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Ciência Política

Conceito de Ciência Política

A partir da loso a vão surgir várias disciplinas como o Direito, tendo este ramos como o Direito
Constitucional (DC). Este assumia que estudava o fenómeno estadual, isto é, estudava o Estado.

A partir do século XIX começa a haver um movimento de separação em relação ao DC e a Ciência


Política (CP). Acreditavam que o DC não englobava todos os assuntos políticos que a disciplina deveria
de estudar. O argumento utilizado era: todas as ciências estudavam o indivíduo e o seu comportamento
- realidade social - esta realidade é muito complexa e cada disciplina abrange de formas diferentes.

Por exemplo: o fenómeno do divórcio engloba


várias perspectivas diferentes nas áreas como
sociologia, psicologia, direito e economia. Todas

estas dão o seu contributo para estudar esta


realidade em contexto social.

Isto trata-se então de um fenómeno


social total pois caracteriza-se por ter
uma abordagem holística (= todo).

A Ciência Política procura ordenar, sistematizar e divulgar a realidade política. Estuda as regras
que presidem no funcionamento dos sistemas políticos, bem como as causas, características e
consequências dos fenómenos políticos. Analisa os problemas do poder através da observação
dos factos e a sua explicação através de conceitos.

- Em Portugal esta ciência teve um aparecimento tardio visto que foi em 1974 a separação das duas
áreas (DC e CP).

É importante distinguir Direito Constitucional de Ciência Política. A primeira considera a sociedade


política através de normas, é formado por normas e como objeto tem uma realidade normativa, visa “o
que dever de ser” e esta é uma ciência jurídica. A segunda conhece, descreve, explica e sistematiza os
fenómenos políticos, tem por objeto uma realidade factual e trata-se de uma ciência descritiva, não
jurídica e não normativa e visa o “como é”. Ambas estudam as estruturas políticas do Estado.

A ciência política tem 3 perspectivas: o Estado, o poder político, e o sistema politico. O Estado tem três
elementos fundamentais, o povo (art.4º), o território (art.5º) e o poder político/soberania (art.3º). Tem
como funções legislativa (legislativa em si e constituinte) executiva ( política e
administrativa) e judicial ( não é considerada uma função política mas sim uma
NOTA: O Estado é uma
técnica de aplicação do direito). No poder político subdivide-se em fenómeno forma de organização
estadual (FE) e fenómeno político (FE). Há três concepções: FP como FE, FP política para a
menor que FE e FP maior que FE.
sociedade.
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FP = FE: O conceito de político identi ca-se com o estadual, tudo o que ela estadual era político, o
político identi cava-se com as funções do Estado. Assim o fenómeno político é igual ao fenómenos
estadual. Coincide com o cumprimento das funções do Estado: legislativa, executiva e judicial, ou seja,
quando o Estado legisla, julga ou administra, está a desenvolver fenómenos políticos.

FP < FE: Nem todo o fenómeno estadual é fenómeno político. A função judicial não pode ser
considerada um fenómeno político é meramente uma técnica de aplicação do direito. Só as funções
executiva e legislativa são políticas.

FP > FE: O fenómeno político não se reduz apenas e só ao Estado. Englobam o as ações dos partidos
ou grupos de interesse que tentem in uenciar o poder. O político não se identi ca com o estadual,
abrange a de nição e funcionamento de: partidos políticos, grupos de pressão, associações sindicais e
patronais, opinião pública, manifestações, entre outros. Logo o fenómeno político é mais amplo que o
fenómeno estadual.

Então o fenómeno político pressupõe uma relação de poder, uma diferenciação entre governante e
governado ou resulta de um con ito de interesses com vista à conquista ou exercício do poder político.
Ao conceito de político é essencial a ideia de autoridade, possuir autoridade ou ter força para exercer ou
in uenciar o poder.

A ciência política pode ser caracterizada com arte, como saber e como ciência.

