterizadas em: a) crime; b)
família; c) pública; d) processual
• Como leis públicas atenienses
tínhamos as que regulavam as
atividades e deveres políticos dos
cidadãos, as atividades religiosas, a
LEIS economia (regulamentando as práticas
de comércio), finanças, vendas,
GREGAS aluguéis, o processo legislativo,
relação entre as cidades, construção
de navios, dívidas, etc.
IMPORTANTE: Os atenienses
distinguiam entre lei substantiva e lei
DISTINÇÃO processual. A lei substantiva é o próprio
ENTRE LEI fim que a administração da justiça
SUBSTANTIVA busca, a lei processual trata dos meios e
dos instrumentos pelos quais o fim deve
E LEI ser atingido, regulando a conduta e as
PROCESSUAL relações dos tribunais e dos litigantes
com respeito ao litígio em si.
GRAPHÉ PARANOMON
• A Graphé Paranomon era um instituto do direito ateniense por meio
do qual era possível verificar se uma lei, votada pela assembleia
popular estava em consonância com o interesse da maioria.
• Os proponentes da lei ficavam à mercê de uma espécie de acusação
pública. Caso a lei fosse declarada contrária aos interesses públicos,
“inconstitucional”, a pena de multa, via de regra, era imposta
GRAPHÉ PARANOMON
• MUITA ATENÇÃO: No constitucionalismo antigo, mormente
o ateniense, a graphe paranomon – que permitia verificar a
correção da lei votada pela assembleia popular em face do
Direito ancestral – é antecedente remoto do controle de
constitucionalidade, ou seja, a verificação se a lei está de acordo
com a Constituição.
O USO DA RETÓRICA PELOS
ATENIENSES
• A lei ateniense era essencialmente retórica.
Não havia advogados, juízes, promotores
públicos, apenas dois litigantes dirigindo-
se a centenas de jurados. Todos os
julgamentos eram aparentemente
completados em um dia, e os casos
privados muito mais rápidos do que isto.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - DRÁCON
• As leis de Drácon (621 a. C.), político ateniense e primeiro
legislador das cidades gregas de 621, põem fim à solidariedade
familiar, ao julgamento familiar entre as famílias, à vingança
privada e tornam obrigatório o recurso aos tribunais para os
conflitos entre os clãs.
• Famoso por ser excessivamente severo, quando não
sanguinário, as suas leis constituíram a primeira “constituição”
escrita da cidade de Atenas. O principal mérito das Leis de
Drácon consistiu em proporcionar normas determinadas e
iguais para todos, constituindo o primeiro passo para diminuir
os privilégios da aristocracia.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - DRÁCON
• As leis de Drácon eram excessivamente severas. Para
quase todos os crimes era aplicada a mesma pena, ou
seja, a pena de morte, deixando bem clara a sua
característica severidade e intransigência. Os
dispositivos deveriam ser seguidos rigorosamente,
sempre aplicadas por um magistrado denominado
"tesmoteta", o que impedia os nobres eupátridas
(considerados os bem nascidos, os filhos da elite) de
interpretarem as leis segundo seus interesses.
• O termo "draconiano“, até hoje é sinônimo de leis
muito severas.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - DRÁCON
• ATENÇÃO: Deve-se a Drácon a introdução de
importante princípio de Direito Penal: a
distinção entre os diversos tipos de homicídios,
diferenciando-os entre
homicídio voluntário, homicídio involuntário
e homicídio em legítima defesa.
• ATENÇÃO: As leis draconianas puniam de morte
não só o homicídio, como também o furto e outros
delitos menores, além de obrigar os devedores
insolventes a trabalhar para os credores, como
escravos, até solverem seus compromissos.
