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Grupo I
Definições:
3 – Soft Law primaria: A soft law primária é um dos tipos da soft law (conjunto de normas
(standards normativos) de categoria residual 6 cujo escopo é criar vinculações exortatórias, em
oposição clara às vinculações obrigatórias próprias da hard law criando, deste modo, uma
expectativa de cumprimento baseada na autonomia da vontade e na boa-fé típica dos acordos
convencionados cuja raiz é o mútuo consentimento) e teve um impacto inovador ao constituir
o pilar estruturante da génese de novas áreas do direito internacional, como sucedeu nos
casos da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 em relação ao direito
internacional dos direitos humanos e da Declaração de Estocolmo de 1972 relativamente ao
direito internacional do ambiente. *
4- Jus Cogens: Jus Cogens consiste em normas imperativas, aceites como tal, pela comunidade
internacional no seu todo. Uma norma imperativa de direito internacional geral é uma norma
aceite e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados no seu todo como norma cuja
derrogação não é permitida e que só pode ser modificada por uma nova norma de direito
internacional geral com a mesma natureza.
O Jus Cogens só se realiza com recurso a normas e princípios que sejam portadores dos
grandes valores da comunidade internacional.
5- Mar Territorial: Zona marítima adjacente às costas do Estado, que vai desde a linha da maré
baixa, até às 12 milhas marítimas. No Mar Territorial, o Estado exerce a sua soberania quase
completa, na medida em que goza dos direitos exclusivos de pesca, de navegação e de
regulamentação alfandegária. No entanto, no Mar Territorial, a soberania dos Estados sofre
algumas limitações no que se refere ao direito de passagem inofensiva. O Estado Português,
no Mar Territorial, goza de direito exclusivo de pesca, exploração e extração do leito e subsolo,
de cabotagem, de regulamentação, de exercício da jurisdição penal.
6- Soft Law e os seus tipos: A soft law é o conjunto de normas (standards normativos) de
categoria residual, cujo escopo é criar vinculações exortatórias, em oposição clara às
vinculações obrigatórias próprias da hard law criando, deste modo, uma expectativa de
cumprimento baseada na autonomia da vontade e na boa-fé típica dos acordos
convencionados cuja raiz é o mútuo consentimento. A soft law tem vários tipos, sendo eles: a
Soft Law Legal, a Soft Law delegada ou secundária (prática e declarações que se desenvolvem à
volta de um tratado e que têm natureza suplementar em relação ao mesmo), a Soft Law
primária (inovadora definindo os princípios e regras estruturantes de novas áreas do Direito
Internacional), e a Soft Law autónoma (desenvolvida por ANS sem o envolvimento de Estados).
Nos termos do artigo 27º da Carta, o conselho de segurança delibera por maioria qualificada
e é necessário para deliberar um quórum de 9 votos. Este artigo ainda estabelece dois
procedimentos: um procedimento de deliberação para as questões processuais e um
procedimento de deliberação para as questões não processuais. No nº2 do artigo 27º, as
decisões do conselho de segurança em questões processuais devem ser tomadas por voto
afirmativo de 9 membros. Não pode ser aprovada por menos de 9 votos (não interessa saber
quem votou). Nº3: as decisões do Conselho de Segurança sobre quaisquer outros assuntos
serão tomadas por voto favorável de nove membros, incluindo os votos de todos os membros
permanentes, e aquele que for parte numa controvérsia se absterá de votar (ou seja, o voto é
a abstenção, estamos perante um veto).
Existindo um veto, a decisão não pode ser adotada. Sem duplo veto não há veto, isto é, serias
fácil tornear o veto estabelecendo que não é processual e adotando a votação desse tipo. A
abstenção de um membro permanente ou a ausência da votação, não está presente na
votação, não correspondem a um veto.
10 – Doutrina dos poderes implícitos: Doutrina dos poderes implícitos é a que provê à
organização internacional a competência jurídica para executar certas atividades, as quais não
foram nem permitidas nem proibidas pela carta constitutiva, desde que elas sejam
indispensáveis para a realização dos seus propósitos e funções e na extensão necessária.
Dessa forma, dotam-se as organizações internacionais de poderes que não aqueles concedidos
diretamente pelos seus Estados criadores.
