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UNIDADE I

Estado e Cidadania

Prof. Vanderlei da Silva


Estado e o governo

 Estado é a forma de organização política em que vivemos.


 Ele é composto por órgãos vinculados aos Poderes Republicano, Legislativo,
Executivo e Judiciário, e está presente de várias formas diferentes em nossa vida
profissional, pessoal e social.
 A ideia de Estado surge exatamente da necessidade de organizar os grupos sociais
para que eles respeitem uma determinada ordem e, desse modo, vivam em paz e
com oportunidades de garantir sua sobrevivência e seu bem-estar.
 Subjacente a essa ideia de organização, está, evidentemente, a ideia de poder.
Estado: origem do debate e formulação de conceito

 A ideia de Estado está entre as mais antigas no pensamento político mundial.


 É razoável pensar que nos períodos mais antigos o poder fosse exercido pelos
mais fortes, por aqueles em melhores condições físicas para impor pela força a
liderança das atividades sociais.
 Assim, os diferentes períodos de organização social foram se sucedendo.
 Dos grupos familiares que são apontados como os primórdios da Humanidade para
as tribos, depois as nações e, finalmente, o Estado da forma semelhante àquela
que conhecemos na atualidade.
A Teoria do Contrato Social e a formação do Estado

 Thomas Hobbes foi o primeiro pensador que justificou a organização política social
a partir da formação de um contrato entre as pessoas.
 Hobbes escreveu uma obra considerada fundamental para a compreensão do
Estado como o concebemos na atualidade, o livro se chama O Leviatã, que era um
monstro bíblico cujo retrato foi colocado na capa da edição do livro, em 1642.
 O Leviatã representa o Estado como um homem artificial dotado de escamas que
são seus súditos.
 Hobbes tinha tendência favorável ao absolutismo e o
Leviatã representa que a vontade dos súditos deve ser
restrita e, por meio de um pacto social, esses mesmos
súditos outorgam ao Estado o poder soberano.
Thomas Hobbes (1588-1679)

 O autor entendia que a condição natural da humanidade é uma condição de


conflito, porque todos os homens querem ter direitos ilimitados, o que os conduzem
à insegurança e à guerra. É dele a frase famosa: “O homem é o lobo do homem”.
 Para Hobbes, o homem em estado de natureza é um ser que só busca seus
próprios benefícios sem se importar com os demais; para obter os benefícios que
acredita ter, o homem é capaz de ferir e matar os outros homens, porque não há
limites para a sua ação.
 Por autopreservação, o homem concorda em limitar seus
direitos e, em consequência, viver em paz; porque, se
todos os homens concordarem em firmar um pacto social,
eles igualmente concordarão em cumprir as leis que os
regerão, e caso venham a desobedecê-las, serão punidos.
John Locke (1632-1704)

 Locke estudou e escreveu sobre política, religião e economia. Suas principais obras
são Carta sobre a Tolerância, Ensaio sobre o Entendimento Humano e os Dois
Tratados sobre o Governo Civil.
 Para ele, o homem sai do estado de natureza para a vida em sociedade ancorado
em um contrato social, ou seja, em um acordo não escrito, mas que deve ser
integralmente respeitado, em que todas as pessoas terão direitos e obrigações,
sem privilégios de nascimento ou de qualquer outra natureza.
 A diferença no pensamento de Hobbes e de Locke é que,
para este, o indivíduo existe antes do surgimento da
sociedade e do Estado e vive em um estágio pré-social e
pré-político, caracterizado pela mais perfeita liberdade e
igualdade.
John Locke e o direito de propriedade

 Para Locke, a guerra era apenas uma possibilidade que poderia ocorrer no estado
de natureza, ou seja, ele não acreditava na teoria de que os homens poderiam se
destruir se vivessem sem a organização do Estado.
 Para eliminar o estado potencial de guerra que vigorava no estado de natureza,
os homens passaram a viver em sociedade, organizaram um poder central para
governá-los e escolheram juízes para dirimir seus eventuais conflitos.
 O mais importante direito do estado de natureza é mantido pelo Estado, que é o
direito de propriedade; e o único direito retirado dos homens é o de realizar justiça
por conta própria.
 Locke define a propriedade como um direito amplo,
que inclui a vida, a liberdade e os bens.
John Locke e a sociedade civil

 O contrato social para Locke permite o surgimento da sociedade civil, que ele
denomina também de sociedade política.
 O objetivo principal da união de homens na sociedade civil e de sua submissão a
governos é utilizar de forma segura a propriedade.
 Como para Locke a propriedade é um direito essencial da pessoa, ela vem antes
do Estado e, em consequência, é um direito natural do indivíduo.
 O Estado não tem poder contra a propriedade e deve respeitá-la e protegê-la. John
Locke acredita que não é o Estado, a sociedade que cria a propriedade privada, é a
capacidade de trabalho de cada ser humano.
John Locke e a doutrina política liberal

 John Locke é considerado o fundador da doutrina política liberal e do individualismo


liberal.
 Assim, para Locke, a vida política após o contrato social tem por objetivo principal
proteger o direito natural, que é, fundamentalmente, o direito de propriedade.
 O Estado será tirânico quando desrespeitar a propriedade e, nesse caso
específico, o cidadão poderá resistir contra o Estado.
 Quando atenta contra a propriedade, o governo deixa de cumprir seu objetivo e se
torna ilegal.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)

 Rousseau acreditava que o homem selvagem, ou seja, no estado de natureza, era


mais livre e feliz porque tinha ampla liberdade. Para ele, o homem natural é o bom
selvagem, enquanto o homem natural de Hobbes é o lobo do próprio homem.
 A apropriação de conhecimento (metalurgia e agricultura) por alguns homens e não
por todos é, para Rousseau, o que leva a sociedade a utilizar a divisão do trabalho
e, em consequência, o exercício do poder de alguns sobre outros.
 É nesse ponto que os bens da natureza passaram a ser propriedade de alguns.
E mais, para ele, é por isso que ocorrem a escravidão e a miséria e, em
consequência, instaura-se o conflito social.
Rousseau e o Estado democrático

 No livro O Contrato Social, Rousseau reflete sobre a possibilidade de construção


de outra ordem jurídica, política e social.
 Essa sociedade seria radicalmente democrática, ou seja, o elemento fundamental
seria a vontade geral, que para ele é a única vontade legítima, porque a função da
sociedade é a consecução do bem comum.
 Para Rousseau, o Estado é resultado de uma associação de membros que
conservam sua participação ativa e que obedecem somente às leis que a própria
sociedade criou.
 O governo é subordinado ao povo e o poder será exercido
pelos membros da sociedade. A participação política do
povo deve ser direta e contínua.
Interatividade

