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Regimes e Sistemas Políticos – profº Nuno Sampaio

I) O objeto e o método da política comparada


Desde a Antiguidade Clássica e Grécia Antiga que a política surge como uma reflexão
filosófica.

 Segundo Maquiavel (Renascentismo)

A política passou a ser vista como uma arte dependente:

Da vontade do príncipe;

E da capacidade de instrumentalizar aos seus objetivos os recursos de poder

A política separou-se da moral e da filosofia  Adquirindo autonomia

 Segundo Montesquieu (Iluminismo)

Estabelece-se a definição / introdução de leis para a vida política (componente


normativa)

 Em meados do século XIX,

Surge o estudo científico da política  A ciência política descreve, observa e


analisa a realidade que se observa.

A ciência política foi concebida por oposição à filosofia política.

Como dizia, Braga da Cruz: “A política é um terreno de paixões e emoções, perpassado de


irracionalidades”

É necessário fazer a distinção entre filosofia política e ciência política.

FILOSOFIA POLÍTICA (Como deve ser):

 Desde as obras clássicas de Platão e Aristóteles – A República e A Política,


respetivamente – trabalhou com juízos de valor;

 Estudo filosófico da política:

Idealista, normativo e ético


CIÊNCIA POLÍTICA (Como é):

 Aborda a realidade política tal como se apresenta, trabalhando com juízos de facto.

Instrumento fundamental da observação


e da análise científica da política

 Componente empírica / estudo científico da política;

 Observa, compara, clássica, interpreta e explica os factos da vida política e como estes
se apresentam na realidade  Objetividade obrigatória (observação
objetiva/rigorosa da realidade)

Exige:

Distância emocional e afetiva, sem convicções e paixões, abstraindo-se do


desejo político ou moral;

Tratar a política de forma racional, com rigor e isenção;

 Pressupõe distanciamento e separação entre o objeto observado e o sujeito


observador.

É ainda necessário fazer a distinção entre ciência política e sociologia política

Ciência Política Sociologia política

 Estuda a relação da política com  Relaciona os factos da vida política


fenómenos não só especificamente com as realidades sociais que a
políticos, mas também sociais (que envolvem e condicionam;
condicionam e afetam a vida política);
 Variáveis explicativas socio-
 Variáveis explicativas politico- estruturais;
estruturais;
 Começa com a sociedade e analisa
 Começa com o Estado e examina como esta afeta o Estado.
como este afeta a sociedade.
 Dimensão da ciência política
A política como objeto da ciência

O que distingue uma ciência é o seu objeto e método.  O primeiro objeto da ciência
política foi o Estado.

“Teoria Geral do Estado” – de matriz alemã:

 estuda o estado do ponto de vista jurídico e político (do ponto de vista


da sua origem, naturezas, fins, formas específicas, órgãos de Estado, a
soberania e divisão de poderes);

 Visão mais sociológica e empírica;

 O estudo da política como Estado de poder (desformalização da


política);

 Enquadramento mais amplo  remete para o quadro social e para as


relações de poder;

O segundo entendimento científico da política foi o poder – agora, estuda-se o


Estado segundo o seu poder.

 O objeto da ciência política: PODER

 O estudo da política torna-se sociólogo, e a sociologia política converte-


se numa sociologia de poder

Charles Merriam  O objeto de estudo do Estado: GOVERNO.

 O governo é analisado NÃO como Estado ou mera luta de poder;

 Mas como uma forma especial de associação (privada ou pública) que


satisfaz uma série de necessidades (de segurança externa, ordem
interna, justiça, bem-estar ou liberdade);

Lasswell  O objeto de estudo do Estado: ACONTECIMENTOS.

 Veio identificar a ciência política como ciência do poder.  O estudo da


política organiza-se à volta desse conceito central: o poder.

Charles Mills  Levou à autonomia do fenómeno político.

 Analisou as elites de poder (políticas, económicas e militares).

Barrington Moore  Visão mais marxista do poder

 Investigou as origens sociais da ditadura e da democracia;

 O poder é entendido como uma luta de classes e como “soma-zero”.


Robert Dahl  Contrariou a visão de poder como “soma-zero” através da
POLIARQUIA:

 Visão de poder como “soma-positiva”.

 As elites não são homogéneas, mas pluralistas e diversificadas;


Competitivas e participadas;

 Há uma competição de elites, mas vários podem ter poder (incluindo os


governados).

David Easton  CONCEPÇÃO DA POLÍTICA COMO SISTEMA:

 Visão sistémica e autónoma da política.

Sistema com processos de funcionamento e com uma dinâmica gerada


por inputs e outputs  Resultados gerados pelo sistema político

 Inputs – Reivindicações e apoios dirigidos aos que falam em nome do


sistema e às suas autoridades. Podem provir do ambiente intra-societal
(economia, cultura, estrutura social e personalidades individuais) ou do
ambiente extra-societal (todos os sistemas fora da sociedade).

 Outputs – todas as decisões (políticas ou administrativas) e medidas


tomas pelas autoridades.

Gabriel Almond  Teoria do desenvolvimento político

 Surgiu na década de 60, séc. XX, associado às independências na Ásia e


em África  Suscitava preocupações e punha exigências de carácter
político.

 Associado às teorias de modernização (industrialização). Identificava-se


o desenvolvimento e a industrialização económica e social com o
alargamento da participação política.

Samuel Huntington Responsável pela autonomização política do conceito de


desenvolvimento

 Não basta a modernização, é necessário a organização e


institucionalização da política.