11- Regras de Deliberação do Conselho de Segurança
Grupo II
1 – Discuta os requisitos essenciais para a existência de um Estado Soberano nos termos do
Direito Internacional (critérios de Statehood) e analise os efeitos da existência de estados
frágeis e falhados incapazes de exercerem a soberania.
Todo o Estado deve obstar a que o seu Território seja utilizado para a prática de atos
contrários aos direitos de outros Estados. Podemos dividir o Território em Domínio Terrestre,
Domínio Fluvial, Domínio Marítimo, Domínio Lacustre e Domínio Aéreo.
A população de cada Estado é objeto da jurisdição deste. Assim, todas as pessoas residentes
num Território estão submetidas, em princípio, à competência do respetivo Estado.
Relativamente aos Estados catalogados como falhados (ente estatal caracterizado pela
condição de enfraquecimento das instituições estatais responsáveis pela ordem pública e pela
condição de inobservância das regras internacionais, adotando-se como referência, para efeito
das duas aceções, o modelo de Estado oriundo do contrato social há que destacar dois
fenómenos: um relacionado com a ameaça à segurança e à paz internacionais decorrentes do
desempenho precário das instituições estatais dos países em desenvolvimento e de natureza
ditatorial ou autoritária; outro referente aos danos causados aos seus cidadãos em virtude da
inobservância dos direitos humanos e da não-provisão de serviços básicos.
A prática dos Estados deve ser tida em conta de acordo com duas perspetivas: em primeiro
lugar, determinar que prática contribui para a criação de direito internacional consuetudinário
(seleção da prática do Estado) e, em segundo lugar, determinar se essa prática cria uma norma
desse direito (avaliação da prática estatal).
No Caso da Plataforma Continental do Mar do Norte, diz que uma prática estatal com “[...]
uma participação muito ampla e representativa [...] pode ser suficiente, desde que entre os
Estados participantes dessa prática figurem aqueles cujos interesses são especialmente
afetados”. Em outro excerto desse mesmo julgamento, afirmou-se que “[...] a prática estatal,
incluindo a dos Estados cujos interesses são especialmente afetados, deve ser extensiva e
praticamente uniforme no sentido da afirmação invocada.” Assim, segundo a C.I.J., uma
prática generalizada já seria suiciente para criar normas consuetudinárias.
No Caso da Plataforma Continental do Mar do Norte revela que a formação do costume não
segue apenas elementos quantitativos de prática estatal, mas também qualitativos, isto é, a
questão não é somente saber quantos Estados devem participar da prática, mas também quais
Estados dela participam.
Os atos dos Estados, tanto os materiais como os verbais, contribuem para a criação do direito
internacional consuetudinário. Os atos materiais compreendem, por exemplo, o
comportamento no campo de batalha, a utilização de certas armas e o tratamento dado às
diversas categorias de pessoas. Os atos verbais incluem o direito interno, a jurisprudência
nacional, as instruções às forças armadas e de segurança, as comunicações militares durante
uma guerra, os comentários dos Governos sobre projetos de tratados, as decisões e
regulamentos executivos, as declarações em organismos e conferências internacionais e as
tomadas de posição dos Governos sobre as resoluções de organizações internacionais
Para determinar se a prática dos Estados é suficientemente “densa” para criar uma norma de
direito internacional consuetudinário, há que analisá-la. Para criar uma norma de direito
internacional consuetudinário, a prática estatal tem de ser virtualmente uniforme,
generalizada e representativa. O primeiro requisito para que a prática dos Estados crie uma
norma de direito internacional consuetudinário é que seja virtualmente uniforme. O segundo
requisito para que se crie uma norma geral de direito internacional consuetudinário a prática
estatal respetiva terá de ser generalizada e representativa.
Além disso, embora se assuma que o direito consuetudinário se desenvolve muito lentamente,
em contraste com a formação rápida dos tratados, a prática real dos Estados demonstra que
essa é uma presunção infundada.
