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Teoria das Relações Internacionais 11-11-2013 11:43:00

O Sistema Vestefaliano (Sistema Moderno das Relações


Internacionais)

Princípios Consagrados:

Soberania Interna
Fim do feudalismo, centralização do poder, absolutismo

Soberania Externa
Independência do poder político face ao poder religioso. Exemplo: Santa
Sé.

Afirmação e consolidação progressiva destes princípios na política


internacional.

Os Estados, por serem todos soberanos, são todos formalmente iguais.

3 Direitos Fundamentais:
Direito de guerra;
Direito de representação diplomática;
Direito de realizar tratados.

O Realismo

Pressupostos Fundacionais:
1) Anarquia Internacional (falta de uma entidade reguladora nas relações
entre os Estados, pois eles são todos soberanos). Não existe uma
entidade supra-estadual que detenha o monopólio da violência legítima.
O poder como árbitro final e legítimo dos conflitos.

Dilema da Segurança
Constante sensação de ameaça e insegurança;
Anarquia vista como potencial estado de guerra;
Princípio do self-help;
Espiral Armamentista.

Núcleo do Dilema da Segurança ?


Dificuldade na distinção entre posturas defensivas e ofensivas.

Como conhecer a intenção do outro Estado ?


Permanente desconfiança e suspeita.

Equilíbrio de Poder

A estabilidade do sistema pode resultar dos esforços individuais dos


Estados, quer eles prossigam ou não deliberadamente esse objectivo.

Assenta na convicção de que todos os Estados procuram aumentar o seu


poder à custa da diminuição do poder dos outros e nessa constante busca
de um equilíbrio nenhum conseguirá dominar o Sistema Internacional.

Todavia, este sistema não beneficia igualmente todos os Estados,


nem garante a manutenção permanente de paz (ou estabilidade).

Processos Principais

Tradicionalmente utilizados na manutenção dos sistemas de equilíbrio de


poder.

Diplomacia;
Guerras Limitadas.

Resulta na práctica no estabelecimento de Alianças.


Arranjos formais ou informais que os Estados estabelecem entre si
visando garantir mutuamente a sua segurança.

Regras Internacionais
Costumeiras.
Convencionais.

Actores ------ Estados / Organizações Intergovernamentais


Estrutura ------ Anarquia Internacional
Processos ------ Diplomacia / Guerras Limitadas
Regras ------ Costumeiras / Convencionais (Direito Internacional)
Fins ------ Estabilidade / Segurança
Idealismo da Década de 20

Autonomia das Relações Internacionais como ciência;


Projecto de construção de uma nova sociedade internacional;
Opinião pública internacional segue atentamente a política internacional.

1ª Guerra Mundial - (1914 - 1919) "A Grande Guerra"

2ª Guerra Mundial - (1939 - 1945)


Teoria das Relações Internacionais 11-11-2013 11:43:00

Idealismo (Liberal)

Pressupostos filosóficos:
1º Pressuposto:
Visão optimista sobre a Natureza Humana.

Há um entendimento de que há margem de progressão humana; de que


o indivíduo pode melhorar, que há possibilidades de progresso e que não
somos o que somos, mas sim o que podemos ser.

A Natureza Humana pode ser mudada, transformada; Aprendizagem:


podemos aprender com o erro/experiência.

Primazia e fé na razão humana;


Confiança na abertura e na tolerância;
O Homem por Natureza não é belicoso;
Plasticidade da Natureza Humana.

2º Pressuposto: Guerra como instrumento irracional, um erro de


difícil controlo.
(Espiral que levou à Primeira Guerra Mundial)

Qualquer erro é passível de correcção.

Todos os erros são remediáveis: é necessário ilegalizar a guerra como


instrumento político.

3º Pressuposto: Criação de uma nova era/ordem, assente na Paz,


no Progresso e na Justiça.

1) Dicotomia Caos/Ordem
2) Princípio da Segurança Colectiva

4º Pressuposto: Carácter da Missão Idealista


"Peace-makers";
Vocação Internacionalista;
Expansão da Democracia. (Tese da Paz Inter-Democrática)
5º Pressuposto: Crença na "Doutrina da Harmonia dos Interesses"
A Humanidade é só uma e os interesses mais profundos de cada Estado e
os da comunidade internacional são no seu todo coincidentes;
O desejo de paz - e de que esta é preferível à guerra - é o mais
importante desses interesses em comum.

6º Pressuposto: Busca da Concordância moral e a política


Nas sus relações mútuas, os actores internacionais devem procurar
observar princípios morais e certos valores fundamentais.

7º Pressuposto: Prioridade no estabelecimento de canais de


comunicação e de entendimento entre os vários Estados
Criação de organizações internacionais;
Diplomacia aberta;
Reforço do papel da opinião pública.

8º Pressuposto: Política de educação das populações jovens


(Futuras gerações de governantes)

9º Pressuposto: Papel central do direito internacional como


garantia da paz
(Relevância das Convenções, Tratados, Protocolos e Instituições
Internacionais)

A Paz de Versalhes

"A Primeira Guerra Mundial vista como a "Guerra para acabar com todas
as guerras." (A War to end all Wars)

Correntes do Idealismo-Liberal

i) Económica;
ii) Social;
iii) Institucionalista;
iiii) Democratização.
Económica - Fortemente centrada sobre o comércio e a ideia de que os
Estados com economia de mercado tendem a ser pacíficos porque a
guerra é má para o negócio (pacificação das relações entre os vários
Estados);

Social - Destaca os contactos e o diálogo inter-pessoal e comunitário.


