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&
TEORIA DO ESTAD0
PROFª. Ma. MEYRE ELIZABETH CARVALHO
2/2020
´ link das aulas do segundo semestre 2020
´ meet.google.com/uir-zgiz-vuo
PARTE I
CIÊNCIA POLÍTICA
ESTRUTURA DAS AULAS
´ O QUE É POLÍTICA
´ SOCIEDADE E POLÍTICA
´ Conceitos básicos:
´ Autoridade,
´ Estado,
´ Governo,
´ Poder,
´ Política
´ Soberania
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem
participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe, mas o custo de
vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do
remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância
política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os
bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto, e os
exploradores do povo.”
Bertold Brecht
ORIGEM DA POLÍTICA
´ Antiguidade. No pensamento grego, o conhecimento das coisas políticas – i.e.,
relativas às polis (a mais elevada expressão de organização social da época) fora o
próprio domínio do saber, a fonte, por excelência, de inspiração da atividade
humana
´ A Política (obra de Aristóteles, séc IV a.C., composta de 8 livros) tipificou as múltiplas
manifestações do poder político, procurando torna-los compreensíveis.
´ 2.000 anos depois, Montesquieu, com seu L’esprit des lois – demonstração que não só
os homens, mas também as condicionantes (natureza das coisas) que concorrem
para determinar a variedade das manifestações políticas. Segundo ele, existiria um
condicionalismo natural, ponto de partida para certas constantes, que, isoladas,
permitiria a fixação de tipologia e a elaboração de uma classificação de formas de
governo
´ Segunda metade do séc. XVII e sec. XVIII – alterações significativas, sem novas
conclusões
´ Sec. XIX – a ciência politica começa a estabilizar-se em torno de um certo número
de temas capitais e adquirir o status de “ciência dos fatos políticos”
ORIGENS DA CIÊNCIA POLÍTICA
´ Maquiavel – primeiro cientista político a estudar o que é (A
POLÍTICA), e não o que deveria ser (COMO O FAZIAM ATÉ ENTÃO
OS FILÓSOFOS)
´ 500 anos atrás, a metodologia era muito mais ligado à filosofia do
que à ciência
´ Meados do sec. XIX – origem de inclusão dos métodos
quantitativos, das ciências exatas, aplicáveis às ciências sociais
(dados estatísticos para analisar o fenômeno politico)
´ Separação da ciência política com o direito político, como uma
ciência do fenômeno político e não do direito
´ O FATO DE ALGO ESTAR NA LEI NÃO SIGNIFICA QUE SE CONCRETIZE
´ ANÁLISE DAS RELACÓES DE PODER, SENDO A LEI UM DOS MEIOS
´ OS CONTRATUALISTAS - Hobbes, Locke e Rousseau – afirmavam que
o estado é o resultado de um contrato entre os indivíduos
Distinção entre ciência política & opinião
A opinião é senso político, e não ciência politica
´ Gosto do político A e não gosto do B
A ciência política é ciência, presentes a racionalidade e a metodologia
´ Sentido amplo: qq estudo dos fenômenos e das estruturas políticas conduzido
sistematicamente, com rigor, apoiado em amplo e cuidadoso exame dos fatos
expostos, com argumentos racionais
´ Sentido restrito ou técnico – ciência como metodologia de pesquisa:
´ É o estudo do fenômeno político, fundado em metodologia especifica, cujo
objetivo é analisar o que é, e não o que deveria ser – analise da realidade (cf
Bobbio)
´ Distinção com a filosófica política (estudo do dever ser)
Diferenças: análise da questão dos votos: x% votou no candidato A
Tipologias de formas de governo
´ Histórias, de Heródoto – Abstratamente, a distinção dá-se segundo o número de
pessoas a quem se atribui o poder supremo:
´ Monarquia – uma só pessoa
´ Aristocracia – uma minoria
´ Democracia – a maioria
´ A Política, de Aristóteles define duas formas:
´ Legitimas
´ Monarquia, aristocracia e república
´ Ilegítimas
´ Tirania, oligarquia e demagogia
´ Modernamente
´ Democracia: livre formulação de preferências politicas
´ Totalitarismo: ideologia oficial, partido único, concentração de poder um pequeno grupo
´ Autoritarismo: limitado pluralismo político, sem ideologia elaborada, sem extensa/intensa
mobilização política, poderes mal definidos, embora previsíveis
CIÊNCIA POLÍTICA
´ OBJETIVOS ATUAIS
´ Crise social e o desajuste entre as formulações jurídicas e a realidade política
´ Observação de fatos sociais e forças que acionam a sociedade
´ RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES
´ não confundir política (arte de governar) com ciência política; aquela é/pode ser
objeto desta
´ MÉTODOS - falta de unidade