Qual foi o primeiro pensador que justificou a organização política social a partir da
formação de um contrato entre as pessoas?
a) John Locke.
b) Jean-Jacques Rousseau.
c) Thomas Hobbes.
d) Karl Marx.
e) Aristóteles.
Resposta

Qual foi o primeiro pensador que justificou a organização política social a partir da
formação de um contrato entre as pessoas?
a) John Locke.
b) Jean-Jacques Rousseau.
c) Thomas Hobbes.
d) Karl Marx.
e) Aristóteles.
 Embora seja o mais conhecido dos contratualistas, ou
seja, dos estudiosos que explicam a formação do Estado
a partir de um contrato social, Rousseau não foi o primeiro
a propor essa ideia. O primeiro foi Thomas Hobbes.
Os contratualistas

 Hobbes, Locke e Rousseau são chamados de contratualistas e, em comum, têm a


ideia de explicar a razão pela qual o homem deixa o estado de natureza para
concordar em viver em um Estado político organizado, com leis que devem ser
rigorosamente cumpridas e com penalidades estabelecidas para aqueles que não
as cumprirem.
 Assim surge a ideia principal daquilo que hoje entendemos como Estado.
 É o espaço político, social e jurídico em que vivemos, no qual temos liberdade
parametrizada por lei, no qual podemos fazer tudo o que desejamos, porém sempre
com o cuidado de obedecer à legislação em vigor para não sermos punidos.
A definição de Estado

 Historicamente, o termo Estado foi empregado pela primeira vez por Nicolau
Maquiavel, no início de sua obra O Príncipe, escrita em 1513 e publicada em 1532.
 Podemos definir o Estado como uma instituição organizada política, social e
juridicamente, que ocupa um território definido e, na maioria das vezes, sua lei
maior é uma Constituição escrita.
 O Estado é dirigido por um governo soberano reconhecido interna e externamente,
sendo responsável pela organização e pelo controle social, pois detém o monopólio
legítimo do uso da força e da coerção.
Nicolau Maquiavel (1469-1527)

 O pensamento político de Maquiavel teve como marco fundamental a separação


entre a virtude política e a virtude moral.
 Ele é o principal responsável pela ruptura com as ideias da ação política orientada
pelo sentido divino e, consequentemente, por trazer a política para o campo
exclusivo da ação humana.
 Essa ruptura com o poder oriundo da Igreja custou caro para Maquiavel, porque foi
exatamente da Igreja Católica a criação do termo maquiavélico como sinônimo de
tudo que é ruim ou perverso.
Nicolau Maquiavel e a virtù

 Uma das ideias centrais no pensamento de Maquiavel é a virtù.


 É um termo empregado para indicar um conjunto de virtudes que fariam de um
homem um grande governante, com capacidade de se impor e realizar seus
objetivos.
 A virtù está associada com a capacidade, a qualidade e os empreendimentos que
determinam o encaminhamento da sociedade, ou seja, a ação política.
 Para Maquiavel, as principais bases que os Estados têm são as boas leis e as boas
armas, porque essas seriam as únicas formas de se prevenir da manifestação da
maldade humana.
 Para ele, a capacidade fundamental do príncipe é manter
o poder.
O Estado moderno

O Estado moderno se caracteriza pela existência de elementos constitutivos que


são:
 Território é a porção de solo, subsolo, mar territorial, espaço aéreo, navios e aviões
de uso militar ou civil, em que apenas uma ordem jurídica pode agir de forma
coercitiva.
 Povo: o conjunto de pessoas que podem participar da vida política de um Estado
por possuírem vínculo jurídico com ele.
 Finalidade de um Estado é o bem comum de todos que nele vivem.
 Soberania é a característica de autodeterminação de um
povo situado em um território sob um regime jurídico
legítimo, ou seja, é a capacidade de decidir sem
interferência de nenhum outro Estado.
Conceito de nação

 Estado é um conceito político diferente do conceito de nação.


 Nação é a união de pessoas que integram o mesmo grupo étnico, falam o mesmo
idioma e possuem cultura e costumes semelhantes, construídos ao longo de um
período histórico.
 Assim, existem nações sem Estado, ou seja, que não possuem um território
exclusivo e, dessa maneira, ou são obrigadas a viver em território de outros grupos
ou se espalham pelo mundo sem conseguirem se fixar adequadamente.
 Existem muitas nações sem território e os exemplos mais comuns são os curdos,
considerada a maior nação sem território no mundo na atualidade.
Formas de governo construídas por Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.)

 A reflexão de Aristóteles no livro A Política pode ser utilizada até hoje para nos
auxiliar na compreensão da sociedade em que vivemos.
 Para Aristóteles, a sociedade tem seu eixo central no indivíduo e o homem só
desenvolverá plenamente seu potencial se inserido em uma sociedade.
Para Aristóteles, era possível pensar em seis tipos possíveis de governo:
 Se o exercício do poder é do interesse de todos, teremos a monarquia, a
aristocracia ou a república.
 Se o exercício do poder é do interesse próprio, teremos a
tirania, a oligarquia ou a democracia.
Aristóteles e a classificação do exercício do poder

 Exercício do poder por uma só pessoa no interesse de todos = monarquia.


 Exercício do poder por alguns no interesse de todos = aristocracia.
 Exercício do poder pela maioria no interesse de todos = república.
 Exercício do poder por uma só pessoa no interesse próprio = tirania.
 Exercício do poder por alguns no interesse próprio = oligarquia.
 Exercício do poder pela maioria no interesse próprio = democracia.
Características da monarquia

 Vitaliciedade – o monarca não governa por um tempo certo e limitado, podendo


governar enquanto viver ou enquanto tiver condições para continuar governando.
 Hereditariedade – a escolha do monarca se faz pela simples verificação da linha de
sucessão.
 Quando morre o monarca ou deixa o governo por qualquer outra razão, é
imediatamente substituído pelo herdeiro da Coroa.
 Irresponsabilidade – o monarca não tem responsabilidade política, isto é, não deve
explicações ao povo ou a qualquer órgão sobre os motivos pelos quais adotou
certa posição política.
Características da democracia

 Democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo.


