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HOBBES E O ESTADO ABSOLUTO

"Sejamos o lobo do lobo do homem"


(Caetano Veloso)
"Durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em
respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma guerra que é de todos os
homens contra todos os homens".
(Hobbes)
"E os pactos sem a espada não passam de palavras, sem força para dar qualquer segurança a
ninguém. Portanto, apesar das leis da natureza (que cada um respeita quando tem vontade de
respeitá-la e quando pode fazê-lo com segurança), senão instituído um poder suficientemente grande
para nossa segurança, cada um confiara, e poderá legitimamente confiar, penas em sua própria força
e capacidade, com proteção contra todos os outros".
(Hobbes)

BREVE INTRODUÇÃO TEMÁTICA


Thomas Hobbes (1588 a 1679), de família pobre, conviveu com os nobres ingleses, de quem recebeu
o apoio e condições para estudar, e defendeu com bravura o poder absoluto, que estava ameaçado
por novas formas liberais.
Preocupou-se, entre outras coisas, com os problemas do conhecimento, principal tema debatido no
século XVII. Escritor nato escreveu sobre política: as obras de Cive e Leviatã.
No século XVII o absolutismo, atingiu o apogeu, entre vários movimentos contra, baseados em idéias
liberais. Na primeira fase o absolutismo favoreceu a economia mercantilista, pois as indústrias que
surgiam eram protegidas pelo governo, já na segunda fase desenvolveu-se o capitalismo comercial
repelindo a intervenção do Estado, pois a economia burguesa crescente agora é quase livre. Neste
período a vida política é agitada por movimentos revolucionários: na França, terminada a Guerra dos
Trinta Anos, (1618 a 1648), na Inglaterra, estoura a Fronda Cromwell, comandando a revolução
Puritana, destrona e executa o rei Carlos I (1649).

O ESTADO DE NATUREZA E CONTRATO


Os filósofos do século XVII estão extremamente preocupados em justificar os poderes do Estado sem
recorrer a intervenção divina ou qualquer explicação religiosa. Daí a preocupação com a origem do
Estado. Ressaltando de que não se trata de uma visão histórica, de modo ingênuo tirar a conclusão de
que a "origem" do Estado está referida a preocupações com o seu começo. Este termo deve ter e ser
entendido com sentido lógico, e não cronológico como sua razão de ser. O principal ponto não é a
história, mas sim a ordem social e política, a base legítima do Estado. Como será examinado em
seguida sobre o que é o liberalismo e, as teorias de contrato representam uma legitimidade do poder
que os novos pensadores políticos esperam encontrar na representatividade do poder e no consenso,
teorias já existente em Hobbes, embora a partir de propostas diferentes dos liberais.
O ponto como existente entre os filósofos contratualistas é de que os mesmos partem de uma análise
dos homens em Estado de natureza, ou seja, antes de estar em sociedade, desfruta de todas as
coisas, realiza os seus desejos e é dono de um poder ilimitado. Onde no Estado de natureza, o ser
humano tem direito a tudo: "jus naturale", liberdade que cada homem possui de seus poderes, como
bem entender, para preservar sua própria natureza, isto é, de sua vida. A situação dos homens
deixados a si próprios é de desordem, geradora de insegurança. Os interesses dos homens sobre os
outros homens os tornam lobos de si mesmos para com os outros (homo homini lupus). As disputas
de uns contra os outros geram as guerras que levam prejuízos na indústria, na agricultura, na
navegação, ciências e para o próprio conforto para com os homens. Na visão de Hobbes o homem
reconhece da necessidade de que "renunciar aos seus próprios direitos, entre outras coisas,
contentando-se com na liberdade que os outros homens têm sobre si mesmo". A nova "ordem" de
vivência gira em torno de contrato, pelo qual os homens admitem que um grupo de homens tome
decisões sobre outros grupos humanos. Assim o homem não sendo um ser social por natureza será
por artifícios.

O ESTADO ABSOLUTO
Para Thomas Hobbes o poder dos soberanos deve ser absoluto, ilimitado. Assim a transmissão desses
poderes deve ser absoluto caso não, pode se instalar conflitos que podem gerar uma guerra. Também
o soberano não pode ser o dono único dos poderes, pois assim o povo (súditos) não caberá decidir se
o mesmo é justo ou injusto, pois se torna contraditório dizer que o governo é justo ou injusto, se
abusa ou não dos poderes a ele concebidos. Neste ponto fica desfeito o mal-entendido comum pelo
qual Hobbes é identificado como um defensor do absolutismo real. Na verdade o Estado pode ser
monárquico, quando é formado por apenas um governante, como pode ser formado por alguns ou
muitos, um dos exemplos mais comuns pode ser uma assembléia. O Estado não pode ser contrário: é
absoluto. Para Hobbes o poder de soberano não deve ser partilhado, o que o faz chegar a essa
conclusão é que a partindo da constatação de disputa gerada entre parlamento e o rei inglês teria
levado a guerra civil.
Cabendo ao soberano efetuar o seu julgamento sobre o bem e o mal, justo e o injusto, nenhuma
pessoa pode discordar, pois tudo o que é soberano faz é de autoridade dada a ele através do povo.
Hobbes se utiliza da figura bíblica do Leviatã, um animal de proporções monstruosas e de tamanha
crueldade, mas defensor dos peixes menores que poderiam ser engolidos pelos peixes maiores,
segundo ele é essa figura que representa o Estado. A fim de defender sua própria vida o homem
abdica de sua liberdade dando poderes para o Estado absoluto. Assim o Estado deve proteger tudo o
que ao homem pertence, garantindo o sistema de propriedade individual, pois para Hobbes a
propriedade privada não existia no Estado e de natureza onde todos têm direitos a "tudo" mas na
verdade "ninguém" tem direito a nada.
O Estado se exerce pela força, pois somente o castigo pode dar certo temor ao homem. "Os pactos
sem as espadas não são mais que palavras". Após ter todos os poderes o soberano não pode ser
retirado do poder ou morto, tem os poderes de escolher seus conselheiros, reformular as leis, julgar,
fazer guerra e promover a paz, recompensar e punir. Mas o próprio Hobbes pergunta se não é muito
miserável a condição do povo (súditos) perante a tanta condições conclui-se que nada é comparável à
condição dissoluta de homens sem seus melhores ou as misérias decorrentes de guerras civis no
contexto mundial.