• A política é o saber associar uma boa actividade com uma boa organização da polis, em nome do
interesse comum de todos. (Aristoteles)

• A política seria a arte de governar. Por outro lado, ela era vista como o conjunto de regras a observar
para a obtenção e perpetuação do poder. (Maquiavel)

• A política é a ciência que procura ordenar, sistematizar e dar a conhecer a realidade política, através
do estudo dos fenómenos políticos.

O Estado e o sistema político

Considerando que o fenómeno político é mais amplo que o estadual a Ciência Política estuda as
atividades políticas no seu campo mais global de uma sociedade, enquadradas num sistema político.
Para estudar os fenómenos políticos estabelece-se um sistema e um modelo teórico. A perspetiva
sistémica é considerado um sistema com um conjunto de variáveis. Assim o sistema político é um
sistema aberto através do qual se conseguiam ver causas e efeitos de cada fenómeno, recebendo inputs
provenientes de outros sistemas intrassociais da mesma sociedade ou de outros sistemas sociais de
outras sociedades globais.

Os inputs são ações ou causas dos fenómenos políticos. Podem ser ações de apoio ao sistemas político
ou exigências, reivindicações aos sistema político, como manifestações, eleições, referendos, petições,
entre outros. Através do efeito que produzem ao sistema político, resultam em outputs, isto é, a resposta
do sistemas político para resolver o desequilíbrio gerado. A resposta do Estado em relação aos inputs
produz-se através das suas funções (judicial, legislativa e administrativa).

Por sua vez, as modi cações que foram feitas de forma a que fossem adaptadas ao meio ambiente por
vezes criam novos inputs que entram no sistema através de um mecanismo de retroação ou feed-back.

Na sua globalidade o sistema é caracterizado por duas leis principais:

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Lei da Homeostase: segundo o qual os sistemas tendem para o equilíbrio, apesar dos impactos e
alterações. O sistema político tem a capacidade de conservar o equilíbrio interno, apesar dos fatores de
alteração, através dos outpus mantém o equilíbrio.

Lei da entropia: segundo o qual o sistema tende para um maior equilíbrio, complexidade e completude,
a m de esbater a força do inputs sobre o centro de decisão. O sistema vai-se organizando cada vez
mais de forma a esbater a pressão e a que as demandas causem menos desestabilização.

O Estado
O CONCEITO DE ESTADO:

O Estado é uma entidade abstrata que atua através dos seus orgãos. O Estado surge como uma
comunidade politicamente organizada (feita pelos homens), xa em determinado território, que lhe é
privado e tendo como características a soberania e a indecência. A delimitação do conceito jurídico de
Estado por recurso de três elementos fundamentais - povo, território e poder político. Sendo que o
território é constituído por vários domínios.

Todos os Estados estão subordinados à respetiva Constituição porque esta tem a nalidade de organizar
e limitar o poder político. Cada Estado, com base na sua Constituição, exerce a sua função legislativa,
produzindo leis, e ca subordinado a essas leis (artigo 3º nº2). Todos os Estados devem respeitar as
normas de Direito Internacional Público (DIP).

COMO SURGIU O ESTADO:

Existem várias teses sobre a origem do Estado.

Tese Naturalista: Partem da ideia de o homem, por natureza, um ser que tende a viver em sociedade e o
Ser Humano nasce com a preocupação em garantir a sua sobrevivência (instinto natural) e tem
propensão natural para a procriação.

Aristóteles defende que a família é a primeira forma de Estado. Porém uma família só não é auto-
sustentável então agregam-se a outras famílias, formando assim uma tribo. Contudo a tribo devido a
certas causas nem sempre consegue manter a sua sobrevivência, associando-se assim a outras tribos,
formando assim um Estado.

Grandes defensores da tese naturalista são: Aristóteles Cícero e S.Tomás de Aquino.