 Só as sociedades de alto nível de organização e mobilização poderão


possuir um alto grau de cidadania e civismo.

 Tal promove o desenvolvimento político e é o processo pelo qual as


organizações e os processos políticos adquirem valor e estabilidade.
II) O ESTADO (objeto da ciência política)

a) OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO

o É uma comunidade política de pessoas unidas por uma vontade ou


consciência/interesse coletivo na procura de um bem comum;

o Vivendo num determinado território geográfico, politicamente organizada e


dotada de uma autoridade soberana  Detentora de monopólio

o Uns governam e outros são governados.

O Estado, segundo:

Jellinek  É uma comunidade com território próprio, com súbditos


(população) próprios e com poder supremo de governo próprio. São
necessários estes 3 elementos para a existência do Estado.

Bluntschli  É a organização da Nação num dado país. Existem apenas


2 elementos do Estado: a Nação e o país. Sem Nação, não há Estado; a
Nação exige o país. O Estado é um conjunto de homens formando uma
pessoa orgânica e moral sobre um território dado, sob a forma de
governantes e governados. É a pessoa politicamente organizada da
nação num determinado país.

S. Finer  Existem Estados Pré-modernos e Estados modernos.

 ESTADOS PRÉ-MODERNOS:

- Populações territorialmente definidas que reconhecem


um supremo órgão de governo – servido por função
pública (que concretiza decisões) e corpo militar.

- Tem soberania. Poder autónomo e independente na sua


ação sobre a população – sendo, portanto, reconhecido
por outros Estados.

 ESTADOS MODERNOS: (têm as características acima e)

- Nacionalidade comum.

- Comunidade em que os membros beneficiam de


serviços, participando no pagamento de taxas e
impostos (direitos e deveres).
Em conclusão, o Estado é uma comunidade política de pessoas, ao serviço das quais
está. Não é o fim em si mesmo, mas uma criação da sociedade. Não a deve substituir,
mas colocar-se ao seu dispor para permitir o seu desenvolvimento e fortalecimento.

Assim, os elementos constitutivos do Estado são:

 Território

 Povo

 O poder soberano do Estado.

1) TERRITÓRIO (E AS FRONTEIRAS TERRITORIAIS):

 É onde se exerce a jurisdição.

 Espaço físico delimitado por fronteiras - terra (solo, subsolo), mas também
espaço aéreo.

 Zona económica exclusiva marítima, com os seus recursos naturais.

- Importância do espaço marítimo.

Ex: Portugal tem espaço marítimo continental e das ilhas (51 000 km2).
Tem soberania e poder marítimo (ZEE). No entanto, são ainda
necessárias capacidades e recursos.

 Território tri ou multidimensional.

 Pode ser:

o Contínuo (Continente) ou descontínuo (ilhas.

o Exíguos (Vaticano, Andorra, Mónaco, San Marino) ou Extensos (China ou


EUA).

Evolução histórica:

 A territorialidade nasceu com a sedentariedade. Os povos nómadas NÃO


podiam constituir Estado, devido à sua incapacidade de se dotar de território
de jurisdição própria.

 O Estado-território (organização política baseada num território) nasceu com as


cidades-estado gregas
 O feudalismo desvalorizava / estava divorciado da territorialidade, pois as
fronteiras não estavam bem definidas, estas eram imprecisas / fragmentadas,
estavam sempre em disputa.

 Só com o Estado moderno se levantam as fronteiras  Separações territoriais

 A maioria dos Estados de hoje (2/3) nasceu depois das Guerras Mundiais e,
muitos apenas depois de 1960, resultantes das desagregações dos impérios
coloniais.

Do ponto de vista geográfico, o território:

 Traduz-se do ponto de vista humano, em terra, entendida como pátria,


passada de geração em geração.

 É a origem etnológica dos habitantes dela.

 Pode ser obtido pelo Estado de vários modos, desde a cessão, passando
pela troca e pela anexação.

2) POVO

 Como totalidade de homens e mulheres sob um poder estatal.

Nota: Comunidade estatal:

- Totalidade de indivíduos com condutas coordenadas de maneira


específica, orientadas por um determinado sentido.

- Estrutura de ação jurídica organizada.

- Constituição de convivência.

 Comunidade de pessoas que habitam o território, população do espaço


geográfico, unido politicamente.

 Em sentido sociológico, é entendido como realidade étnica, com continuidade


histórica, como comunidade dos súbditos ou cidadãos de um Estado, como
sujeito de soberania.

 Como Nação, com cultura, história, língua e religião comum, com destino
político comum, com sentimento de afinidade.

 O povo pode ser composto de várias nacionalidades.


Origem do Estado-nação:

 Despontou das ruínas da desagregação e fragmentação dos Impérios.

 Ganhou força no dealbar do absolutismo, com o desenvolvimento da moderna


noção de soberania absoluta, com a “teoria do direito divino dos reis” e a
emancipação do poder temporal da tutela religiosa.

A nacionalização do Estado foi um processo de:

- Secularização do poder;

- De autonomização da autoridade real da Igreja;

- Concentração de poder nas mãos dos reis absolutos (soltos do controlo


religioso dos papas).

 A ideia de povo-Nação só se consolidou e expandiu com a Revolução Francesa e


com a ideia de soberania nacional. Com a substituição do princípio da
legitimidade pelo princípio das nacionalidades (“a cada Nação um Estado, a
cada Estado uma Nação”).