UMA INTERPRETAÇÃO
No pensamento hobbesiano Nota-se alguns elementos que demonstram os interesses da burguesia.
Um bom exemplo perante essa afirmação é a do direito natural do homem como arma apropriada
para ser utilizado contra os direitos da classe dominante, certamente, a nobreza. O Estado surge como
um contrato devido uma visão individualista do homem, para com o homem, pois de acordo com essa
visão, o indivíduo preexiste ao Estado, sendo que o pacto visa garantir os interesses dos indivíduos.
Se no Estado natureza "não há propriedade, sem domínio nem distinção entre o meu e o teu". Já no
Estado soberano perfeita é a liberdade dos súditos naquelas coisas que o soberano permitiu,
"liberdade de contrato ou vender". Portanto o Estado se reduz a garantia do conjunto dos interesses
particulares.
Segundo o professor Macpherson, a quantidade possessiva do individualismo do século XVII, "se
encontra na sua concepção de indivíduo como sendo essencialmente ou proprietário de sua própria
pessoa e de sua própria capacidade, nada devendo à sociedade por elas". À sociedade tornou-se um
conjunto de indivíduos iguais e livres, relacionados entre si como proprietários de suas capacidades e
mediante a o que adquirem através das práticas das suas capacidades. Assim a sociedade política
tornou-se um sistema para proteger essas práticas sociais e para dar uma certa manutenção para
com esta sociedade relacionada às trocas.

ABSOLUTISMO SEM TEOLOGIA


Para Thomas Hobbes um pacto social sendo de natureza artificial não é suficiente para assegurar a
paz. Para ele isso não seria correto devido à existência de pessoas querendo saber mais que as outras
assim essas poderiam acabar realizando guerras civis para tomar os poderes somente para elas. Esse
sistema poderia ser contornado através de que todas as pessoas confiarem os poderes nas mãos de
um só homem, o qual seria o representante de todos, ou através de uma assembléia. Thomas Hobbes
não apresenta contradições entre modos de exercer o poder, pois para ele se exercido despoticamente
estaria de maneira geral sendo bem exercido. Para Hobbes os pactos devem ser confirmados no
"papel" pois para ele "os pactos sem a espada não passam de palavras". O mesmo sistema que detêm
a legislação suprema e o direito de se fazer guerra ou promover a paz.
Para os historiadores exporem outras idéias sobre as de Hobbes confrontam-nas com as de Rousseau
(1712 a 1778), para o qual o homem é naturalmente bom, livre e igual perante aos outros homens.
Para Rousseau as assembléias, seriam manifestadas por uma vontade geral, uma maioria absoluta,
sabendo-se que o número não crie essa vontade ele apenas indica onde ela se encontra. Essa maneira
de pensar é de totalidade contrária à de Hobbes, o qual distingue as assembléias "soberanas" das
assembléias chamadas "sistemas sujeitos", acabar com uma assembléia soberana é ilegítimo, mas
podem ocorrer, para ele todos são suspeitos, Hobbes teme a ignorância de seus membros, tanto no
que está referido aos assuntos internos quanto no que se diz respeito aos externos, os quais devem
permanecer em sigilo. Teme o que hoje chamamos de demagogia. "E a loucura do vulgo e a
elogüênecia que concorrem para a subversão dos Estados", diz Hobbes, pois prefere um rei
assessorado por conselhos secretos em vez de com homens escolhidos.
No campo religioso Hobbes bate em cima da tecla dos mandamentos, pois para ele o mandamento,
"não roubaras" não tem sentido, se antes não se definisse a natureza da propriedade, Assim ocorre
com todos os outros mandamentos. Então o pecado, o justo, ou injusto, só tem sentido à medida que
precedem sua existência das leis civis. Para o autor de Leviatã os mandamentos não são lei, mas
chamados à fé, então nos evangelhos não haveria regra alguma que poderia nos fazer distinguir entre
o "teu e o meu", Também reforçando que os mesmos não estabelecem regras do intercâmbio
comercial, em resumo fica a cargo somente do soberano o entendimento do certo, do errado, justo ou
injusto. O Leviatã expressa com maior precisão a atitude crítica de Hobbes diante do papel da igreja.

LEVIATÃ
Para Thomas Hobbes tudo aquilo que é válido em tempos de guerra onde cada homem está por si
mesmo é válido para dias comuns sem conflitos. Nestas circunstâncias não há lugar para a indústria
devida suas mercadorias serem de mercado incerto, como uma bola de neve vem como conseqüência,
não há cultivo de terras, nem navegação, mercadorias que podem ser importadas pelo mar. Entre
essas e outras conseqüência é que vem acumulando tornam a vida do homem mais curta.
Outra condição é que não a propriedade, nem bens, ou distinção entre o meu e o teu, somente fica a
pertencer a cada homem aquilo que ele conseguir e também se for capaz de conservar o que tem.
Mas o homem pode escapar disso, paixões tendem a paz e não o medo da morte, os desejos para dar
a si uma vida confortável e sua esperança de adquirir através do trabalho. A razão sugere adequadas
normas de paz que o homem pode chegar a acordos. Normas que por outro lado são chamadas de leis
da natureza. Segundo Hobbes o acordo existente entre a (abelha e a formiga) é de ordem natural, e
inversamente aos dos homens, pois os mesmos têm seus pactos artificiais. Todos os homens,
asseguram-se bem a confiança de que o poder investido em uma única pessoa, o qual, soberano nas
decisões. Tudo o que diz respeito à paz segurança comum cabe ao soberano manter ou promover.
Assim todos estão submetidos à vontade do soberano, todas as decisões por ele tomadas são aceitas
por todos, todos os poderes que o soberano tem num Estado precedem, confirmados pelo voto
efetuados pelas pessoas que ali residem. Pode-se concluir que aquele que se chama soberano que se
diz possuidor dos poderes. Assim então todos os abaixo dele são súditos.
Considerando-se que os soberanos são os detentores dos poderes os mesmos não devem cometer
nenhum vacilo, como abuso de autoridade a ele concedida, cabe então os mesmos serem de natureza
pura sem serem cobaias de um sistema em prol de benefícios para como poucos. Ser democrata pode
ser a palavra-chave, ficando no ar a pergunta que a todos assolam: "será que democracia é sinônimo
de justo?". Ao promover a paz e ter conseguido este efeito, criou-se um homem "artificial" o qual
chamamos de Estado, e assim criou cadeias, denominada as "leis civis". Este sistema denominado
Estado fica numa posição a qual não se sabe se o mesmo se desfaz ou se fortalece vive em uma
balança se equilibrando. Para os súditos as leis que o Estado estipula não devem ser de maneira
nenhuma ultrapassadas. Dentro desse círculo que nos rodeia temos nossas liberdades de fazer o que
nossa consciência e razão subjugar ser correto. Portanto a soberania do povo por seu representante
no governo os faz subentender que, todos querem viver sob um poder controlador, que por um lado
se torna bom para alguns e mal para outros. Mas ficando claro que não pode se dizer que o Estado por
ter plenos poderes não deve abusar dos mesmos.
(Hobbes, Leviatã, col. Os pensadores, p. 80, 81, 109, 111, 113 e 134 a 135)