Importância das sociedades civis e da opinião pública internacional;

Institucionalista - Enfatiza a importância das instituições


intragovernamentais e do direito internacional, capazes de reduzir as
consequências da anarquia e promover a cooperação (ONU, NATO);

Democratização - Assenta nos valores democráticos e na constatação de


que as democracias liberais não gostam da guerra e dão prioridade à
cooperação (Tese da Paz Interdemocrática, Conceito de Ilhas da Paz ou
de comunidades pluralistas de segurança (NATO)).

Tónica na Transformação

1) Crescente e óbvia permeabilidade entre política interna e política


internacional. A tradicional separação dos domínios deixa de fazer sentido
pois cada vez mais questões políticas têm um impacto simultâneo a nível
interno e a nível internacional.

2) Cada vez mais se verificam questões e problemas com impacto global


no Sistema Internacional. Mundo sem fronteiras / Aldeia Global
(Refugiados, etc ...).

3) Existem novos actores internacionais não-estaduais com crescente


protagonismo.

4) Existe uma sociedade internacional na medida em que os povos têm


um contacto crescente e mais intenso e assiste-se a uma importante
homogeneização de valores.
Surgimento de novos valores transnacionais que estão a gerar novas
lealdades não-territoriais.

Actores:
- Estados;
- Vários Outros.

Estrutura:
- Complexa;
- Transformação.

Processos:
- Cooperação.

Regras:
- Direito Internacional;
- Princípios e Valores.

Fins:
- Paz;
- Progresso;
- Prosperidade.

Os Actores Internacionais

Realistas Soberania
Território e População
Reconhecimento Internacional
Liberais Autonomia
Representação
Influência

Atributos na perspectiva Liberal:

Autonomia:
Qual a liberdade de acção que o actor tem na prossecução dos seus
objectivos;

Representação:
Que interesses representa esse actor;

Influência:
Que impacto é que o actor consegue ter.

Estados:
Terroristas;
Personalidades;
Multinacionais;
Organizações Intergovernamentais;
ONG's.

Visão Realista (Bilhar)


Visão Liberal (Rede Complexa Multidimensional)

Distinguir Actores Internacionais

Objectivos ou fins;
Intensidade de Participação;
Estrutura, recursos e meios;
Níveis de participação.

Níveis de Relações Internacionais

- Relações Intergovernamentais ou Interstaduais:


São aquelas que são desenvolvidas entre os Estados, quer pelos seus
líderes quer pelos seus representantes oficiais (Tratados);

- Relações Transnacionais:
São aquelas que envolvem participantes de várias sociedades nacionais
que partilham de laços institucionais com objectivos específicos. Podem
atingir ou atrair a atenção dos governos, mas são independentes dos
interesses destes (ONG's);

- Relações Supranacionais:
São aquelas que derivam de actores com capacidade para subordinar a
vontade dos governos. Estão associadas a processos de integração
(Comissão Europeia);

- Transgovernamentais:
Resultam do estabelecimento de laços informais entre agentes de
diferentes governos, laços esses que vão influenciar as opções tomadas
oficialmente pelos Estados (Diplomacia de Corredor);

- Subnacionais:
Reflectem a actividade de grupos ou organizações com objectivos
meramente locais ou nacionais, mas cujas acções têm por vezes impacto
na política internacional.
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A Questão Metodológica

A Revolução Behaviorista

O Behaviorismo (de behavior - comportamento) veio dizer que, nas


ciências sociais, importava limitar a análise ao comportamento observável
dos seres humanos porque só deste modo se alcançaria a objectividade.

S estímulo -------- R resposta

A revolução behaviorista teve grande influência na ciência política na


década de 50 do século XX, atribuindo um estatuto de cientificidade à
disciplina e adoptando os processos metodológicos das ciências naturais.

Em paralelo ao debate inter-paradigmático, começa a aparecer também a


partir da década de 40, uma outra discussão sobre a metodologia das
ciências políticas e das relações internacionais, o debate metodológico.

Exemplos de comportamentos a observar: Necessidades de armamento


de alguns países (verificar padrões de tempo, de quantidades, de
localizações).

A um determinado estímulo corresponde sempre uma


determinada resposta.

Consequências Principais:

- Procura das regularidades nos comportamentos políticos;


- Estabelecimento de generalizações e teorias com valor explicativo;
- Subordinação de todas as afirmações e de todas as teorias à verificação
empírica;
- Elaboração de rigorosas técnicas de pesquisa, recolha, registo e
interpretação de dados;
- Utilização predominante dos métodos quantitativos;
- Sistematização dos conhecimentos adquiridos.

Críticas
- O exagero na procura dos factos levou a um acumular indiscriminado de
informações sobre informações sem novas explicações.
(Hiperfactualismo - David Easton)

- Do ponto de vista substantivo não colocou em causa os pressupostos


teóricos realistas então dominantes.
(A tese Coloring it Morgenthau ! - John Vasquez)
( o Behaviorismo simplesmente se apropriou do Realismo, não refutando
qualquer ideologia e aceitando até demasiado o Realismo.)

Os Níveis de Análise

Kenneth Waltz - Man, the State, and War: A Theoretical Analysis (1959)

Perspectiva Holística/Sistémica - Observar a floresta como um todo;


Perspectiva Atomística - Observar a floresta árvore a árvore.

As três imagens de Waltz

O que nos diz cada nível de análise ?


Níveis de causalidade diferentes

Causas Imediatas (1ª e 2ª imagem)

Causas Permissivas (3ª imagem)

Qual o nível de análise que devemos usar ?

Regra da Parcimónia

Afirma que as boas explicações eliminam pormenores desnecessários, isto


é, devemos privilegiar a capacidade de explicar muito com pouco.

Regra da Utilidade Metodológica

Devemos escolher o nível de análise mais adequado ao tipo de estudo que


pretendemos fazer.
A Hierarquia Internacional

"A observação da realidade internacional demonstra-nos o surpreendente


contraste entre a noção teórica (jurídica) da igualdade (soberana) dos
Estados e a real diversidade das suas capacidades (poder)."