Ou seja, na transição do absolutismo para o liberalismo, do governo


autocrático para o governo popular representativo, da soberania real para a
soberania popular.

 Só assim o Estado do Absolutismo, identificado com a figura do Rei, é


substituído pelo Estado-Nação, pelo Estado-Povo.

 Os Estados Modernos passaram de Reinos a Nações.

Nacionalização dos Estados: (e consolidação)

 A soberania foi atribuída à Nação, como corpo de cidadãos, poder constituído,


comunidade histórica de um povo  Devido a vários processos.

Devido:

 Alfabetização da sociedade e a escolarização de massas  Que levou a


homogeneização e integração cultural das massas;

 À uniformização linguística como exigência do mercado nacional, da


mobilidade e qualificação da mão-de-obra e da mercantilização do
consumo.

Um povo é uma mesma cultura, uma mesma língua.


 Revalorização das tradições patrimoniais (linguísticas, etnológicas e
históricas), através da preservação de memórias.

Um povo é uma memória coletiva, uma identidade, um nome, uma história


comum.

 Alargamento da legitimidade política (parlamentos nacionais), com a


universalização do sufrágio (direito de voto alargado).

EVOLUÇÃO DA CIDADANIA:

 Concepção grega: cidade limitada / exclusiva. Os cargos administrativos eram


feitos por sorteio (ex: Grécia). Antítese entre cidadão e súbdito.

- Pressupõe a desigualdade entre os homens e a primazia clara do


cidadão sobre o súbdito.

- Traduz-se na participação na vida da cidade e da elegibilidade para


cargos públicos (excluindo os escravso, os estrangeiros e as mulheres).

 Concepção romana: os cidadãos tinham alguns privilégios exclusivos (não eram


todos os cidadãos). A cidadania era um privilégio.

- A cidadania significava a inclusividade no Império, a pertença ao Estado.

- A cidadania era um estatuto legal mais do que uma pertença


comunitária. O cidadão era sujeito de direitos, gozava de privilégios
especiais.

 Concepção moderna: ser cidadão significa ficar subjugado.

- A cidadania passou a ser o reverso da soberania. Cidadãos eram todos


aqueles que estavam sobre proteção soberana do príncipe.

- No entanto, o estatuto de cidadania era meramente passivo, mas geral


e, pressupunha como principio unificador a subordinação à soberania
do príncipe.

- Cidadão era o sujeito da soberania. Cidadania traduzia sujeição.


 Concepção liberal: importância da liberdade. Cidadania cívica / burguesa (ex:
voto apenas de quem pagava impostos).

- Igualdade de todos os homens perante a lei e traduz-se em primeiro


lugar na liberdade (primeiro valor assumido pela cidadania).

- O cidadão é o sujeito de direitos e deveres em face do Estado.

- Os primeiros direitos desta cidadania cívica foram os direitos cívicos e


os direitos liberais.  Direitos afirmados para defender o individuo da
prepotência ou invasão do Estado.

 Concpeção democrática: Todos os homens e mulheres são cidadãos. A


cidadania é uma condição universal. Cidadania política.

- A cidadania que era cívica tornou-se política.

- Com a crescente afirmação dos direitos políticos democráticos: direitos


de segunda geração, entre os quais o direito de sufrágio, cada vez mais
alargado e universalizado; o direito de associação profissional e sindical;
o direito de petição e demonstração política e social (grave incluída); o
direito de igual acesso a cargos políticos.

- A cidadania passou a significar, além do valor de liberdade, também o


valor de participação  tornado possível pelo alastramento da
escolaridade obrigatória;

- A escolarização da sociedade foi, de facto, uma condição de


possibilidade da democratização da cidadania: promotora de liberdade
de autonomia dos indivíduos e da emancipação e autonomia intelectual
e social das grandes massas.

- Cidadão passou a ser todo o votante ou eleitor, não meramente o


alfabetizado ou contribuinte.
Concepção social: O Estado tem o dever de proporcionar ao povo prestações
sociais, mas o povo tem de pagar impostos. Os cidadãos são receptores passivos,
mas têm deveres associados, para além dos direitos.

Tipos de direitos:

- Civis  Liberdade individual, de expressão, propriedade privada,


direito à justiça;

- Políticos  Direito a votar e ser eleito;

- Sociais  Direto a minoria de bem estar económico e partilhar


património social.

Instituições que asseguram direitos:

- Tribunais

- Entidades sociais

- Escolas.

3) O PODER SOBERANO DO ESTADO

 O que caracteriza o poder do Estado é a soberania:

o Autonomia interna e independência externa do Estado;

o Auto-determinação;

o Princípio da não ingerência externa;

o Livre organização.

 Capacidade de legislar e governar; de estabelecer tratados e guerra, sem que


ninguém pudesse questionar ou limitar essa capacidade (irresponsável em
última instância e sem recurso possível).

 Poder autónomo e superior num determinado território.

 Capacidade de dar ordens a um povo e de as fazer cumprir, através de um


aparelho administrativo.

 O direito a escolher o próprio sistema de governo.


Origem do conceito de soberania:

 Foi cunhada por Jean Bodin;

 Nasceu com o Estado absolutista  tentativa de emancipação da tutela do


papado, ou seja, de libertação do reconhecimento pelo Papa.

 A soberania absoluta do Rei é fundamental para a emancipação do Estado


da Igreja.  Primeira secularização do Estado.