 A palavra democracia tem origem no grego demokratía que é composta por demos
(que significa povo) e kratos (que significa poder).
 Nesse sistema político, o poder é exercido pelo povo pelo sufrágio universal.
 Não há consenso entre os estudiosos sobre uma concepção única e definitiva para
democracia.
 A ideia de que democracia é um conceito em construção, que não está pronto e
acabado e que deve ser sistematicamente repensado e pesquisado.
Interatividade

Qual alternativa corresponde à característica de autodeterminação de um povo


situado em um território sob um regime jurídico legítimo, ou seja, é a capacidade
de decidir sem interferência de nenhum outro Estado?
a) Democracia.
b) Tirania.
c) Nacionalidade.
d) Soberania.
e) Aristocracia.
Resposta

Qual alternativa corresponde à característica de autodeterminação de um povo


situado em um território sob um regime jurídico legítimo, ou seja, é a capacidade
de decidir sem interferência de nenhum outro Estado?
a) Democracia.
b) Tirania.
c) Nacionalidade.
d) Soberania.
e) Aristocracia.
 A soberania de um Estado diz respeito ao poder político e
de decisão dentro do território nacional, em especial no
que se refere à defesa dos interesses nacionais.
Classificação da democracia

 A democracia direta é aquela exercida pelos cidadãos por meio de manifestações


diretas em uma reunião ou assembleia.
 A democracia semidireta é aquela em que os cidadãos se manifestam de forma
direta e também indireta por meio de voto em representantes.
 No Brasil, a Constituição Federal prevê o referendum e o plebiscito.
 A democracia representativa, quando o povo concede um mandato a alguns
cidadãos para, na condição de representantes, externarem a vontade popular e
tomarem decisões em seu nome, como se o próprio povo estivesse governando.
Referendum e o plebiscito

 Referendum é a consulta à opinião pública para a introdução de uma emenda


constitucional ou mesmo de uma lei ordinária, quando esta afeta um interesse
público relevante. O referendo consiste numa consulta que se faz à opinião pública
depois de tomada uma decisão, para que esta seja ou não confirmada.
 Plebiscito é um instituto que pode ser utilizado para obter previamente a opinião do
povo sobre uma futura iniciativa legislativa em cogitação.
 Ou pode ser utilizado para que se conheça a opinião do povo sobre algum ponto
fundamental que se pretende alterar na política de governo.
O significado de república

 Forma como o Brasil se organiza, República Federativa do Brasil.


 A palavra república tem origem no latim e significa aquilo que pertence ao povo.
 Em sentido literal, significa exatamente coisa (res)publica.
 O sentido mais completo, portanto, é tudo o que é próprio da sociedade, que
interessa a ela ou, ainda, interesse público.
 A república é a forma de governo típica da coletividade, em que o poder e o
exercício da soberania são atribuídos não mais a uma pessoa física, mas ao povo.
 República é uma ideia que se sustenta na coletividade.
Características da república

 Temporariedade – os governantes são eleitos por um determinado período de


tempo chamado de mandato.
 Podem existir restrições para eleições sucessivas, ou seja, a reeleição pode até
ocorrer, mas nunca de forma indefinida, ao menos no âmbito do Executivo.
 Eletividade – o chefe de governo é eleito pelo povo, sem qualquer hereditariedade
ou algum obstáculo que impeça a escolha pelo povo.
 Responsabilidade – o chefe de governo é responsável por seus atos, seja no
âmbito político, seja no âmbito econômico.
 Ele deverá prestar contas de suas decisões e será
fiscalizado sistematicamente, em especial pelos
representantes do povo que compõem o Poder
Legislativo.
Presidencialismo

 O presidencialismo é uma criação derivada da Independência Norte-Americana,


ocorrida em 1776.
 No sistema presidencialista, o presidente é o chefe de Estado e o chefe de
governo.
 Acumula as duas atribuições: representa o Estado e exerce a chefia do Poder
Executivo.
 Adota medidas que são permitidas pela Constituição
Federal do país sem consultar os demais poderes porque
a tripartição de poderes serve exatamente para isso,
garantir a independência e a harmonia entre o Executivo,
o Legislativo e o Judiciário.
Parlamentarismo

 No parlamentarismo, duas figuras são fundamentais: o chefe de Estado e o chefe


de governo.
 O chefe de Estado, rei ou presidente da República é o representante do Estado e
não participa das decisões políticas.
 Quase sempre é escolhido por eleições no parlamento e seu mandato pode ser
longo, porque sua posição é totalmente secundária.
 O chefe de governo é a figura política central do parlamentarismo, pois é ele quem
exerce efetivamente o Poder Executivo.
 Ele recebe o nome de primeiro-ministro e sua aprovação é
feita pelo parlamento.
Vantagens do parlamentarismo

 Costuma-se apontar como vantagens do parlamentarismo sobre o presidencialismo


a sua flexibilidade e capacidade de reação à opinião pública, uma vez que esse
regime dota o Poder Legislativo de grande força, atribuindo-lhe a escolha do Chefe
do Poder Executivo (ou o Chefe de Governo), que se mantém nessa posição
enquanto gozar do voto de confiança dos parlamentares.
 No presidencialismo, todas as vezes em que há forte reação popular a decisões do
governo, não há muito o que fazer até que termine o mandato presidencial, salvo
se um crime de responsabilidade houver sido comprovadamente praticado, quando
então teremos a possibilidade de impeachment.
Organização dos poderes do Estado

 No Brasil, de acordo com a Constituição Federal, são poderes da União o


Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
 Ainda em conformidade com a Constituição Federal, esses poderes devem atuar
de forma independente e harmônica.
 Historicamente, atribui-se a Montesquieu a ideia de que a tripartição dos poderes
seria o modelo ideal para o funcionamento de um governo, porque essa tripartição
garantiria a liberdade política.
 Sua obra mais conhecida foi publicada em 1748 e se
denomina Do Espírito das Leis, ou das relações que as
leis devem ter com a constituição de cada governo, os
costumes, a religião, o comércio, entre outros.
A separação dos poderes do Estado

 A separação dos poderes proposta por Montesquieu, com algumas modificações


determinadas pelo tempo, permanece semelhante até hoje em muitos países do
mundo. Ele propõe que exista um:
 Poder Legislativo para elaborar leis para toda a sociedade e para serem cumpridas
em especial pelos governantes.
 Poder Executivo para representar o Estado e fazer cumprir as leis em benefício de
todos.
 Poder Judiciário, que dá ao governante a autoridade de punir os crimes ou julgar os
conflitos de ordem civil.
 A tripartição de poderes está presente nas principais
constituições que conhecemos no mundo contemporâneo,
inclusive na brasileira.
As Revoluções Burguesas ou Revoluções Liberais