´ Realidade do governo, mediante observação dos fatos e elaboração de prospecção
histórica visando selecionar formas políticas em busca da melhor
´ Analise e descrição dos comportamentos políticos, dos processos de governo, ideias e
instituições politicas (norte-americanos)
´ Abordagem que se converte na teoria geral do estado – descrição dos tipos a que se
conduziria à pluralidade ocasional e contingente das formas políticas, sistematizando-as,
definindo-as e tentando compreendê-las
´ Dúvida sobre o caráter científico da ciência política
´ Até aqui, aula do dia 31/8/20
Política e qualidade da democracia
´ Histórico das chamadas ondas de democratização
´ Revolução inglesa – sec. XVII
´ Revolução francesa
´ Revolução americana - Sex. XX
´ Expansão da democracia; fenômeno mais importante do séc XX (aspiração por liberdade e autogoverno)
´ Revoluções socialistas (soviética)
´ Avanço do nazismo
´ II Guerra Mundial
´ Queda do Muro de Berlim e derrocada do regime soviético determinaram a 3ª. Onda da democracia (anos 70): os
vencedores da Guerra protagonizaram o processo de expansão da democracia (Samuel Huntington)
´ Sudeste europeu Portugal, Espanha, Grécia
´ América latina
´ Painel da expansão
´ Europa oriental
´ Norte da África e Oriente Médio
´ Extensão da 3ª. Onda – início do século XXI - Qualidade da democracia
´ Indícios do processo de expansão do regime democrático alcançando o Norte da África e o Oriente Médio
Sociedade
´ O homem é um ser social
´ Dicotomia de tendências - Individualismo x vida em grupos
´ Socialização do ser humano;
´ Necessidade – exemplo da ilha deserta: vc tem suporte mas quer pessoas, sob
pena de loucura
´ Correntes – naturalismo – Aristóteles
´ Contratualistas – Locke, Montesquieu e Russeau (necessidade de troca)
´ Texto: O cidadão (norte americano)
´ Realidade x dificuldades
´ Conflitos da vida social
´ Os homens são diferentes uns dos outros
´ Respeito
´ Autonomia
O cidadão norte-americano
“ O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na
Europa Setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão, cuja planta se tornou doméstica
na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo emprego foi descoberto
na China. Todos esses materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso
dos “mocassins” que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos e entra no quarto de banho cujos
aparelhos são uma mistura de invenções europeias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é vestiário
inventado na Índia e lava-se com sabão que foi inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que
parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito. Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do
tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário tem a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes
asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão
proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é sobrevivência dos
xales usados aos ombros pelos croatas do séc. XVII. Antes de ir tomar o seu breakfast, ele olha ele olha a rua através da vidraça feita
de vidro inventado no Egito; e, se estiver chovendo, calça galochas de borracha descoberta pelos índios da América Central e
toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas. De
caminho para o breakfast, para para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda
uma série de elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A
faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de um original
romano. Começa o seu breakfast, com uma laranja vinda do Mediterrâneo Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de
melancia africana. Toma café, planta abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a idéia de aproveitar o seu
leite são originárias do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café vêm
waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria prima o trigo, que se
tornou planta doméstica na Ásia Menor. Rega-se com xarope de maple inventado pelos índios das florestas do leste dos Estados
Unidos. Como prato adicional talvez coma o ovo de alguma espécie de ave domesticada na Indochina ou delgadas fatias de
carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um processo desenvolvido no norte da
Europa. Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome
uma planta originária do Brasil; fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do México. Se for
fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas, por intermédio da Espanha.
Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por
um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for bom cidadão conservador,
agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-europeia, o fato de ser cem por cento americano.”[LINTON, Ralph. O homem:
Uma introdução à antropologia. 3ed., São Paulo, Livraria Martins Editora, 1959. Citado em LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 16ed., Rio de
Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003, p.106-108]
Democracia
Histórico de mais de 2.500 anos
´ Democracia direta – gregos
´ Democracia representativa
´ Sec XIX – 1% votava
´ Sec XXI – tds (com mínimas limitações de idade) podem votar
´ Democracia-resultados
´ Interesses da sociedade que são conflitantes
´ Gerando resultados diversos
´ Métodos do exercício da democracia
´ Como se constitui o poder
´ Eleições livres e idôneas
Espécies de democracia
´ Autocracias (ditaduras, regimes autoritários, not-free
countries)
´ Ex. Hitler e Stalin – diziam estar aplicando a democracia
´ Regimes em transição autocratizante (protoditaduras)
´ Regimes em transição democratizante
(protodemocracias)
´ Democracias formais parasitadas por governos
(autocráticos ou autocratizantes) manipuladores.
´ Ex. governos populistas e neopopulistas)
´ Democracias formais representativas não-plenas
(flaweds)
´ Democracias formais representativas plenas
Requisitos da democracia
´ Requisitos (Robert Down)
´ Liberdade de formar e aderir a organizações
´ Liberdade de expressão
´ Direito de voto
´ Elegibilidade para cargos públicos
´ Direito de lideres políticos disputar apoio e conquistsar votos
´ Garantia de acesso a fontes alternativas de informações
´ Manifestações de preferência do eleitorado
´ Eleições livres e idôneas
´ Medidas de que as politicas públicas dependam de eleições
´ Países mais ou menos democráticos (Notas variam de 1 a 7, cf a Freedom House)
´ Brasil: nota 2 (imprensa livre, eleições competitivas etc)
´ Venezuela e Egito (parcialmente democrático)
´ Iran (não são democracia) não tem o conjunto de requisitos esperado)
Critérios adotados para classificar as
democracias
Dentre os que fazem levantamentos sobre a democracia, analisemos dois, que
adotam diferentes critérios:
´ A Economist Intelligence Unit - EIU considera cinco indicadores:
´ Processo Eleitoral e Pluralismo,
´ Funcionamento do Governo,
´ Participação Política, Cultura Política e
´ Liberdades Civis.
´ A Freedom House (FH) considera dois indicadores básicos:
´ Direitos Políticos e
´ Liberdades Civis.
Problemas da democracia
A democracia realmente existente na atualidade é a democracia reinventada pelos
modernos, como democracia representativa.
´ I - O problema é que ela é contemporânea à construção da forma Estado-nação. E
como o Estado (qualquer forma de Estado) é um fruto da guerra (no caso do Estado-
nação europeu moderno, da paz de Westfália), a democracia acabou servindo
como modo de administração política de uma estrutura geneticamente guerreira,
para tentar mitigar o Leviatã com a fórmula do Estado democrático de direito.
´ II - Outro problema é que a democracia não deveria valer apenas para domesticar
Estados.
´ III - A democracia é um processo de desconstituição de autocracia onde quer que
ela se manifeste (nas famílias, escolas, igrejas, corporações sindicais, organizações
sociais, universidades, empresas – além, é claro, de órgãos estatais).
´ IV - Não é só o Estado que é ou não é democrático em alguma medida e sim,
também, as demais estruturas sociais.
CONCEITOS BÁSICOS: 1. autoridade
A autoridade é elemento básico para o funcionamento de todo
e qualquer sistema de governo.
Na obra Political Order Changing Societies (1968), Samuel
Huntington disse que, nos países em desenvolvimento a
decadência política e a instabilidade eram pelo menos tão
prováveis quanto o desenvolvimento da democracia liberal e
que "a distinção política mais importante entre os países diz
respeito não à sua forma de governo, mas ao seu grau de
governo".
Daí, a importância da compreensão dos conceitos de Poder e
Autoridade.
PODER
Poder (sentido amplo, geral, sem limitações)
Poder e autoridade são relações entre pessoas:
um que manda (A) e outro que obedece (B).
´ Não é correto dizer que se tem poder; mas que se exerce poder
Se o filho:
2. Não parar de jogar, o pai não atinge seu objetivo, à falta do requisito “2”
• O filho não alterou o comportamento
3. Se o filho parar de jogar videogame e for jogar bola, o pai também não atinge seu
objetivo, pois:
• O filho alterou o comportamento, mas não de acordo com a vontade do pai
(requisito “3”).