 No Estado Absoluto, o Estado identifica-se com o soberano.

 A soberania era uma autoridade suprema, acima da qual nenhum poder se


perfila. Perpétua e absoluta.  O poder do Rei NÃO conhece limitação,
nem subordinação a qualquer poder ou autoridade internacional.

 Francisco Suarez: teorizou a soberania parcial ou limitada:

- Com o intuito de preservar a superioridade da Igreja sobre o Estado


puramente secular;

 Hanks Kelzen: Primazia do direito nacional sobre o direito internacional:

- A ideia do Estado soberano, sem nenhuma ordem jurídica superior,


afirmando a superioridade da ordem jurídica nacional sobre a
internacional.

- A soberania do Estado significaria que o mesmo não poderia


sujeitar-se à jurisdição de um tribunal internacional.

 São particularidades da soberania o direito de fazer tratados, de legislar e


de fazer guerra.

Evolução da titularidade da soberania:

 Iniciada com a Revolução Francesa, consagrada na Conferência de Viena;

 Com a teorização da soberania popular  A titularidade da soberania


passa do príncipe ao povo.

 Soberania passa a significa “a vontade geral coletiva”.

 De soberania real, passa a soberania do povo-nação de cidadãos. De


soberania absoluta, passa a soberania popular.

 Assim, soberano é o povo, mas este já não é feito de súbditos, mas sim de
cidadãos  A soberania pertence ao povo e ninguém se pode arrogar dela.
A soberania limitada e partilhada do liberalismo:

 Segundo Benjamim Constant e Alexis de Tocqueville.

 Direitos do indivíduo;

 Estado de Direito, a par da democracia (liberais, contemporâneas), que


respeitem as liberdades individuais;

 Separação de poderes (check and balances) em legislativo, executivo e judicial


(caracterização do Estado).

O poder da soberania: (o poder do Estado, através do qual se exerce soberania, é um


poder composto e dividido, em órgãos de soberania separados)

 Poder executivo – governo – é tanto poder de governo ou político, como poder


administrativo.

 Poder legislativo – parlamento;

 Poder judicial – tribunais;

 A característica fundamental é o “monopólio da coação física legítima”:

- O Estado é a comunidade humana que, no interior de um determinado


território, reivindica para si (com sucesso) esse monopólio.

- Implica:

 Burocracia militar: recrutamento de força armada e policial;

 Burocracia administrativa civil: corpo de funcionários públicos;

 Sistema de cobrança de impostos;

 Legislação própria;

 Diplomacia e representação externa;


b) FORMAS DE ESTADO

1. Estado Unitário

2. Estado Regional
Poder mais
3. Estado Federal disperso

4. Esta Confederal

5. União Política

1. ESTADO UNITÁRIO

 Estado de soberania única, com um único governo que tem na sua base uma
constituição  Forma de representação única.

 Os órgãos locais são autarquias administrativas e NÃO políticas, nem


autónomas.

 Admite descentralização administrativa, em regiões, províncias ou distritos 


Para conseguir melhoria de prestação de serviços públicos, de políticas
públicas.

 Anda associado intimamente ao Estado-Nação.  É uma construção do


liberalismo, com a diferenciação e construção de fronteiras como limites e
formas de controlo territoriais.

 A unificação política dos Estados foi acompanhada de um processo de


unificação religiosa e unificação linguística.

Deveu-se a fatores de:

- Ordem material:

 Fatores económicos, militares e geográficos

- Ordem imaterial:

 Fatores religiosos (reforma), espírito ou génio nacionais


(identidade cultural nacional) e as soberanias públicas
(decorrem das burocracias administrativas estaduais.
 Criaram-se para formar mercados unitários e fechados com fronteiras
alfandegárias, dotando-se de exércitos profissionais, assalariados e
permanentes  Mais tarde com serviço militar obrigatório.

 Espaços geográficos, mais ou menos homogéneos ou delimitados


politicamente.

 Revestiram-se de religião de Estado própria, língua e cultura nacional própria,


radicada em elementos patrimoniais, literários e históricos singulares.

Ex: Portugal  Estado unitário, mas com outras 2 regiões do país com autonomia
própria (governos regionais próprios).

2. ESTADO REGIONAL

 Forma intermédia entre o Estado Unitário e o Estado Federal.

 Estado com regiões dotadas de autonomia política, mas onde existe uma
fiscalização pelo poder central dos órgãos locais.  Têm governos e
parlamentos próprios, mas subordinados aos centrais e compatíveis com eles.

 São Estados sem partilha de soberania.

 Enquanto o Unitário tem autarquias (poder delegado, concedido por lei) , o


Regional tem autonomias.  Com poderes legislativos próprios que decorrem
de eleições.  previstos pela Constituição  poder originário.

 A região tem self-rule (auto-administração), self-sufficiency tributária e self-


vigilance.

 As autonomias não participam, como os Estados Federados, nas decisões


centrais, no processo de revisão constitucional, não têm representação numa
Câmara Alta de regiões, nem tribunais autónomos.

Ex: Espanha, Itália e França


3. ESTADO FEDERAL

 Renuncia à auto-defesa para se auto-conservar na federação.

 Para manter a sua independência, renuncia à sua impenetrabilidade e


aceita o direito de ingerência da Federação.

 A soberania permanece pendente entre os estados membros e a federação.

 A primeira experiência federalista da história moderna foi a dos Estados


Unidos da América.