Tese Contratualistas: A explicação desta tese é baseada na lógica. O Ser Humano nasce num estado
de agressividade, de egoísmo e de sobrevivência e com a liberdade absoluta. A agressividade por sua
vez vai criar con ito. Estas condições criam um cenário de perigo à sobrevivência. Então o Ser Humano
chega a conclusão que tem de ceder uma parcela das sua liberdade á comunidade, estabelecendo
assim um contrato social que consiste na criação de uma sociedade civil organizada através de um
contrato voluntário com reciprocidade, criando uma comunidade. O contrato social subdivide-se em
pactum unionis que consiste na criação da sociedade civil organizada e pactum subjectionis que
consiste no ato de subordinação à vontade da maioria, que designa os governantes, que irão ditar e
fazer executar as regras necessárias à comunidade. Ou seja, há uma subordinação à vontade da maioria

Grandes defensores desta tese são Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau.

( VER PÁGINA 209 DE SILVA E ALVES)

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Teses Voluntaristas: Esta tese defendo que o homem foi obrigado a agrupar-se para poder sobreviver.
Daí o aparecimento de tribos, dos clãs, em que existia intensa solidariedade entre os seus membros que
atacavam uma certa ordem derivada de regras naturais de sobrevivência e que era imposta pelo mais
forte, visto que o aparecimento do Estado não pode resultar da vontade de todos. Dos pequenos grupos
ter-se-ão formandos outros mais amplos.

O Estado resulta assim de um ato de vontade. Os orgãos constituídos por este vão depender da forma
política, do regime político e do sistema de governo. As suas primeiras regras dizem respeito ao modo
de organização, aos poderes, aos seus orgãos e á posição do indivíduo perante o Estado.

O Estado está também subordinado à Constituição e ás restantes normas por eles criadas assim como
os particulares e as demais instituições públicas. Todas as normas estão sujeitas à scalização da
constitucionalidade.

Tipos Históricos de Estado


Ao longo da história sucederam-se vários tipos históricos de Estado. Houveram várias abordagens
quanto á sua tipologia:

• Quanto ao m do Estado: conservador, reformista, revolucionário, entre outros.

• Quanto ao grau de intervenção: abstencionista, intervencionista, totalitário, entre outros.

• Quanto à evolução histórica: antigo, moderno, contemporâneo

• Quanto ao modo de produção: despótico, esclavagista, feudal, capitalista, socialista, entre outros.

Distingue-se então o Estado na fase pré constitucional de Estado na fase constitucional. Sendo que o
que os diferencia é a Constituição, marco importante do séc. XVIII, na Europa e na América. Esta
Constituição é o documento que organiza de forma escrita o poder político e limita a sua ação e
que por sua vez protege os direitos fundamentais do cidadão.

CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS HISTÓRICOS DE ESTADO

Estados na fase pré constitucional

Estados Antigos: O Estado surge de alguma forma estruturada. Porém não é igual à nossa
concepção atual porque ainda não existia ainda a ideia de nação, vínculo de nacionalidade, não havia
também centralizado de poder e havia instabilidade territorial.

Dentro dos Estados Antigos pode-se subdividir em: Estado Ocidental, Estado Grego e Estado Romano.

Estado Oriental: Este Estado é tipicamente monárquico e teocrático, ou seja, um poder político
reconduzido ao poder religioso, com uma forma monárquica, sendo que o monarca é adorado como um
Deus e é considerado como descendente de um ou chefe do poder espiritual.

A ordem da sociedade é hierarquizada e desigualitária, sendo reduzidas as garantias jurídicas dos


cidadãos. A população resulta de origens étnicas diferentes e é uni cada pela força. Tem como objetivo
a expansão universal.

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EXP: Egipto, Pérsia, Síria e China.

Estado Grego: O Estado era a Cidade-Estado, de pequena extensão territorial. Exercia-se uma
democracia direta. As cidades estava ligadas pela tradição e por uma política comum e, por vezes por
motivos de defesa ou culto religioso.

O direito políticos pertenciam aos cidadãos, os indivíduos de de outras cidades eram considerados
como estrangeiros e sujeitos a uma jurisdição especial. Havia já leis, um poder político organizado e uma
certa separação de poderes.

