Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
7
5
DEL VECCHIO, Giorgio, op. cit. pp. 84/89. DEL VECCHIO, Giorgio, op. cit, pp.
6
Ricardo Maurício Soares, op. cit. p. 149. 103/109.
O contrato social não é um fato, A época em que vivemos é a época
nem depende do arbítrio de da crítica, à qual tudo tem de
qualquer um; mas é o resultado submeter-se. A religião, pela sua
necessário de termos dados santidade e a legislação, pela sua
objetivamente e fixados pela majestade, querem da mesma forma
natureza das coisas; é a desligar-se dela. (KANT, Immanuel,
interferência ideal dos direitos in Crítica da Razão Pura, Prefácio
conaturais do indivíduo. à Primeira Edição, São Paulo:
Martin&Claret, 2004)
Direitos naturais – Estado – Direitos
Civis.
9
MORRISON, Wayne, Filosofia do Direito:
8
SOARES, Ricardo Maurício, op. cit. p. 150. dos gregos ao pós-modernismo, São
Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 157.
padrões locais ou comunitários de Ele é o que existe num nível mais
crenças socializadas10. profundo12.
Se usarmos um óculos com lentes Crítica da Razão Pura
cor-de-rosa, elas vão colorir todos os
Como é possível o conhecimento
aspectos da nossa experiência
sintético a priori? Conhecimento que
visual. Podemos esquecer que
antecede a experiência.
estamos usando os óculos, mas
mesmo assim eles continuarão Debate – Século XVII e XVIII
afetando o que vemos.
(...)Acreditava que todos nós Há um conhecimento a priori?
compreendemos o mundo por um Locke – empirista, achava que não,
filtro como esse. O filtro da mente pois tudo vem da experiência.
humana. Ela determina como
experimentamos tudo e impõe Descarte pesava que sim.
determinada forma na experiência. Conhecimento analítico – significa
Tudo o que percebemos acontece no verdadeiro por definição, por isso
tempo e no espaço, e todo mudança não acrescenta nada de novo. Ex:
tem uma causa. No entanto, Todos os homens são do sexo
segundo Kant, isso não se deve à masculino.
maneira como a realidade é em
última instância, mas sim a uma Conhecimento sintético – requer a
contribuição de nossa mente. Não experiência ou a observação e nos
temos acesso direto ao modo como fornece uma informação nova, algo
é o mundo (mundo numênico). E que simplesmente não está contido
também jamais podemos tirar os no significado das palavras ou
óculos e ver as coisas como símbolos que usamos. Ex: limões
realmente são. Esse filtro está preso são amargos.
a nós, e sem ele seríamos A RACIONALIDADE DA
totalmente incapazes de MORALIDADE E A DEFESA DA
experimentar qualquer coisa11. CONCEPÇÃO DO HOMEM COMO
O que você vê é o mundo dos UM INDIVÍDUO LIVRE, COMO
fenômenos – grama, carro, céu, PRESSUPÕE O DIREITO.
prédios ou qualquer outra coisa. Não A MORAL KANTIANA
podemos ver o mundo numênico,
somente o mundo fenomênico, mas Para Kant, a moralidade não diz
o mundo numênico se oculta por trás respeito apenas ao que fazer, mas
de todas as nossas experiências. também a por que fazer. Aqueles
que fazem a coisa certa não o fazem
só por causa do modo como se
10
Ibid, p. 158.
sentem: a decisão precisa ser
11
WARBURTON, Nigel, in Uma Breve baseada na razão, pois é ela que diz
História da Filosofia, 1ª edição, Porto
Alegre, RS: L&PM POCKET, 2013, p. 122. 12
Ibid, p. 124.
qual é nosso dever, seres racionais como obrigatórias.
independentemente de como (Wayne, p.166)
porventura nos sentimos. Emoções
não se mistura com a moral13. Kant argumenta que as únicas
regras morais aceitáveis são
A emoção pode mascarar a
aquelas que todos poderiam adotar.
utilização do outro como meio para
A moralidade nos impõe princípios e
atingir um determinado fim, como na
condições para a ação que – uma
parábola do bom samaritano, a
vez compreendidos - estão
perspectiva de ir para o céu. Assim
racionalmente qualificados ao
não se estaria diante de um agir
consentimento de qualquer
moral.
comunidade possível; além disso,
IMPERATIVO CATEGÓRICO X Kant insinua que, na base de nossas
IMPERATIVO HIPOTÉTICO posições morais, existe apenas um
conjunto de tais princípios e
Todos nós temos o dever absoluto condições que passarão no teste da
de dizer a verdade, ou, como dizia aceitabilidade crítica racional. A
ele, um imperativo categórico de tarefa da filosofia moral consiste em
dizê-la. Um imperativo é uma empenhar-se em revelar esse
ordem. conjunto de princípios. (Wayne, pp.