Processos de federalização: (Existem 2 processos)

 De baixo para cima, como processo de agregação ou de integração (EUA, Suiça


e Alemanha):

- Os Estados federais nascem da união de vários Estados membros


anteriores que se juntam para se tornarem unidos.

- Dotam-se de soberania dupla: a do estado federal, dominantemente


externa, e a dos estados federados, interna.

- A soberania é repartida e dividida pelo governo federal e pelos


governos estaduais.

 De cima para baixo, como processo de desmembramento, desagregação ou


diferenciação de Estados Unitários, mas sem pondo em causa a sua unidade
(Bélgica, Brasil, Índia ou Federação Russa).

- Existem parcelas de soberania, na tentativa de resolver problemas


resultantes da desadequação da forma unitária  desarticulação da
unidade precedente

- O centro “devolve”, assim, a soberania à periferia – para se manterem


unidas.

 Em ambos os casos, assistimos a uma transferência de soberania, de poder e


de competências (executivas ou legislativas) da periferia para o centro ou vice-
versa.
Organização da Federação:

 A federação sela-se por uma constituição de carácter fechado, ou seja, da qual


não se pode sair sem ruptura da própria constituição.

 A alteração da Constituição exige maioria qualificada.

 O Estado Federal, normalmente extenso e complexo, é bicamaralista, sendo a


Câmara Alta – a câmara dos Estados Federados, representados em igualdade,
onde se forma a vontade estatal da Federação.  Câmara paritária.

A Câmara Baixa é proporcional à extensão e à importância ou à população dos


Estados federados.

4. ESTADO CONFEDERAL

 Fase de transição para o Estado federal (confederação arcaica).

 A soberania não dividida nem partilhada reside nos Estados-membros, ou


seja, não há partilha de soberania.

 A cidadania é exclusiva dos Estados-membros.  O governo central só tem


domínio indireto sobre os cidadãos e competências delegadas.

 Assenta num pacto ou tratado aberto.

 É uma união de Estados que mantêm a sua soberania; é uma organização


internacional, sem ordenamento constitucional.

 As decisões tomam-se por unanimidade, enquanto na Federação basta a


maioria qualificada.

 Na Confederação Antiga, as relações entre os Estados-membros são


reguladas pelo Direito Internacional. A soberania não está dividida nem
partilhada, reside nos Estados-membros.

A confederação, ao não ser sujeito de soberania, não tem Forças Armadas,


nem nacionalidade própria. Os indivíduos são apenas nacionais ou cidadãos
dos Estados-membros.

Adopta como forma de governo uma Assembleia deliberativa, com


representantes de cada Estado-membro, e um órgão executivo, constituído
alternadamente pelo poder executivo de cada Estado-membro.
 A Confederação Moderna tem a função de operar também na esfera do
individuo e dos seus direitos individuais.

Possui apenas potencialmente a estrutura e a solidez de uma forma de


Estado. A esfera das estruturas e das garantias permanecem separadas.

É também uma democracia, ordenamentos de relações individuais, tutela


de direitos fundamentais.

 A confederação seria não um Estado, mas uma comunidade, autónoma e


não necessariamente soberana, com uma organização democrática que
garantisse a distinção e equilíbrio de poderes.

Ex: Alemanha Confederal de 1815 (normalmente exemplos históricos)

5. UNIÃO POLÍTICA

 Não se deve confundir nomes com realidades.

 A União Indiana ou o Reino Unido não são propriamente uniões políticas.

 A União Europeia tem traços mistos, embora não seja uma perfeita união
política.

 A União Política, que preserva a sua soberania e identidade, pode ser:

- Pessoal  Quando a mesma pessoa é investida na soberania de 2


estados, que se mantém independentes, quer interna, que
internacionalmente.

- Real  Quando se dá a união de 2 estados.

Ex: Sérvia e Montenegro (2003 a 2006)


c) A CRISE DO ESTADO

 O Estado está em expansão, a nível interno (nos assuntos domésticos,


relativamente aos programas de bem-estar, ou seja, tem crescido nos
serviços que presta aos cidadãos).

 Simultaneamente, está em regressão ou contração, a nível externo (no


domínio dos negócios internacionais).

 No entanto, nos últimos tempos, regista-se também uma regressão a nível


interno, devido:

- À proliferação do sub-grupismo (fragmenta e enfraquece o Estado,


tornando-o refém de interesses);

- Aumento das competências dos cidadãos (neo-tribalismo);

- Globalização e fluxo transnacional de povos, conhecimentos e


tecnologias;

- Prevalência dos direitos humanos e à defesa da legitimidade política


(que permite intervenções humanitárias)  Colocando em causa o
tradicional entendimento da soberania dos Estados.

1. A crise do Estado-Nação

 O Estado-Nação, tem vindo a sofrer uma erosão por cima e por baixo da
sua soberania:

- Pela globalização

- Pelo desenvolvimento do localismo político

 Revelando-se demasiado pequeno para enfrentar os grandes desafios e


demasiado grande para intervir na resolução dos pequenos problemas.

 Assiste-se a uma progressiva separação dos conceitos de soberania e


Estado  à perda de soberania do Estado-Nação, devido à crescente
internacionalização da vida económica, político-militar e socio-cultural.
 Globalização: fenómeno económico e financeiro, que se traduz:

 Na mundialização dos mercados;

 Internacionalização da divisão do trabalho;

 Multinacionalização das empresas, acompanhado pela circulação de


pessoas, bens e capitais.