 A primeira foi a revolução ocorrida na Inglaterra entre 1640 e 1688. A Revolução


Inglesa marcou o momento em que o poder estatal passou para as mãos de uma
nova classe social.
 A segunda importante revolução liberal é a de Independência dos Estados Unidos,
que aconteceu entre 1775 e 1783. O processo de independência decorre de uma
mudança nas relações entre a Coroa inglesa e a colônia norte-americana.
 A última grande Revolução Liberal foi a Revolução Francesa de 1789, que começou
com o famoso episódio da Queda da Bastilha, que era uma prisão instalada em
Paris e na qual eram praticados atos desumanos contra os prisioneiros.
Interatividade

Relativo à democracia semidireta, qual alternativa corresponde ao instituto que pode


ser utilizado para obter previamente a opinião do povo sobre uma futura iniciativa
legislativa em cogitação?
a) Referendo.
b) Plebiscito.
c) Consulta popular.
d) Recall.
e) Impeachment.
Resposta

Relativo à democracia semidireta, qual alternativa corresponde ao instituto que pode


ser utilizado para obter previamente a opinião do povo sobre uma futura iniciativa
legislativa em cogitação?
a) Referendo.
b) Plebiscito.
c) Consulta popular.
d) Recall.
e) Impeachment.
 O plebiscito é convocado previamente à criação do ato
legislativo ou administrativo que trate do assunto em
pauta, e o referendo é convocado posteriormente,
cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a proposta.
Os partidos políticos

 O partido político é uma associação de cidadãos, chamados de “membros do


partido”, que se reúnem em torno de um mesmo ideal na condução do governo ou
doutrina, visando a alcançá-lo por meio de um plano de ação governamental ou
programa, mediante o apoio da população.
 Os partidos políticos são instituições civis, ou seja, pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos, que realizam o trabalho de intermediação entre a
sociedade que vai escolher os representantes e o poder público em que esses
representantes vão atuar.
 Assim, a falta de atuação dos partidos enfraquece o projeto político da sociedade.
Aspectos fundamentais nos partidos políticos

 A existência de vínculo ideológico – deverá estar expresso no programa do partido,


o qual deve especificar quais são as linhas de pensamento consideradas
adequadas, que objetivos deverão ser atendidos pelos candidatos a cargos
políticos, quais os fundamentos teóricos que o partido político adota, entre outros.
 A finalidade de participação no poder político – a organização partidária deve
difundir suas ideias com objetivo de obter a adesão de eleitores que votem em
seus candidatos para que eles possam ocupar os cargos políticos disponíveis e
integrar os Poderes Executivo e Legislativo para colocar em prática os ideais
daquela associação.
Os sistemas eleitorais

 São, basicamente, três: majoritário, proporcional e distrital.


 No Brasil, são adotados os sistemas majoritário e proporcional, mas o sistema
distrital é uma possibilidade sempre discutida e que ainda não foi colocada em
prática.
 O sistema majoritário acontece quando a ocupação de vagas de representação se
faz pela escolha a partir da obtenção de um número maior de votos por parte do
candidato que será o vencedor.
 O sistema proporcional acontece quando é estabelecida
uma proporção entre o número de votos recebidos pelos
partidos e o número de vagas eleitorais que ele obtém,
sendo considerados eleitos os candidatos mais votados
pertencentes aos seus quadros.
A Constituição Brasileira de 1988

 A Constituição Federal é a lei de maior importância em nosso País.


 A atual Constituição Brasileira foi promulgada em 5 de outubro de 1988 por uma
Assembleia Nacional Constituinte eleita por eleições livres, diretas e democráticas
ocorridas em 1986.
 A atual Constituição Federal inovou em vários aspectos, mas, muito em especial,
na proteção da dignidade da pessoa humana, na determinação de que o Estado
brasileiro exista para atender e proteger a pessoa e não o contrário.
 A partir dessa Constituição, a proteção da pessoa passa a ser um fundamento do
Estado brasileiro.
Princípios e objetivos da Constituição Federal

 A Constituição Federal elencou cinco princípios que são fundamentos da República


Federativa do Brasil: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.

 A Constituição Federal determina que a República Federativa do Brasil terá por


objetivos: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o
desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais; e promover o bem de todos, sem preconceitos
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Os direitos fundamentais previstos na CF/88

A Constituição Federal de 1988 trata dos direitos e das garantias fundamentais e dos
direitos e dos deveres individuais e coletivos, e determina que:

 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes” (BRASIL, 1988).

 A leitura detalhada dos incisos do artigo 5º permitirá aos


cidadãos brasileiros conhecer seus mais importantes
direitos e, em razão disso, permitirá que eles possam
exigir das autoridades públicas e dos demais cidadãos o
cumprimento desses direitos.
Os direitos sociais na CF/88

 Do artigo 6º ao artigo 11, a Constituição Federal trata dos direitos sociais, que são
direitos fundamentais do homem, caracterizando-se como verdadeiras liberdades
positivas, de observância obrigatória em um Estado Social de Direito, tendo por
finalidade a melhoria de condições de vida aos hipossuficientes, visando à
concretização da igualdade social e são consagrados como fundamentos do
Estado democrático.
 “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição” (BRASIL, 1988).
As cláusulas pétreas

 As cláusulas pétreas representam um limite ao poder de legislar e, principalmente,


de alterar a Constituição Federal. Por meio delas fica estabelecido que esses
assuntos são imutáveis, salvo se uma nova Constituição for elaborada.
Em nenhuma hipótese poderão ser apresentadas emendas constitucionais
que tentem abolir:
 a forma federativa;
 o voto direto, secreto, universal e periódico;
 a separação dos Poderes;
 os direitos e as garantias individuais.
O estado de defesa e o estado de sítio

 A Constituição Federal prevê a aplicação de duas medidas excepcionais para a


restauração da ordem em momentos de anormalidade – estado de defesa e
estado de sítio, possibilitando inclusive a suspensão de determinadas garantias
constitucionais, em lugar específico e por tempo determinado, possibilitando
ampliação do poder repressivo do Estado, justificado pela gravidade da
perturbação da ordem pública.