Então, o pai não atingiu uma relação de poder, em nenhum dos dois casos.
Cases: ( ) atinge ( ) não atinge
a relação de poder?
Ex2 – O pai diz ao filho para parar de jogar videogame e ir
estudar, senão não vai pagar a escola, comprar o telefone,
etc.
´ O filho para de jogar vídeo game, mas, ao invés de ir
estudar, vai jogar bola;
´ O pai tem poder econômico; o filho alterou o
comportamento mas não o fez de acordo com a vontade
do pai
´ Então, o pai não atingiu a relação de poder
Cases: ( ) atinge ( ) não atinge
a relação de poder?
Ex3: O pai manda o filho estudar (porque é melhor pro
seu futuro, ou pq senão não lhe dou a mesada) e o
filho diz: já estou indo – e vai.
´ O pai tem meio, atingiu o objetivo, mas não por
vontade dele, pai, e sim pela vontade do filho
´ Então, não houve relação de poder
´ PQ NÃO HOUVE ALTERAÇÃO DO COMPORTAMENTO
DE ACORDO COM A VONTADE DO PAI, MAS, SIM, PELA
VONTADE PRÓPRIA DO FILHO
AUTORIDADE
´ RELAÇÃO DE AUTORIDADE é DIFERENTE DA RELAÇÃO DE PODER
´ RELAÇÃO DE AUTORIDADE PRESSUPÕE DOIS (2) REQUISITOS
1. A RELAÇAO DE MANDO/OBEDIÊNCIA ENTRE (A) e (B) NÃO OCORRE EM UM ÚNICO
MOMENTO, MAS DEVE SER DURADOURA, ESTABLIZADA AO LONGO DO TEMPO.
2. Neste período, é necessário que (B) reconheça, com bastante frequência (na maioria
das vezes), que (A) pode dar ordem,
3. (B) pode até não concordar, mas reconhece que (A) pode editar a ordem (pouco
importa se a cumpre ou não)
4. Pouco importa se o comando de (B) é ato lícito ou ilícito (para configurar, ou não, a
autoridade)
Exemplos:
- RELAÇAO ENTRE ASSALTANTE E ASSALTADO; entre pai e filho; e entre empregador e
empregado
Cases
´ Ex. 1 - Empregado cumpre as ordem emanadas do patrão porque reconhece que o
empregador pode dar a ordem – relação de autoridade
´ DECORRE DE ATO LÍCITO
´ Ex. 2 - O assaltado, não reconhece que o assaltante pode assaltar, mas ele cumpre a
ordem por medo - relação de poder
´ DECORRE DE ATO ILÍCITO
´ Ex. 3 - O filho cumpre a ordem do pai porque reconhece que seu genitor pode dar
ordem - relação de autoridade
´ Ex. 4 - O morador obedece a ordem do traficante:
´ A) por medo (medo de o traficante assassinar membro da sua família) – relação de poder
´ B) O morador reside na região há tempo, vê que o traficante resolve os problemas da
comunidade; então, ele obedece a ordem do traficante não por medo, mas porque este
paga a escola do filho – relação de autoridade
Poder # autoridade
´ PODER E AUTORIDADE PODEM DECORRER DE ATO LÍCITO OU ILÍCITO
´ Ex. 4 - O morador obedece a ordem do traficante:
´ A) por medo (medo de o traficante assassinar membro da sua família) – relação de poder
´ B) O morador reside na região há tempo, vê que o traficante resolve os problemas da
comunidade; então, ele obedece a ordem do traficante não por medo, mas porque este
paga a escola do filho – relação de autoridade
,
Elementos do Estado: povo, território,
poder político e soberania - POVO
A coletividade, que forma o POVO, decorre da definição jurídica de um
determinado Estado. Assim, por exemplo, no Brasil, o povo é composto dos
nacionais, quer residam aqui ou no estrangeiro (art. 12, CF), não se incluindo
os estrangeiros, embora vivam aqui (estes, integram o conceito de
POPULAÇAO).
Sobre os nacionais, o país tem o domínio (ou jurisdição) pessoal; sobre os
estrangeiros, jurisdição territorial, apenas
´ POVO é o conjunto de todos aqueles para os quais vigora uma ordem
jurídica, que os rege.