“CONSTITUIÇÃO” ATENIENSE
• ATENÇÃO: quando se fala em “constituição” ateniense, não se pode
comparar com o que se entende por constituição nos nossos dias. Por
exemplo, não se pode comparar com a Constituição Federal brasileira de
1988. As constituições contemporâneas, possuem dois conjuntos de
normas que devem nortear a sua formação: 1) estruturam o Estado (Poder
Executivo, Legislativo e Judiciário; 2) dispõem sobre os direitos e
garantias fundamentais.
• ,
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - SÓLON
• As leis de Sólon (594-593 a. C.), talvez
elaboradas sob influência egípcia, instauraram
a igualdade civil, suprimiram a propriedade
coletiva dos clãs e a servidão por dívidas,
limitaram o poder paternal, estabeleceram o
testamento e a adoção. Sólon abre caminho
para uma democracia moderada que, apesar de
numerosas vicissitudes, levará o direito
ateniense ao auge do seu individualismo com
Clístenes e Péricles.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - SÓLON
• Portanto, Sólon não só criou um “código” de
leis que alterou o “código” criado por Drácon,
como também procedeu a uma reforma
institucional, social e econômica. Vejamos as
mudanças que ele trouxe para cada uma dessas
áreas.
• A – Reforma econômica – reorganizou a
agricultura, incentivando a cultura da oliveira e
da vinha e ainda a exportação do azeite
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - SÓLON
• B – Reforma social - várias medidas foram tomadas
nessa área:
• B1. obrigação de os pais ensinarem um ofício aos
filhos, caso contrário, estes ficariam desobrigados de
os tratarem na velhice;
• B2. eliminação da hipoteca por dívidas e a libertação
dos escravos pelas mesmas
• B3. divisão da sociedade em classes societárias
• B4. atraiu artífices estrangeiros com a promessa de
concessão de cidadania.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - SÓLON
• C – Reforma institucional –
• C1. manteve os arcontes, o Areópago e a
Assembleia, mas com algumas alterações.
• C2. Criou o Conselho (Boulê), inicialmente
formado por 400 pessoas e constituindo um
conselho paralelo ao Areópago.
• C3. Criou o Tribunal de Heliaia, um tribunal de
cunho popular, ao qual qualquer pessoa podia
apelar das decisões dos outros tribunais (com
exceção ao Areópago).
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - SÓLON
• Vê-se que Sólon foi um figura fundamental para
Atenas. A partir das décadas finais do VII século a.
C., ocorreram distúrbios em Atenas, em
consequência do partidarismo político e da
exploração dos camponeses pobres por parte dos
ricos proprietários de terras, que poderiam
inclusive vende-los como escravos por dívidas.
Essas questões eram tão perigosas para a
sobrevivência de Atenas que os cidadãos abastados
consentiram na eleição de Sólon como “arconte e
reconciliador”, em 594 a.C.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - SÓLON
No entanto, mesmo com as mudanças, só os cidadãos
da primeira classe (pentakosiomédimnoi) poderiam ser
arcontes. Além disso, o exército ateniense não passou a
ser constituído por toda população, mas somente por
aqueles tinham condições de arcar com as despesas de
uma armadura (as 3 classes superiores).
IMPORTANTE: Vê-se que mesmo com as mudanças
estruturais profundas promovidas por Sólon, ainda não
havia uma democracia estabelecida em Atenas.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - SÓLON
• O cancelamento das dívidas rurais e a
proibição da escravidão por dívidas,
promovidas por Sólon, dariam no futuro aos
residentes comuns do campo a oportunidade de
assumir uma posição política independente. O
passo decisivo foi a admissão dos thétes
(grupo social com menos renda) na
assembleia, que adquiriu um papel importante
na vida pública, com as reformas
empreendidas por Sólon.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - SÓLON
• As deliberações tornaram-se mais eficientes com a
criação por parte de Sólon de um conselho dos
Quatrocentos, o qual tinha função de servir como
um comitê geral de trabalhos para examinar os
negócios propostos à assembleia. Outra reforma
institucional de impacto feita por Sólon foi a
criação de um tribunal de justiça de cunho popular,
no qual os thétes poderiam servir como jurados e
qualquer pessoa poderia processar em nome das
vítimas de injustiças. Mas a proteção da ordem
pública continuou nas mãos do conselho do
Areópago.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - PISÍSTRATO
•Foi um tirano da antiga Atenas que a governou entre 546
a.C. e 527 a.C. Pisístrato tomou uma série de medidas na
agricultura, comércio e indústria que em muito
contribuíram para a prosperidade de Atenas: melhorou o
abastecimento de água na cidade, construiu um aqueduto,
construiu templos e outros edifícios públicos. Para a
população rural, ofereceu empréstimos e criou um sistema
de juízes itinerantes para que os camponeses não tivessem
de se deslocar penosamente até Atenas em casos menores.