 A intensificação das trocas comerciais + a mundialização dos


investimentos + articulação crescente dos sistemas produtivos +
destruição de barreiras alfandegárias  Substituição da dimensão
estadual-nacional dos mercados por uma mais vasta dimensão
transnacional e transcontinental.

 A nível económico, as grandes empresas multinacionais (com o seu


aparecimento), tornaram-se relevantes atores da vida económica
internacional;

Ou seja, a economia é global e tende a ser conduzida por grandes


blocos regionais.

 A nível político-militar, a formação de blocos , legitimou as


intervenções militares em países estrangeiros e justificou a presença
de tropas de ocupação ou instalação de bases de grandes potências
em territórios nacionais.

O direito de fazer guerra deixou de pertencer exclusivamente ao


Estado Nacional, para passar para os grandes centros de decisão das
organizações militares transnacionais / blocos internacionais.

 A nível socio-cultural, existe uma crescente mundialização da


opinião pública Afirmação e reconhecimento progressivo da
necessidade de autoridades internacionais para regular o acréscimo
das comunicações mundiais.

 A nível ambiental /ecológico, só respostas globais podem fazer


frente a problemas que são de âmbito mundial (catástrofes
ecológicas e o “buraco do ozono”) e que devem ser resolvidos em
termos transnacionais.

A segurança ambiental, problemas de saúde e de qualidade de vida,


mundializam-se.

 A nível tecnológico, houve um incremento das tecnologias de


informação e comunicação.
 A globalização veio introduzir maior competitividade a nível
mundial;

 Maior interdependência e interatividade com o aparecimento da


sociedade de redes  O mundo global tornou-se maior e mais
pequeno – á medida que adquiriu maior dimensão, tornou-se ao
mesmo tempo mais próximo e interativo (“aldeia global”).

 A globalização derruba fronteiras, destrói as distâncias, reforça a


interdependência, enfraquece a territorialidade do Estado  cada
vez mais dependente não da terra, mas dos recursos.

 Este é um processo pelo qual o Estado nacional vê diminuir a sua


soberania e identidade  transferidas para atores transnacionais.

 Localismo político:

 Surgiu devido à necessidade de proximidade dos cidadãos e dos


seus problemas, que desenvolveu os níveis elementares de poder e
organização política (localismo político). – conotação positiva.

 É o reverso da globalização  Tratam-se de 2 dinâmicas


inseparáveis, de 2 faces da mesma moeda. O local é um aspeto do
global.  Um é a consequência do outro.

 As dinâmicas globais ocorrem em lugares locais.  Há uma


interação de forças globais e nacionais.

 É nos lugares locais que se produz e reproduz a economia global. 


os Estados Nacionais estão implicados profundamente na economia
global.

 O que muda é a função do Estado, com a redução a sua autoridade


e com o surgimento de uma nova legalidade  nova função de
internacionalização normativa.
2. A crise de Welfare State:

a. ORIGENS DO ESTADO SOCIAL:

 Surgiu no século XIX, alargando no século XX, depois da II guerra


mundial.

 A 1ª introdução dos sistemas de proteção social teve como objetivo


a legitimação política das elites nacionais  Para compensar a falta
de direitos políticos.

Tinha como objetivo:

- a inclusão social das massas,

- a integração política, por vida do alargamento do sufrágio e


a centralização do Estado.

Um sistema de proteção obrigatório para a população assalariada,


com os seguros contra doenças, contra acidentes de trabalho,
velhice e invalidez dos trabalhadores.

Estes foram alargados na 1ª metade do século XX, com o


aparecimento dos direitos sociais, os de 3ª geração, a par com o
reforço da autoridade do Estado.

E, após a guerra dos 30 anis, levou a uma maior eficiência


económica, com um Estado mais interventor, quer na economia,
quer na vida social.

 A cidadania, construída para libertar o cidadão do Estado, era agora


garantida pelo Estado.

 A “politica social” traduzia-se nos abonos de família, num serviço


nacional de saúde e numa política de pleno emprego. O seu
financiamento deveria ser por um complemento fiscal (imposto que
cobrisse riscos de saúde e encargos familiares).
b. MODELOS DE ESTADO SOCIAL: de acordo com a qualidade dos direitos
sociais, estratificação social e relação entre o estado, o mercado e a família.

 Estado Social liberal – assenta nas soluções de mercado (1º


instituído por liberais e que prevalece, hoje, em países de forte
tradição liberal (EUA, Reino Unido, Irlanda);

- Encoraja por norma provisões privadas, limitando as


responsabilidades públicas às falhas graves do mercado.

- O papel público do estado, na atribuição de benefícios, é


residual;

- Encoraja os cidadãos a optar pelo mercado privado,


enquanto o governo procura reforçar testes de rendimento.

- Acaba por favorecer mais a população empregada do que a


desempregada, pressionando para um abaixamento de
salários.

- É um modelo mais benéfico para o orçamento do Estado,


mas prejudica os mais baixos rendimentos.

 Estado Social Conservador / continental – assenta na Doutrina


Social da Igreja e atribui particulares responsabilidades às famílias.
(prevalece em países católicos, Alemanha, Bélgica, Áustria, França);

- A família absorve muitos dos riscos de exclusão social;

- Prejudica os que estão fora do mercado de trabalho,


dificultando o ingresso nele, menos favorável também a
emancipação da mulher.

- Preserva as diferenças do status; os direitos estavam ligados


à classe e ao status.

