Você está na página 1de 69

CIÊNCIA POLÍTICA

&
TEORIA DO ESTAD0
PROFª. Ma. MEYRE ELIZABETH CARVALHO
2/2020
´ link das aulas do segundo semestre 2020
´ meet.google.com/uir-zgiz-vuo
PARTE I
CIÊNCIA POLÍTICA
ESTRUTURA DAS AULAS
´ O QUE É POLÍTICA
´ SOCIEDADE E POLÍTICA
´ Conceitos básicos:

´ Autoridade,
´ Estado,
´ Governo,

´ Poder,
´ Política

´ Soberania

´ Sistemas de Governo e Regimes Políticos


´ Cidadania, Eleições e Participação
O que é ciência?
´ O conceito de ciência é algo que vem sendo debatido desde os primeiros estudos sobre o
próprio termo. Por conta disso, torna-se difícil estabelecer algo estático, já que os estudos e
desenvolvimento científico são uma constante. Dessa forma, podemos estabelecer alguns
tópicos para exemplificar o conceito deste termo.
´ O conhecimento científico se caracteriza como uma crença que pode ser questionada. Ou
seja, para se chegar à algo conclusivo, os estudos passam por uma série de testes e
averiguações com o intuito de comprovar e afirmar algo ou alguma questão.
´ A ciência difere da religião, por exemplo, pois independente das crenças, qualquer pessoa
pode chegar aos mesmos resultados ou, até mesmo, colocá-los em análise novamente.
Assim, é passível de questionamentos, pesquisas e investigações.
´ a ciência não é um argumento de autoridade. Ou seja, os estudos evoluem de acordo com
novas descobertas, novos instrumentos de pesquisa, etc. Com isso, não significa que o
conhecimento desenvolvido por estudiosos (Sócrates, Platão, Aristóteles, Tales de Mileto,
etc) seja lei ou algo do tipo. Isso porque, estão sujeitos à averiguação e análises. Assim, para
que o conhecimento seja considerado científico, ele deve ser racionalmente garantido.
´ A ciência não se enquadra no conceito de senso comum. Ou seja, o senso comum se refere
à saberes adquiridos durante determinado tempo e que são passados por gerações.
Portanto, aprendemos sobre determinada situação pelas experiências de vida. Pelo senso
comum, temos respostas prontas sobre questões do dia a dia, por exemplo.
Bertrand Russell
Pilares & classificação das ciências
Pilares da ciência:
´ A observação;
´ A experimentação; e
´ As leis.
Assim, a partir desses componentes, o conhecimento científico é pautado na
teoria, junto à prática e a técnica.
Critérios para classificação dos tipos de ciências:
´ A ação humana pode estar presente, ou não, no fato ou objeto
investigado;
´ Imutabilidade;
´ Mobilidade prática; e,
´ Classificação das ciências
Categorias das ciências
´ Ciências matemáticas: matemática, química, biologia,
astronomia, geografia física, paleontologia e física.
´ Ciências humanas e sociais: sociologia, psicologia,
geografia humana, linguística, arqueologia, história e
economia.
´ Ciências aplicadas envolvem os estudos de jornalismo,
direito, engenharia, arquitetura, biblioteconomia e
informática.
Então, são ciências que possuem diferenças, porém, com o
mesmo intuito, isto é, tentam a adequação de métodos a fim
de sustentar afirmações.
O que é política?
Palavra polissêmica, com vários significados e mutação, ao longo dos tempos
´ Inicialmente, significava grupos sociais que integravam a “polis”, e, tb,
´ Direção, organização e administração das cidades-Estados gregas, ou nações
´ Ato de governar
´ Ato de buscar consenso
´ Ato de convencer
´ Origem: do grego “polis”, e daí, “politikos”
´ Governo da cidade para o bem comum de todos os cidadãos
´ Formação das cidades-estados gregas (polis)
´ Lugar onde as pessoas viviam, se reuniam e tomavam suas decisões
´ Necessidade de organizar o funcionamento das cidades
´ Primeiro registro de modelo de política: democracia grega (Aristóteles) e sua noção
central de
´ Igualdade (todos os homens maiores de 18 anos podiam participar das decisões)
Política é....
´ ... a atividade desempenhada pelo cidadão quando
exerce seus direitos em assuntos públicos, através da
sua opinião e do seu voto.
´ A palavra política tem sua origem da palavra grega
“polis” que significa “cidade”. Neste sentido,
determinava a ação empreendida pelas cidades-
estados gregas para normalizar a convivência entre
seus habitantes e com as cidades-estados vizinhas.
´ A política busca um consenso para a convivência
pacífica em comunidade. Por isso, ela é necessária
porque vivemos em sociedade e porque nem todos os
seus membros pensam igualmente.
De Aristóteles, “Política”
a Max Weber (Sec. XIX)
Aristóteles: Foco na felicidade dos cidadãos: Governo justo e obediência às
lei
´ “... Mas, para que um Estado seja bem organizado politicamente, não
basta que tenha boas leis, se não cuidar da sua execução. A submissão às
leis existentes é a primeira parte de uma boa ordem; a segunda é o valor
intrínseco das leis a que se está submetido. Com efeito, pode-se obedecer
a más leis, o que acontece de duas maneiras: ou porque as circunstâncias
não permitem melhores, ou porque elas são simplesmente boas em si, sem
convir às circunstâncias.”
Weber e a industrialização consolidada:
´ “A política é a aspiração para chegar ao poder dentro do mesmo Estado
entre distintos grupos de homens que o compõem.”
Política & políticos
´ Política em sentido vulgar
´ A política também é a arte ou doutrina relativa à organização dos Estados e o responsável por
esta missão é o governo.
´ Ao longo do tempo, seu conceito foi se modificando e as formas de governo foram se
adaptando às novas demandas sociais e econômicas
´ Politica e políticos
´ Atualmente, nas democracias ocidentais, os cidadãos podem participar da política através de
associações, sindicatos, partidos, protestos e mesmo individualmente.
´ Política e Partidos
´ Com a Revolução Industrial, as sociedades ficaram mais complexas. Antes, a maior parte da
população estava dispersa no campo e a política era decidida por um pequeno grupo de
pessoas que pertenciam à mesma classe social: a aristocracia.
´ Após a industrialização houve o êxodo rural fazendo com que as cidades ganhassem cada vez
mais importância. Surgem em cena, dois novos personagens: o burguês e o operário.
´ Com as duras condições de trabalho nas fábricas, os operários passam a se organizar em
sindicatos e associações a fim de reivindicar melhores condições de vida. Por sua vez, os
burgueses também passam a exigir dos governos garantias e facilidades para seus negócios
Resumindo:
CIÊNCIA POLÍTICA é o estudo cientifico do fenômeno politico
´ Sentido amplo: racionalização e lógica no estudo do fenômeno político, i.e., o conjunto de atividades
que dizem respeito ou tem como termo de referência o Estado, agindo ou sofrendo ações (poder) –
relação de mando ou de obediência
´ Sentido restrito: A análise do fenômeno político com base em uma relação vinculada ao fato
propriamente dito
POLÍTICA é, em sentido
´ Amplo: tudo o que se refere a cidade, ao que é urbano, civil, público, sociável ou social (Bobbio) – a
arte ou a ciência do governo, de modo geral
´ Restrito – conjunto de atividades que tem como referencia a polis, i.e., o estado (conceito a ser
estudado adiante)
As Relações sociais em geral são relações políticas, entre as pessoas, entre pessoas e estado
Política como relação de poder nas quais o estado está presente, no polo ativo (o estado cria uma lei) ou
no polo passivo (o estado sofre o efeito de um partido politico, de uma ONG, de uma manifestação
popular)
Poder é a capacidade que um tem de definir o comportamento de outro (não só exercer influencia sobre
outrem) através de um meio - ideológico, poder econômico e força
Ciência política
´ Ciência – tudo o que provem do conhecimento, resultado de pesquisa, debate,
comprovação
´ Política – reunião de pessoas
´ Ciência politica - estudo, compreensão do Estado, com suas complexidades, poder,
organização política
´ Objeto de análise: Estudo dos elementos quantificáveis (estatística)
´ COMPORTAMENTO DOS INDIVÍDUOS
´ E dos grupos que tem ação politica na sociedade
´ Ex1. voto – é um numero quantificável
´ Ex2. participação politica além do voto
´ Ex3. Cooptação para alcançar os votos
´ Análise dos dados independentemente da vontade do cientista (não nas convicções
pessoais, mas com base em dados quantificáveis)
´ Pesquisa de campo
´ Entrevista
Aula do dia 24/08/20 até aqui
Reflexão:

