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Contratualismo

Introdução

Contratualismo é uma teoria política e filosófica baseada na ideia de que existe uma espécie
de pacto ou contrato social que retira o ser humano de seu estado de natureza e coloca-o em
convivência com outros seres humanos em sociedade. Foram filósofos contratualistas os
ingleses Thomas Hobbes e John Locke, e o suíço Jean-Jacques Rousseau.
A convivência dos seres humanos em um estado civil acompanha a humanidade desde o
desenvolvimento das mais antigas civilizações. Não é possível determinar quando,
exatamente, o ser humano deixou de viver em seu estado de natureza e assumiu para si um
pacto civil.
Os filósofos contratualistas tratam o estado de natureza, inclusive, como um momento
hipotético e didaticamente desenvolvido para explicar o surgimento da sociedade.

Thomas Hobbes

A teoria contratualista, por sua vez, foi pela primeira vez descrita na Inglaterra, no século
XVII, pelo filósofo e teórico político Thomas Hobbes.
Com Hobbes podemos perceber que a insegurança constante e a guerra física iminente são
dois dos principais motivos que levaram os homens a constituir o Estado. Hobbes chama o
"Estado" de Leviatã, um dos nomes que o diabo recebe na Bíblia, com o propósito de reforçar
que é a natureza perversa do homem que o faz buscar a união com outros homens.
Por não ser possível encontrar empiricamente uma formação social que caracterize o “estado
de natureza” descrito, sobretudo, no cap. XIII do Leviatã, Hobbes usa a condição de guerra
eminente como exemplo. Na “guerra de todos contra todos”, as pessoas não possuem
qualquer perspectiva sólida para seu futuro e encontram-se sem as mínimas garantias de que
não serão despojadas a qualquer momento de seus bens ou direitos, incluindo sua própria
vida.
Devido ao facto de não existir quem dê-lhes tal garantia. A única garantia que possuímos em
tal condição é a nossa capacidade de protegermo-nos e de inventar. Apelar para algum
critério de justiça universal seria inócuo, uma vez que Hobbes afirma que a justiça e a
injustiça não fazem parte do corpo ou do espírito. Se assim fosse, poderiam existir num
homem que estivesse sozinho no mundo, do mesmo modo que seus sentidos e paixões. São
qualidades que pertencem aos homens em sociedade, não na solidão.
Tudo isto deve-se ao facto de que Hobbes entende a vida do homem como sendo solitária,
pobre, sórdida, embrutecida e curta:
 Solitária por ser o homem incapaz de desenvolver vínculos duradouros e harmônicos com
seus semelhantes;

 Pobre, pois o fato de viver apenas com o que é capaz de proteger lhe tolhe qualquer
possibilidade de obter grandes posses de terras ou outras conquistas materiais;

 Sórdida por ser o homem um ser exclusivamente voltado para a satisfação de suas paixões
e movido por um perpétuo e irrequieto desejo de poder e mais poder;

 Embrutecida, porque é inviável, nesta situação, desenvolver grande poder instrumental,


restando-lhe apenas seu poder original;

 Curta por ser uma existência baseada tão-somente na luta pela sobrevivência num meio
que lhe é totalmente ofensivo e ameaçador, onde a morte é algo iminente.

John Locke

Locke mostra-nos que as idéias inatas são oriundas dos sentidos, ou seja, não são inatas.O
homem é uma tabula rasa, um quadro vazio, que é preenchido ao longo de sua vida. Como é a
partir do corpo que o homem sente, então o homem adquire uma noção de propriedade, pois o
homem é dono do próprio corpo.
Da mesma forma, é dono dos bens que produz, ou seja, daquilo que produz com seu próprio
corpo enquanto instrumento de sua liberdade. Se o homem pode produzir o que precisa,
então, não há razão para contendas com outros homens. Logo, a natureza humana é pacífica.
Contudo, eventualmente surgem conflitos. Nessa situação, vence o mais forte, não o mais
justo, por isso o homem forma a sociedade por meio de um contrato, para que a justiça tenha
mais força do que a injustiça.
O Estado é assim formado para regular conflitos, equilibrar s forças e proteger os bens de
cada um. O Estado deve proteger a vida, a liberdade e a propriedade. Para proteger a
liberdade, é preciso preservar a lei da maioria, ou seja, o governo deve estar a cargo do poder
legislativo, a Monarquia não deve ser absoluta (pois tenderia a tirania) mas deve ser
parlamentar, de foma a dividir e equilibrar os poderes. Para proteger os bens, o Estado deve
proteger os ricos e os ricos por sua vez devem ser generosos com os pobres. Para que desta
forma seja uma espécie de contra-partida ética para compensar o privilégio político.

Jean-Jacques Rousseau
Jean-Jacques Rousseau diferenciou-se dos demais contratualistas, quando avaliou o
fenômeno do contrato social, que, para ele, reclamava um necessário contexto de inserção do
ser humano na comunidade. De acordo com o suíço, o instituidor do estado civil foi o
primeiro indivíduo que declarou-se proprietário de uma determinada porção de terra,
nominada propriedade, não sendo confrontado pelos demais.
Para Rousseau, o homem diferencia-se dos animais, ou seja, não é um animal selvagem, antes
o homem estaria em um estado selvagem, mas teria mais liberdade que os animais, pois tem a
capacidade de alterar seu estado para melhor. Mas observa que o mal nasce quando o homem
decide tomar para si uma propriedade, pois daí, nascem as desigualdades e a necessidade das
garantias de posses. Neste sentido, para Rousseau, o homem nasceu bom e feliz, mas a
sociedade deprava-o e torna-o miserável.

Assim sendo, surgiu a necessidade do estabelecimento do pacto, e Rousseau propõe que


todos os homens façam um contrato social. Este pacto vem em defesa da liberdade, pois em
seu contexto histórico na França, isto pouco se tinha por conta da aristocracia.

No pacto, Rousseau propõe o restabelecimento da liberdade que foi perdida, e o aspecto


principal é restringir o poder do governante, e dar ao povo a autoridade do estado civil, e este
poder do povo é indivisível.

Rousseau também desenvolve um raciocínio que condiciona as ações humanas ao que foi
determinado pelas paixões. Porém, para Rousseau não existem paixões inatas, elas são aquilo
que permitem a razão aperfeiçoar-se.
Rousseau afirma que a ordem social é um direito sagrado que serve de base a todos os
demais, mas que esse direito não provém da natureza, encontrando seu fundamento em
convenções. Assim, portanto, é a vontade e não a natureza humana fundamento da sociedade.

Conclusão

Conforme exposto acima, podemos concluir que existem alguns pontos comuns entre todos
os autores. Todos eles procuram demonstrar como seria o estado de natureza de um indivíduo
pré-sociedade, assim como quais seriam os motivos que os levaram a pactuar um conjunto de
regras para a formação de um Estado, que a partir das dadas perspectivas de cada autor teria
um motivo e uma forma de intervenção diferente na vida do indivíduo.
Trabalho elaborado por Rute António Manuel Salgado

BIBLIOGRAFIA:

 THOMAS HOBBES. Leviatã


 JOHN LOCKE. Dois Tratados Sobre o Governo
 JEAN JACQUES ROUSSEAU. O Contrato Social

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