 É o chamado sistema constitucional de crises, consistente


em um conjunto de normas constitucionais, que informadas
pelo princípio da necessidade e da temporariedade, têm
por objeto as situações de crises e por finalidade a
mantença ou o restabelecimento da normalidade
constitucional.
A ordem social

 A Constituição Federal dedica um capítulo à ordem social e nele regulamenta


aspectos importantes como seguridade social, saúde, educação, previdência social,
esportes, cultura e assistência social.

 Também dedica capítulos específicos para tratar de ciência, tecnologia e


informação, comunicação social, meio ambiente, família, criança; adolescente,
jovem e idoso, e índios.
 Assim, a Constituição Federal nos permite: conhecer
nossos direitos, nossas responsabilidades políticas,
sociais e econômicas, e participar da vida do País em
melhores condições de opinar, de escolher pelo voto e de
exigir o cumprimento das políticas públicas sociais que
possam garantir a sociedade mais justa e solidária.
Interatividade

Em qual sistema eleitoral a ocupação de vagas de representação se faz pela escolha


a partir da obtenção de um número maior de votos por parte do candidato que será o
vencedor?
a) Proporcional.
b) Distrital.
c) Majoritário.
d) Distrital misto.
e) Distritão.
Resposta

Em qual sistema eleitoral a ocupação de vagas de representação se faz pela escolha


a partir da obtenção de um número maior de votos por parte do candidato que será o
vencedor?
a) Proporcional.
b) Distrital.
c) Majoritário.
d) Distrital misto.
e) Distritão.
 Nesse sistema, o vencedor é o que obtém a maioria dos
votos. É por esse sistema que se elege, no Brasil, o
presidente da República, governadores, prefeitos e
senadores.
ATÉ A PRÓXIMA!
UNIDADE II

Estado e Cidadania

Prof. Vanderlei da Silva


Direitos civis no Brasil

 Os Direitos Civis podem ser definidos como aqueles que têm por objetivo garantir
as liberdades individuais para que cada ser humano possa definir o que é melhor
para sua vida, para o exercício de sua liberdade, para o uso da propriedade
e para usufruir de seus direitos da forma como considerar a mais adequada.
 Esses direitos deverão estar claramente garantidos na legislação dos países, de
forma que as pessoas possam conhecê-los e defendê-los em situações em que
sejam desrespeitados.
 Assim, todos temos o direito de sermos tratados em igualdade de condições pelo
Estado e pelos demais cidadãos.
Os Direitos Civis e Políticos na CF/88

Artigo 5º:
 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...].
 Nele são garantidos os diretos à vida, à liberdade, à igualdade, à moradia
e à segurança.
 Também é dado a todo brasileiro o direito de exercer os cultos religiosos, seja qual
for sua religião, o benefício de trabalho, entre outros.
 Assim, todo cidadão é livre e pode recorrer à justiça,
quando necessário for, sem ser oprimido.
Pactos Internacionais que garantem os Direitos Civis

 A ONU, em 1948, aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.


 Em 1966 aprovou dois Pactos de Direitos, denominados, respectivamente,
o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional
de Direitos Econômicos, Culturais e Sociais.
 O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos foi aprovado como decreto
no Brasil em 1992, o qual recebeu o número 592, de 6 de julho.
 O artigo 1° do Decreto determina que o Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos será “executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém”.
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos

Artigo 2:
 1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a respeitar e garantir
a todos os indivíduos que se achem em seu território e que estejam sujeitos à sua
jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação alguma
por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza,
origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer condição.
 Estados Partes é o nome pelo qual se designam os países membros
da Organização das Nações Unidas e que assinaram o pacto,
comprometendo-se a cumpri-lo.
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos

O artigo 3:
 Determina que nos países em que a pena de morte não tenha sido abolida, ela só
poderá ser imposta nos casos de crimes mais graves e em conformidade com a
legislação vigente, e acrescenta que essa pena só poderá ser aplicada após
sentença transitada em julgado, ou seja, para a qual não caiba mais nenhum
recurso judicial e que tenha sido proferida por um tribunal competente.
 Em nenhuma hipótese a pena de morte poderá ser aplicada contra menores
de 18 anos ou contra mulheres grávidas, e os condenados terão direito de pedir
indulto ou comutação da pena.
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos

O Artigo 7:
 Afirma que ninguém poderá ser submetido a tortura, nem a penas ou tratamento
cruéis, desumanos ou degradantes e que será proibido submeter uma pessoa
sem livre consentimento a experiências médicas ou científicas.

O Artigo 8:
 Determina que ninguém poderá ser submetido à escravidão e nem ao tráfico de
escravos, nem será obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios.
 E o artigo 9 determina que toda pessoa tem direito à
liberdade e à segurança pessoais, que ninguém poderá
ser preso ou encarcerado arbitrariamente, nem tampouco
privado de liberdade, salvo por motivos previstos em lei .
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos

 No artigo 12 ficou determinado que toda pessoa que se ache legalmente no


território de um Estado terá o direito de nele livremente circular e escolher sua
residência. E que toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país,
inclusive de seu próprio país.
 O artigo 14 determina que toda pessoa acusada de um delito terá direito de ser
informada, sem demora, numa linguagem que compreenda e de forma minuciosa,
da natureza e dos motivos da acusação que foi formulada contra ela.
 Também terá direito ao tempo e aos meios necessários para se defender,
inclusive com direito de escolher um defensor.
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos

 Outro tema importante tratado no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos


é o direito de liberdade de pensamento, de consciência e de religião, no artigo 18.
 Esse direito, segundo o Pacto, implica na liberdade de cada pessoa ter ou adotar
uma religião ou uma crença de sua escolha e, consequentemente, a liberdade de
praticar essa religião ou crença, de forma individual ou coletiva, pública ou privada,
por meio de cultos, celebrações de ritos, práticas e também de ensino, tanto para
adultos como para crianças.
 Porém, o Pacto determina que a liberdade de manifestar a própria religião
ou crença estará sujeita apenas às limitações previstas em lei.
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos

 O artigo 19 do Pacto de Direitos Civis e Políticos prevê que toda pessoa terá direito
à liberdade de expressão; esse direito incluirá a liberdade de procurar, receber
e difundir informações e ideias de qualquer natureza, independentemente de
considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma impressa
ou artística, ou por qualquer outro meio de sua escolha.
 E ninguém poderá ser molestado por suas opiniões.
 Esse é, sem dúvida, um dos principais direitos que uma pessoa pode ter:
a liberdade de expressar suas ideias e de buscar informações que permitam
ampliar suas reflexões.
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos

 O artigo 26 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos determina que todas


as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem discriminação, a igual
proteção da lei.
 Determina, ainda, que a este respeito, a lei deve proibir todas as discriminações
e garantir a todas as pessoas proteção igual e eficaz contra toda a espécie de
discriminação, nomeadamente por motivos de raça, de cor, de sexo, de língua,
de religião, de opinião política ou de qualquer outra opinião, de origem nacional
ou social, de propriedade, de nascimento ou de qualquer outra situação.
Interatividade

Quais são os direitos que podem ser definidos como aqueles que têm por objetivo
garantir as liberdades individuais para que cada ser humano possa definir o que é
melhor para sua vida, para o exercício de sua liberdade, para o uso da propriedade
e para usufruir de seus direitos da forma como considerar a mais adequada?
a) Direitos Civis.
b) Direitos Políticos.
c) Direitos Sociais.
d) Direitos Internacionais.
e) Direitos de Associação.
Resposta

Quais são os direitos que podem ser definidos como aqueles que têm por objetivo
garantir as liberdades individuais para que cada ser humano possa definir o que é
melhor para sua vida, para o exercício de sua liberdade, para o uso da propriedade
e para usufruir de seus direitos da forma como considerar a mais adequada?
a) Direitos Civis.
b) Direitos Políticos.
c) Direitos Sociais.
d) Direitos Internacionais.
e) Direitos de Associação.
Direitos políticos

 São definidos como direito de participação dos cidadãos no governo,


na administração e na justiça.
 Significa o processo em que cada pessoa dispõe do mesmo poder que as outras
de determinar o resultado final das decisões.
 Em uma democracia, os direitos políticos se referem sempre ao poder igual,
atribuído aos membros de uma comunidade política, de formar periodicamente
a sua vontade coletiva e impô-la ao Estado, de tal modo que essa vontade seja
indispensável para o funcionamento do Estado.
O Direitos Políticos previstos na CF/88

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I. plebiscito;
II. referendo;
III. iniciativa popular (BRASIL, 1988).
 No Brasil, o voto é obrigatório para os maiores de 18 anos até completarem
70 anos, a partir de quando o voto será facultativo, como também o é para
os menores entre 16 e 18 anos.
 Também os analfabetos podem exercer o direito de voto
de forma facultativa.
Sufrágio universal

 A expressão sufrágio universal, utilizada no texto constitucional, pode ser


compreendida como: direito do cidadão de eleger e de ser eleito.
 Assim, o conjunto de cidadãos que estejam com sua capacidade eleitoral ativa
poderão exercer, pelo escrutínio, o sufrágio, ou seja, o direito de escolher seus
representantes.
 O alistamento eleitoral, por sua vez, é o momento a partir do qual o cidadão
preenche os requisitos para o exercício de voto e comparece perante o Estado
para se inscrever e receber, em contrapartida, o documento que o habilitará a esse
exercício, que é o título de eleitor.
Plebiscito, Referendo e Iniciativa Popular

 Plebiscito é uma consulta prévia sobre um assunto que, posteriormente,


será discutido pelo Legislativo Federal.
 Referendo é uma consulta posterior sobre um ato governamental ou texto de lei,
seja para garantir que será efetivado ou para impedir que entre em vigor.
 A iniciativa popular representa uma das formas de deflagração do processo
legislativo via reunião das assinaturas pelo eleitorado brasileiro, para que seja
possível apresentar, na Câmara, um Projeto de Lei.
Iniciativa Popular

 A iniciativa popular para apresentação de leis complementares ou ordinárias


é uma forma de exercício de direitos políticos.
 Na prática, no entanto, esse mecanismo tem se mostrado de difícil aplicação
porque o artigo 61, parágrafo 2º, da Constituição Federal exige que o projeto
de iniciativa popular seja apresentado à Câmara dos Deputados subscrito por
no mínimo 1% do eleitorado nacional, distribuído por cinco estados, com não
menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
 São números bastantes expressivos e que criam enormes dificuldades para
aqueles que pretendem apresentar um projeto de lei de iniciativa popular.
Características fundamentais do voto no Brasil

 O voto tem atributo de personalidade porque só pode ser exercido pessoalmente


pelo eleitor, sem possibilidade de ser outorgada uma procuração para que outra
pessoa exerça esse direito em nome do eleitor.
 A verificação do eleitor é feita no momento do voto, por meio de apresentação
do documento de identidade.
 Há obrigatoriedade formal de comparecimento.
 No Brasil, o comparecimento é obrigatório, embora não se possa garantir que esse
comparecimento vai resultar necessariamente na escolha de um candidato porque
as urnas eletrônicas preveem o voto em branco e o voto nulo.
Características fundamentais do voto no Brasil

 O eleitor brasileiro tem ampla liberdade para escolher o candidato que lhe convier,
que lhe parecer mais adequado para o exercício das atividades parlamentares
ou executivas.
 Tem liberdade até para não escolher e anular o voto ou então para votar
em branco.
 O eleitor brasileiro tem, também, o direito ao sigilo de seu voto.
 Em nenhuma hipótese será obrigado pela lei a tornar pública sua escolha,
e o sistema utilizado para a votação tem que ser indevassável para impedir
qualquer divulgação.
Características fundamentais do voto no Brasil

 Outro aspecto importante do voto no Brasil é que ele é direto.


 Além de ser direto, o voto no Brasil também tem por característica a periodicidade,
ou seja, os mandatos, em todos os graus de representação e de exercício
executivo, são temporários, sujeitos a um mandato que se extingue com o tempo
e que obriga os eleitores a voltarem às urnas para renovar ou reafirmar suas
escolhas.
 E o voto no Brasil é marcado pela igualdade no sentido de que,
independentemente de qualquer atributo, o eleitor brasileiro se equivale a todos
os demais e seu voto tem o mesmo valor e poder de todos os outros eleitores.
Direito de elegibilidade

 Elegibilidade é a possibilidade de, atendidos os requisitos legais, um cidadão


se tornar candidato a ocupar um cargo Executivo ou Legislativo por um mandato
por tempo determinado.
Requisitos da capacidade eleitoral:
 Possuir nacionalidade brasileira ou condição de português equiparado;
 Estar no pleno exercício de seus direitos políticos;
 Possuir domicílio eleitoral na circunscrição;
 Estar filiado a um partido político regular.
Perda ou suspensão de direitos políticos

 O cidadão perderá os direitos políticos quando for cancelada sua naturalização por
sentença transitada em julgado ou quando ocorrer uma das hipóteses do artigo 5º,
inciso VIII da Constituição Federal, ou seja, recusa de cumprir uma obrigação
imposta a todos ou de cumprir prestação alternativa para a qual foi condenado.

