Ideias Principais Hobbes foi um dos autores mais estudados na história do pensamento político ocidental. Formula um conjunto de teorias que muito facilmente se podem qualificar como autoritárias e tendentes a reforçar a Monarquia absoluta dos Séc. XVII e XVIII. Para ele a paz e a segurança era o grande objectivo a atingir, através da política e do Estado. Vida e obra Tomás Hobbes foi um cidadão inglês, que viveu desde 1588-1679, e morreu com 91 anos de idade. Teve como umas das suas principais obras o «Leviatã», no qual escreveu em 1651 e só foi publicado em 1668. Estudou na universidade Oxford viajou tanto pela Europa, mas foi em França em que ele se exilou e escreveu a obra o Leviatã. O «Leviathan, nome de um monstro bíblico escolhido para simbolizar o Estado» O nome Leviatã é de origem bíblica e designa um monstro marinho. Como se afirma que Hobbes foi buscar esse nome para simbolizar o Estado. Para ele o Leviantã, que na qual foi encontrado e inspirado pelo livro de Job, era um crocodilo, no qual era equiparado por Estado forte, por parte do filósofo: «a lança e o dardo de nada lhe servem se alguém investe contra ele»; «foi feito para não ter medo, razão pela qual nenhum poder se lhe assemelhe»; «de todos os animais ferozes, ele é o rei». Hobbes afirma que as misérias e as calamidades que acompanham a uma guerra civil constituem a pior incomodidade que numa forma de governo pode acontecer ao povo em geral. O «estado de natureza»: uma concepção pessimista acerca da natureza humana Para Hobbes, o ser humano é essencialmente egoísta, isto é, do que seja para si (e para os seus mais próximos), faz mover-se pela procura da sua felicidade, e precisa procurar aumentar sempre mais e mais o seu poder, com a finalidade de não deixar pior a sua condição, isto é, em riquezas, honras ou autoridade. Hobbes afirma que tanto nas dificuldades do corpo como nas do espírito, a Natureza fez os homens iguais uns aos outros; e «a igualdade de capacidade resulta a igualdade na esperança de conseguirmos atingir os nossos fins ». Portanto, tornam-se inimigos os dois homens que desejam a mesma coisa, da qual não possam, contudo, gozar ambos, e por fim esforçar-se-ão para se destruir ou dominar um do outro». Os homens para ele estariam numa condição de guerra se durante o tempo vivessem sem um poder comum que os mantenha a todos respeito. A falta de lugar para actividade produtiva, numa tal condição, pelo facto de os seus frutos serem incertos; e consequentemente não existindo agricultura, nem navegação, nem utilização das riquezas que podem ser importadas pelo mar, habitações cômodas, conhecimento da face da terra, nem contagem de tempo, nem artes e letras, nem convivência, constituem as consequências para vida dos homens em «estado de natureza», descritas por Hobbes com as cores mais negras: e constata-se medo e um risco permanente de morte violenta, o que é pior de tudo. Neste caso, é então solitária, pobre, penosa, embrutecida e curta a vida do homem. Factores conducentes do «estado de natureza» à paz cívica e ao «estado de sociedade» Depois de apresentada a concepção pessimista na natureza humana, isto é, no quadro negro do «estado de natureza», cabe-se-nos interrogar de um possível «estado de sociedade» A seguinte questão que Hobbes se propõem a responder é sobre como pode se dar essa transição, isto é, do «estado de natureza» para o «estado de sociedade». Hobbes afirma que estando o homem colocado num estado de natureza pessimista, dispõem de uma «possibilidade de sair dela, que provém em parte de duas paixões, em parte da sua razão. O medo da morte, o desejo das coisas necessárias para uma vida confortável, e a esperança de obter pela sua própria actividade produtiva, constituem as paixões que inclinam os homens a paz, segundo ele. Algumas convenientes «cláusulas de paz», são sugeridas pela razão e, podem levar os homens a fazer alguns acordos. Essas cláusulas são chamadas de «Leis da Natureza». Para se alcançar a paz duradoura, será preciso que os homens consintam com os outros quando os outros consentirem também, e em renunciar o seu direito a todas as coisas, e fiquem satisfeito com aquela porção de liberdade perante os homens que eles mesmo concederem aos outros homens perante si próprios, na medida em que considerarem