A Noção de Poder

- Poder e Capacidade

Capacidade de alterar o comportamento dos outros tendo em vista a


realização dos nossos objectivos ou fins.

Como a capacidade para controlar os outros está geralmente associada à


posse de determinados recursos, os politólogos em geral definem o poder
dessa forma, ou seja, o poder em termos de posse de certos recursos.

Hard Power:
Recursos materiais e directos para exercer o poder (coerção e força)
exemplos: capacidade militar, recursos económicos, matérias-primas

Soft Power:
Recursos imateriais e capacidade de atrair apoios sem coerção,
legitimidade e influência.
exemplos: valores e ideias políticas, sistema educativo, poder cultural.
Não são fontes de absoluto controlo governamental.

Smart Power:
Capacidade de fazer a síntese de combinar numa estratégia de sucesso
elementos de hard power com elementos de soft power.

Perspectiva Realista

Visão estática e rígida do sistema internacional: (Marcel Merle)

Potência Global
Poder para agir sobre qualquer domínio das Relações Internacionais
(comércio, aspectos militares, recursos energéticos, influência cultural)
em qualquer região do Mundo.

Potências em Domínios Específicos


Potências que têm grande poder em certos domínios específicos das
Relações Internacionais.

Potências Regionais
Desempenham um grande papel na zona geopolítica em que se insere.

Estados com interesses locais


Estados

Capacidade Militar
- Estados Unidos da América;
- República Popular da China;
- Irão.

Recursos Energéticos:
- Estados Unidos da América;
- Rússia;
- British Petroleum (BP).

Influência Cultural:
- Estados Unidos da América;
- Microsoft;
- Islamismo Radical.

Rede Diplomática:
- Estados Unidos da América;
- Alemanha.

Capacidade Económica:
- Estados Unidos da América;
- União Europeia;
- Vodafone.
A Agenda Internacional

High politics:
- Poder;
- Segurança;
- Economia.

Low Politics:
- Ambiente;
- Cultura;
- Direitos Humanos.

Para os liberais não existe diferença entre estes dois termos. Tudo o que
os actores principais conseguem fazer avançar na agenda, são assuntos
da agenda.
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Modelos de Sistema Internacional

Morton A. Kaplan
System and Process in international Politics (New York, 1957)

Behaviorismo - Conhecimento Especulativo

Modelos - esquemas sintéticos e abstractos que ordenam uma construção


rigorosa dos elementos da realidade, os quais podem explicar todas as
situações semelhantes àquela em concreto e julgam assim poder
contribuir para a elaboração de uma teoria geral.

Regras Essenciais - comportamentos necessários para se alcançar o


equilíbrio em cada sistema. Se alguma destas regras é posta em causa
todo o sistema fica em perigo, por isso elas são condição essencial a cada
sistema.

1) Sistema de "Equilíbrio de Poder"; (Multipolar)

2) Sistema Bipolar Flexível; (Países Não-Alinhados)

3) Sistema Bipolar Rígido; (Intervenção Soviética no Afeganistão)

4) Sistema Universal; (Teórico)

5) Sistema Hierárquico; (Teórico)

6) Sistema de Veto ou de Dissuasão Nuclear. (Teórico)

1)

Base Histórica: Sistema de Conserto Europeu


Actores Essenciais: Potências (Prússia; Império Austríaco/ Império
Austro-Húngaro; Império Russo; França).
O sistema funciona melhor se o número de potências for ímpar.
Regras Essenciais: (basta uma das regras ser transgredida para o
sistema falhar)
- Os actores essenciais devem aumentar o poder mas de preferência
negociar a fazer guerra;
- Os actores essenciais, de preferência devem fazer guerra a perder a
oportunidade de aumentar o poder;
- De preferência acabar a guerra do que eliminar um actor essencial;
- Opor-se a qualquer coligação ou actor individual que pretenda assumir
uma posição hegemónica no sistema;
- Conter os actores que subscrevam princípios de carácter supranacional;
- Os actores essenciais devem permitir a reintegração no sistema como
parceiros iguais os actores essenciais que foram derrotados.

A política Internacional é muito flexível. As Alianças tendem a ser


de curta duração (existem várias alternativas de Alianças). Regem-se
mais pelo princípio da vantagem concreta do que por partilha de
valores, ideologias ou o mesmo regime político.

As guerras tendem a ser limitadas na sua extensão/duração e nos


seus objectivos.

Este sistema de equilíbrio tem regras que são claras e partilhadas


por todos os actores essenciais. As regras servem para manter o
equilíbrio, ou seja, o equilíbrio é posto em causa quando as regras
são questionadas.

O grau de flexibilidade que existe na Política Bipolar Flexível é


muito menos flexível do que o Equilíbrio de Poder.

3 Graus de Integração Interna dos blocos:

- Blocos de Integração Hierárquicos (comando por parte de um líder


evidente); (Pacto de Varsóvia)

- Bloco não organizado Hierarquicamente; (são vários os Estados


que lideram e vão alternando na liderança);

- Bloco Misto (comando do líder é sempre moderado pelos outros


elementos).
Sistema de "Equilíbrio de Poder"