Finalmente, é comum afirmar-se que tratados são mais eficientes do que as normas
costumeiras, pois aqueles oferecem maior clareza e precisão na descrição das obrigações
legais neles listadas. Contudo, esse não é sempre o caso. As disposições de certos tratados,
especialmente os multilaterais, também podem adotar uma linguagem imprecisa, objetivando
conciliar no tratado posições e interesses culturais, jurídicos e políticos divergentes entre os
diversos Estados signatários
Nascendo do agrupamento de Estados e/ou outros sujeitos, onde esse tem um objetivo em
comum e decidem agir em conjunto, colocando diretrizes e regras para o bom convívio na
relação, que são os contratos internacionais. Regras que todos os Estados membros de uma
organização internacional precisam respeitar.
Os poderes implícitos “designam aquelas competências que, não estando enunciadas de forma
directa na norma tipificadora da competência, são inerentes ou necessárias à realização eficaz
dos fins da entidade jurídica ou das respectivas competências expressas”.
A doutrina dos poderes implícitos da ONU recebeu reconhecimento judicial, pelo qual se
impôs, definitivamente na TIJ no parecer Reparations for Injuries, onde afirmou que os direitos
e deveres de uma entidade, como a Organização das Nações Unidas, devem depender dos
seus propósitos ou funções, especificados ou implícitos nos seus documentos constitutivos e
desenvolvidos na prática e, também que, de acordo com o direito internacional, deve-se
considerar a Organização como possuidora de poderes que, embora não expressamente
constantes na Carta das Nações Unidas, são-lhes atribuídos pela necessária implicação de que
são essenciais ao desempenho das suas tarefas.
E no seu ato instituidor também há previsto a criação de órgãos subsidiários necessários para a
sua funcionalidade.
Os seus órgãos possuem atividades especiais, com capacidade legal, privilégios e imunidades.
Esses foram os elementos essenciais que levaram o Tribunal Internacional de Justiça na
Opinião Consultiva de 11 de abril de 1949, relativa à Reparação de Lesões sofridas no Serviço
das Nações Unidas a concluir e confirmar que, a organização era uma pessoa jurídica
internacional. Para além do variado leque de direitos de uma organização, ela também é
detentora de deveres, podendo ter reclamações contra ela, principalmente quando um delito
internacionalmente ilícito possa lhe ser atribuído.
De acordo com o parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça, a maioria dos Estados
tem a possibilidade de, alinhados com o Direito Internacional, poderem criar uma entidade
que adquira uma personalidade jurídica internacional objetiva, e não apenas com o
reconhecimento entre os Estados que criaram a instituição. Com isso podemos concluir que a
personalidade jurídica de uma organização internacional possui eficácia.
6- Considere o acórdão North Sea Continental Shelf do TIJ e discuta a questão das relações e
interação entre costume internacional e tratados internacionais e quais as implicações da
existência em paralelo de normas jurídicas. -------------------------
Grupo III
1 – Organizações internacionais, personalidade internacional e funções na regulação
internacional.
Têm como função: Fórum para identificação, debate e deliberação sobre questões de
interesse comum; Instrumentos para ação e resolução de problemas internacionais; Criação e
desenvolvimento de regras de direito internacional quer pela via da hard law quer da soft law;
Monitorização e supervisão do cumprimento pelos Estados das regras acordadas e obrigações
internacionais; Resolução de conflitos e diferendos internacionais entre Estados.
a respeito das características de uma organização chega-se à conclusão que esta possui: a-)
associação voluntaria de sujeitos do DI; b-) que o ato institutivo da organização é internacional;
c-) personalidade internacional; d-) possui ordenamento jurídico interno; e-) existência de
órgãos próprios; f-) e por fim possui exercício de poderes próprios.
Qualquer que seja a organização internacional, ela não possuirá base territorial própria, assim
sua sede dependerá que um Estado soberano conceda parte de seu território para ali se
constituir a instalação física dessas organizações.
O ato do Estado em ceder parte de seu território para instalação da sede de uma organização
internacional é tido como acordo de sede.
2 – Kant “Tratado de Paz Perpétua” e a sua influência na Carta das Nações Unidas.
A procura pela paz é reflexo do exercício da razão. Pois, para Kant, os Estados possuem
racionalidade, a racionalidade do Estado. Tal como o cidadão, o Estado deve ser considerado
uma pessoa moral, na medida em que internamente assume um sistema que reflete a vontade
coletiva e imprime uma moral, obedecendo à lei do seu dever, da constituição da sua moral.