para a paz e a sua defesa. É com a criação voluntária por parte dos homens, por meio de um contrato que Hobbes começa a abrir o caminho para a ideia do Estado, isto é, no âmbito da negação de um direito pode der extinguido esse direito, ou a transferência do mesmo para o outro; e a transferência colectiva do direito de todos para alguém é um contrato; é por haver um Estado e um Poder comum que obriguem as partes a cumpri-lo, que um contrato é válido e obrigatório. Hobbes conclui que é somente na renúncia por parte dos homens, em parte, e aos seus direitos a todas as coisas – à sua liberdade – e ao transferirem para um poder comum que a todos garanta a paz e a segurança, que se sairá da guerra que caracteriza o «estado de natureza», e encontrar a paz que só é garantida pelo «estado de sociedade». É o que Rousseau chamará, um século depois, o contrato social. O contrato social como forma de passagem do «estado de natureza» ao «estado de sociedade» No quadro do processo de transição do «estado de natureza» para o «estado de sociedade», Hobbes afirma que só é possível quando se verifica um contrato de todos os homens para com todos os homens, tal como alguém dissesse que «eu transfiro o meu direito de me governar a mim mesmo para um homem, ou um grupo de homens, ou mesmo uma assembleia para me governar», Diferente da idade medieval, em que o contrato era do povo para o Rei, na óptica de Hobbes, era feita entre os cidadãos, o soberano não é parte do contrato, é um beneficiário entre eles mesmos, pois dele recebe o seu poder e favor. É na criação do “Estado” que Hobbes conclui a sua descrição do «contrato social» e do seu principal efeito, isto é, o Estado dispõe e utiliza um determinado poder e de «uma tal força que o terror que eles inspiram lhe permite modelar as vontades de todos, em ordem a obter a paz no interior e o apoio contra os inimigos do exterior». É, portanto, mediante um «contrato social» subscrito por todos os cidadãos que um Estado é criado. Esse Estado é soberano e os seus membros são súbditos; «é pelo facto de ser- lhe passado o direito pela maioria o direito de encarnar a pessoa de todos eles», que o soberano se torna o representante do povo. Neste caso, quer os que votaram quer os que não votaram autorizarão todos os actos e juízos desse Homem, ou Assembleia de homens, da mesma maneira que fosse praticado por si próprios, com a finalidade de viverem em paz entre eles e serem protegidos contra outros homens». É neste quadro de ideias de que todos os homens nascem livres e iguais (princípio da liberdade e da igualdade); a ideia de que o poder pertence ao povo (princípio da soberania popular); a ideia de que os governantes actuam em nome do povo (princípio do governo representativo); a ideia de que o Estado actua de acordo com a vontade do maior número (princípio da maioria), na qual acham-se muitos dos elementos essenciais do que se pode chamar direito público do Estado moderno. O Estado segundo Hobbes: poderes do soberano e direitos dos súbditos. A plenitude da liberdade de todos, converte-se em poder político para o Soberano, no âmbito dos métodos que Hobbes constrói, naquilo que é um poder inteiramente autoritário. É a doutrina da soberania popular alienável. Dizia alguém que Hobbes nos livra-nos da desprotecção perante os homens, mas nus nos deixa perante o poder, mas que não se compara o mau que os homens no «estado de sociedade» podem passar por meio de um mau soberano, e, relação aos horrores da anarquia ou da guerra civil no «estado de natureza». Hobbes afirma que é necessário um poder absoluto, mas que tal poder precisa ter limites naquilo que são o direito inalienável do homem (o direito a vida); e as actividade privadas dos homens (o direito da propriedade e da iniciativa privada); Tornam-se a defesa nacional e a segurança interna as tarefas do Estado e as actividades industriais, isto é, as actividades económicos, as tarefas dos cidadãos no exercícios das suas liberdades, quer para o próprio soberano, quer para aquilo que for proibido ou apropriado ao soberano. Neste caso, para o Estado hobbesiano, tem um carácter autoritário, mas não totalitário, naquilo que é o absolutismo do poder de legislar, mas com as limitações acima referida.
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