Apresenta como traços essenciais a liberdade individual, a exercício da soberania que era um dever dos
cidadãos, o Estado tem poder desde que estivesse justi cado pelas leis formuladas pelos cidadãos e
apesar de diferente havia uma grande in uência do pensamento ocidental.

Estado Romano: Há uma concepção territorial mais ampla, contudo Roma manter-se-ia sempre o centro.
Já são considerados também alguns direitos básicos aos cidadãos romanos como por exemplo o direito
ao casamento, direito de propriedade, o direito de voto e o direito de ser eleito para alguns cargos
públicos. O desenvolvimento da noção de poder político , como poder supremo e uno, cuja plenitude
pode ou deve ser reservada a uma única pessoa, distinguia-se imperium, de potestas e majestas.

Poder como Envolve o sentido


faculdade Poder
de grandeza e
soberana de modelador e
dignidade do
mandar organizador
poder.

Surge a distinção entre poder (Direito) Público (do Estado) e poder (Direito) Privado (do pater familias).

Aparece pela primeira vez no mundo Ocidental, em Roma, a noção de poder político, uno e supremo,
corporizado numa só pessoa, um único detentor, o príncipe. Inicia-se uma monarquia, posteriormente
uma república, de seguida um principado e império onde prevalece a concentração de poderes.

O Cristianismo veio or sua vez abalar todo o sistema, pois reconhece a pessoa humana uma nova
posição dentro da comunidade política e contesta o carácter sagrado do Imperador.

“Estado” Medieval: Divide-se em duas grandes fases: as das invasões e a da reconstrução.

Durante o “Estado” Medieval vai haver uma evolução, isto é, o poder real vai ser mais estreitado entre a
autoridade da Igreja e o poder dos senhores. Há uma ausência do Estado como o conhecemos pois
existia uma pluralidade de poderes particulares, de natureza social, religiosa ou territorial: feudos,
senhorios e os burgos. O poder era agora concentrado nos privados pois estes eram titulares privilégios,
de posições jurídicas que lhes advinham de posições sociais que ocupavam na hierarquia feudal.

Nestas circunstâncias o poder privatiza-se e em vez do conceito de imperium vem o de dominium


(derivado da supremacia territorial). É a concepção patrimonial do poder.

Os direitos das pessoas dependiam da camada social a que pertenciam e da hierarquia da relações de
vassalagem e a liberdade advém do estatuto da pessoa, não da titularidade de direitos enquanto
indivíduo.

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O rei detinha apenas o título e estava no topo da hierarquia e tinha que subordinar ao papa o que por sua
vez enfraquecia o seu poder político.

A partir do séc.XII / XIV houveram grandes alterações devido a fatores como:

• o desenvolvimento da ideia de nação,

• renascimento do Direito romano

• teorizações como as de Tomás de Aquino, Maquiavel Hobbes e Bodin

-> desenvolvendo-se todo um processo tendente à centralização do poder político, à emancipação em


relação ao Papa e a eliminação dos privilégios feudais. Passou a haver então o reforço de ideias como
nação, secularização, soberania o rei voltou a ter o poder mais centralizado nele mesmo e a Justiça e o
Direito era lei-vontade do rei.

Estado Moderno : Situado no ano da Revolução Francesa, 1453-1789 os Estados Modernos


consistiam na realização de esforços dos reis para a emancipação em relação ao papa e face aos
senhores feudais. Este foi um processo progressivo sem datas muitos de nidas, diferentes nos vários
países europeus e é caracterizado por dos grandes períodos: o Estado Estamental e o Estado Absoluto.

Estado Estamental é a transição da Idade Média para a Época Moderna, de um sistema medieval para
um estado absoluto. O monarca conseguiu a centralização do poder através das Assembleias
Estamentais representativas das camadas e classes sociais que procuravam a conservação dos
privilégios adquiridos na sociedade medieval.