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem
participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe, mas o custo de
vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do
remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância
política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os
bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto, e os
exploradores do povo.”
Bertold Brecht
ORIGEM DA POLÍTICA
´ Antiguidade. No pensamento grego, o conhecimento das coisas políticas – i.e.,
relativas às polis (a mais elevada expressão de organização social da época) fora o
próprio domínio do saber, a fonte, por excelência, de inspiração da atividade
humana
´ A Política (obra de Aristóteles, séc IV a.C., composta de 8 livros) tipificou as múltiplas
manifestações do poder político, procurando torna-los compreensíveis.
´ 2.000 anos depois, Montesquieu, com seu L’esprit des lois – demonstração que não só
os homens, mas também as condicionantes (natureza das coisas) que concorrem
para determinar a variedade das manifestações políticas. Segundo ele, existiria um
condicionalismo natural, ponto de partida para certas constantes, que, isoladas,
permitiria a fixação de tipologia e a elaboração de uma classificação de formas de
governo
´ Segunda metade do séc. XVII e sec. XVIII – alterações significativas, sem novas
conclusões
´ Sec. XIX – a ciência politica começa a estabilizar-se em torno de um certo número
de temas capitais e adquirir o status de “ciência dos fatos políticos”
ORIGENS DA CIÊNCIA POLÍTICA
´ Maquiavel – primeiro cientista político a estudar o que é (A
POLÍTICA), e não o que deveria ser (COMO O FAZIAM ATÉ ENTÃO
OS FILÓSOFOS)
´ 500 anos atrás, a metodologia era muito mais ligado à filosofia do
que à ciência
´ Meados do sec. XIX – origem de inclusão dos métodos
quantitativos, das ciências exatas, aplicáveis às ciências sociais
(dados estatísticos para analisar o fenômeno politico)
´ Separação da ciência política com o direito político, como uma
ciência do fenômeno político e não do direito
´ O FATO DE ALGO ESTAR NA LEI NÃO SIGNIFICA QUE SE CONCRETIZE
´ ANÁLISE DAS RELACÓES DE PODER, SENDO A LEI UM DOS MEIOS
´ OS CONTRATUALISTAS - Hobbes, Locke e Rousseau – afirmavam que
o estado é o resultado de um contrato entre os indivíduos
Distinção entre ciência política & opinião
A opinião é senso político, e não ciência politica
´ Gosto do político A e não gosto do B
A ciência política é ciência, presentes a racionalidade e a metodologia
´ Sentido amplo: qq estudo dos fenômenos e das estruturas políticas conduzido
sistematicamente, com rigor, apoiado em amplo e cuidadoso exame dos fatos
expostos, com argumentos racionais
´ Sentido restrito ou técnico – ciência como metodologia de pesquisa:
´ É o estudo do fenômeno político, fundado em metodologia especifica, cujo
objetivo é analisar o que é, e não o que deveria ser – analise da realidade (cf
Bobbio)
´ Distinção com a filosófica política (estudo do dever ser)
Diferenças: análise da questão dos votos: x% votou no candidato A
Tipologias de formas de governo
´ Histórias, de Heródoto – Abstratamente, a distinção dá-se segundo o número de
pessoas a quem se atribui o poder supremo:
´ Monarquia – uma só pessoa
´ Aristocracia – uma minoria
´ Democracia – a maioria
´ A Política, de Aristóteles define duas formas:
´ Legitimas
´ Monarquia, aristocracia e república
´ Ilegítimas
´ Tirania, oligarquia e demagogia
´ Modernamente
´ Democracia: livre formulação de preferências politicas
´ Totalitarismo: ideologia oficial, partido único, concentração de poder um pequeno grupo
´ Autoritarismo: limitado pluralismo político, sem ideologia elaborada, sem extensa/intensa
mobilização política, poderes mal definidos, embora previsíveis
CIÊNCIA POLÍTICA
´ OBJETIVOS ATUAIS
´ Crise social e o desajuste entre as formulações jurídicas e a realidade política
´ Observação de fatos sociais e forças que acionam a sociedade

´ RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES
´ não confundir política (arte de governar) com ciência política; aquela é/pode ser
objeto desta
´ MÉTODOS - falta de unidade
´ Realidade do governo, mediante observação dos fatos e elaboração de prospecção
histórica visando selecionar formas políticas em busca da melhor
´ Analise e descrição dos comportamentos políticos, dos processos de governo, ideias e
instituições politicas (norte-americanos)
´ Abordagem que se converte na teoria geral do estado – descrição dos tipos a que se
conduziria à pluralidade ocasional e contingente das formas políticas, sistematizando-as,
definindo-as e tentando compreendê-las
´ Dúvida sobre o caráter científico da ciência política
´ Até aqui, aula do dia 31/8/20
Política e qualidade da democracia
´ Histórico das chamadas ondas de democratização
´ Revolução inglesa – sec. XVII
´ Revolução francesa
´ Revolução americana - Sex. XX
´ Expansão da democracia; fenômeno mais importante do séc XX (aspiração por liberdade e autogoverno)
´ Revoluções socialistas (soviética)
´ Avanço do nazismo
´ II Guerra Mundial
´ Queda do Muro de Berlim e derrocada do regime soviético determinaram a 3ª. Onda da democracia (anos 70): os
vencedores da Guerra protagonizaram o processo de expansão da democracia (Samuel Huntington)
´ Sudeste europeu Portugal, Espanha, Grécia
´ América latina

´ Painel da expansão
´ Europa oriental
´ Norte da África e Oriente Médio
´ Extensão da 3ª. Onda – início do século XXI - Qualidade da democracia
´ Indícios do processo de expansão do regime democrático alcançando o Norte da África e o Oriente Médio
Sociedade
´ O homem é um ser social
´ Dicotomia de tendências - Individualismo x vida em grupos
´ Socialização do ser humano;
´ Necessidade – exemplo da ilha deserta: vc tem suporte mas quer pessoas, sob
pena de loucura
´ Correntes – naturalismo – Aristóteles
´ Contratualistas – Locke, Montesquieu e Russeau (necessidade de troca)
´ Texto: O cidadão (norte americano)
´ Realidade x dificuldades
´ Conflitos da vida social
´ Os homens são diferentes uns dos outros
´ Respeito
´ Autonomia
O cidadão norte-americano
“ O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na
Europa Setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão, cuja planta se tornou doméstica
na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo emprego foi descoberto
na China. Todos esses materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso
dos “mocassins” que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos e entra no quarto de banho cujos
aparelhos são uma mistura de invenções europeias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é vestiário
inventado na Índia e lava-se com sabão que foi inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que
parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito. Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do
tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário tem a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes
asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão
proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é sobrevivência dos
xales usados aos ombros pelos croatas do séc. XVII. Antes de ir tomar o seu breakfast, ele olha ele olha a rua através da vidraça feita
de vidro inventado no Egito; e, se estiver chovendo, calça galochas de borracha descoberta pelos índios da América Central e
toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas. De
caminho para o breakfast, para para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda
uma série de elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A
faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de um original
romano. Começa o seu breakfast, com uma laranja vinda do Mediterrâneo Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de
melancia africana. Toma café, planta abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a idéia de aproveitar o seu
leite são originárias do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café vêm
waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria prima o trigo, que se
tornou planta doméstica na Ásia Menor. Rega-se com xarope de maple inventado pelos índios das florestas do leste dos Estados
Unidos. Como prato adicional talvez coma o ovo de alguma espécie de ave domesticada na Indochina ou delgadas fatias de
carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um processo desenvolvido no norte da
Europa. Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome
uma planta originária do Brasil; fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do México. Se for
fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas, por intermédio da Espanha.
Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por
um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for bom cidadão conservador,
agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-europeia, o fato de ser cem por cento americano.”[LINTON, Ralph. O homem:
Uma introdução à antropologia. 3ed., São Paulo, Livraria Martins Editora, 1959. Citado em LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 16ed., Rio de
Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003, p.106-108]
Democracia
Histórico de mais de 2.500 anos
´ Democracia direta – gregos
´ Democracia representativa
´ Sec XIX – 1% votava
´ Sec XXI – tds (com mínimas limitações de idade) podem votar
´ Democracia-resultados
´ Interesses da sociedade que são conflitantes
´ Gerando resultados diversos
´ Métodos do exercício da democracia
´ Como se constitui o poder
´ Eleições livres e idôneas
Espécies de democracia
´ Autocracias (ditaduras, regimes autoritários, not-free
countries)
´ Ex. Hitler e Stalin – diziam estar aplicando a democracia
´ Regimes em transição autocratizante (protoditaduras)
´ Regimes em transição democratizante
(protodemocracias)
´ Democracias formais parasitadas por governos
(autocráticos ou autocratizantes) manipuladores.
´ Ex. governos populistas e neopopulistas)
´ Democracias formais representativas não-plenas
(flaweds)
´ Democracias formais representativas plenas
Requisitos da democracia
´ Requisitos (Robert Down)
´ Liberdade de formar e aderir a organizações
´ Liberdade de expressão
´ Direito de voto
´ Elegibilidade para cargos públicos
´ Direito de lideres políticos disputar apoio e conquistsar votos
´ Garantia de acesso a fontes alternativas de informações
´ Manifestações de preferência do eleitorado
´ Eleições livres e idôneas
´ Medidas de que as politicas públicas dependam de eleições
´ Países mais ou menos democráticos (Notas variam de 1 a 7, cf a Freedom House)
´ Brasil: nota 2 (imprensa livre, eleições competitivas etc)
´ Venezuela e Egito (parcialmente democrático)
´ Iran (não são democracia) não tem o conjunto de requisitos esperado)
Critérios adotados para classificar as
democracias
Dentre os que fazem levantamentos sobre a democracia, analisemos dois, que
adotam diferentes critérios:
´ A Economist Intelligence Unit - EIU considera cinco indicadores:
´ Processo Eleitoral e Pluralismo,
´ Funcionamento do Governo,
´ Participação Política, Cultura Política e
´ Liberdades Civis.
´ A Freedom House (FH) considera dois indicadores básicos:
´ Direitos Políticos e
´ Liberdades Civis.
Problemas da democracia
A democracia realmente existente na atualidade é a democracia reinventada pelos
modernos, como democracia representativa.
´ I - O problema é que ela é contemporânea à construção da forma Estado-nação. E
como o Estado (qualquer forma de Estado) é um fruto da guerra (no caso do Estado-
nação europeu moderno, da paz de Westfália), a democracia acabou servindo
como modo de administração política de uma estrutura geneticamente guerreira,
para tentar mitigar o Leviatã com a fórmula do Estado democrático de direito.
´ II - Outro problema é que a democracia não deveria valer apenas para domesticar
Estados.
´ III - A democracia é um processo de desconstituição de autocracia onde quer que
ela se manifeste (nas famílias, escolas, igrejas, corporações sindicais, organizações
sociais, universidades, empresas – além, é claro, de órgãos estatais).
´ IV - Não é só o Estado que é ou não é democrático em alguma medida e sim,
também, as demais estruturas sociais.
CONCEITOS BÁSICOS: 1. autoridade
A autoridade é elemento básico para o funcionamento de todo
e qualquer sistema de governo.
Na obra Political Order Changing Societies (1968), Samuel
Huntington disse que, nos países em desenvolvimento a
decadência política e a instabilidade eram pelo menos tão
prováveis quanto o desenvolvimento da democracia liberal e
que "a distinção política mais importante entre os países diz
respeito não à sua forma de governo, mas ao seu grau de
governo".
Daí, a importância da compreensão dos conceitos de Poder e
Autoridade.
PODER
Poder (sentido amplo, geral, sem limitações)
Poder e autoridade são relações entre pessoas:
um que manda (A) e outro que obedece (B).