1) Cada bloco hierárquico, com isto, tem como objectivo eliminar o bloco
rival.
2) Os blocos hierárquicos devem, preferir a negociação à guerra. Fazer
guerras limitadas a guerras totais e fazer guerras totais a não conseguir
eliminar o bloco rival.
3) Todos os actores nacionais pertencentes a um dos blocos devem
aumentar as suas capacidades comparativamente às capacidades dos
actores dos blocos rivais.
4) Os actores dos blocos mistos ou não-organizados hierarquicamente,
devem preferir a negociação à guerra. Preferir guerras limitadas a não
conseguir aumentar o seu poder, mas não devem iniciar guerras totais.
5) Todos os actores membros de um bloco devem fazer guerra principal
para não permitir que o bloco rival se fortaleça.
6) Em caso de conflito de interesses, cada bloco deve tentar subordinar
os interesses do actor universal aos seus. Mas deve tentar subordinar os
interesses do bloco rival aos do actor universal.
7) Todos os actores não alinhados devem coordenar os seus interesses
com os interesses do actor universal. Tentar subordinar os interesses dos
blocos aos do actor universal.
8) Os blocos devem estar abertos a novos membros, mas tolerando
sempre a posição de não-alinhado se alternativa for a adesão desse actor
a um dos blocos.
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9) Os actores não-alinhados devem agir de modo a reduzir o perigo de


guerra entre os dois blocos rivais;
10) Os actores não-alinhados devem recusar-se a apoiar a política
desenvolvida exclusivamente por um dos blocos; excepto se o fizerem
como membros do actor universal;
11) O actor universal deve diminuir a incompatibilidade entre os blocos
rivais;
12) O actor universal deve mobilizar os não alinhados contra desvios
perante as regras estabelecidas. Esta regra, no entanto, deve ser contra-
balançada com as outras regras. Levada ao extremo, originaria a criação
de um Sistema Universal, isto é, um sistema de Governo Mundial.

Sistema Bipolar Flexível

1) Este Sistema oferece menos alternativas que o Sistema anterior. Não


obstante, o facto de ter actores com papéis substancialmente diferentes,
introduz alguma flexibilidade.
2) Neste Sistema, as Alianças tendem a ser de longa duração. Baseadas
em interesses permanentes mas também em valores e elementos
ideológicos.
3) Existem menos restrições quanto ao sacrossanto princípio político da
não-ingerência dos assuntos internos dos Estados.
4) O actor universal e os não-alinhados moderam o sistema e mais
especificamente o actor universal medeia o seu equilíbrio.
5) A guerra em palcos estratégicos centrais, quase não se verifica, mas
sim na periferia, em consequência do fenómeno da dissuasão.

Sistema Bipolar Rígido

O seu potencial de duração é menor, dura menos tempo. Pode ter,


formalmente, actores não-alinhados e actor universal, mas sem qualquer
impacto práctico. O equilíbrio é muito mais instável; daí decorre que a
possibilidade de conflito entre os dois pólos é maior e portanto, a duração
do equilíbrio é menor.

Modelos de Base Histórica


1) Sistema Universal (federal)

Potencial de estabilização interessante, embora possa ter custos


elevados; por exemplo, a liberdade de cada povo, a legitimidade do
processo.

Sistema Hierárquico

O Sistema Hierárquico é ainda mais integrado que o anterior. A sua


integração não é política, mas sim técnica: uma integração funcionalista.
Os actores do Sistema Internacional deixariam de ser os Estados;
desaparecem as fronteiras políticas. Estabelecimento de uma rede
desenvolvida e complexa de organizações internacionais especializadas
em áreas técnicas. Negligencia a natureza humana: não há valorização
pessoal, promove a estagnação filosófica. Anti-Humanismo.

Sistema de Veto ou de Dissuasão Nuclear

Capacidade que a potência tem é mais ou menos igual entre elas e que
não permite a nenhuma delas consiga ter capacidade de reagir
nuclearmente depois de atacadas.

Provoca isolacionismo. Não é uma política que necessite de alianças. É


possível porque o traço fundamental é a dissuasão.

O Idealismo Entre-Guerras

Woodrow Wilson (1856 - 1924)


28º Presidente dos Estados Unidos da América (1913 - 1921)
"Os 14 Pontos de Wilson" Janeiro de 1918

Os 14 Pontos de Wilson

1) Realização de conferências de paz públicas baseadas no princípio da


diplomacia aberta; (desecretismo de tratados e de prácticas
governamentais.)
2) Princípio da Liberdade Absoluta de Navegação nas águas
internacionais, tanto em tempo de paz como de guerra; com excepção
dos mares que possam ser fechados em resultado de acordos
internacionais;
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3) Supressão de todas as barreiras económicas e estabelecimento do


princípio da igualdade comercial para todas as nações.

4) Redução dos armamentos nacionais ao mais baixo nível compatível


com a segurança de cada Estado.

1928 - Pacto Briand-Kellogg


Pacto entre Nações que estabelecia que a guerra era ilegal. A guerra é um
crime. A cláusula de excepção aplicava-se nos casos de legítima defesa.
Assinaram este Pacto a maioria dos países da Sociedade das Nações,
inclusive os Estados Unidos da América.

5) As reivindicações das potências colonizadoras só podem ser


concretizadas na estrita observação dos interesses das populações
colonizadas.

6) Observação do princípio da livre auto-determinação da Rússia quando


ao seu próprio desenvolvimento e política nacional.

7) Restauração da soberania total da Bélgica (questão da soberania e dos


cantões redimidos - Eupen, Malmody e St. Vith).

8) Libertação de todos os territórios franceses ocupados e pagamento de


uma reparação pela anexação da Alsácia-Lorena em 1871 pela Alemanha.

9) Restabelecimento das fronteiras italianas com base no princípio das


nacionalidades.

10) Desenvolvimento autónomo dos povos pertencentes à Áustria-


Hungria.

11) Estabelecimento das fronteiras dos Estados Balcânicos, de forma


amigável e com base nos traçados históricos nacionais. Devem depois ser
asseguradas a esses Estados, garantias de independência política e
económica.
12) Soberania das regiões turcas do Império Otomano e garantia do
desenvolvimento autónomo das várias nacionalidades que até aí
estiveram sob domínio Otomano. Princípio da abertura dos estreitos
(Daritanelos e Bósforo).