Foi um período de um certo equilíbrio entre o poder do rei e dos seus súbditos, ou seja, o rei tinha o
poder centrado nele contudo era limitado pela sociedade. O Estado Estamental só dura até o rei ganhar
força para levar a uni cação do poder e desta forma o poder vai-se centralizando até chegar ao Estado
Absoluto.

Estado Absoluto: O poder político centralizava-se agora todo no rei. A vontade do rei é a lei, e as regras
jurídicas de nidoras do poder passam a ser vagas.

A função do Estado Absoluto consiste em construir a unidade do Estado e da sociedade, em passar de


uma situação de divisão com privilégios das ordens, para uma situação de coesão nacional, com relativa
igualdade face ao poder.

É fulcral distinguir dois subperíodos na evolução do absolutismo:

Estado Patrimonial: Estende-se até o séc. XVIII. O Estado é considerado um bem patrimonial do
príncipe e o poder deste considerava-se divinal. O rei governa pela graça de Deus e considera-se que o
Rei foi escolhido por este e exerce uma autoridade que reveste o fundamento religioso.

Os direitos adquiridos e os direitos individuais fundados num título especial produzido por determinado
facto jurídico e protegidos pelos tribunais, apresentam-se como limites aos direitos de superioridade
territorial do príncipe, Mas a título excepcional, estando em causa o interesse público reconhecia-se ao
príncipe a possibilidade de ultrapassar esses limites fazendo apelo ao direito supremo.

Os particulares não tem qualquer mecanismo de defesa porque o monarca só criava normas para
regulamentarem as relações entre os particulares e não existiam normas para regular as relações entre
este e o Estado.

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Estado de Polícia: Surge no século das luzes (XVIII). O rei é um déspota iluminado esclarecido pela
razão. Surge também o jus politiae que é o direito de o Príncipe intervir em todos os domínios em prol
do bem público, em nome da razão.

É um Estado da máxima intervenção, o rei pode intervir em todos os domínio da sociedade. O Estado de
Polícia era, no essencial, um Estado acima do Direito, permitindo-se o direito de intervir, sem limites, em
todas as esferas da vida social ou privada.

É criado o Fisco no sentido de resolver a contradição entre a necessidade de garantir o princípio


supremo do Estado de Polícia e a necessidade de proteger os particulares eventualmente lesados pela
atividade de Polícia.

No campo económico o Estado torna-se intervencionista e desenvolve o mercantilismo, incrementa-se o


capitalismo, primeiro comercial e depois industrial, e burguesia revela-se o setor mais dinâmico da
sociedade.

Estados na fase constitucional


Com o incremento do capitalismo, desenvolveu-se uma nova classe social, a burguesia. A disparidade
entre o seu poder económico e a falta do seu poder político vão dar lugar as revoluções liberais e ao
crescimento dos ideais liberais. A insegurança decorrente da atividade arbitrária e ilimitada do príncipe,
empenhado na construção de uma “nação culta e polida” provocaram uma reação da burguesia
ascendente contra o Estado de Polícia.

Assiste-se a uma nova concepção de Estado, dos seus ns, das suas relações com os cidadãos. Surge
a ideia de um Estado organizado e limitado juridicamente com vista à proteção e garantia de autonomia,
liberdade e segurança dos cidadãos. É a ideia de um Estado de Direito.

Desenvolveram-se algumas ideias com o intuito de lutar contra o Estado Absoluto como:

• Limitar o poder político;


• Proteger a liberdade dos cidadãos;

• Racionalizar o seu exercício;


• Livre desenvolvimento da vida
económica;

• Controlar a atividade da Administração;

• Igualdade dos cidadãos.

Divergências quanto ao Estado de Polícia:

• Soberania do monarca -> Soberania popular (nacional) e a lei como expressão da vontade geral;

• Exercício do poder por um indivíduo -> Exercício por muitos, eleitos pela coletividade;

• Em vez da razão do Estado -> O Estado cumprias normas jurídicas;

• Em vez de súbditos -> São cidadãos com direitos

Principais instrumentos técnico-jurídicos:

• Constituição
• Separação de poderes

• Princípio da legalidade
• Representação política

• Declarações de direitos

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Surge a ideia de um Estado limitado juridicamente com vista à proteção e garantia da autonomia,
liberdade e segurança dos cidadãos, ou seja, a ideia de Estado de Direito.