 E os direitos políticos serão suspensos nos demais casos, sendo que entre eles
o mais comum tem sido a improbidade administrativa, prevista no artigo 37,
parágrafo 4º da Constituição Federal.
Interatividade

Qual das alternativas corresponde a uma consulta posterior sobre um


ato governamental ou texto de lei, seja para garantir que será efetivado
ou para impedir que entre em vigor?
a) Plebiscito.
b) Iniciativa Popular.
c) Referendo.
d) Eleição Direta.
e) Eleição Indireta.
Resposta

Qual das alternativas corresponde a uma consulta posterior sobre um


ato governamental ou texto de lei, seja para garantir que será efetivado
ou para impedir que entre em vigor?
a) Plebiscito.
b) Iniciativa Popular.
c) Referendo.
d) Eleição Direta.
e) Eleição Indireta.
 Plebiscito é uma consulta prévia sobre um assunto que
posteriormente será discutido pelo Legislativo Federal.
 Iniciativa popular representa uma das formas
de deflagração do processo legislativo.
Direitos Sociais

 São prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente,


enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de
vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações
sociais desiguais.
 São, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade.

A igualdade como princípio fundamental, que no Brasil emana do artigo


3º da Constituição Federal, determina que constituem objetivos fundamentais
da República Federativa do Brasil:
 “III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
as desigualdades sociais e regionais”.
Os Direitos Sociais na CF/88

 Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,


a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.
 Os direitos sociais inseridos na constituição de 1988 nasceram de um contexto
histórico, pois são derivados de conquistas políticas e sociais.
 O objetivo principal é o de valorização do trabalho e do indivíduo, sempre pautados
no princípio maior da dignidade da pessoa humana.
A Seguridade Social

 Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações


de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar
os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar
a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I. universalidade da cobertura e do atendimento;
II. uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais;
III. seletividade e distributividade na prestação
dos benefícios e serviços;
A Seguridade Social

IV. irredutibilidade do valor dos benefícios;


V. equidade na forma de participação no custeio;
VI. diversidade da base de financiamento;
VII. caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
Os Direitos Sociais previstos em Pacto Internacional

 No Brasil, a proteção dos direitos sociais é, também, oriunda do documento


denominado Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
que a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou em 16 de dezembro
de 1966 e que foi adotado no Brasil pelo Decreto nº 591, de 1992.
 O Pacto contém as linhas mestras dos direitos que deverão ser garantidos
a cada cidadão.
 Porém, na implantação dos direitos econômicos, sociais e culturais é preciso
mais que vontade e determinação política dos governos e governantes.
 É preciso que existam recursos econômicos para que
o Estado possa organizar o acesso dos cidadãos aos
equipamentos sociais que efetivarão esses direitos.
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

 Em seu artigo 6º, o Pacto determina que os Estados participantes deverão


reconhecer “o direito ao trabalho, que compreende o direito de toda pessoa
de ter a possibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho livremente escolhido
ou aceito, e tomarão medidas apropriadas para salvaguardar esse direito”.
 Incluir a orientação e a formação técnica e profissional, a elaboração de
programas, normas e técnicas apropriadas para assegurar um desenvolvimento
econômico, social e cultural constante e o pleno emprego produtivo em condições
que salvaguardem aos indivíduos o gozo das liberdades políticas e econômicas
fundamentais (BRASIL, 1992).
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

 O Pacto garante o direito de greve, que será exercido em conformidade


com a lei de cada país.
 O artigo 9 do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Políticos
“reconhece o direito de toda pessoa à previdência social, inclusive o seguro social”.
 No tocante à família, o pacto a define como elemento natural e fundamental da
sociedade e, em consequência, determina que a ela deve ser reconhecida a mais
ampla proteção e assistência possíveis, especialmente para a sua constituição
e enquanto ela for responsável pela criação e educação dos filhos.
 O matrimônio deve ser contraído com o livre
consentimento dos futuros cônjuges.
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

 No tocante à maternidade, o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e


Culturais prevê que é preciso garantir a proteção especial às mães por um período
de tempo razoável antes e depois do parto.
 Durante esse período, deve-se conceder às mães que trabalham licença
remunerada ou licença acompanhada de benefícios previdenciários adequados
(BRASIL, 1992).
 Também determina o Pacto, que deve ser estabelecido limite de idade, de
proibição de utilização de mão de obra infantil e a punição para os casos de
emprego desse tipo de mão de obra.
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

 No artigo 11 o Pacto reconhece o direito “de toda pessoa a um nível de vida


adequando para si próprio e sua família, inclusive à alimentação, vestimenta
e moradia adequadas, assim como a uma melhoria contínua de suas condições
de vida” (BRASIL, 1992).
 Ao mesmo tempo, determina que os Estados signatários tomarão as medidas
apropriadas para assegurar a efetividade desse direito, ou seja, os Estados não
têm prazo fixado para isso, mas deverão agir no sentido de viabilizar esse direito
a todos com brevidade de tempo.
 O Pacto trata, ainda, da proteção à saúde, de acesso
à educação, de participação na vida cultural do país
e de acesso aos processos científicos e suas aplicações.
A garantia efetiva dos Direitos Sociais

 Os direitos sociais previstos na Legislação brasileira contemplam todo o rol de


direitos que deverão ser garantidos ao cidadão brasileiro, de forma que haja
efetivamente a concretude da dignidade da pessoa humana.
 Porém, nesses quase 30 anos de vigência da Constituição Federal, ainda não
temos esses direitos concretizados para uma boa parte da população, que não tem
acesso à saúde, educação, assistência social, cultura, esportes, entre outros
elementos essenciais para a boa qualidade de vida.
 Assim, ainda não se pode garantir esse mínimo a todos os cidadãos e muitos ainda
padecem de falta de meios básicos para que sua dignidade seja respeitada.
Interatividade

Qual das alternativas corresponde às prestações positivas proporcionadas pelo


Estado, direta ou indiretamente, e que se ligam ao direito de igualdade?
a) Direito Econômico.
b) Direito Social.
c) Direito do Consumidor.
d) Direito de Liberdade.
e) Direito de Participação.
Resposta