Assim, tal como os indivíduos através do exercício da sua razão sabem o que é melhor para si e
para a coletividade, através do dever, os Estados também devem saber o seu dever, o seu
imperativo categórico. E a razão, para Kant, não traria outro fim que não a paz para as relações
entre Estados
Kant não vislumbrava a paz perpétua a não ser através de uma federação de estados
soberanos, com a ideia de um contrato social original entre os Estados, negando, contudo, a
criação de um ordenamento jurídico entre eles.
Por isso, a composição de uma federação mundial de Estados seria um imperativo moral para
os objetivos da paz perpétua. Kant compreende que a paz perpétua pode ser garantida com a
abrangente aceitação de normas que direcionam para a paz, dessa compreensão nota-se a
crença dele no direito. Porém, acima de tudo, Kant acredita na necessidade de uma ética
moral dos Estados nas relações internacionais, pois a ética e a moralidade dão mais eficácia ao
próprio direito escrito quando assumem o caráter de imperativo categórico.
Diz também Kant no tratado que, nenhum Estado pode intervir violentamente nos assuntos
internos e externos de outro país. Tal princípio está intrinsecamente ligado ao princípio da
soberania dos Estados.
Para Kant, mesmo estando em guerra, deve-se estabelecer uma relação de confiança entre os
Estados para que possa efetivamente solucionar o conflito e atingir a paz. Para Kant, tal fato
não é impensável, pois os Estados ainda que em conflito devem, pelo imperativo categórico,
querer a solução deste e instaurar a paz.
A imediata relação que existe entre a obra de Immanuel Kant e a Carta que instituiu a
Organização das Nações Unidas é que ambos procuram a paz duradoura e mundial.
A Organização das Nações Unidas, pela sua própria estrutura, traduz-se na ideia de
“federalismo de Estados livres”, instituída por Kant no segundo artigo definitivo para a “paz
perpétua”.
O preâmbulo da Carta das Nações Unidas converge em diversos pontos com a filosofia
kantiana, como por exemplo, ao afirmar que pretende “preservar as gerações vindouras do
flagelo da Guerra”, dessa forma, afirmando a procura pela paz perpétua, tal como Kant.
Outra ligação fundamental entre a Carta da ONU, documento que a instituiu, e a filosofia
kantiana é a deontologia kantiana. A ONU trabalha Kant e a sua ética universal (através do
imperativo categórico) quando defende e se propõe a trabalhar os princípios de solidariedade
e comunhão dos povos
O autor sugeriu, nesta obra, as condições necessárias para que um soberano absoluto fosse
capaz de conquistar, reinar e, principalmente, manter o seu poder, já que, o mais complexo
para um soberano, na visão de Maquiavel, era a manutenção do poder de um rei.
Para Maquiavel o príncipe deveria deter como modelo um personagem histórico que tivesse
sido alvo de glória e honra. Ao seguir o modelo de um príncipe do passado, o governante atual
poderia saber como manter a submissão daqueles que colaboraram para a sua ascensão e, ao
mesmo tempo, diminuir o apetite destes pelo poder. Deveria acabar com a oposição,
submeter os conquistados à sua autoridade, defender o seu território de ataques estrangeiros
e ser capaz de governar na condição que fosse exigida. O governante não poderia fazer algo
pautado no voluntarismo porque julgasse ser certo, justo e racional, mas, sim, na conceção da
unidade do Estado e no que seria o mais racional e necessário aos seus súditos.
O que Grotius entende por sociedade não implica em qualquer obrigação de ajudar os outros,
mas apenas o mínimo necessário para que esta sociedade exista, pois é difícil imaginar uma
sociedade em que as regras mínimas necessárias para assegurar o básico para vida não
existam. Mesmo o homem guiado apenas pelo interesse egoísta deve aceitar certas regras
válidas universalmente para conviver em sociedade e efetivar seus próprios interesses. Nesta
perspectiva, a obrigação de respeitar os direitos alheios, regra mínima requerida para a vida
em sociedade, pode ser entendida em termos de auto-interesse. Também qualquer forma de
altruísmo necessário para se estabelecer a sociabilidade pode ser entendida em termos de
auto-interesse.