Estado de Direito Liberal:

Foi essencialmente um resposta ao Estado de Polícia. Típico do séc. XIX, liberal (político e económico) e
assenta nos interesses e valores da sociedade burguesa.

O projeto liberal consiste na ideia de uma necessária separação entre o Estado e a economia, segundo o
qual o Estado deve limitar e garantir a segurança e a propriedade dos cidadãos, deixando a vida
económica entrega uma dinâmica de auto regulação do mercado.

O estado tem como única tarefa garantir a paz social permite o desenvolvimento da sociedade civil de
acordo com as suas próprias regras naturais. Portanto uma separação entre Estado e sociedade. Tudo
seria con nado aos particulares que melhor do que ninguém conheciam os seus próprios interesses e
sabiam como alcançá-los, con ando-se no mero jogo das liberdades fundamentais. Fim do estado
liberal abstencionista é a garantia e a proteção dos direitos laborais fundamentais. E tal é único m da
limitação jurídica do estado. É para assegurar que o Estado não exceda os seus ns e invada
ilegitimamente as esferas da vida privada que se torna necessário organizado e limita-lo juridicamente.

No Estado de Direito Liberal os direitos fundamentais não podem ser contrariados, são anteriores e
superiores ao Estado ( pré e supra Estaduais) daí a limitação do estado. A Constituição prevalece sempre
que houver con itos jurídicos e é entendida como a salvaguarda dos direitos fundamentais porém só
reconhece, isto é, são declarados pelo Estado. Por sua vez não é o Estado que concede os direitos
particulares.

Os direitos fundamentais (DF) são originários, ou seja, nascem com cada indivíduo e nenhum Estado
pode violar. Os DF estão consagrados na Constituição e esta tem uma supremacia jurídica e todas ações
do Estado tem que submeter as normas. Sao direitos essencialmente negativos, visto que, o Estado
deve abster-se de intervir.

Distinção entre direitos do homem e direitos do cidadão:

Direitos do Homem Direitos do Cidadão

Essencialmente pessoais/individuais; ser humano enquanto tal Direitos da relação com os outros; enquanto ser que vive em
sociedade

Liberdade de consciência Liberdade de culto

Liberdade pessoal Liberdade de associação e reunião

Inviolabilidade do domicilio Direito à greve

Propriedade privada… …

Toda a concepção do Estado de Direito Liberal está ligado aos interesses da burguesia, daí o direito de
propriedade surgia entendido como um direito absoluto, sem limitações, um direito supremo. Só é
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verdadeiramente considerando como cidadão aquele que for proprietário. Era aliás condição do
exercício pleno dos restantes direitos, ou seja, só tinha direito a voto quem tivesse um determinado grau
de riqueza (voto censitário).

A divisão de poderes enquanto enquanto elemento Estado de Direito Liberal é inseparável do seu papel
garantia dos direitos fundamentais do homem.

Surge a ideia de divisão de poderes como especialização jurídica orgânico-funcional, isto é, como
repartição juridicamente operada das várias funções do estado pelos seus diferentes órgãos. Ela é
dividido em funções e cada uma é atribuída a um órgão:

• Legislativa - Parlamento

• Executiva - Rei e ministros (Governo)

• Judicial - Tribunais

A divisão de poderes só se justi ca em função da necessidade de garantir a liberdade individual contra


os abusos de poder.

Dois princípios demostram a verdadeira natureza da divisão de poderes como técnica de organização do
Estado visando a garantia das liberdades individuais: o princípio do império da lei e o princípio da
legalidade da administração.

Imperi d Le
A lei devia prevalecer sobre todos usados, como o ato necessariamente justo.