O QUE É O LIBERALISMO
"Nós temos por testemunho as seguintes verdades: todos os homens são iguais, foram aquinhoados
pelo seu criador com certos direitos inalienáveis e entre esses direitos se encontram o da vida, da
liberdade e da busca da felicidade. Os governos são estabelecidos pelos homens para garantir esses
direitos, e seu justo poder emana do consentimento dos governados. Todas as vezes que uma forma
de governo torna-se destrutiva de seus objetivos, o povo tem o direito de ir mudá-lo ou de abolir, e
estabelecer um novo governo, fundando-o sobre os princípios e sobre a forma que lhe pareçam a mais
própria para garantir-lhe a segurança e a felicidade".
(Trecho da declaração da independência dos Estados Unidos, de 1776, reflexo na América dos ideais
liberais iniciados pela revolução gloriosa em 1688, na Inglaterra)

A HISTÓRIA
No século XVII, enquanto o absolutismo perpetuado na França, a Inglaterra estava no meio da
revolução burguesa, com o objetivo da limitação autoral dos reis. Em primeiro com a revolução
Puritana, sendo que a eliminação absolutista se dá mesmo N Revolução Gloriosa, em 1688, na qual
Guilherme III é proclamado rei, e isso somente depois de ter aceitado que teria limitações nos seus
poderes, dando maior parte destes para o parlamento, ficando os poderes executivos subordinados ao
legislativo. Também entre as conquistas burguesas está a exigência de o rei fazer convocações
regulares do parlamento, pois sem o mesmo não poderia fazer leis ou revoga-las, muito menos
efetuar a cobrança de impostos e manter exércitos. Neste período entrou em vigor o habeas corpus a
fim de evitar as prisões arbitrárias, a partir deste momento nenhum cidadão poderia ficar preso se
não fosse acusado perante os tribunais, a não ser por denúncia fundamentada.
Essas idéias conflituosas que rodeada os séculos XVI ao XVIII na América denominada "Novo mundo",
os processos de emancipação das colônias que estavam bem sucedidos, como a Independência dos
Estados Unidos. Enquanto outros sofrem tremendas violências neste período na Europa, o grande
acontecimento é a Revolução Francesa (1789), tendo como principal enfoque de suas lutas além dos
princípios de "igualdade, liberdade e fraternidade", a luta contra a nobreza e seus privilégios, depondo
à dinastia areal dos Bourbon.

AS IDÉIAS
Podemos nos perguntar, que novas idéias são essas? Em uma linguagem popular pode-se dizer:
"liberdade aos homens generosos, também no sentido de não controle dos gastos, como não
autoritarismo". Também chamamos de profissões liberais atividades exercidas por médicos, dentistas,
advogados, ou seja, quando trabalham por conta própria. Atividades que com o decorrer dos anos
passaram a ser de menores dificuldades, deixando de serem ofícios manuais. Esta expressão deriva da
antiga expressão "artes liberais".
No pensamento da burguesia a busca era pela separação dos pensamentos do Estado e da sociedade
enquanto conjunto das atividades particulares das pessoas, sobretudo as de natureza econômica. O
que se queria realmente era a separação definitiva do público e do privado, reduzindo gradativamente
a interpelação estatal. Por outro lado também essa separação deveria reduzir as interferências do
privado no público. Sobretudo o liberalismo político está constituído contra o absolutismo, buscando
formas de legitimação de poder, dentro das teorias contratualistas, fundamentados não nos direitos
divinos dos reis nem da tradição e herança, mas nos consentimento dos cidadãos. No liberalismo
econômico opor-se inicialmente a intervenção do poder do rei nos negócios, dados de procedimentos
comuns da economia mercantilista. Os primeiros a serem contra o controle da economia foram os
fisiocratas, tendo como seu lema: "laissez-faire, laissez-passer, le monde va de lui-même".
Traduzindo, "deixai fazer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo". Tais idéias são
desenvolvidas pelos economistas ingleses Adan Smith e David Ricardo.
O pretendido era a produção das propriedades privadas nos meios de produção e a economia
mercantil, baseada na livre iniciativa e competição. Mas nem sempre foi possível deixar o Estado
afastado do controle econômico.

JOHN LOCKE
Sendo os homens por natureza todos livres, e iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de
sua propriedade e submetido ao poder político de outrem sem dar consentimento. A maneira única em
virtude da qual uma pessoa qualquer renuncia a liberdade natural, se reveste dos laços da sociedade
civil consistem em concordar com outras pessoas em juntar-se e unir-se em comunidades para
viverem com segurança, conforto e paz umas com as outras, gozando garantidamente das
propriedades que tiverem e desfrutando de maior proteção contra quem quer que não faça parte dela.
(Locke)

INTRODUÇÃO AO TEXTO
John Locke (1632 a 1704), médico e dentista de uma família burguesa comerciante, filósofo inglês,
esteve refugiado na Holanda, devido ao envolvimento com pessoas acusadas de conspiração contra
Carlos II rei da época.
John tivera papel importante na discussão sobre a teoria do conhecimento moderno a partir de
Descartes. Com a obra lançada por Locke, "Dos tratados sobre o governo civil", tornou-se o teórico da
revolução liberal inglesa, cujas idéias iriam ser desenvolvidas durante o século XVIII, fundamentando-
o filosoficamente as revoluções ocorridas na Europa e nas Américas.

O ESTADO DE NATUREZA E CONTRATO


Para este análise Locke parte de uma concepção individualista onde os homens isolados em um Estado
natural de natureza se uniram através de contrato social para constituir uma sociedade civil. Assim
conclui-se que somente os pactos tornam verídicos os poderes estatais. Esta análise individual feita
por Locke parte do mesmo princípio que Hobbes e Rousseau. Diferente de Hobbes, não vê o Estado de
natureza, uma situação de guerra e egoísmo, o que faz a todos pensar o porquê os homens
abandonariam essa situação mandando os poderes para outros, pois para Locke, cada um homem é
juiz de suas causas, assim os riscos relacionados com as paixões e da parcialidade são de proporções
grandes podendo desestabilizar as relações entre a humanidade.
O ponto principal das avaliações de Locke é de que não é por causa destes consentimentos que iria
desaparecer, mas substituir para limitar os poderes do soberano. O poder é um depósito aos
governantes, tratando de uma relação de confiança, caso este não for confiável cabem aos outros
governantes designar o cargo de confiança a outra pessoa.