13) Constituição de um estado Polaco independente, composto pelos


territórios habitados por populações polacas, com acesso directo ao mar e
com garantias de independência política e económica.

14) Criação de uma Associação Geral de Nações (SDN), capaz de garantir


tanto aos pequenos, como aos grandes estados, a sua independência
política e a sua integridade territorial.

Críticas ao Idealismo

Estados Fascistas/Autoritários;
Estados Democráticos/Liberais; Sistema Tripolar
Estados Comunistas/Socialistas.

O paradigma Idealista não tem capacidade para, na práctica, fazer aquilo


que pretende: a Paz, Prosperidade e Progresso. Carácter útopico do
Idealismo Realista é exposto.

Doutrina da Harmonia dos Interesses - elemento central da


fragilidade da proposta Idealista. Os Idealistas partem da convicção de
que os Estados estão no sistema internacional na mesma posição, que há
uma harmonia de interesses entre todos os actores internacionais.
Não só estão convictos de que existe uma harmonia como estão
convencidos de que quem não fizer parte desta harmonia, quem não
quiser fazer parte, está a agir mal visto querer a guerra. A Paz é
intrinsecamente melhor do que a guerra. A guerra é imoral.

O facto de um Estado não promover a paz, não significa que ele fique
desprovido de razão, que seja irracional.

O Segundo Consenso Realista

Hans Morgenthau (1904 - 1979)


Politics Among Nations (1948)

"Whatever the ultimate aims of international politics, power is always the


immediate aim. The struggle for power is universal in time and space and
is an undeniable fact of experience."

Os 6 Princípios do Realismo

1) Definição do comportamento político racional


"Leis objectivas de natureza humana, juntamente com o pressuposto que
os actores são racionais, pode ajudar a criar um mapa que explique as
Relações Internacionais." Comportamento político previsível; é possível a
objectividade nas leis da política. É possível o desenvolvimento de uma
teoria política racional.

2) O Interesse nacional define-se em termos de poder.


Os Homens de Estado agem sempre em termos de interesses definidos e
que visam sempre o mesmo objectivo Maior, que é, a realização do
interesse nacional. Nesse sentido, para Morgenthau, o principal padrão
indicador do Realismo político numa política externa, é o conceito de
interesse nacional definido em termos de poder. É este padrão que
fornece a ligação entre a razão e o domínio da política. Só ele torna
possível a compreensão racional da própria política.
"Conceito de interesse, definido como conceito de poder. O conceito de
poder internacional, denota o último como autónomo em termos de acção
e implicitamente, diz que as considerações éticas pouco justificam as
considerações do Estado."

3) A essência da política é o interesse nacional.


O Realismo não atribui um conteúdo fixo e imutável ao conceito-chave, ao
padrão, do interesse definido em termos de poder. Devido ao carácter
anárquico das relações internacionais, o conteúdo do interesse nacional
de um estado vai variando em estreita dependência com o contexto
temporal, histórico e cultural em que está inserido (prioridade da
perspectiva situacional). O mesmo se passa com o conceito de poder:
pode ser dependendo do contexto militar ou económico, diplomático ou
cultural. Um boa política externa realista é racional porque depende do
contexto.
"A forma e a natureza do poder variam consoante o ambiente onde
ocorre. A chave é o interesse, a grande componente da política que
permanece inalterada pelo tempo e estado."

4) Rejeição de uma moral pública universal.


O Realismo político está consciente de que existe uma tensão constante
entre o imperativo moral e as exigências da acção política bem sucedida.
No entanto, os Realistas defendem que princípios morais não sejam
aplicados às acções dos homens de Estado, isto é, às acções políticas, de
modo abstracto e universal. As escolhas políticas não são abstractas e
universais, são antes tomadas em função das circunstâncias concretas do
tempo e do lugar. A moral abstracta e universal é para os indivíduos na
sua vida privada, mas no domínio público a moral possível é aquela que
tem de ter em conta a razão de Estado.
"O Realismo aceita que os actores políticos tenham uma componente
ética, mas apenas quando os interesses do agente político são
conciliáveis."

5) Negação da Doutrina da Harmonia dos Interesses


O Realismo Político recusa-se a identificar o interesse do Estado com uma
lei moral universal.
"O Realismo nega que existam uma "moral universal" aplicável a todos os
estados. Os estados formulam as suas políticas numa linguagem ética,
apenas quando vai de encontro aos seus interesses."

6) A Política como domínio autónomo


Muitos períodos históricos mostram que as decisões políticas não são
tomadas por critérios políticos, mas sim por critérios económicos, morais,
sociais, ideológicos, religiosos. Para os Realistas, o ser humano e as
comunidades humanas são entidades plurais.
"Autonomia de esfera política, ou seja, o poder como chave de tudo (e
não a riqueza numa perspectiva económica, ou as leis numa perspectiva
do Direito Internacional)."

O Realismo foi a teoria dominante devido ao "Power Politics Model" pois


este modelo torna-se no foco principal de decisão.
O Realismo justifica a política externa dos Estados Unidos da América
durante a Guerra Fria, pois racionaliza a própria guerra.
Teoria das Relações Internacionais 11-11-2013 11:43:00

Se o desejo do Homem é sempre o Poder, e ter mais e mais poder, as


instituições políticas devem refrear e impor limites, criar mecanismos e
lógicas que condicionem a Natureza Humana, não a alterando visto que
numa perspectiva Realista a Natureza Humana é inalterável e imutável.
Teoria das Relações Internacionais 11-11-2013 11:43:00

Doutrina da Contenção - contenção do avanço do poder da União


Soviética. Não uma política de contenção a um ideal político, mas sim à
conduta e ao poder de um país que, por acaso, se identifica com essa
ideologia.