O Estado de Direito Liberal realiza-se como Estado de razão através do Império da lei. Só enquanto
reino de leis se garantia a soberania popular e não há vontade qualquer tirano. Pois a lei era legitimada
pela aprovação do orgão que representava a vontade geral - o Parlamento, onde todos estavam
representados. Só assim se garantir a liberdade e a justiça.

A lei garantia a igualdade, à segurança e a previsibilidade, pois sendo geral e abstrata excluiria, por
de nição, a discriminação, o privilégio, o arbítrio individual. E sendo aprovada pelo Parlamento, onde
todos estavam representados, seria essencialmente justa pois ninguém seria justo para consigo próprio.

A lei é igual para todos e todos iguais perante ela. Era automaticamente justa e só era preciso garantir o
seu comprimento e aplicação. Estando o Parlamento dominado pela classe burguesa, uma divisão de
poderes dominada pelo princípio do império lei resultava num Estado dominado pela burguesia, o que
aliás explica todos Estado Liberal. Tornava-se necessário garantir a subordinação dos demais atos do
Estado relativamente à lei, ou seja, dos demais órgãos do estado relativamente ao Parlamento.

Princípi d legalidad d Administraçã


Século XIX era ainda receado poder executivo, já que o legislativo, de certa forma, já dependia da
sociedade burguesa.

O carácter soberano da função legislativa exigia que era subordinação do executivo, queres a estrita
vinculação do poder judicial aos comandos da lei. Só assim se excluía o abuso de poder, o privilégio,
discriminação na aplicação da lei, quer pela Administração quer pelos Tribunais.

Quando poder judicial, a subordinação estreita do juiz à lei procurava impedir que as decisões dos
tribunais estivessem a pressões exteriores.

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Mas a burguesia receava sobretudo que atividade administrativa do estado pusesse causa a segurança e
liberdade indispensáveis a sua atividade. O princípio da legalidade da administração, partindo do Império
da Lei, impõe a função executiva uma estrita subordinação à lei. Garantindo o respeito da lei por parte da
Administração, assegurada a legalidade todos cidadãos, estariam automaticamente tutelados os direitos
dos cidadãos. Na medida em que os direitos fundamentais se sustentavam uma lei emanada pelo
Parlamento, a liberdade propriedade só estariam juridicamente protegidas quando também atividade
administrativa se encontrasse sobre a reserva de lei.

O princípio da legalidade atuava em duas dimensões: a preferência da lei e a reserva de lei.

Preferência da lei :

Administração pode atuar desde que a lei não proíba.

Reserva da lei :

Administração só a tua quando a lei o permite; no caso de omissões da lei não pode atuar;

Princípio da Reserva de lei Evoluiu, modernamente, para o Princípio da Reserva Total da Lei, segundo o
qual toda atividade administrativa (…) pressupõe a existência de um fundamento legal.

Estado Social e Democrático de Direito

A ideologia liberal entra em declínio do século XX com a crise económica que leva a primeira Guerra
Mundial. Já a partir de meados do século XIX, mas sobretudo no seu último quartel, começa a veri car-
se uma certa crise nos pressupostos em que assenta o modelo do Estado Liberal: liberdade de
concorrência, liberdade empresa e de emprego, leva livro oferta e procura, livro xação de preços, entre
outros.

Segundo a “teoria da mão invisível” de Adam Smith, As leis do mercado preciso só conduziriam a vida
económica ao aproveitamento máximo da riqueza. Mas veri cou-se que não se criar uma situação de
equilíbrio. Entretanto, o desenvolvimento industrial e tecnológico começou a gerar uma certa
substituição do homem pela máquina, ao mesmo tempo que se veri cava uma movimentação
demográ ca dos campos para cidade sem que existissem estruturas adequadas para tal situação,
provocando uma crise e descalabro social. Aparecem os movimentos operários, novas ideologias,
começando a reclamar-se a intervenção do Estado na organização das atividades coletivas. Então o
Estado precisava de intervir na vida económica, para regular paci camente os con itos internos e
externos. Surge uma fase de transição em que o Estado vai perdendo a sua feição inicial e se vai
tornando num Estado intervencionista.