SOCIEDADE CIVIL: A INSTITUSINALIZAÇÃO DO PODER


Para Locke sociedade civil e política são conceitos que não estão separados, têm uma representação
de aspecto progressista. Os poderes estão fundamentado nas instituições políticas, e não nas
conceituações das pessoas. O Grande exemplo conhecido ocorrerá na idade média, onde as heranças
eram transmitidas, tanto a propriedade como o poder político: o herdeiro do rei, do conde, do
marquês, além das heranças recebidas dos poderes sobre os homens, que viviam nas terras herdadas.
Locke faz distinção entre o público e o privado os quais devem ser determinados pelas condições do
nascimento, bem como no Estado não deve interferir, mas sim garantir a tutela do livre exercício à
propriedade, da palavra e da iniciativa econômica. Para Locke o poder legislativo é o poder supremo,
ao qual deve se subordinar tanto o executivo quanto o federativo, o qual é encarregado pelas relações
exteriores. Neste momento a teoria de autonomia dos três poderes não havia sido desenvolvida, a
qual ocorrerá somente com Montesquieu.

O CONCEITO DE PROPRIEDADE
Para Locke propriedade é: "tudo o que pertence" a cada homem, ou seja, sua vida, sua liberdade e
seus bens. Tanto Hobbes como Locke tem uma característica chamada de "individualismo possessivo",
pelo qual, "a essência humana é o ser livre da dependência das vontades alheias, e a liberdade que
existe como um exercício de posse". Assim podemos dizer que todo o homem é proprietária de seu
corpo.
Isso significa para Locke que: todos somos proprietários, mesmo aqueles seres humanos que não
possui nenhum bem, é proprietário de sua vida, de seu corpo, de seu trabalho. Ao referir-se a todo
cidadão, dando aos mesmos igualdade de serem proprietários, a este discurso contém uma diferença
não resolvível, ora identifica a propriedade, a vida, liberdade e posses, ora a bens e fortunas. Neste
ponto tira-se a conclusão de que, se todos tendo bens ou não, são considerados membros da
sociedade civil, apenas os que têm fortuna podem ter plena cidadania, por duas razões: "apenas esses
(os de fortuna), tem pleno interesse na preservação da propriedade, e apenas esses são
integralmente capazes de vida racional aquele compromisso voluntário para com a lei da razão que é
a base necessária para a plena participação da sociedade civil". Neste ponto resultamos o qual
persistem na raiz do liberalismo, já que a igualdade defendida é de natureza alastrada, geral e
puramente formal. Não há igualdade real, quando só os proprietários tenha plena cidadania.

TEXTO COMPLEMENTAR
SEGUNDO TRATADO SOBRE O GOVERNO
A representação de propriedade, a união dos homens sobre o governo seria o grande objetivo e
principal, mas para este objetivo, muitas condições faltam no Estado de natureza: falta de lei firmada,
recebida conhecida e citada pelos homens em seu meio comum, como padrão de justo e medida
comum para resolver quaisquer contradições entre os homens. Em segundo lugar, tem-se a falta de
um juiz conhecido e de tal autoridade que possa julgar quaisquer casos. Neste caso cada homem é
juiz executor da lei da natureza.
No caso de comunidades isoladas onde atuem leis próprias atua de acordo com a natureza. A
necessidade de que o poder legislativo seja em sua qualidade um poder sempre reunido, não é letal
necessidade, já o poder executivo é necessário permanentemente. A pergunta que se deve fazer é:
"sendo o executivo o senhor das forças da comunidade empregar uma ação contra o legislativo
conforme se exige na constituição ou pelo povo, o que irá ocorrer?". Caso aplicado uma força sobre o
povo sem autoridade, contrariando aos encargos confiados, constituído um Estado de guerra para com
o povo, o qual tem total direitos sobre os poderes legislativos e executivos. Em qualquer Estado o
emprego da força sem autoridade coloca quem faz uso dela estarem em estado de guerra, como o
agressor, sujeito a ser tratado com as mesmas maneiras.
(Locke, segundo tratado sobre o governo, col. Os pensadores, p. 88, 99, 100 e 101.)

ROUSSEAU E A DEMOCRACIA DIRETA


"O homem nasce livre em toda parte encontra se a ferros".
"Toda a nossa sabedoria consiste em preconceito servisse, todos nossos usos são apenas sujeições,
coação e constrangimento. O homem nasce, vive e morre na escravidão: ao nascer cosem-no numa
malha; na sua morte pregam-no num caixão: enquanto tem figura humana é encabeçado pelas
nossas instituições.
Observar é natureza e segui o caminho que ela fosse traça, ela exercita continuamente as crianças;
endurece o seu temperamento com provas de toda espécie, e ensina-lhes muito cedo, o que é uma
dor e o que é um prazer".
(Rousseau)

INTRODUÇÃO
Jean Jacques Rousseau (1712 a 1778), nascido em Genebra (Suíça) viveu a partir de 1742 em Paris,
onde as idéias liberais que fortaleceram a revolução francesa estavam aquecendo. Seu ponto de vista
perante a tecnologia e o desenvolvimento eram contrários. Rousseau publicou suas principais idéias
políticas nas obras Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens e Do
contrato social.
Por curiosidade podemos citar neste texto o espírito contraditório de Rousseau em sua obra Emílio,
com a qual o duramente fora elaborado as bases da pedagogia moderna, mas entregou seus cinco
filhos há um orfanato.

O ESTADO DE NATUREZA
Procura resolver a questão da legitimidade do poder fundado no contrato social. Rousseau tem com
relação a este assunto inovadora posição, na medida que se distingue os conceitos de soberano e
governo, atribuindo ao povo tal soberania.
No discurso sobre a origem da desigualdade, Rousseau cria a hipótese dos homens em Estado de
natureza, nos quais todos viveriam felizes enquanto cuidam de suas próprias sobrevivências, até o
momento que é criado a propriedade, onde começa a questão de pessoas trabalhando para outras
pessoas, assim gerando escravidão e miséria.

O CONTRATO SOCIAL
Gerado do consentimento unânime, onde todos os associados deixam seus direitos em favor da
comunidade. Em outras palavras pelo pacto o homem abdica de suas liberdades, mas sendo ele
próprio parte integrante e ativa do todo social, ao obedecer à lei, obedece assim mesmo e, portanto, é
livre. Para Rousseau o contrato não faz o povo perdeu a soberania, pois não é criado em estado
separado dele mesmo.