Plano Marshall decorre dos termos da Doutrina de Contenção.

O Plano Marshall albergou todos os países Europeus vítimas das


catástrofes que decorreram da I Guerra Mundial, incluindo os países de
Leste e, também, a União Soviética.
O Plano Marshall consegue portanto combater avanços ideológicos de
Leste (não sendo, no entanto, uma contenda ideológica), mantendo os
níveis de produtividade na Europa e delimitar limites ao poder da União
Soviética. Fomenta economias de mercado.

Intervenção apenas nos pontos essenciais de interesse norte-americano,


onde é susceptível que a União Soviética consiga alastrar o seu poder -
Intervencionismo Moderado.

O interesse americano na Turquia e na Grécia deve-se essencialmente à


vitória do Partido Trabalhista nas eleições inglesas, o que permitiu ao
Governo Inglês focar-se na reconstrução da Metrópole, em detrimento
das suas colónias. Assim sendo, Inglaterra pediu aos Estados Unidos da
América que subsidiassem pelos ingleses a Turquia e a Grécia, sendo
portanto um terceiro elemento numa região muito susceptível a pressões
externas ideológicas.

Todos os países da Europa de Leste estão submetidos ao controlo


moscovita, sendo que os regimes políticos destes países estão a ser
absorvidos pela orbe soviética, seguindo-se a proibição pela Rússia à
Checoslováquia, impedindo os checos de assinarem o Plano Marshall e
posteriormente a divisão da Alemanha com o Muro de Berlim.

O Plano Marshall não é aceite pelos países da Europa de Leste. Não por
falta de vontade dos países, mas sim porque o Exército Vermelho está
presente na capital de todos estes países.
Outubro de 1949 - Divisão da Alemanha / Questão Atómica

Nye, página 142 - 156

A interdependência descreve uma situação de dependência mútua.

Uma situação de interdependência distingue-se de uma situação de


dependência pelo facto de na primeira os custos e os benefícios serem
mútuos.
Dependência - só um dos actores tem todos os custos enquanto o outro
tem todos os benefícios.

Existem vários graus de interdependência: mais ou menos intensa.

Custos e consequências do poder:


- Sensibilidade - está relacionado com a velocidade e a extensão dos
custos da interdependência, isto é, com a rapidez com que as mudanças
numa parte do Sistema Internacional vão implicar mudanças noutra parte
do mesmo sistema;
- Vulnerabilidade - custos e efeitos a largo prazo - está relacionada com
os custos relativos de se tentar responder à sensibilidade. A
vulnerabilidade é uma questão de grau e associa-se à rapidez em
encontrar alternativas e substitutos dos efeitos da sensibilidade.

Poder passa a ser uma capacidade também, relacional. Todos são


dependentes, apenas uns mais dependentes do que outros.

Interdependência Complexa - estabelece pontes entre o Liberalismo e


o Realismo, segundo Nye e Kehoane. Tem elementos comuns a ambos e
continua a trabalhar sobre o poder, o poder continua a ser central.

1º - Os Estados não são os únicos actores das Relações Internacionais;


desadequada a tradicional separação Realista entre política
interna/doméstica e política externa/internacional. A fronteira entre um
domínio e o outro é cada vez mais ténue; os problemas que afectam
internamente os Estados são problemas de solução apenas internacional.
2º - O fim da política pode continuar a ser o poder, mas já não é o poder
como a procura do domínio; mas o poder, tendo em vista a busca do
bem-estar no contexto de interdependência. Capacidade de manipular as
simetrias de modo a diminuir as dependências;

3º - Se esta definição de poder muda, vai implicar um declínio da


importância e da acção do poder militar e das questões de segurança e de
defesa, por outras palavras, num contexto de interdependência complexa,
as opiniões públicas internacionais olham com mais desconfiança para o
hard power, dando preferência a políticas de cooperação e de integração.

Estratégias de ligação (linkage)


Num mundo interdependente (global), onde nem os objectivos nem a
distribuição do poder são fixos, variando de domínio para domínio,
verifica-se que os resultados na negociação política vão variar também de
domínio para domínio. É por isso natural que face a esta assimetria da
interdependência, cada actor tente estabelecer estratégias de ligação
entre as várias áreas (linkage), ao mesmo tempo que tentam impedir que
os outros actores estabeleçam também essas estratégias de ligação entre
áreas onde têm vantagens e aquelas onde são mais dependentes; a isto
se chama manipulação da interdependência.

Todos os actores procuram determinar o estabelecimento da agenda


internacional. A agenda resulta da maior influência que certos actores
conseguirem realizar. Como cada actor faz avançar os seus interesses, a
agenda internacional pode estar marcada por interesses muito diversos.
As organizações internacionais são arenas, por excelência, onde se vai
negociar a agenda internacional.
Teoria das Relações Internacionais 11-11-2013 11:43:00

A Interdependência Complexa

Joseph Nye; Robert Keohane


Power and Independence (1977)

Power and Independence in the Information Age (1998)

Revolução tecnológica, do ponto de vista da informação.


Consequências:
- Os meios de comunicação, a difusão da comunicação, passa a ser de
acesso universal; dentro de cada país, bem como de país em país.
- Os Governos perdem o monopólio da comunicação; não controlam a
velocidade à qual circula a informação nem o seu conteúdo.
- O preço da informação, de ter uma voz com impacto internacional,
passa a ser um custo quase 0. Qualquer pessoa, organização, instituição,
movimento, tem acesso à informação e a meios de comunicação
universais, mesmo sem possuir recursos para tal.
- O processo das Relações Internacionais torna-se mais rápido, mais
fluente.