- Aposta na preservação da família, fundado no principio da


subsidiariedade. O estado só interfere quando a capacidade
da família de servir os seus membros se esgota.

 Estado social socialista ou social democrata – fortemente estatista,


faz do Estado o prestador por excelência ou exclusivo dos direitos
sociais (põe enfase no pilar governamental).

- Favorece mais o individuo do que a família; a sua


independência diminui as obrigações das famílias.
- Diminui a dependência do mercado e aumenta a do Estado.

- Assenta em rendimentos universais garantidos, procurando


fazer face a desempregos de longa duração, e atendendo a
crianças, doentes e idosos.

- Procura maximizar o emprego e a emancipação da mulher.

- É uma fusão do liberalismo e socialismo.

c. CONSEQUÊNCIAS DO ESTADO SOCIAL:

 A crise leva ao crescimento do aparelho do Estado, que traduz:

- Aumento da produção legislativa

- Aumento dos impostos e da intervenção fiscal do Estado

- Crescimento do funcionalismo político

- Aumento da burocracia estatal:

 Levou a uma crise de poder, em termos de eficácia (intervenção) – o


Estado perdeu a mobilidade e agilidade, incapaz de responder aos
problemas - , legitimidade (governabilidade) e de recursos (cada vez
mais escassos):

d. CRISE DA CIDADANIA:

 Ocorreu uma reformulação da cidadania (em termos de valor, mas


de quadro referencial).

 A cidadania deixou de ser apenas nacional. A multiculturalidade das


sociedades ocidentais desliga definitivamente cidadania de
nacionalidade  pluraliza as cidadanias.

 Aumento da consciência transnacional  cidadania fruto do maior


desenvolvimento social e politico.

 Antítese entre o cidadão nacional e o estrangeiro.

 Alargamento da cidadania, nas sociedades de consumo, para o


valor da qualidade de vida. Não basta ter cidadania nacional, mas
global / cosmopolita.

 Cidadania quer dizer liberdade, participação igualitária,


solidariedade social, qualidade de vida. Nacionalismo e patriotismo.
 É uma comunidade nacional, com a sua tradição cultural e os seus
valores sociais.

III) REGIMES POLÍTICOS

A. Totalitarismo e Autoritarimos

 Regimes anti-democráticos  “Progessistas” (entendem que o


desenvolvimento da história levará a uma ditadura de proletariado e a uma
sociedade sem classes)

Ex: Ditadura – Governo de 1 pessoa ou grupo de pessoas que arrogam o


poder e o monopolizam, exercendo-o sem restrições.

 Regimes anti-democráticos  “Reaccionários” (contra o parlamentarismo e


a democracia multipartidária).

1. Teorias Nacionalistas:

 Teorias que interpretam os modernos regimes não democráticos (o seu


inicio e o apoio que tiveram para emergir), como resposta à
necessidade de construção ou consolidação das Nações.

 A Nação é entendida como antídoto do atomismo e da decadência das


sociedades demoliberais.

2. Teoria da Modernização:

 As ditaduras entre guerras seriam uma etapa do desenvolvimento


político para a democracia parlamentar.

 Tal envolve um processo de crescente produtividade económica,


mobilidade geográfica e social e eficácia política na mobilização de
recursos humanos e materiais.

 Este desenvolvimento político tem 4 fases:

- Unificação primitiva;

- Industrialização

- Estado assistencial

- Estado da abundância.
3. Teoria Marxista de classes sociais:

 Unifica o fascismo e o nazismo numa só categoria  considerando-o


como última cartada do capitalismo, como ditadura do grande capital,
instrumentalizando a pequena burguesia.

4. Ernst Nolte e a guerra civil europeia:

 O fascismo (italiano e nazismo) é uma resposta à ameaça da revolução


russa e do bolchevismo  tendo travado com ele uma guerra civil
europeia:

 O que caracteriza o fascismo é o anti-comunismo.

5. Teoria do Totalitarismo e do Autoritarismo:

 Ditadura totalitária  são ditaduras de movimento

- Visam destruir o Estado, criando para isso um dualismo de


estruturas, mas em que as do Estado se subordinam às do
partido.

- O partido, entendido como “movimento” é a fonte originária do


poder e assume uma função de direção.

- O Estado, no limite, pode ser destruído e subordinado ao poder.


Só existia como um meio para o partido atingir os seus fins.

- A dominação totalitária é mais vasta, mais intensa, e é a maior


repressão.

- O totalitarismo é um regime de terror indistinto, que visa


cidadãos indefesos e inofensivos e, não apenas os opositores.
Visa suprimir a liberdade.  repressão de massas.

- O monopólio do poder não é apenas político, mas também


social.

- A concentração de poder é maior. Existe um único centro de


poder e total ausência de competitividade  monismo político
e social.

- Regimes fortemente marcados pela ideologia, de grande e


intensa mobilização política;
Significa a invasão da sociedade civil pela sociedade política  a
destruição da fronteira entre a sociedade e a política. 
militariza a política e subordina as Forças Armadas à política.

- Só é possível em sociedade de massas, massas dispensáveis que


tornem possível a estratégia de terror em que se baseia; Exige
também novas técnicas de destruição.

 Ditadura Autoritária  são ditaduras de partido.

- Visam assumir o poder do Estado e ocupar as suas


estruturas.

- O poder subordina-se ao Estado, que se absolutiza.  o


partido tem apenas um poder derivado e desempenha uma
função de suporte.