TEXTOS COMPLEMENTARES

DISCURSO SOBRE A ORIGEM E OS FUNDAMENTOS DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS


No início o homem produzia para sua sobrevivência, criava seus utensílios de maneira rústica mas
eficientes, desenvolvendo-os de acordo com suas necessidades, não necessitava de muito para
manter-se, gozava a vida das doçuras de seu começo independente, mas desde o instante em que o
homem sentiu necessidade do socorro de outros, desde que soube que poderia suprir sua necessidade
e as dos outros, desapareceu a ação das desigualdades, introduziu-se a propriedade, o trabalho
tornou-se necessário e as vastas florestas transformaram-se em campos aprazíveis que se impôs
regras com o suor dos homens, nos quais logo se viu a escravidão e a miséria germinarem e
crescerem com as colheitas.
O verdadeiro fundador da sociedade fora o primeiro homem que ao colocar cerca em volta de um
terreno e de ter a idéia de falar para aqueles que tentassem entrar que aquele lugar era dele, e as
outras pessoas acreditaram nele por serem compreensivas deu-se o início da sociedade. Mas a partir
do momento que outros pessoas começaram a derrubar as cercas tampar os fossos para entrar
dizendo que a terra não tem dono gerou os primeiros conflitos, as guerras. Esta foi a maneira que deu
origem à sociedade as leis, que deram novas formas de barrarem os mais fracos e fortalecer os mais
fortes em idéias e experiência, fizeram de uma apropriação indevida direitos irrevogáveis, enquanto
outros passaram a ser apenas servos, depois escravos e após trabalhadores.
(Rousseau, Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, col. Os
pensadores, p. 265, 270 e 275.)

O CONTRATO SOCIAL
Os homens nasceram livres, e por toda a parte encontram-se a ferros. Como ocorreu tal mudança?
simplesmente ignorou o próprio homem, e vendo resolver a questão da sua própria exploração, outros
homens acabarão por prejudicar alguém conjunto todo da humanidade. No geral é fácil tornar-se o
ocupantes de um pedaço de terra, simplesmente este não deve estar cercado ou culpado, é tornar
posse deste pelo trabalho realizado nele, esses são os únicos sinais que deve serem interpretados pela
ausência de título jurídico. Aquilo que poderia separar e destruir a igualdade social, acaba pois unindo
por uma igualdade moral e legítima, aquilo que a natureza poderia trazer de desigualdade física entre
os homens podem ser desiguais na força e no gênero, mas todas tornam-se iguais por convenção em
direito.
Rousseau afirma que: "a sabedoria, não sendo senão o exercício da vontade geral, jamais pode
alimentar-se, o soberano, que nada é senão um ser coletivo, só pode ser representado por si mesmo.
O poder pode transmitisse, não, porém, a vontade".
Ao dirigir-se a um objeto, primeiramente tenho de ter vontade de chegar até ele, e em segundo lugar
que meus pés elevem-me até lá. O corpo político tem os mesmos mecanismos, tem distinção entre ele
a força e a vontade, estas sobre o nome de poder legislativo e aquela, de poder executivo.
(Rousseau, Do contrato social, col. Os pensadores, p. 28, 44, 45 a 79)

O LIBERALISMO DO SÉCULO XIX


"Cada um é o único guardião autêntico da própria saúde, tanto física, quanto mental espiritual".
(Stuart Mill)

INTRODUÇÃO
No século XIX, as exigências democráticas não eram apenas da nova classe dos burgueses, mas
também dos operários, cujos números cresciam consideravelmente, já que a revolução industrial
aumentara a concentração da população no perímetro urbano. Os trabalhadores associados a
sindicatos e associações, os quais foram influenciados por idéias socialistas, estavam exigindo
melhores condições de trabalho. As novas formações do século XIX formavam o pensamento político
que pretendia ter sua configuração como liberdade democrática. O liberalismo elitista dos séculos
anteriores é caracterizado pela liberdade baseada na propriedade, a essas reivindicações de igualdade
se manifestam das mais variadas formas, entre elas estão:
 Ampliação das forças de apresentação (sindicatos, partidos), e pressões para reformas
eleitorais;
 Exigência de liberdade de imprensa;
 Luta pela implantação de escolas gratuitas e obrigatória, cuja luta se torna bem sucedida em
países europeus e nos Estados Unidos;
 Os principais teóricos liberalistas do século XIX foram;
 Nos Estados Unidos: Thomas Jefferson e Thomas Paine;
 Na França: Torqueville;
 Na Inglaterra: Jeremy Bentham, James Mill e seu filho John Stuart Mill.

O LIBERALISMO NA FRANÇA
Do século XIX a França passou por experiências contraditórias, após a "esperança de igualdade,
fraternidade e liberdade" imposta pela Revolução Francesa, mais tarde a França entra no segundo
império, distanciando-se cada vez mais dos ideais democráticos. Alexis de Tocqueville conhecido pela
maioria por "Montesquieu", soube analisar com precisão as contradições do seu tempo. Neste período
visitou os Estados Unidos onde resgatou informações para a sua obra-prima, "Democracia na
América".
E uma de suas anotações pessoais escreveu, de forma a dar bem de entender que: os "tenho pelas
instituições democráticas a preferência cerebral, mas sou aristocrática por instinto, disse significa que
desprezo e temo a multidão. Amo apaixonadamente a liberdade, a legalidade do, o respeito pelos
direitos, mas não há democracia".
(Apud. J. Touchard, História das idéias políticas, vol. 5, p. 100.)
O LIBERALISMO INGLÊS
Jeremy Bentham o fundador da escola dos utilitarismo, sofreu a influência empirista, os mesmos
substituem a teoria de direito natural, típica dos filósofos contratualistas do século anterior, pela teoria
da utilidade: o cidadão deve obedecer somente a o Estado quando a obediência contribuem para a
fidelidade em geral. Faz suas críticas sobre o egoísmo, pois para ele o egoísmo é controlado pela
moral, e a virtude é que amplia os números de prazeres e diminui as quantidades de dor. Para Jeremy
era necessário fazer um cálculo para saber qual das duas razões traria maior prazer e qual traria
maiores insatisfações.
Por isso os objetivos governamentais são: prover a subsistência, produzir a abundância, favorecer que
isso ocorre, tem-se a necessidade de eleições periódicas, universais para escolher o melhor ocupante
do cargo. Podemos definir que as idéias desse século eram completamente diferente das idéias
anteriores, idéias revolucionárias. As idéias do liberalismo conseguem fazer a junção dos interesses
econômicos aos aspectos éticos e intelectuais que essas mesmas teorias defendem. Nos principais
centros europeus, mesmo com a promulgação da idéia de democracia, questões econômicas e sociais
permanecem sem soluções. Da mesma forma a expansão do capitalismo estimula as idéias
imperialistas que justificam a colonialismo no continente africano e asiático, assim por isso que os
europeus "democráticos" não querem abrir mão do controle econômico e político sobre suas regiões.
Neste mesmo período no Brasil os líderes restringem às lutas pela liberalização do comércio,
permanecendo assim mesmo ou por uma sociedade escravista, a tradição das elites e o
analfabetismo, inclusive como condições para a manutenção do tipo de economia agrária.
A contrapartida a este assunto será futuramente encontrada nas teorias socialistas, e enviadas pelos
chamados socialistas utópicos, após pelo socialismo científico de Marx e Engels, que, em 1848,
publicaram o manifesto comunista. Buscavam-se a ordem através de Internacionais Operárias, sendo
a primeira de 1864, e à Comuna de Paris (1871) estes são reflexos da busca de uma nova ordem,
distinta de ordem estabelecida, perdeu um discurso que contenha a crítica ao Estado burguês.