A Relação de poder pressupõe 3 requisitos:


1. (A) deve possuir um meio para exercer o poder sobre (B), que
pode ser:
1. meio ideológico (IDEIAS),
2. meio econômico (TER O DINHEIRO PARA...)
3. meio coercitivo (coerção física mesmo)
PODER
2. (A) deve atingir seus objetivos, ou seja, (B) deve cumprir a ordem
emanada de (A)

Só assim se estabelece, se cumpre, a relação de poder

´ Não é correto dizer que se tem poder; mas que se exerce poder

3. (B) deve alterar o seu comportamento de acordo com a vontade de (A)


´ Se (B) não modificar o seu comportamento, não se atingiu a relação de
poder.
´ Se (B) modificar o seu comportamento, mas não o fizer por causa de (A),
não se atingiu a relação de poder
Cases: ( ) atinge ( ) não atinge
a relação de poder?
O ATINGIMENTO da relação de poder dá-se pela presença de um (1) dos meios:
Ex1. O pai diz ao filho: “pare de jogar videogame e vai estudar, pq é melhor pro seu
futuro”

1. O pai tem o meio ideológico – “é melhor pro seu futuro”

Se o filho:
2. Não parar de jogar, o pai não atinge seu objetivo, à falta do requisito “2”
• O filho não alterou o comportamento

3. Se o filho parar de jogar videogame e for jogar bola, o pai também não atinge seu
objetivo, pois:
• O filho alterou o comportamento, mas não de acordo com a vontade do pai
(requisito “3”).