166/167)
Os imperativos hipotéticos têm
uma forma de: Se quiser x, faça y. Para Kant, as categorias da razão
Se não quiser ir para a prisão, não prática – funcionamento da moral –
roube. fornecem um mecanismo que
estabiliza os desejos conflitantes e
Imperativo categórico servem os impulsos empíricos do mundo
como instrução, no caso, seria do espaço-temporal, e a lei moral é a
tipo: Não roube! condição de funcionamento do eu
que verdadeiramente eu mesmo.
(...) o funcionamento da liberdade Esta é, porém, uma tarefa difícil, e
humana sujeita-se às regras dos Kant coloca a natureza da vontade
inteligíveis. Podemos criar regras na posição central de sua solução.
sobre o certo; podemos determinar o (Wayne, p. 167).
que a natureza exige de nós. As
exigências fundamentais da Desejo x Vontade (moral é
moralidade são concebidas de modo fenomenal, ato de vontade)
que façam parte da própria estrutura
da racionalidade; segue-se, então, Animal x Homem
que as exigências morais devem, a
priori, ser reconhecidas por todos os A característica central do homem,
do homem social, está no fato de ele
13
envolver-se com uma esfera dos fins
Ibid, p. 129.
na qual tudo tem ou preço ou
dignidade. Tudo que tem preço pode Nesse contexto, a razão prática é
ser substituído por outra coisa como legisladora de si, definindo os limites
seu equivalente; por outro lado tudo da ação e conduta humanas.
que está além de qualquer preço, e,
portanto, não admite equivalente, A ÉTICA É, PORTANTO, O
tem dignidade. (Wayne, p. 171). COMPROMISSO DE SEGUIR O
PRÓPRIO PRECEITO ÉTICO
Kant acreditava que a moral seria FUNDAMENTAL E PELO FATO DE
um sistema de imperativos SEGUI-LO EM SI E POR SI.
categóricos. O seu dever moral é o
seu dever moral, AGIR LIVRE É AGIR MORAL. AGIR
independentemente de quaisquer MORAL É O AGIR DE ACORDO
que sejam as consequências, COM O DEVER.
quaisquer que sejam as
circunstâncias. O AGIR DE ACORDO COM O
DEVER É FAZER DE SUA LEI
Nós não agimos somente por SUBJETIVA UM PRINCÍPIO DE
instinto, mas também baseados na LEGISLAÇÃO UNIVERSAL, A SER
razão. A forma de Kant dizer isso é INSCRITA EM TODA A NATUREZA.
em termos de máximas a partir das
quais agimos. A máxima é apenas AS NORMAS JURÍDICAS, PARA
o princípio subjacente, a resposta TAL CONCEPÇÃO, SERÃO DE
à pergunta: Por que você fez DIREITO NATURAL, SE SUA
isso? É o que realmente importa. OBRIGATORIEDADE FOR
COGNOSCÍVEL PELA RAZÃO,
Deveríamos agir apenas sob as INDEPENDENTEMENTE DE LEI
máximas universalizáveis, ou seja, EXTERNA, E SERÃO DE DIREITO
por meio de um princípio subjacente POSITIVO, SE SUA
que pudesse ser aplicado a todas as OBRIGATORIEDADE RESULTAR
pessoas. DE LEI EXTERNA.
Críticas:
Jusnaturalismo contemporâneo
a) Visão axiológica do direito;
Prevalência da ciência positivista
como critério de aferição da b) Não oferece fundamentação e
legitimação de um direito
verdade, única forma de conhecer.
justo;
Concomitantemente, surgiram, no c) Confunde os planos do ser e
Séc. XIX, as ciências sociais, a do dever-ser. Direito injusto
antropologia, a etnologia, que não seria direito;
passaram a apontar a diversidade
das sociedades humanas, por isso a d) Não visualizam a bipolaridade
concepção de justiça passou a ser axiológica – valor x desvalor;
localizada no espaço e no tempo. o que não autoriza afirmar-se
que direito injusto não seja
direito, pois juízos de fato e
de valor se situação em
planos cognitivos diferentes;
e) Compreensão da justiça
como a-histórica, atemporal e
aespacial;