O MARXISMO
"No princípio era o verbo... é o pensamento que a tudo cria e produz? Seria preciso por: no princípio
era força.... O espírito vem em meu auxílio! Vejo de súbito a solução e escrevo com segurança: no
princípio era ação".
(Goethe)
"Os filósofos não tem efeito senão interpretar o mundo de diferentes maneiras: o que importa é
transformá-lo".
(Marx)

INTRODUÇÃO
Para Marx não interessava à maneira que a filosofia se colocava num mundo, importava aceito a
filosofia transformá-lo.
Nos meados do século XIX as forças revolucionárias eram representadas pela burguesia pelo crescente
proletariado, os quais estavam descontentes com a situação sócio-econômica. A partir de 1848, o
proletariado procurava a expressão de sua própria ideologia, oposta ao pensamento liberal e inspirada
de início no socialismo utópico. Assim começa a ficar mais claro a questão entre as duas classes cuja
contradição será explicitado pelas teorias que criticam o liberalismo.
Neste período a Alemanha encontrava-se dividida em Estados, sendo unificada somente a partir de
1871, comandado por Bismarck, primeiro-ministro da Prussia. Para ocorrer isso fora necessário duas
guerras e há muitas táticas de unificação econômica. Desta Alemanha agitada é que surgiu o
marxismo. O marxismo não é somente obra de Karl Marx mas também de seu amigo Friedrich Engels,
o qual auxiliou Marx financeiramente em seus momentos mais críticos. Este é que escreveram o
Manifesto comunista (1848) e a Ideologia alemã. Eminentemente que as idéias de Engel e Marx eram
formuladas partindo de conceitos de uma realidade social por eles observada: ou por um lado os
avanços tecnológicos, ou seja: um aumento do poder sobre a natureza, como conseqüência o
enriquecimento e o progresso, de outro, lado a realidade é "nua e crua deixar", a escravização das
pessoas pertencentes a classe dos operários, cada vez mais pobre.

MARX O ESTADO E SOCIEDADE


Marx não dedicou alguns de seus trabalhos para falar especialmente sobre o Estado, sendo que suas
idéias sobre o Estado estão em várias de suas obras. Talvez seja porque Marx tinha uma concepção
negativa sobre o Estado, o qual era diferente de Engels, para o qual o Estado era o "deus que vivia na
terra". Para Marx o Estado é um reflexo da sociedade civil. Portanto o mesmo é um bem que deve ser
exterminado.
Lutando contra o poder da burguesia, o proletariado deve destruir o poder estatal, isso não será feito
pacificamente más por uma revolução. Para Marx, diferente das teorias anarquistas não considera
certo e viável a passagem brusca da sociedade denominada pelo Estado burguês para a sociedade
sem Estados havendo a necessidade de um período de transição. A classe formada pelos operários
realizando suas organizações num período revolucionário, tem o dever de destruir o Estado da
burguesia e criar um novo Estado capaz de suprimir a propriedade privada dos meios de produção.
Sendo esse novo Estado sendo chamado de "ditadura do proletariado, uma vez que, segundo Marx, o
fortalecimento contínuo da classe operária é indispensável enquanto a burguesia não tiver sido
liquidada como classe no mundo inteiro.

PARA QUE O MARXISMO?


Esta breve introdução aos fatos, a maneira que Marx e Engels desenvolviam seus pensamentos
podemos nos perguntar: "para que o marxismo?", este é o primeiro sistema que tem um amplo
conjunto de idéias que se entendem desde a filosofia até apolítica, sendo invocado tanto pelos
filósofos liberais e humanistas, quanto pelo tirano mais feroz. Dentro desse xadrez complicado, onde
dificilmente consegue-se escapar, por terem pensamentos divergentes e ter escrito manuscritos que
futuramente foram publicados em livros, Marx tem uma visão diferente de mundo, um modo mais
democrático onde não é somente a burguesia que governa. Um desses pontos é dado com clareza na
crítica marxista sobre o liberalismo.
(Marx col. Os pensadores p. 5 Vida e obra )

O LIBERALISMO NO SÉCULO XX
"... retornou a ordem do dia o tema de um novo "contrato social", através do qual deve-se-ia
precisamente dar vida a uma nova força de Estado, diverso tanto do Estado capital ou do Estado de
injustiça o quanto do Estado social ou Estado de não liberdade".
(Bobbio)

INTRODUÇÃO
A política contemporânea traça por caminhos complexos. O liberalismo traçou caminhos compostos,
constata-se que até então a crise liberal no decorrer do tempo bem como as críticas a ele feitas pelas
teorias e de inspiração socialista. Com essas diferenças ocorridas com o liberalismo, o socialismo tem
um surgimento doutrinário. Na atualidade em que vivemos cheia de contradições e desavenças exige-
se medidas então cada vez mais drásticas, criativas, de medida capazes de oferecer melhores
condições de vida a um número cada vez maior de pessoas. Para compreender os dados da situação
retornar vemos a história do liberalismo.
Os primeiros teóricos liberais opunham-se há um absolutismo real os quais desejavam um governo
constitucional, pela liberdade civil e religiosa, e pela não intervenção do Estado na economia. Embora
tenha fortalecido as instituições que favoreciam o exercício da cidadania, o liberalismo clássico
permaneceu elitista, na medida em que o voto sencitário permitia a participação política apenas aos
homens de posse. No século XVIII, na trilha aberta pela concepção democrática de Rousseau e na
reivindicação de Kant dá "maioridade da razão", são dados os primeiros passos com maiores cuidados
que transformaram os súditos em cidadãos. As lutas contra a censura, a tortura, o arbítrio e os
privilégios apontam para uma nova concepção de respeito à individualidade.
A independência dos Estados Unidos (1776) e a revolução francesa (1789) materializam os ideais da
burguesia ascendente, desejosos de seguir seu próprio caminho, livre dos impedimentos da concepção
aristocrática. No século XIX o liberalismo fora obrigado a mudar, devido ao grande crescimento das
massas proletárias, mas também devido à crítica feita pelo teóricos socialistas.