- A dominação autoritária é mais reduzida e menos intensa.


 A repressão é menos forte, mais seletiva  atingindo
apenas os que se manifestam contra (oposição organizada,
crítica pública).

Visa reprimir e controlar a liberdade, mas não eliminá-la. 


Monopólio do poder é apenas político;

- Existe algum pluralismo, vários centros de poder e alguma


competição simulada ou controlada.

- Têm uma ideologia conservadora de contenção de massas


 visam o seu enquadramento mais que a sua mobilização.
Querem uma sociedade organizada e despolitizada.

Regimes mais pragmáticos e poucos ideológicos  politiza


as Forças Armadas, confere-lhes poder politico.

 Modernização do autoritarismo:

- Assenta numa crescente secularização, mobilização


social e industrialização;

Ex: Fascismo italiano: teria a modernização como propósito


e a mobilização como estratégia; visaria o expansionismo
das “nações proletárias”, em termos internacionais.

 Autoritarismo conservador:
- Recuperador do tradicionalismo  procuraria integrar
a nação na tradição, repudiando a mobilização política
intensa.

B. Teorias da democracia

 Tocqueville é o 1º a observar a democracia e a teoriza-la  definindo-a


como um regime de liberdade política e igualdade de condições ou de
oportunidades (oposto à aristocracia).

 A democracia pressupõe uma sociedade mais igualitária, com maior


igualdade de oportunidades, com um governo fundado na soberania
popular e na liberdade política.

 Favorecida por relações sociais menos hierarquizadas  os cidadãos


assemelham-se na maneira de viver e encarar o mundo.

 Os democratas têm um gosto e paixão pela liberdade.

 No entanto, a procura da igualdade sem liberdade conduzirá ao


despotismo do Estado.  A democracia tem que ser necessariamente
liberal.

Para evitar esse despotismo, é necessário a autorregulação das


instituições descentralizadas, reforçando os costumes democráticos.

É ainda necessário reduzir o papel e a intervenção do Estado.

No entanto, existe um papel importante na separação e no controlo do


poder  liberdade de imprensa e religião (poderosos aliados).

 Democracia (Schumpeter): o sistema institucional que conduz à tomada de


decisões políticas, em que os indivíduos adquirem poder de decisão na
sequência de uma luta concorrencial por votos do povo:

 Implica a possibilidade de respeitar a escolha de governantes


feita pelo povo, em eleições;

 Consagra e não ignora o papel de liderança e a possibilidade de


a substituir;

 Não despreza as vontades coletivas autenticamente expressas;


 Envolve competições pela direção politica: livres candidaturas
em competição livre por votos;

 Regime de liberdade individual: cada um se pode candidatar


contra o poder, com liberdade de discussão e de imprensa;

 O que a caracteriza é o poder do eleitorado de gerar um


governo e de o derrubar.

 Consagra a vontade da maioria e não a vontade do povo – as


rédeas do governo são confiadas aos que forem mais votados.

 No entanto, não significa que o povo governe efetivamente, mas este aceita
ou afasta os homens chamados a governar, através da livre concorrência
entre candidatos aos postos de comando, pelos votos dos eleitores.

 A democracia cria profissionais da politica – mas a eleição nem sempre é


dos melhores;

Condições de sucesso da democracia:

 Pressupõe material humano de qualidade: uma classe política


selecionada, experiente e treinada;

 Exige que o domínio efetivo das decisões politicas não deve ser
exageradamente vasto, mas limitado às questões que o grande
público pode compreender e sobre os quais pode ter uma opinião
refletida;

 Deve dispor dos serviços de uma burocracia bem treinada, gozando


de boa reputação  burocracia forte para guiar e instruir os
políticos ministros;

 Auto-controlo democrático: enquadramento das opiniões; disciplina


de partido; respeito pelas legislatura.

 Segundo, Lipste, democracia exige:

 Fórmula política (corpo de crenças, instituições aceites por todos);

 Um conjunto de lideres políticos (Governo);

 Um conjunto de lideres politico que os possa substituir (oposição).


Mas exige também pre-requisitos:

 Uma sociedade mais igualitária  pois maiorias pobres e elites


favorecidas geram facilmente oligarquias e ditaduras;

 Níveis mínimos de modernização  riqueza, industrialização,


urbanização, educação

 A estabilidade das democracias depende:

 da legitimidade – capacidade de gerar e manter a crença nos


valores e instituições – condição avaliativa;

 e eficácia – desempenho real, capacidade de satisfazer as


funções do governo. – condição instrumental.

 Segundo, Dahl, a principal característica da democracia é a continua


responsabilidade do governo perante as preferências dos seus cidadãos
(politicamente iguais).

 Os cidadãos devem ter a oportunidades de:

 Formular as suas preferências;

 Manifestá-las ao governo por ações individuais e coletivas;

 Ver as suas preferências igualmente consideradas no comportamento


do governo, sem descriminação por causa do conteúdo ou fonte.

 As condições de democracia são:

 Liberdade para formar e entrar em organizações;

 Liberdade de expressão e direito de voto;

 Elegibilidade para cargos políticos;

 Direito para os lideres políticos competirem em votações;

 Fontes de informação alternativas;

 Eleições livres e isentas;

 Instituições governamentais dependentes do voto e de outras


expressões de preferência.

 Os regimes políticos dependeriam, assim, da inclusividade e da contestação


pública, ou seja, participação e da liberalização.

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