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Contratualismo

"O contratualismo é uma teoria política e filosófica baseada na ideia de que existe uma espécie de pacto ou contrato
social que retira o ser humano de seu estado de natureza e coloca-o em convivência com outros seres humanos em
sociedade. Foram filósofos contratualistas os ingleses Thomas Hobbes e John Locke, e o suíço Jean-Jacques
Rousseau."

"Tópicos deste artigo

1 - Contratualismo e jusnaturalismo

2 - Quem criou o contratualismo?

3 - Pensadores contratualistas

Thomas Hobbes

John Locke

Jean-Jacques Rousseau

4 - Hegel e a crítica ao contratualismo

Contratualismo e jusnaturalismo

A ideia de um contrato social parte do princípio de que a sociedade é estabelecida em comum acordo para que um
certo fim seja alcançado. O contrato social é o momento em que o ser humano deixa de viver como um ser natural e
passa a viver como um ser que se destaca da natureza, criando suas próprias leis, sua moral, os costumes e um
conjunto de instituições para que a convivência seja mais harmônica.

Segundo os filósofos contratualistas, há um período da humanidade, que é o período pré-social, em que o ser
humano encontra-se em seu estado de natureza. O estado de natureza é o período em que a sociedade ainda não se
formou, quando não há uma lei civil e, portanto, uma civilização para amparar o convívio social. Esse estado é regido
por uma lei de natureza que coloca os seres humanos em plena igualdade de direitos. Chamamos esse conjunto de
direitos naturais e a teoria do estado de natureza de jusnaturalismo.

O grande problema do estado de natureza é que a igualdade de direitos gera conflitos, e, para que a convivência seja
mais pacífica entre as pessoas, é necessário instituir um conjunto de leis civis que solucione todos os possíveis
conflitos que podem surgir nela. O estado formado após o estado natural é chamado de sociedade civil ou estado
civil."

"Quem criou o contratualismo?

A convivência dos seres humanos em um estado civil acompanha a humanidade desde o desenvolvimento das mais
antigas civilizações. Não é possível determinar quando, exatamente, o ser humano deixou de viver em seu estado de
natureza e assumiu para si um pacto civil.
Os filósofos contratualistas tratam o estado de natureza, inclusive, como um momento hipotético e didaticamente
desenvolvido para explicar o surgimento da sociedade. A teoria contratualista, por sua vez, foi pela primeira vez
descrita na Inglaterra, no século XVII, pelo filósofo e teórico político Thomas Hobbes."

"Pensadores contratualistas

Temos como os principais contratualistas modernos os filósofos Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques
Rousseau. Cada pensador apresenta sua ideia de contrato social, apontando diferentes concepções de estado de
natureza e diferentes motivos para que a humanidade aderisse ao pacto social.

Thomas Hobbes

O filósofo e teórico político inglês era um monarquista convicto. Em defesa à monarquia em um período de crise
política na Inglaterra, ele publicou o seu mais conhecido livro: Leviatã, ou Matéria, forma e poder em um Estado
eclesiástico e civil. A palavra leviatã designa uma criatura marinha do imaginário antigo (descrita inclusive em
passagens do Antigo Testamento) que seria um monstro gigantesco protetor dos peixes e animais marinhos
menores. Isso tem a ver com o modo como Hobbes concebia a sociedade e o Estado: um monstro violento e
gigantesco que existia para proteger os cidadãos.

A concepção de Estado, para Hobbes, é pautada na ideia de que deve haver uma forte concentração de poder
estatal a fim de tornar o convívio suportável. Isso seria necessário porque o ser humano em seus estado de natureza
era, segundo Hobbes, violento e cruel, sendo o ser humano natural uma espécie de lobo do próprio homem.

Os impulsos de violência do ser humano em seu estado natural levavam-no à convivência difícil regida pelo medo,
pela desconfiança e pelo caos. O Estado seria a criação necessária para controlar esse modo de vida caótico por meio
da força e da concentração da violência.

Uma curiosidade sobre o livro Leviatã é que ele foi escrito e publicado em inglês, ao contrário das obras de
intelectuais da época, que eram publicadas em latim. A intenção de Hobbes, ao publicar o seu escrito em defesa do
Estado monárquico em uma língua de maior acesso à população da Inglaterra, era conseguir um maior alcance, para
que mais pessoas pudessem ler e, consequentemente, aceitar a monarquia que se encontrava em crise no século
XVII. Para saber mais sobre esse filósofo contratualista de origem inglesa, acesse: Thomas Hobbes.

John Locke

John Locke, o filósofo contratualista defensor da propriedade privada.

O filósofo e teórico político inglês John Locke, ao contrário de Hobbes, era contra a monarquia. Locke foi um
defensor do parlamentarismo, forma de governo adotada na Inglaterra no fim do século XVII, e também é
considerado o “pai” do liberalismo político e um dos “ancestrais” do liberalismo econômico.
O estado de natureza, segundo Locke, era um período de plena igualdade entre todas as pessoas. Todos eram
regidos pela lei natural, que garantia a posse sobre qualquer bem natural, inclusive sobre o mesmo bem, sem
restrições. Essa lei natural de igualdade irrestrita gerava, segundo o pensador, problemas quando as pessoas
queriam a mesma posse. A saída defendida por ele foi a instituição de um estado civil, com leis e normas sociais que
regulamentariam a posse e impediriam os conflitos.

A sociedade civil e o pacto social seriam, portanto, necessários para regulamentar a posse de bens, e o Estado era
uma instituição que deveria obedecer a certos limites, principalmente quando se trata da propriedade. Para Locke, o
Estado não deveria ter extrema força, como pensou Hobbes, e deveria agir em conformidade com os limites do
direito à propriedade. Para aprofundar-se nas ideias desse filósofo, acesse: John Locke.

Jean-Jacques Rousseau

O pensador suíço é uma espécie de contratualista crítico do contratualismo. Para Rousseau, era no estado de
natureza que o ser humano encontrava-se plenamente livre de qualquer amarra institucional que o privaria de sua
liberdade natural. O ser humano era amoral em seu estado de natureza. Desconhecendo a moral, ele desconheceria
também a maldade. A maldade somente passou a ser praticada intencionalmente quando o ser humano descobriu
de vez o que era certo e o que era errado, ou o que era o bem e o mal.

Rousseau, o contratualista crítico do contratualismo.

Para Rousseau, o Estado civil havia sido criado de maneira ilegítima, de modo que a sociedade civil baseada na
propriedade privada era um meio de corrupção do ser humano. O pensador suíço defendia uma reformulação da
sociedade, a fim de que a vontade geral fosse atendida em um governo que realmente quisesse estabelecer o bem
social e não simplesmente atender aos privilégios de uma classe dominante. A fim de conhecer mais sobre suas
ideias, acesse: Rousseau e o contrato social.

Hegel e a crítica ao contratualismo

O filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel era extremamente contrário à teoria contratualista. Para ele, o que
o contratualismo entendia como vontade geral era um mero elemento contratual, acordado entre os cidadãos.
Como Hegel baseia-se em uma concepção idealista, o que ele entendia por vontade geral era um conceito puro que
deveria ser mantido como existente em uma instância racional, acima de qualquer elemento de acordo ou contrato.
Nesse sentido, a vontade geral percebida pelos contratualistas não era a vontade geral em si, mas apenas um
elemento que teria surgido baseado em um acordo."

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