LIBERALISMO SOCIAL
Uma das conquistas dos ideais liberais clássicos foi o ideal do Estado não intervencionista, que deixava
o mercado livre para sua auto-regulação. Tratava-se do Estado minimalista de baixa intervenção, e do
liberalismo, ou seja prevalecia o livre mercado. As grandes desigualdades sociais levam alguns a
pensar que a ênfase na economia livre deveria ser trocada, a fim de possibilitar a igualdade de
oportunidades que auxilia o crescimento da individualidade. Após a quebra da bolsa de Nova York em
1929, a década de 30 foi marcada pela depressão econômica, e falências, desemprego, inflação,
geradores de greves e tensões sociais. A crise do modelo capital abre a experiência totalitária na
Alemanha e na Itália. Outros países, como Inglaterra e Estados Unidos, buscam soluções diferentes
que pudessem evitar tanto ao perigo do nazismo como a tentação do comunismo. As novas medidas
tomadas encaminha o liberalismo para a tendência que podemos chamar de "liberalismo social", em
que é revisto o papel do Estado na economia.
Somente das décadas de 20 e 30 que os Estados começam a intervir de forma marcante na produção
e distribuição de bens, o que indica uma forte tendência em direção ao "Welfare" ou seja, o Estado de
bem-estar social. Assim já na década de 40, considerava-se que qualquer cidadão teria direito a
emprego, controle de salário, seguro contra invalidez, doenças, proteção na velhice, licença
maternidade, aposentadoria, o que aumentou significativamente a rede de serviços sociais garantidos
pelos Estados. Nesse sentido se desenvolve o pensamento do inglês John Maynard Keynes (1883 a
1946) e que além de economista era também jurista e filósofo.Keynes considera necessário aliar a
eficiência econômica a liberdade individual como de vida a atenção à justiça social, nota-se aqui que
Keynes seguem a tendência democrática de Stuart Mill. Mas isso prova a revisão que a economia
sofreram, já que exige do Estado maior intervenção nos negócios a fim de controlar a ação forças
econômicas uma crítica ao luissez-faire da economia clássica. Nos Estados Unidos, idéias deste gênero
orientam o presidente Roosevelt e na elaboração do plano econômico conhecido como New Deal,
quem introduziu o dirigismo estatal durante a depressão da década de 30. As empresas recebem
créditos do governo, o qual intervêm na agricultura e adotam inúmeros procedimentos assistenciais de
atendimento. Trabalhadores contratados para grandes obras às quais são feitas para amenizar o
desemprego. Mesmo essas medidas e estarem sendo "bombardeadas" de serem semelhantes às
propostas socialistas, visavam de fato ao fortalecimento do capitalismo e pretendiam também evitar o
avanço comunista. As teorias Keynesianas fora influentes desde a década de 30 até a década de 70,
quando passaram a ser severamente criticadas pelo neoliberalismo.

LIBERALISMO DE ESQUERDA
Objetivavam a fazer movimentos populares de características não burguesas, resgataram os ideais
socialistas, embora os adaptando ao liberalismo. Estariam os elementos positivos do marxismo,
buscava um extrair dele os elementos positivos rejeitando a a concepção revolucionária de Marx: uma
espécie de "terceiro caminho", superando a tese de que liberalismo e socialismo seriam inconciliáveis.
Carlos Rosselli (1899 a 1937) escreve: "é possível pensar que a passagem de uma para outra cidade
aconteça mediante um processo gradual e pacífico: mediante uma passagem que, salvando as
vantagens que já garantidas de umas, as força progressivamente através das vantagens da outra".
Essas teorias acabam por formar o partido Dell' Azione, em 1942, no qual Norberto Bobbio (1909) da
o início das sua atividades e reflexões políticas. Torna-se professor de filosofia do direito, parte
também para a análise da política, passando do estudo da legalidade para aquele da legitimidade, a
exigência de uma reflexão sobre a teoria do Estado. Bobbio é pela política combatido nas críticas à
injustiça que permanece no mundo capitalista e o Estado de não liberdade dos países em que foi
implantado o socialismo real. Cientes das implicações no campo tecnológico e burocrático das
modernas sociedades industrializadas, sejam capitalistas ou socialistas, analisa os obstáculos à
democracia. Por exemplo a necessidade de os governos tornarem-se dependentes de tecnocratas ou
seja especialistas, a ampliação e complicação da máquina estatal, a burocracia, existente de grandeza
organizações, empresariais e estatais, as mesmas que impedem as condições objetivas de exercício
democrático, a denominação da sociedade de massa que torna o homem "apático", muito distante do
caráter ativo exigido pela verdadeira cidadania. Para este aspecto Bobbio chama de "paradoxo da
democracia moderna". Para concluir colocamos a democracia com impossível tratando-se de tarefa
difícil. Norberto Bobbio se ocupa com a análise dos limites e obrigações do Estado, e faz o Estado
histórico do desenvolvimento das relações entre sociedade civil e Estado. O texto que trata do
liberalismo exposto que nas teorias contratualistas do liberalismo clássico o contrato social constitui o
Estado, cuja legitimidade repousa no consentimento dos cidadãos. Bobbio juntamente com outros
teóricos como Rawls, desenvolve o nelcontratualismo, em que, diferente das antigas teorias, o pacto
não se apresenta limitado apenas a explicação da origem do Estado, mas segundo ele, as forças
sociais devem continuar agindo sem parar, um processo renovado e constante.O governo democrático
tem seu poder erradicado por toda a sociedade civil, entendida esta como o conjunto das organizações
não na espera das relações entre indivíduos e grupos e que nesse sentido, representam interesses
moralistas, sendo o Estado o ponto de encontro de diversidade e do embate das forças mediante as
quais se dará o aspecto social. Além disso, Bobbio defendeu a democratização da vida social como um
todo, estendendo os mecanismos de discussão a livre decisão para organismos como trabalho de,
educação, lazer, vida doméstica. Ou seja em resumo o governo democrático é uma "policracia".
NEOLIBERALISMO
Devido às dificuldades enfrentadas pelos Estados em arcar com as responsabilidades sociais
assumidas. Entre as quais encontram-se, aumento do déficit público, a crise fiscal, inflação e
instabilidade social são consideradas justificativas suficientes para a limitação da ação assistencial do
Estado. Desde a década de 40 alguns teóricos como entre eles o austríaco Friedrich Von Hayek
(1899), defendiam as medidas liberais de livre mercado. Os neoliberais retomam o ideal do Estado
minimalista, cujo ação se restringe ao policiamento, justiça e defesa nacional. O que, segundo eles,
não implica em enfraquecimento do Estado, mas para irmão ao contrário, no seu fortalecimento, já
que se pretende reduzir o seus encargos. A partir da década de 80, os governos de Reagan e depois
Bush, na os Estados Unidos, e de Margaret Thatcher na Inglaterra são representantes da nova onda
neoliberal. No Brasil a tendência se confirmar, nossos processos de privatização de organismos
estatais e a abolição da reserva de mercado. Na contraditória esbarra em outras medidas de nítida
intervenção estatal (muitas vezes exacerbadas) como a dos sucessivos planos heterodoxos de
controle na economia para conter a inflação.