A barreira entre política doméstica e política internacional é cada vez mais


ténue. É portanto fortalecida a existência de actores internacionais não-
estaduais.
Criou-se um efeito descentralizador da política internacional. As fronteiras
político-territoriais tornam-se irrelevantes. As comunidades transnacionais
ganham protagonismo.
Estas comunidades transnacionais e os novos actores deixam de funcionar
como hierarquias burocráticas, para passarem a funcionar como redes em
rede, redes horizontais.
Uma profunda alteração da política militar e, muito especialmente, da
maneira de fazer guerra e da maneira de olhar para a guerra como
instrumento político.

Há novas fragilidades e estes desenvolvimentos económicos funcionam


contra os actores iliberais, criminosos, que não têm qualquer respeito
pelos Direitos Humanos.
A revolução tecnológica e da informação não nivela o poder entre os
actores internacionais. Os actores tradicionalmente mais fortes continuam
a estar bem colocados na competição pela credibilidade e pelo controlo
das fontes de informação, também não pôs em causa, ao invés disso,
aprofundou e complexificou a interdependência entre os actores, não
obstante, ela ajudou a descentralizar a política internacional e o poder na
política internacional e trouxe mais poder aos actores não-estaduais.

O Neo-Realismo

Kenneth Waltz - "Theory of International Politics" (1979)

"Because states exist in a self-help system, they are free to do any fool
thing they care to, but they are likely to be rewarded for behaviour that is
responsive to structural pressures and punished for behavior that is not."

Reviver a tradição idealista:

1) Metodologicamente: sistematizando-a e tornando-a uma teoria mais


coerente focando o nível sistémico, i.e. a estrutura do sistema
internacional.

2) Substantivamente: sublinhando as lutas inter-estaduais pelo poder,


particularmente os efeitos da distribuição do poder entre os Estados que a
constituem.

Componentes do Sistema Internacional (terceira imagem):


A) Estrutura;
B) Unidades interactivas.

Para definir a estrutura do sistema internacional temos de nos concentrar


exclusivamente na forma como elas estão posicionadas e se situam em
relação umas às outras.
(Visão puramente posicional das unidades no sistema internacional).

Parte da posição em que os Estados se encontram numa


determinada estrutura, relativamente uns aos outros.
Distribuição do poder.
Determinismo Estruturalista - A natureza da estrutura produz uma
influência fundamental sobre a natureza das relações que se desenvolvem
entre as unidades.
Só uma alteração estrutural pode levar à alteração da natureza das
relações internacionais.

Estrutura do Sistema (Estrutura Profunda)


Estrutura dentro do Sistema (Estrutura Polar)

Críticas ao Neo-Realismo de Waltz:


- Visão Determinista: retira o livre-arbítrio aos Estados, à política
internacional. Resposta: Os constrangimentos da estrutura, retiram
alguma liberdade de acção, embora os Estados continuem a ser
responsáveis pelo seu comportamento. Agir consoante os
constrangimentos ou não.
- Visão conservadora, beneficia Estados que não vão contra a estrutura,
perpetuando a estrutura. Resposta: Uma potência pode tentar mudar a
sua estrutura polar, de maneira a que haja transformações na estrutura.
Pode-se ir contra constrangimentos se a solução final se apresentar como
racional.
- A determinada estrutura corresponde uma política.
Teoria das Relações Internacionais 11-11-2013 11:43:00

O Regresso do Idealismo

Francis Fukuyama
"The End of History ?" - The National Interest, Summer 1989

"The End of History and the Last Man" - London Penguin Books, 1992

Eleições Semi-Livres na Polónia - Verão de 1989

Doutrina do Novo Pensamento - Gorbachev, 1984 (mudanças na


política externa).

Neo-Realismo não consegue acompanhar estas novas realidades


internacionais. Surge a necessidade de outro paradigma para interpretar
estas mudanças: Idealismo de Fukuyama.

O Fim da História

A vitória incontestável do liberalismo político e económico é evidente nas


seguintes duas constatações:
- No total esgotamento de alternativas sistemáticas ao Liberalismo
ocidental;
- Na expansão mundial irreversível da cultura ocidental do consumismo e
da modernidade (globalização).

A noção de fim da história não é uma noção original;


Assenta na dialéctica do idealismo hegeliano;
Marx como o grande divulgador da noção.
Fukuyama lê Hegel interpretado por Alexander Kojeve.

Hegel - Filosofia Política, constatação de que a História se faz


primeiro no campo das ideias.

O que faz avançar a História é o choque entre as ideologias, as


teorias, o imaterial. O poder é material, e não é factor de
desempate.
Universalização do modelo Liberal.
Este processo tem início na consciência de cada um e apenas
depois é materializado na práctica histórica.

Que contradições não foram ainda resolvidas pelo liberalismo ?

1) Fundamentalismo Religioso;
2) Nacionalismo.

Quais as implicações do fim da história nas relações internacionais ?


Nova divisão Política - O Mundo Histórico vs. O Mundo Pós-Histórico

Novo tipo de Política Internacional - O Mundo Pós-Histórico como Ilhas de


Paz.

Nada impede que o motor da História não possa de novo arrancar se e


quando surgirem alternativas mais fortes do ponto de vista imaterial
(consciência) e depois material.

O Choque das Civilizações

Samuel Huntington "The Clash of Civilizations ?"


Foreign Affairs, Summer 1993, pp. 22-49

Conflito civilizacional como última fase da evolução do conflito no mundo


moderno.

Civilização como o maior agrupamento identitário cultural.

Principais fontes de conflitos e principais linhas de batalha serão as


fronteiras civilizacionais.
1) As diferenças culturais são fundamentais e profundas;
2) Globalização levou à intensificação da consciência civilizacional;
3) Modernização afasta pessoas das suas identidades permanentes;
4) Duplo papel referencial do Ocidente; modelo e objecto de reacção;
5) Elementos culturais são menos flexíveis e susceptíveis a
compromissos;
6) Regionalismo económico de base cultural.
- Ocidental;
- Confucionista;
- Japonesa;
- Islâmica;
- Hindu;
- Eslava-Ortodoxa;
- Latino-Americana;
- Africana.