Povo: conceito político
´ Na Antiguidade, e cf. Cícero, povo é “a reunião da multidão associada pelo consenso do
direito e pela comunhão da utilidade” e não simplesmente todo conjunto de homens
congregados de qualquer maneira.
´ No absolutismo o povo fora objeto, com a democracia ele se transforma em sujeito.
´ Na Idade Média, por influência da Revolução Francesa: Estado liberal, constitucional,
representativo. Participação dos governados, via sufrágio (inicialmente, restrito, mas aos
poucos, foi sendo universalizado.
´ Povo é então o quadro humano sufragante, que se politizou (quer dizer, que assumiu capacidade
decisória), ou seja, o corpo eleitoral.
´ Questões:
´ (1) não seriam povo os menores, os analfabetos, os que por este ou aquele motivo, de ordem particular
ou de ordem geral, estivessem excluídos do direito de sufrágio,
´ (2) nem tampouco haveria povo nos países totalitários, onde a livre participação dos governados na
criação da vontade estatal se achasse sufocada ou interditada.
´ Povo é aquela parte da população capaz de participar, através de eleições, do processo
democrático, dentro de um sistema variável de limitações, que depende de cada país e de cada
época.
Povo: conceito jurídico
´ República – temporariedade
´ DEMOCRATICAS
´ AUTOCRÁTICAS
ESPÉCIES DE DEMOCRACIA (slides 21, 24-28)
Sistemas pelos quais se procura realizar o ideal de fazer coincidir, no máximo
possível, os governantes e os governados, para que todo ser humano
continue livre no Estado, sujeitando-se a um poder do qual participe..
´ DEMOCRACIA DIRETA - modelo ateniense em que as decisões
fundamentais são tomadas pelos cidadãos em assembleia; hj, nenhum
estado pode adotá-la
´ DEMOCRACIA INDIRETA ou REPRESENTATIVA – o povo governa por meio de
representantes por ele escolhidos, os quais tomam as decisões do governo
em nome dos representados
´ Puro ou tradicional
´ Por partidos políticos - “instrumentos necessários e importantes para a
preservação da democracia”, cf. Alexandre de Morais (??)
´ DEMOCRACIA SEMI-DIRETA (INICIATIVA POPULAR, REFERENDO E PLEBISCITO)
´ Até aqui, aula do dia 26/10
´ No Brasil
´ Estado federal por segregação
´ Governo Democrático
´ Democracia semidireta
DEMOCRACIA REPRESENTATIVA: vínculo
entre governante e governados
´ Fundamento: os homens em geral não tem a necessária capacidade para
bem apreciar e bem decidir os problemas políticos (Montesquieu, O Espirito das
Leis); assim, as decisões devem ser tomadas pelos mais capazes, os
representantes do povo
´ Seleção de representantes é feita pelo povo, por meio de eleição (No período
helênico, eleição era método aristocrático de seleção e sorteio, o método
democrático)
´ Do sufrágio censitário (CF/1824) ao sufrágio universal
´ Natureza jurídica da representação: mandato (cf. Siéyès), muito embora o
mandatário não está sujeito às instruções do mandante, como no direito civil.
´ Sobreveio outra teoria, a da investidura – o representante recebe do povo um poder
de querer pelo todo, e sua vontade torna-se a vontade de todos
´ No século passado veio a teoria do mandato partidário
Tripartição de Poderes
Concepção e evolução da teoria da separação dos poderes:
´ Concebida por Aristóteles, na Antiguidade (Obra Política)
´ Formulação teórica: John Locke (1632-1704) = doutrina contratualista (1690: Two treatise on
government). Fundamentos: paz, assistência mútua e conservação. Concebeu quatro poderes:
´ Poder Federativo, encarregado das relações exteriores;
´ Poder Legislativo;
´ Poder Judiciário; e,
´ Um quarto Poder, “Prerrogativa”: com base nele, o Príncipe devia agir pelo bem comum, quando
houvesse lacuna na lei.