REFLEXÕES FINAIS
"Quando secam os oásis utópicos estende-se um deserto de banalidades e perplexidade".
(Habermas)

NEOLIBERALISMO: SOLUÇÃO OU PROBLEMA?


A expansão do capitalismo sempre foi feita a partir da criação de laços de dependência: a colonização
da América do século XVI ao XVIII; o imperialismo na África e Ásia no século XIX; no século XX do, a
implantação das multinacionais nos países não desenvolvidos. Mais recentemente, os acordos do FMI
(Fundo monetário internacional) caixa parênteses tem direito com que a ajuda dos países mais ricos
aos mais pobres os transforme de fato em eternos credores. Tais laços de dependência econômica
resultam evidentemente em dependência política. Quando nos referimos ao país mais rico do mundo,
não encontramos nenhuma dessas ações com este tipo de problema. Se a distribuição de renda é
assim regular entre os países, ela também se aprofunda nos países subdesenvolvidos, como o Brasil,
onde a concentração de renda atinge níveis alarmantes.
Um dos piores lados do capitalismo ocorre na má distribuição de renda, com concentração de riqueza
em poucos países ricos, e, nestes, nos pequenos grupos de privilegiados. Em decorrência, não há
como evitar os focos de pobreza e miséria, e ainda desemprego, migrações, marginalização de jovens
e velhos, uma experiência de caráter longo e dolorosa. Além do mais com os avanços da tecnologia,
quem acaba sofrendo, na verdade é o meio ambiente quem sofre, ocasionando desequilíbrios
ecológicos, pois a lógica do interesse privado geralmente não coincide com o bem coletivo. Livre
"opção" do trabalhador pelo desemprego, analfabetismo ou baixos salários. Com isso colocamos que a
crítica feita pelos socialistas ao capitalismo continua válida. Ainda mais no presente momento em que
o neoliberalismo tem de rejeitar o Estado assistencialista. Deste momento em diante nesta "selva do
salve-se quem puder", onde já sabemos de antemão que as chances do ponto de partida não são
iguais, a tendência é o recrudescimento ou seja do ponto de vista da comunidade em geral nota-se
que com essas grandes diferenças capitais tornam alguns de maneira geral, possuidores de vários
bens, no momento que esses bens são ampliadas de maneira justa ou seja com o trabalho, pode-se
dizer que não há problemas com relação à corrupção mas, caso estas pessoas acabam se utilizando de
outras pessoas para chegar a uma quantia grande de bens, além de estarem utilizando-se da boa
vontade dos outros estão praticando uma certa exploração.
Na situação em que chegamos podemos nos perguntar, onde está a saída? Na verdade o problema
sendo conhecido, analisando, estudando e compreendendo encontraremos a saída através de uma
construção de raciocínios que chegaram a conclusões práticas e simples. A saída segundo vários
autores está na economia mista, reunindo empresas estatais e particulares a fim de conjugar a
economia de planejamento com a economia de mercado. Sendo que os abusos, tanto do Estado como
dos grupos privados, seriam controlados pelo Estado de direito e por organizações da sociedade civil
que pudesse garantir a co-participação na formação das vontades e decisões.

INTRODUÇÃO
"O mais nobre assunto de estudo para o homem é o homem". No contexto em que vivemos hoje nos
tornamos parte de um sistema formado por idéias de um novo Estado, uma nova forma de pensar. No
processo de evolução pelo qual passamos, nos mostramos fortes, mas ao mesmo tempo frágeis
perante tais mudanças no Estado. Como fora citado no início deste texto, na reflexão de "Lesseng",
nada mais complexo que estudar a mentalidade do homem, seus agires o tornam como diria Caetano
Veloso"... lobo do lobo do homem".
Nos textos decorrentes tem seus desenvolvimentos em uma linha de raciocínio na qual possibilita ao
leitor buscar a conceituação de Estado Moderno, como ocorrera o surgimento deste conceito, sua
evolução até os dias atuais. O autor destes textos buscou esclarecer as idéias dos pensadores
utilizando-se de textos complementares ao final de cada explanação. Ao pesquisar em várias
bibliografias acabamos por depararmo-nos com dificuldades, de falta de conteúdo explicatório, sobre a
importância da forma que evoluímos até o presente momento chegando até neste Estado ao qual
todos fazemos parte.
CONCLUSÃO
"É preciso que o melhor governo seja aquele que possua uma constituição tal que todo o cidadão
possa ser virtuoso e viver feliz", diante deste pensamento de Aristóteles podemos concluir após a
presente explanação do conteúdo que o Estado evoluiu muito lentamente chegando até os dias atuais,
pairando no ar dúvidas como, somos realmente pessoas que possuem liberdade, de ir e vir? Ou somos
apenas "escravos", que com o tempo seu nome fora substituído por cidadão.
Podemos nos considerar então que somos pessoas frutos de uma evolução histórica muito grande, que
por mais complexa que fora nos trouxe até aqui, mas será que o neoliberalismo não é apenas outra
passagem de nossa evolução do pensar? Pergunta essa que não pode ser respondida de imediato, pois
no presente momento a sociedade está entrando em uma nova era, essa sendo a era da tecnologia
avançada, a qual influencia muito nos nossos dias não somente no campo econômico mas no campo
social. Assim podemos entrar em debate sobre um paradigma de Montesquieu o qual faz a seguinte
colocação: "A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Para que não se possa abusar
do poder é preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder".

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Nova cultura, 1996. Coleção Os Pensadores, p. 80, 81, 109,
111, 113, 134 a 135.
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Nova cultura, 1996. Coleção Os
Pensadores, p. 88, 99, 100 a 101.
ROUSSEAU, Jean Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre
os homens. São Paulo: Nova cultura, 1996. Coleção Os Pensadores, p. 265, 270 a 275.
ROUSSEAU, Jean Jacques. Do contrato social. São Paulo: Nova cultura, 1996. Coleção Os
Pensadores, p. 28, 44, 45 a 79.
MARX, Karl.Vida e obra. São Paulo: Nova cultura, 1996. Coleção Os Pensadores, p. 05.
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução portuguesa por Carlos Nelson Coutinho. 10ª ed. Rio
de Janeiro: Campos, 1992.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 8ª ed. São Paulo: Malheiros.
Obs: Envio este trabalho para que todos os acadêmicos de Direito não somente do Brasil
mas do Exterior tenha um pouco mais de facilidade na compreensão da origem de nosso
Direito.

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