Estratégias do resto do mundo;


Síndrome do país Irmão;
Os Países Dilacerados (redefinição de identidade).
Teoria das Relações Internacionais 11-11-2013 11:43:00

Limites da tese:
- Diferenças civilizacionais são realmente importantes;
- Conflitos civilizacionais são importantes;
- Globalização levará a um crescente protagonismo do "rest of the world";
- Reforço regional das instituições internacionais;
- Conflitos civilizacionais têm maior potencial de duração e contágio;
- Eixo principal das relações internacionais the west vs. the rest

Síndrome do País Irmão: faz-se de acordo com uma maior identificação


cultural (Estados Unidos da América - Reino Unido).

Robert Kagan
Power and Weakness
Policy Review, nº13, June/July 2002

Argumento Central:

É tempo de deixar de fingir que os americanos e os europeus partilham a


mesma visão do mundo ou até o mesmo mundo. Sobretudo é preciso
assumir que as suas perspectivas sobre a magna questão do poder - da
sua eficácia, da sua relação com a moral e do seu efeito de atracção - são
divergentes.
Os europeus e os americanos estão de acordo em poucas coisas e
compreendem-se cada vez menos.

Poder e Paraíso

Europa:
- Para lá do poder;
- Auto-contenção (Leis);
- Negociação e cooperação;
- Paraíso pós-histórico;
- Sofisticação e flexibilidade;
- Internacionalismo;
- Multilateralismo;
- Comércio;
- Opinião Pública;
- Importância dos meios.

Estados Unidos da América:


- Atolados na História;
- Segurança e Poder;
- Cepticismo Internacional;
- Mundo Hobbesiano;
- Visão Maniqueísta;
- Prioridade do bastão sobre a cenoura;
- Resultados concretos;
- Unilateralismo.

Qual a fonte destas diferenças ?


Equilíbrio de Poder - Razões Materiais
Perspectivas Díspares - Razões Culturais

Evolução histórica dos últimos 65 anos mostra que estas diferenças se


foram acentuando progressivamente; com o final da Guerra Fria eles
tornaram-se gritantes.

Divergente visão e exercício de poder


A Psicologia do poder e da Fraqueza

i) Unilateralismo
Legitimidade/Legalidade

ii) Definição de Ameaças


Segurança perfeita/relativa

O novo Idealismo Europeu

Paradoxo:
- Estados Unidos da América, que garantiram à Europa a passagem para
o paraíso, encontram-se entre o paraíso e o poder, i.e. prisioneiros da
própria História.

- Estados Unidos da América/Europa: mesmos fins, meios diferentes.


A Não-Polaridade

Richard Haas
"The Age of Non-Polarity. What will follow US Dominance"
Foreign Affairs (2008)

i) O que é a não-polaridade ?

ii) Causas e consequências ?

iii) Que política devem os EUA desenvolver nesta época não-polar ?

O que é ?

"Estrutura de poder difuso entre vários actores com poder considerável"

- vasto número de centros de poder;

- vários tipos de actores com estruturas diferentes;

- tipos de poder variados.

Num contexto de não-polaridade a relação entre o poder material (hard-


power) e a influência (soft-power) é muito mais ténue.

Suas causas

Crescente protagonismo dos actores não-estaduais;


Política externa norte-americana pós-segunda guerra mundial;
Sobre-extensão do poder imperial norte-americano (Paul Kennedy);
Globalização.

Consequências da Não-Polaridade

Torna mais difícil a liderança;


Aumenta ameaças sobre grandes potências e sua vulnerabilidade;
Não-polaridade tende a reforçar a difusão internacional do poder;
Não-polaridade dificulta a acção diplomática: diferentes actores,
diferentes estruturas, diferentes objectivos, diferentes linguagens,
diferentes instrumentos.

Não-polaridade é inevitável, mas o seu carácter não !

Defesa de um multilateralismo cooperativo para gerar uma não-


polaridade concertada.
Teoria das Relações Internacionais 11-11-2013 11:43:00

3 notícias - imprensa internacional


- 3 temas para comentário, sendo que se escolhem dois.

Doutrina da Contenção:

Na sua primeira formulação, é feita por Kagan.


Debate inteiro sobre a política externa norte-americana.
Esta doutrina quer responder a esta nova Ordem que está a ser contruída
e aos desafios que vão surgindo.
Vazio doutrinal - os Estados Unidos não têm orientação para a sua política
externa.

Tradicionalmente, as administrações mais republicanas tendem a fazer


política mais Realista.

Administração Reagan - políticas realistas com discursos e sedução à


política de maneira liberal.

NSC-68 - formalização da interpretação de Truman. A perspectiva


idealista de Truman pode ser concluída a através do uso de militares,
NÃO para combater directamente ameaças exteriores, mas sim para
conter uma ideologia, conter um possível alastramento de um modelo
sócio-económico diferente do americano, o que iria afectar toda a Europa
Central, pondo em perigo o papel dos Estados Unidos como actor
importante num plano geo-estratégico.

Perspectiva Realista - conter a União Soviética e não necessariamente o


Comunismo, a ideologia.

Interdependência Complexa

Todos os actores internacionais são inter-dependentes.

Exemplo de linkage:
Estados Unidos da América a cederem mão-de-obra especializada e
maquinaria pesada à União Soviética, de maneira a que a União Soviética
revolucione a sua agricultura. Em contrapartida, a União Soviética
compromete-se a permitir que exilados políticos e/ou minorias
ostracizadas possam sair do país, x por ano.

Uni-Lateralismo e Multi-Lateralismo.

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