Qualificando a guerra como um estado, Grotius considera a guerra uma situação global,
localizando as hostilidades no tempo e no espaço. Isso permite considerá-la como uma noção
técnica que será definitivamente amplificada para uma situação propriamente jurídica através
da idéia de estado de guerra.
R: O Direito Internacional Público teve a sua génese na Antiguidade Clássica, onde já existiam
regras morais e políticas que se aplicavam ás relações entre Estados. Mas foi só com o Direito
Romano que aquelas relações passaram a ser disciplinadas por normas jurídicas.
O Direito Romano estabeleceu muito cedo a distinção entre o ius civilis e o ius gentium. Tanto
um como outro eram direito interno, mas enquanto o ius civilis só disciplinava as relações
entre os sujeitos que gozavam da cidadania romana (cives) o ius gentium consistia na parte do
Direito interno Romano que regulava as relações entre cidadãos romanos e estrangeiros
(peregrini), ou apenas entre estes últimos.
Há ainda a dizer, no que se refere ao ius gentium romano, que se tratava de um Direito
universal, no sentido que possuía aceitação generalizada, porque se destinava a satisfazer
necessidades comuns a todos os homens.
O conceito moderno de Direito Internacional Público nasce com a Escola Clássica Espanhola,
através de Francisco de Vitória, Francisco Suarez e Domingo Soto. Para estes autores o
conceito de D.I.P. parte de uma base objectiva: a existência de uma Comunidade Internacional,
que transcende os limites da República Cristiana. Segundo os
Francisco de Vitória, autor clássico espanhol, dizia que o Direito das gentes tem força de lei, e
que o mundo inteiro era de certa forma uma comunidade internacional política, pois tem o
poder de emitir leis justas que se aplicam a todos, como é o caso do Direito das gentes.
Tanto para Francisco Suarez bem como para Francisco de Vitória o termo “ius gentium”
designa normas que não são de Direito romano, i.e. de direito interno, mas que são
formalmente normas internacionais que transcendem o Estado e o vinculam do exterior,
aplicando-se não às relações internas entre indivíduos, mas às relações dos Estados entre si.
Entre os finais do séc. XV e 1648 (Vestefália) sucedem-se grandes eventos históricos. Muito
especialmente os Descobrimentos dão origem a problemas até aí desconhecidos. São os que
se reportam à delimitação da ação e das esferas do domínio das potências europeias em
expansão, os que se ligam à definição do modo de entender o encontro entre esses
povos e os povos de outros continentes e os que contendem com o regime jurídico do mar
e da liberdade de navegação (mare clausum ou mare liberum). É Hugo Grócio o considerado
primeiro grande cultor do Direito Internacional. Os tratados de Vestefália reconhecem o
princípio da soberania como princípio da independência dos Estados europeus entre si e de
exclusão de qualquer poder que lhes seja superior.
O Direito Internacional Clássico manteve assim a sua definição até ao fim da 1ª Guerra
Mundial. Após a 1ª Guerra Mundial surgiu a ideia de que se podia pôr em causa a soberania
indivisível dos Estados, ficando para trás a ideia de soberania absoluta que reinara até ao fim
da 1ª Guerra Mundial.
O Direito Internacional evolui a seguir à Primeira Guerra Mundial em três fases: A primeira
fase, de1939, até à segunda Guerra Mundial – é a fase decorrente do Tratado de Versalhes
e marcada pelo malogro da institucionalização tentada através da Sociedade das Nações;
Uma segunda, após 1945, traduzida juridicamente na Carta das Nações Unidas e assinalada
por aquilo a que se chamaria ‘’Guerra Fria’’; Uma terceira fase, aberta pela queda do Muro
de Berlim, em 1989;
Hoje, o Direito Internacional existe na sua diversidade e heterogeneidade dos seus sujeitos e
domínios de aplicação. É certo que o Estado não deixa de ser o sujeito originário do Direito
Internacional, na medida em que ele dispõe de uma plenitude de competências internas, ao
contrário das Organizações Internacionais que dispõem de competências especializadas.