Então, o pai não atingiu uma relação de poder, em nenhum dos dois casos.
Cases: ( ) atinge ( ) não atinge
a relação de poder?
Ex2 – O pai diz ao filho para parar de jogar videogame e ir
estudar, senão não vai pagar a escola, comprar o telefone,
etc.
´ O filho para de jogar vídeo game, mas, ao invés de ir
estudar, vai jogar bola;
´ O pai tem poder econômico; o filho alterou o
comportamento mas não o fez de acordo com a vontade
do pai
´ Então, o pai não atingiu a relação de poder
Cases: ( ) atinge ( ) não atinge
a relação de poder?
Ex3: O pai manda o filho estudar (porque é melhor pro
seu futuro, ou pq senão não lhe dou a mesada) e o
filho diz: já estou indo – e vai.
´ O pai tem meio, atingiu o objetivo, mas não por
vontade dele, pai, e sim pela vontade do filho
´ Então, não houve relação de poder
´ PQ NÃO HOUVE ALTERAÇÃO DO COMPORTAMENTO
DE ACORDO COM A VONTADE DO PAI, MAS, SIM, PELA
VONTADE PRÓPRIA DO FILHO
AUTORIDADE
´ RELAÇÃO DE AUTORIDADE é DIFERENTE DA RELAÇÃO DE PODER
´ RELAÇÃO DE AUTORIDADE PRESSUPÕE DOIS (2) REQUISITOS
1. A RELAÇAO DE MANDO/OBEDIÊNCIA ENTRE (A) e (B) NÃO OCORRE EM UM ÚNICO
MOMENTO, MAS DEVE SER DURADOURA, ESTABLIZADA AO LONGO DO TEMPO.
2. Neste período, é necessário que (B) reconheça, com bastante frequência (na maioria
das vezes), que (A) pode dar ordem,
3. (B) pode até não concordar, mas reconhece que (A) pode editar a ordem (pouco
importa se a cumpre ou não)
4. Pouco importa se o comando de (B) é ato lícito ou ilícito (para configurar, ou não, a
autoridade)
Exemplos:
- RELAÇAO ENTRE ASSALTANTE E ASSALTADO; entre pai e filho; e entre empregador e
empregado
Cases
´ Ex. 1 - Empregado cumpre as ordem emanadas do patrão porque reconhece que o
empregador pode dar a ordem – relação de autoridade
´ DECORRE DE ATO LÍCITO
´ Ex. 2 - O assaltado, não reconhece que o assaltante pode assaltar, mas ele cumpre a
ordem por medo - relação de poder
´ DECORRE DE ATO ILÍCITO
´ Ex. 3 - O filho cumpre a ordem do pai porque reconhece que seu genitor pode dar
ordem - relação de autoridade
´ Ex. 4 - O morador obedece a ordem do traficante:
´ A) por medo (medo de o traficante assassinar membro da sua família) – relação de poder
´ B) O morador reside na região há tempo, vê que o traficante resolve os problemas da
comunidade; então, ele obedece a ordem do traficante não por medo, mas porque este
paga a escola do filho – relação de autoridade
Poder # autoridade
´ PODER E AUTORIDADE PODEM DECORRER DE ATO LÍCITO OU ILÍCITO
´ Ex. 4 - O morador obedece a ordem do traficante:
´ A) por medo (medo de o traficante assassinar membro da sua família) – relação de poder
´ B) O morador reside na região há tempo, vê que o traficante resolve os problemas da
comunidade; então, ele obedece a ordem do traficante não por medo, mas porque este
paga a escola do filho – relação de autoridade

´ Ex.5 - COALIZÃO DE PARTIDOS: PODER OU AUTORIDADE?


´ SE É PARA ALCANÇAR UM OBJETIVO – RELAÇÃO DE PODER (APROVA UMA LEI SE RECEBER
CARGOS EM TROCA)
´ SE É PELA PROXIMIDADE IDEOLÓGICA – RELAÇAO DE AUTORIDADE
Teoria geral do
estado
Parte II
Conceitos básicos: Estado
´ O Estado é uma associação humana (POVO), radicada em uma base territorial
(TERRITÓRIO) que vive sob o comando de uma autoridade (PODER), não sujeita a
qualquer outra (SOBERANIA)
´ Os elementos do estado (POVO, TERRITORIO E PODER) só podem ser caracterizados
juridicamente (Cf. Kelsen, Teoria Pura do Direito)

,
Elementos do Estado: povo, território,
poder político e soberania - POVO
A coletividade, que forma o POVO, decorre da definição jurídica de um
determinado Estado. Assim, por exemplo, no Brasil, o povo é composto dos
nacionais, quer residam aqui ou no estrangeiro (art. 12, CF), não se incluindo
os estrangeiros, embora vivam aqui (estes, integram o conceito de
POPULAÇAO).
Sobre os nacionais, o país tem o domínio (ou jurisdição) pessoal; sobre os
estrangeiros, jurisdição territorial, apenas
´ POVO é o conjunto de todos aqueles para os quais vigora uma ordem
jurídica, que os rege.
Povo: conceito político
´ Na Antiguidade, e cf. Cícero, povo é “a reunião da multidão associada pelo consenso do
direito e pela comunhão da utilidade” e não simplesmente todo conjunto de homens
congregados de qualquer maneira.
´ No absolutismo o povo fora objeto, com a democracia ele se transforma em sujeito.
´ Na Idade Média, por influência da Revolução Francesa: Estado liberal, constitucional,
representativo. Participação dos governados, via sufrágio (inicialmente, restrito, mas aos
poucos, foi sendo universalizado.
´ Povo é então o quadro humano sufragante, que se politizou (quer dizer, que assumiu capacidade
decisória), ou seja, o corpo eleitoral.
´ Questões:
´ (1) não seriam povo os menores, os analfabetos, os que por este ou aquele motivo, de ordem particular
ou de ordem geral, estivessem excluídos do direito de sufrágio,
´ (2) nem tampouco haveria povo nos países totalitários, onde a livre participação dos governados na
criação da vontade estatal se achasse sufocada ou interditada.
´ Povo é aquela parte da população capaz de participar, através de eleições, do processo
democrático, dentro de um sistema variável de limitações, que depende de cada país e de cada
época.
Povo: conceito jurídico

´ Povo é “o conjunto de indivíduos vinculados pela cidadania a um


determinado ordenamento jurídico”
´ A cidadania pode ser determinada pelos sistemas:
´ o jus sanguinis (determinação da cidadania pelo vinculo pessoal),
´ o jus soli (a cidadania se determina pelo vinculo territorial) e
´ o sistema misto (admite ambos os vínculos).
´ Na terminologia do direito constitucional brasileiro ao invés da palavra
cidadania, que tem uma acepção mais restrita, emprega-se com o
mesmo sentido o vocábulo nacionalidade
´ Art. 12 da Constituição
Povo: conceito sociológico