Qual das alternativas corresponde às prestações positivas proporcionadas pelo


Estado, direta ou indiretamente, e que se ligam ao direito de igualdade?
a) Direito Econômico.
b) Direito Social.
c) Direito do Consumidor.
d) Direito de Liberdade.
e) Direito de Participação.
 Os Direitos Sociais são prestações positivas
proporcionadas pelo Estado, direta ou indiretamente,
enunciadas em normas constitucionais e que tendem
a realizar a igualização de situações sociais desiguais.
As gerações ou dimensões dos Direitos

 Primeira Geração – são as garantias individuais e os direitos políticos clássicos


(liberdades públicas).
 Segunda Geração – são os direitos econômicos, sociais e culturais, surgidos
no início do século XX com a aprovação do Pacto Social.
 São os direitos relacionados com a proteção ao trabalhador e à subsistência
de todos os seres humanos na doença, na velhice, na aposentadoria
e na assistência social.
 Terceira Geração – são os chamados direitos de
solidariedade ou fraternidade, discutidos a partir
da segunda metade do século XX, e que incluem
o direito a um meio ambiente equilibrado, à saudável
qualidade de vida, direito à paz, entre outros.
Direitos Humanos

 Direitos humanos podem ser definidos como o conjunto de direitos e garantias que
têm por objetivo fundamental o respeito à dignidade humana e a proteção desta
contra qualquer tipo de arbítrio do Estado ou de qualquer outro agente, bem como
a definição de um rol de condições essenciais para a vida plena de cada ser
humano.
 O Pacto Internacional dos Direitos Humanos estabelece as obrigações dos
governos de agirem de determinadas maneiras ou de se absterem de certos
atos a fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades
de grupos ou indivíduos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos

 A expressão direitos humanos tem origem internacional e está associada


a todas as declarações de direitos construídas ao longo da história.
 Em 1948, a ONU publicou sua Declaração Universal, com 30 artigos,
que é considerada um “código ético universal na defesa e proteção dos
direitos humanos”.
 Em 1966, a ONU fez aprovar dois Pactos Internacionais, um de Direitos Civis
e Políticos, chamado de Pacto Civil, e outro de Direitos Econômicos, Sociais
e Culturais, chamado de Pacto Social.
 Assim, todos os países membros da ONU passaram
a acrescentar às suas legislações a obrigatoriedade
de cumprir integralmente todos os dispositivos neles
contidos.
Características fundamentais dos Direitos Humanos

 Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade


e o valor de cada pessoa.
 Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados
de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas.
 Os direitos humanos são inalienáveis e ninguém pode ser privado de seus direitos
humanos. Porém, eles podem ser limitados em situações específicas.
 Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes,
já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não.
 Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos
como de igual importância.
Características fundamentais dos Direitos Humanos

 Os direitos fundamentais são históricos, inalienáveis, imprescritíveis


e irrenunciáveis.
 Históricos: são criados em um contexto histórico.
 Inalienáveis: não podem ser negociados nem vendidos.
 Imprescritíveis: não perdem a validade, você pode reivindicá-los a qualquer tempo.
 Irrenunciáveis: não podemos renunciá-los de forma alguma.
Direitos Humanos na CF/88

 Igualdade, cidadania, pluralismo, dignidade da pessoa humana.


 Construir uma sociedade mais livre, justa e solidária.
 Garantir o desenvolvimento nacional.
 Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais.
 Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Direitos fundamentais e garantias fundamentais

Direitos fundamentais
 Possuem natureza declaratória, cujo objetivo consiste em reconhecer, no plano
jurídico, a existência de uma prerrogativa fundamental do cidadão.

Garantias fundamentais
 Possuem conteúdo assecuratório, cujo propósito consiste em fornecer mecanismos
ou instrumentos, para a proteção, reparação ou reingresso em eventual Direito
Fundamental violado.
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM)

 A CDHM foi criada em 1995, na esteira do processo de redemocratização


do país, iniciado em 1985, quando as instituições passaram a ser mais permeáveis
e sensíveis aos direitos humanos.
 É uma das 21 comissões permanentes da Câmara dos Deputados, onde atua
como órgão técnico, constituído por 18 deputados membros e igual número de
suplentes, apoiada por um grupo de assessores e servidores administrativos.
 O principal objetivo da CDH é contribuir para a afirmação dos direitos humanos.
 Parte do princípio de que toda a pessoa humana possui
direitos básicos e inalienáveis, que devem ser protegidos
pelos Estados e por toda a comunidade internacional.
A educação em direitos humanos

 A educação em direitos humanos é uma parte integral do direito à educação e está


ganhando cada vez mais reconhecimento como um direito humano em si.
 O conhecimento sobre os direitos e liberdades é considerado uma ferramenta
fundamental para garantir respeito pelos direitos de todos.
 A educação deve envolver valores como paz, não discriminação, igualdade, justiça,
não violência, tolerância e respeito pela dignidade humana.
 A educação de qualidade, baseada na abordagem dos direitos humanos, significa
que os direitos são implementados ao longo de todo o sistema de ensino e em
todos os ambientes educacionais.
Democracia e Direitos Humanos

 A liberdade, o respeito pelos direitos humanos e o princípio da organização


de eleições honestas e periódicas são valores que constituem elementos
essenciais da democracia.
 A ligação entre democracia e direitos humanos é claramente definida
no artigo 21º (3) da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
 “A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve
exprimir-se através de eleições honestas, a realizar periodicamente por sufrágio
universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que
salvaguarde a liberdade de voto”.
Interatividade

Qual das alternativas corresponde aos chamados direitos de solidariedade


ou fraternidade, discutidos a partir da segunda metade do século XX?
a) Direitos de Primeira Geração.
b) Direitos de Segunda Geração.
c) Direitos de Terceira Geração.
d) Direitos de Quarta Geração.
e) Direitos de Quinta Geração.
Resposta

Qual das alternativas corresponde aos chamados direitos de solidariedade


ou fraternidade, discutidos a partir da segunda metade do século XX?
a) Direitos de Primeira Geração.
b) Direitos de Segunda Geração.
c) Direitos de Terceira Geração.
d) Direitos de Quarta Geração.
e) Direitos de Quinta Geração.
 Terceira Geração: são os chamados direitos de
solidariedade ou fraternidade, discutidos a partir da
segunda metade do século XX e que incluem o direito
a um meio ambiente equilibrado, à saudável qualidade
de vida, direito à paz, entre outros.
ATÉ A PRÓXIMA!

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