Existem organizações políticas como a OMC, que pretendem fomentar o comércio. A ONU
criou todo um sistema de organizações que versam variados objectivos. Existem ainda
instituições que vão fazer surgir ramos especiais do Direito Internacional. Ex. Cruz Vermelha-
Direito Internacional Humanitário.
O Direito Internacional apresenta algumas lacunas, pois alguns Estados entendem que as
regras não se aplicam a si.
Nas teorias realistas das relações internacionais, que reivindicam um caráter objetivo, empírico
e pragmático, o Estado é colocado no centro das discussões, pois considera-se que o Estado é
o principal responsável das relações internacionais. Esse Estado atua sempre a servir ao
interesse nacional, que na sua forma mais básica é o desejo de sobreviver, mas que também se
traduz no acúmulo e na manutenção do poder. O poder é tido como um instrumento por meio
do qual os Estados garantem a sua sobrevivência no meio internacional. Este último é
considerado, de acordo com os realistas, anárquico, não no sentido de ausência completa de
ordem, mas por não haver a possibilidade de existir uma hegemonia global - apenas
hegemonias regionais - que garanta a sua proteção. Os realistas não se preocupam com a
origem histórica dos Estados, aceitam somente como dados (“naturais”), além de
homogêneos, e geralmente pensam na natureza humana de forma pessimista, tendo como
ideias-base as obras de Maquiavel e Hobbes.
A Convenção sobre o Direito dos Tratados, ao aceitar a noção do jus cogens nos seus arts. 53 e
64, deu outra demonstração de aceitação dos preceitos derivados do Direito natural. Com
efeito, o artigo 53 declara nulo o tratado que no momento de sua conclusão conflite com
norma imperativa de Direito Internacional geral e dá a definição de jus cogens: norma aceita e
reconhecida pela comunidade internacional dos Estados no seu conjunto, como norma da qual
nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma de Direito
Internacional geral da mesma natureza.
Foi “Hugo Grácio o primeiro autor a defender que o Direito Internacional tinha fundamento no
Direito Natural, mas o seu Jusnaturalismo aparecia ligado ao voluntarismo, á força obrigatória
do Direito Internacional que resulta tanto do Direito Natural como do consentimento dos
Estados (ex. direito á vida).
Nos finais do sec. XVII, Pufendorf foi o fundador da Escola de Direito Natural, para ele a lei
natural aplica-se tanto aos indivíduos como aos Estados, quando se aplica aos Estados nesse
caso chama-se Direito Internacional.
A fase positivista surge com Hans Kelsen. Kelsen afirma que há obrigatoriedade da norma
jurídica não depender da vontade mas da sua conformidade com uma norma superior que
regula as suas condições de produção. No topo da pirâmide de Kelsen situa-se a norma
fundamental que confere unidade ao sistema e garante o carácter jurídico ás normas de grau
inferior.
O princípio geral do Direito Internacional é o da boa fé. Deste princípio geral resultam certas
regras, a regra do efeito útil, a regra da boa fé, art.º 31º da C. Viena.
A interpretação pode ser feita por um Estado, por uma Organização Internacional ou por um
Juiz Internacional.
Cada Estado tem o direito de fazer a sua própria interpretação do Tratado em que é parte. Em
regra geral, as jurisdições nacionais abstêm-se de interpretar os Tratados, solicitando muitas
vezes o parecer do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Todos seguem o princípio da boa fé. Os métodos tradicionais utilizados são o elemento literal,
elemento sistemático, elemento histórico e o elemento teleológico.
Relativamente a terceiros, De acordo com o art.º 34º da Convenção de Viena, um Tratado não
inclui direitos nem obrigações para um Estado terceiro sem o seu consentimento.
No caso do Tratado produzir efeitos para o Estado terceiro, este deverá manifestar o seu
consentimento de forma expressa e por escrito.
As obrigações de um Estado terceiro podem derivar de um Acordo colateral pelo qual ele
aceite expressamente aquelas obrigações. É o que resulta do art.º 35.º Convenção de Viena,
como ainda podem derivar de uma disposição de um Tratado desde que aceite expressamente
essa obrigação. Existem Tratados que criam direitos para Estados terceiros, ao abrigo de
cláusula de nação mais favorecida.
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