´ Trata-se de um conceito naturalista ou étnico, decorre porem com muito


mais frequência de dados culturais, e que não é alcançado pelo conceito
jurídico
´ No conceito sociológico, há equivalência do conceito de povo com o de
nação. O povo é compreendido como toda a continuidade do elemento
humano, projetado historicamente no decurso de várias gerações e
dotado de valores e aspirações comuns.
´ E um conceito muito amplo, compreendendo vivos ou mortos, gerações
presentes, passadas e futuras
´ Povo = nação (consciência nacional)
´ Ex. povo judeu: sem território, sem estado, vivendo aqui ou acolá, nunca
deixou de ser povo, de constituir uma nação
Nação:
conceito fugaz, plurissignificativo e equívoco (?)
Compreende os fatores que servem de fundamento à nação. São:
´ os fatores naturais (território, raça e língua),
´ históricos (tradição, costumes, leis e religião) e
´ psicológico (consciência nacional)
´ Seria “uma sociedade natural de homens, com unidade de território, costumes e língua, estruturados
numa comunhão de vida e consciência social.”(Mancini, sec. XIX, Milão)
Analisemos os elementos étnicos:
´ Raça (móvel e justificativa do regime nazista) – desprezo dos sociólogos por tal elemento, pela
inexistência de “raça pura”
´ Confissão religiosa – No mesmo país, as pessoas professam religiões diferentes; não há religião de
Estado; logo, não interfere
´ Língua – há nações que falam várias línguas, como a Suíça (italiano, francês e alemão), embora seja
um importante elemento, pois é meio de comunicação
A nação existirá sempre que tivermos síntese espiritual ou psicológica, concentrando os sobreditos
fatores, ainda que falte um ou outro dentre os mesmos. Toda nação tem o direito de tornar-se um Estado
Território
´ TERRITÓRIO é o domínio espacial de vigência de uma determinada ordem jurídica estatal (art.
20, CF), que define as terras, as águas, tanto quanto às profundezas como quanto às alturas.
´ São partes do território a terra firme, com as águas aí compreendidas, o mar territorial, o subsolo
e a plataforma continental, bem como o espaço aéreo
´ Mar territorial – Em 1970, o Brasil, assim como Chile, Peru, Equador, Argentina, Panamá,
Nicarágua, El Salvador, Uruguai, ampliaram para 200 milhas o limite de seu mar territorial,
´ Plataforma Continental - Decreto n. 28.840, de 8 de novembro de 1950, que declarou “integrada
ao território nacional a plataforma submarina na parte correspondente a esse território”.
´ Espaço aéreo – o pais detem soberania completa sobre seu espaço áreo – Convençao de Paris
(1919) e de Chicago (1944)
´ liberdade de vôo ou trânsito inofensivo de aeronaves civis, pelo território de um Estado, exceto o
sobrevôo de áreas eventualmente interditadas por motivos de segurança nacional ou presença de
instalações e fortificações militares.
´ Espaço cósmico – ONU - a) extensão ao domínio cósmico dos princípios e normas de direito
internacional gravados na Carta daquele organismo: b) interdição de experiências nucleares no
espaço cósmico; c) proibição de envio ao cosmos de artefatos portadores de cargas nucleares
ou armas de destruição em massa, e d) proibição de propaganda de guerra no espaço
cósmico.
Há interferências nestas definições do Direito internacional, que serão ou não aceitos pelo Estado,
devido à SOBERANIA.
Poder
´ O PODER se traduz no cumprimento das normas estatais. Só existe poder
quando tem ele efetividade ou eficácia, i.e., quando, globalmente, os
comandos do Estado são obedecidos.
Segundo Kelsen, o Estado coincide com a ordem jurídica: seus três elementos
são a vigência (PODER), o domínio pessoal (POVO) e territorial de vigência da
ordem jurídica.
´ É uma ordem coercitiva de conduta humana, mas com caráter de
organização
´ Instituição de órgãos que funcionam segundo princípios da divisão do trabalho
para criação e aplicação das normas,
´ Há um grau de centralização que distingue o estado de outras sociedades que
produzem suas normas consuetudinariamente
Soberania
´ Modernamente, o estado só é verdadeiramente Estado quando o poder
que o dirige é soberano
´ No passado, havia subordinação dos Estados ao Império ou ao Papado, por ex.
´ Ordem estatal não submetida a outra ordem da mesma espécie. É essa
ausência de subordinação que é soberania.
´ O estado, no sentido estrito da palavra, nasceu no momento em que
certos monarcas (os franceses) se afirmaram serem os detentores do mais
alto poder, rejeitando sujeição ao papado ou ao Império
SOBERANIA & AUTONOMIA
´ Soberania é o caráter supremo do poder, que não admite qq outro, nem
acima nem em concorrência com ele
´ Autonomia é o poder de autodeterminação, exercitado de modo
independente, mas dentro de limites traçados por lei estatal superior, que
é definido por quem detém soberania
´ Ate aqui, 05/10/20 – próxima aula 19/10/20
TIPOS DE ESTADO: definidos em função da
descentralização: unitário e federal
´ Unitário - a descentralização administrativa, legislativa e ou
politica está à mercê do poder central, que pode alterar,
restringir ou suprimir a descentralização (sob a forma de lei). A
autonomia do entre descentralizado não tem garantia alguma.
´ Unitário descentralizado – quando há descentralização politica. Ex. Brasil
Império
´ Constitucionalmente descentralizado - A descentralização está prevista
na própria Constituição. Só a constituição pode alterar a
descentralização. São Estados regionais –
´ Ex. Itália e Espanha
Estado Federal: Repartição de
competências
A DESCENTRALIZAÇÃO É DECORRENTE DA CONSTITUIÇAO; logo, muito se assemelha ao Estado
Unitário constitucionalmente descentralizado.
A diferença é artificial e arbitrária – importante que se fixe, na CF, que o federalismo é clausula
intocável, como ocorre na CF/88. Outro argumento é a participação dos estados membros no
poder central, por meio dos senadores, que são representantes dos Estados.
´ No Brasil, a estrutura federativa é intocável (art. 60, Par. 4º., 1)
´ Repartição de competências
´ A autonomia dos estados federados pressupõe uma divisão de competências
´ Na CF brasileira, o poder é partilhado entre a União e os Estados, atribuindo-se excepcionalmente
poderes aos Municípios
´ Técnicas:
´ Reserva de matérias à união ou aos Estados – competência exclusivas – repartição horizontal
´ competência concorrente – a União: regras gerais; aos Estados: complementar as regras gerais, adaptando-
as às regionalidades – repartição vertical
Repartição de rendas
no Estado federal
´ A existência da federação, e da autonomia dos Estados, pressupõe a
previsão de recursos suficientes e não sujeitos a condições, para que os
Estados possa, desempenhar suas atribuições, que deverão ser
compatíveis com os recursos
´ A técnica preferida é a divisão horizontal de competências. Consiste em
reservar certa matéria tributável a um poder *União ou Estado-membro*
que dela aufere recursos exclusivos
´ Vantagem: um poder não sofre ingerência do outro + autonomia
´ Desvantagem: diferenças econômicas por regiões
´ Solução: além do sistema de repartição horizontal, acrescer outro, de
redistribuição de um ente a outro
´ distribuição direta ou por meio de fundos
Formação do Estado federal