´ Rousseau (1712-1778), em sua obra Contrato social, inspirou a revolução francesa, afirmando que o
pacto social é celebrado entre homens, e não entre povo/governante
´ Montesquieu (século XVII-XVIII, O Espírito das Leis) concebeu os Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, como encarregados das funções do Estado
´ Art. 16 da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789
´ No Constitucionalismo moderno: Poder uno; funções tripartites
´ No Direito Constitucional Brasileiro: Art. 2º: Independência (só relativa) e harmonia entre os poderes.
A IMPORTÂNCIA DA DECLARAÇAO
FRANCESA: berço do constitucionalismo
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789
Os representantes do povo francês, constituídos em ASSEMBLEIA NACIONAL, considerando que a
ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas das desgraças
públicas e da corrupção dos Governos, resolveram expor em declaração solene os Direitos naturais,
inalienáveis e sagrados do Homem, a fim de que esta declaração, constantemente presente em todos
os membros do corpo social, lhes lembre sem cessar os seus direitos e os seus deveres; a fim de que os
actos do Poder legislativo e do Poder executivo, a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a
fim de que as reclamações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis,
se dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral.
Por consequência, a ASSEMBLEIA NACIONAL reconhece e declara, na presença e sob os auspícios do
Ser Supremo, os seguintes direitos do Homem e do Cidadão:
Art. 1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundar-se na
utilidade comum.
Art. 2º. O fim de toda a associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do
homem. Esses Direitos são a liberdade. a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside essencialmente em a Nação. Nenhuma corporação,
nenhum indivíduo pode exercer autoridade que aquela não emane expressamente.
Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim,
o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que
asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites
apenas podem ser determinados pela lei;
Art. 5.º A lei proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela
lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não
ordene;
Art. 6.º A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de
concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser
a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais
a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos
públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas
virtudes e dos seus talentos;
Art. 7.º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados
pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem,
executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer
cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso
contrário torna-se culpado de resistência
Art. 8.º A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por
força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada;
Art. 9.º Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor
desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei;
Art. 10.º Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não
perturbe a ordem pública estabelecida pela lei;
Art. 11.º A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode,
portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na
lei;
Art. 12.º A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; esta força é, pois, instituída
para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada;
Art. 13.º Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição
comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades;
Art. 14.º Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuição
pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a
duração;
Art. 15.º A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração;
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes
não tem Constituição;
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a
necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização.
Separação das Funções Estatais
´ DA TRIPARTIÇAO DOS PODERES À SEPARAÇÃO DAS FUNCÓES ESTATAIS
´ A doutrina norte-americana criou a teoria dos freios e contrapesos (checks and
balances), que foi exportada para outros países, inclusive o Brasil; por ela, há distribuição
das funções estatais, entre os três poderes, na forma prevista na Constituição, de modo
a estabelecer a harmonia entre eles, preservando a sua independência.
´ Na América Latina, o tema foi discutido, pela primeira vez, em 1902, em Buenos Aires,
por Leon Deguit, e, a partir de então, a comunidade jurídica passou a incorporá-lo aos
seus estudos.
´ O fundamento é que, para que haja a separação de poderes, faz-se necessária a
observância das seguintes CLÁUSULAS-PARÂMETROS:
´ Independência e harmonia
´ Indelegabilidade de funções
´ Inacumulabilidade de cargos e funções
´ Outrossim, é certo que a tão-só separação de poderes não é capaz de eliminar os
aspectos absolutistas do poder, fazendo-se necessário mesclar as funções entre os
poderes, de forma que, mesmo independentes, possam ser harmônicos, tal como
preceitua, a propósito, o art. 2º da CF/88.
PARTE II
TEORIA DO ESTADO
ESTRUTURA DAS AULAS
´ II.1. O Estado Moderno
´ II.1.1 Absolutismo
´ II.1.2 O príncipe – Maquiavel
´ II.2. Leviatã – Thomas Hobbes
´ II.2.1 Liberalismo, democracia e separação de poderes
´ II.2.2 Liberalismo – Segundo tratado sobre o governo civil – John Locke
´ II.2.3 Democracia – O contrato social – Jean-Jacques Rousseau
´ II.3 Separação de poderes – O espirito das leis – Montesquieu
´ II.4 Críticas ao liberalismo: Marx e Engels
Liberalismo
´ Críticas ao liberalismo: Marx e Engels
EXCELENTES ESTUDOS!!!
Fraternalmente,