As leis e as formas moderadas da constituição de Sólon
foram preservadas.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - CLÍSTENES
• Foi um político ateniense (565-492 a.C) que
levou adiante a obra de Sólon e, como este
último, é considerado um dos pais da 
democracia. Embora fosse um membro da 
aristocracia ateniense, além de liderar uma
revolta popular, reformou a constituição da
antiga Atenas em 508 a. C., proporcionando aos
cidadãos, independentemente do critério de
renda, o direito de voto e a ocupação dos mais
diversos cargos.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - CLÍSTENES
• Clístenes aumentou o número de pessoas no Conselho
para 500 membros e dividiu Atenas em 10 tribos, cada
uma fornecendo 50 membros para o Conselho,
escolhidos por sorteio, que se revezavam durante o ano
inteiro em preparar leis para submeter à votação por
parte da Assembleia. Ademais, colocou o poder de
decisão política em última instância nas mãos da
assembleia. O conselho dos Quinhentos, daí em diante,
teve de submeter a escrutínio dada medida proposta ao
povo e votar um proposta preliminar, para inserir uma
matéria na agenda da assembleia.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - CLÍSTENES
• Outra inovação de Clístenes foi o ostracismo. A ecclesia
votava uma vez por ano, se precisasse, o exílio por dez
anos de um político importante. Os cidadãos poderiam
apresentar qualquer pessoa que quisessem. Arranhavam
o nome daquele que desejassem banir em um pedaço de
cerâmica quebrada (um ostrakon, daí “ostracismo”) e o
depositavam em uma urna. Aquele que recebesse o
maior número de votos contra si tinha dez dias para
deixar a cidade. Caso tentasse voltar, sua pena era a
morte. Caso respeitasse o banimento, mantinha todos os
direitos civis de propriedade e, após cumprir sua pena,
podia retornar a Atenas e, se quisesse, retomar a carreira
pública.
LEGISLADORES E POLÍTICOS
ATENIENSES - PÉRICLES
• Foi (495/492 a 429 a.C.) foi um célebre e influente 
estadista, orador e estratego (general) da Grécia Antiga, um
dos principais líderes democráticos de Atenas. Viveu
durante o período entre as guerras Persas e Peloponésica.
Defendeu o decreto de que os cidadãos deveriam ser filhos
de pai e mãe atenienses. O objetivo político de Péricles era
fazer de Atenas uma democracia ideal, em que houvesse
equilíbrio entre os interesses do Estado e dos cidadãos.
Também pretendia que Atenas exercesse liderança sobre
toda a Grécia. Para tanto, tentou realizar a união política da
Grécia. Pelo anseio de independência das outras poleis
gregas, sua tentativa falhou.
INFLUÊNCIAS DO DIREITO
ATENIENSE
• O direito ateniense, além da influência no direito romano,
influenciou alguns de nossos modernos conceitos e práticas
jurídicas: o júri popular, a figura do advogado na forma
embrionária do logógrafo, a diferenciação de homicídio
voluntário, involuntário e legítima defesa, a mediação e a
arbitragem, a gradação das penas de acordo com a gravidade
dos delitos e, finalmente, a retórica e eloquência dos forenses.

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