´ Por agregação – EUA, Alemanha, suíça


´ Os estados preexistiam e o Estado Federal veio sobrepor-se a eles
´ Por segregação –
´ O estado unitário descentralizou-se, formando os estados
´ Distinção:
´ juridicamente, nenhuma
´ Na pratica, no federalismo por agregação há mais resistência à tendência de
centralização do poder (pela União)
Tipos (ou espécie) de federalismo
´ Federalismo dualista séc XVIII/XIX – separação estanque os entes (origem da
repartição horizontal de competência e tributos exclusivos)
´ Cooperativo – pós primeira guerra – coordenação das duas esferas, sob a
coordenação da União (poder central) – origem da repartição vertical, com a
partilha de receitas (tributos)
´ Integração – acentuado traço do federalismo cooperativo
´ Natureza dos componentes do Estado federal
´ Os estados membros tem autonomia dentro do campo permitido pela Constituição
´ Auto-organização, descentralização legislativa, administrativa e politica
´ Os estados são descentralizados em municípios
´ No Brasil,
´ a CF 1824 – Estado Unitário descentralizado
´ O Decreto 1, de 15/11/1889 (República) as províncias foram transformadas em
Estados
´ A CF de 1891 institucionalizou a federação (federalismo dualista)
Governo
GOVERNO é o complexo de estruturas e funções centrais e superiores, em
que se exerce no Estado o máximo poder político, atribuído conforme as
normas da Constituição
´ Formas – definição abstrata de atribuição do poder
´ Monarquia
´ Aristocracia
´ Democracia
´ Sistemas de governo – é a decorrência de uma das formas de governo,
traduzida em normas que a institucionalizam
´ Constitucional
´ Regimes de governo é o modo efetivo por que se exerce o poder num
determinado Estado, em determinado momento histórico. Deveria
coincidir com o sistema, se a constituição fosse cumprida rigorosamente
´ Democrático
Tipologias das formas de governo (slide 18):
CRITÉRIO: o número de pessoas a quem se atribui o poder supremo
´ Aristotélica –
´ MONARQUIA – um só
´ ARISTOCRACIA - minoria (melhores e capazes) em proveito de todos
´ DEMOCRACIA (ou república) - governo da maioria em beneficio de todos
´ Moderna
´ Democrático – permite a livre formulação de preferencias políticas
´ Totalitário – ideologia oficial, partido único
´ Autoritário – limitado pluralismo politico, sem ideologia elaborada
Tipologia dos sistemas de governo
LEVA EM CONSIDERAÇAO O DURABILIDADE DA ATRIBUICAO DO PODER
´ Monarquia – vitaliciedade
´ HEREDITÁRIA E ELETIVA
´ MONARQUIA MODERNA
´ DEMOCRATICA (GRÃ-BRETANHA & SUÉCIA) E ARISTOCRÁTICA
´ ABSOLUTA, LIMITADA E CONSTITUCIONAL

´ República – temporariedade
´ DEMOCRATICAS
´ AUTOCRÁTICAS
ESPÉCIES DE DEMOCRACIA (slides 21, 24-28)
Sistemas pelos quais se procura realizar o ideal de fazer coincidir, no máximo
possível, os governantes e os governados, para que todo ser humano
continue livre no Estado, sujeitando-se a um poder do qual participe..
´ DEMOCRACIA DIRETA - modelo ateniense em que as decisões
fundamentais são tomadas pelos cidadãos em assembleia; hj, nenhum
estado pode adotá-la
´ DEMOCRACIA INDIRETA ou REPRESENTATIVA – o povo governa por meio de
representantes por ele escolhidos, os quais tomam as decisões do governo
em nome dos representados
´ Puro ou tradicional
´ Por partidos políticos - “instrumentos necessários e importantes para a
preservação da democracia”, cf. Alexandre de Morais (??)
´ DEMOCRACIA SEMI-DIRETA (INICIATIVA POPULAR, REFERENDO E PLEBISCITO)
´ Até aqui, aula do dia 26/10
´ No Brasil
´ Estado federal por segregação
´ Governo Democrático
´ Democracia semidireta
DEMOCRACIA REPRESENTATIVA: vínculo
entre governante e governados
´ Fundamento: os homens em geral não tem a necessária capacidade para
bem apreciar e bem decidir os problemas políticos (Montesquieu, O Espirito das
Leis); assim, as decisões devem ser tomadas pelos mais capazes, os
representantes do povo
´ Seleção de representantes é feita pelo povo, por meio de eleição (No período
helênico, eleição era método aristocrático de seleção e sorteio, o método
democrático)
´ Do sufrágio censitário (CF/1824) ao sufrágio universal
´ Natureza jurídica da representação: mandato (cf. Siéyès), muito embora o
mandatário não está sujeito às instruções do mandante, como no direito civil.
´ Sobreveio outra teoria, a da investidura – o representante recebe do povo um poder
de querer pelo todo, e sua vontade torna-se a vontade de todos
´ No século passado veio a teoria do mandato partidário
Tripartição de Poderes
Concepção e evolução da teoria da separação dos poderes:
´ Concebida por Aristóteles, na Antiguidade (Obra Política)
´ Formulação teórica: John Locke (1632-1704) = doutrina contratualista (1690: Two treatise on
government). Fundamentos: paz, assistência mútua e conservação. Concebeu quatro poderes:
´ Poder Federativo, encarregado das relações exteriores;
´ Poder Legislativo;
´ Poder Judiciário; e,
´ Um quarto Poder, “Prerrogativa”: com base nele, o Príncipe devia agir pelo bem comum, quando
houvesse lacuna na lei.
´ Rousseau (1712-1778), em sua obra Contrato social, inspirou a revolução francesa, afirmando que o
pacto social é celebrado entre homens, e não entre povo/governante
´ Montesquieu (século XVII-XVIII, O Espírito das Leis) concebeu os Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, como encarregados das funções do Estado
´ Art. 16 da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789
´ No Constitucionalismo moderno: Poder uno; funções tripartites
´ No Direito Constitucional Brasileiro: Art. 2º: Independência (só relativa) e harmonia entre os poderes.
A IMPORTÂNCIA DA DECLARAÇAO
FRANCESA: berço do constitucionalismo
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789
Os representantes do povo francês, constituídos em ASSEMBLEIA NACIONAL, considerando que a
ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas das desgraças
públicas e da corrupção dos Governos, resolveram expor em declaração solene os Direitos naturais,
inalienáveis e sagrados do Homem, a fim de que esta declaração, constantemente presente em todos
os membros do corpo social, lhes lembre sem cessar os seus direitos e os seus deveres; a fim de que os
actos do Poder legislativo e do Poder executivo, a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a
fim de que as reclamações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis,
se dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral.
Por consequência, a ASSEMBLEIA NACIONAL reconhece e declara, na presença e sob os auspícios do
Ser Supremo, os seguintes direitos do Homem e do Cidadão:
Art. 1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundar-se na
utilidade comum.
Art. 2º. O fim de toda a associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do
homem. Esses Direitos são a liberdade. a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside essencialmente em a Nação. Nenhuma corporação,
nenhum indivíduo pode exercer autoridade que aquela não emane expressamente.
Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim,
o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que
asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites
apenas podem ser determinados pela lei;
Art. 5.º A lei proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela
lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não
ordene;
Art. 6.º A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de
concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser
a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais
a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos
públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas
virtudes e dos seus talentos;
Art. 7.º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados
pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem,
executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer
cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso
contrário torna-se culpado de resistência
Art. 8.º A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por
força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada;
Art. 9.º Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor
desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei;
Art. 10.º Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não
perturbe a ordem pública estabelecida pela lei;
Art. 11.º A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode,
portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na
lei;
Art. 12.º A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; esta força é, pois, instituída
para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada;
Art. 13.º Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição
comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades;
Art. 14.º Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuição
pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a
duração;
Art. 15.º A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração;
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes
não tem Constituição;
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a
necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização.
Separação das Funções Estatais
´ DA TRIPARTIÇAO DOS PODERES À SEPARAÇÃO DAS FUNCÓES ESTATAIS
´ A doutrina norte-americana criou a teoria dos freios e contrapesos (checks and
balances), que foi exportada para outros países, inclusive o Brasil; por ela, há distribuição
das funções estatais, entre os três poderes, na forma prevista na Constituição, de modo
a estabelecer a harmonia entre eles, preservando a sua independência.
´ Na América Latina, o tema foi discutido, pela primeira vez, em 1902, em Buenos Aires,
por Leon Deguit, e, a partir de então, a comunidade jurídica passou a incorporá-lo aos
seus estudos.
´ O fundamento é que, para que haja a separação de poderes, faz-se necessária a
observância das seguintes CLÁUSULAS-PARÂMETROS:
´ Independência e harmonia
´ Indelegabilidade de funções
´ Inacumulabilidade de cargos e funções
´ Outrossim, é certo que a tão-só separação de poderes não é capaz de eliminar os
aspectos absolutistas do poder, fazendo-se necessário mesclar as funções entre os
poderes, de forma que, mesmo independentes, possam ser harmônicos, tal como
preceitua, a propósito, o art. 2º da CF/88.
PARTE II
TEORIA DO ESTADO
ESTRUTURA DAS AULAS
´ II.1. O Estado Moderno
´ II.1.1 Absolutismo
´ II.1.2 O príncipe – Maquiavel
´ II.2. Leviatã – Thomas Hobbes
´ II.2.1 Liberalismo, democracia e separação de poderes
´ II.2.2 Liberalismo – Segundo tratado sobre o governo civil – John Locke
´ II.2.3 Democracia – O contrato social – Jean-Jacques Rousseau
´ II.3 Separação de poderes – O espirito das leis – Montesquieu
´ II.4 Críticas ao liberalismo: Marx e Engels
Liberalismo
´ Críticas ao liberalismo: Marx e Engels
EXCELENTES ESTUDOS!!!

EDUCAÇÃO é a habilidade para enfrentar as situações da vida.


O seu grande objetivo não é o saber, mas a ação.

Fraternalmente,

Profa. Ma. MEYRE ELIZABETH CARVALHO

Você também pode gostar