Teoricamente não há alteração dos princípios fundamentais do liberalismo e a administração continua a


ter um carácter subsidiário da iniciativa particular, mas esta começa a falhar em vários campos e o
Estado é chamado para intervir.

A sociedade por si só já não é capaz de superar o estado de crise. O impacto provocado pelo eclodir da
primeira guerra mundial altera radicalmente a forma de conceber as relações entre estado e a sociedade

Estado empenha-se consciente e deliberadamente no processo produtivo, na redistribuição do produto


social e na intervenção direção e plani cação global do processo económico.

Sociedade deixa de ser considerada como uma área auto-su ciente, para ser encarada como um objeto
suscetível e carente de uma transformação estruturação a perseguir pelo estado com vista a realização
da justiça social.

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Ideia de separação estado-sociedade é objeto de reavaliação, na tentativa de superar modelo liberal.
Como estado social assiste-se a um duplo processo:

1. Estadualização da sociedade, a sociedade requer intervenção global do Estado.

• O estado intervém em todos os domínios, mas sempre subordinado às normas jurídicas.

• Estado de ne metas e controla atividade económica.

• O Estado preocupa-se com a igualdade de oportunidades.

• O Estado assegura serviços: água, eletricidade, património, saúde, educação, entre outros. Com o
objetivo de oferecer uma vida digna aos cidadãos.

Logo o Estado passa a ter mais responsabilidades passando a ser um estado intervencionista.

2. Socialização do estado (sociedade participa mais na vida do Estado)

• Sociedade com intenção de atuar sobre o Estado.

• Cidadãos mais organizados interventivos na vida política. A partir de grupos de pressão, associações,
partidos, entre outros.

Por sua vez existem alterações nos direitos e liberdades fundamentais.

Surgem os direitos sociais em sentido amplo, positivos, cuja realização depende fundamentalmente da
intervenção do estado, e que abrangem os direitos económicos (art.80º a 107º), os direitos sociais e os
direitos culturais. Existe então uma reinterpretação dos direitos, liberdades e garantias (art.24º a 57º - 1ª
geração de Direitos) através dos pressupostos do Estado social isto é a necessidade de garantir
liberdade facto dos indivíduos de forma a garantir uma vida digna às pessoas.

É desvalorizado o direito de propriedade (art.62º) Este direito perde o seu anterior carácter de direito
absoluto, para se integrar numa concepção de autonomia individual que não esquece a necessidade de
integração social. Continua a ser regulado, mas é limitado. Há dignidade independentemente da riqueza
diminuindo assim a in uência burguesa na sociedade. Consequência da desvalorização do direito
propriedade veri ca se a generalização da atribuição dos direitos políticos, particularmente o direito de
volta, sendo instaurado o sufrágio universal (art. 49º; 113º nº1).

Os direitos fundamentais só obtém o absoluta realização e proteção em regime democrático. Por m há


um aprofundamento e consolidação da democracia política, desde o livre eleição de uma Assembleia
representativa de todos os cidadãos e legitimação democrática de todos os órgãos de poder, o
reconhecimento do pluralismo partidário, direito oposição, princípio da alternância democrática, com
eleições periódicas; bem como os direitos de participação política sem quaisquer discriminações de
sexo, raça, idade, convicção ideológica ou religiosa e condição económica ou cultural.

-> direitos económicos ( art.58.º) sociais ( art.64.º) e culturais (art. 73.º/74.º) - 2ª geração de direitos.

Direitos fundamentais são concebidos com direitos contra terceiros. Os direitos fundamentais são agora
concebidos não só como direito defesa contra o Estado, contra os abusos e violações provenientes de
autoridade pública, mas também com valores que se opõem genericamente a toda a sociedade,
dirigidos também contra os poderes dos particulares que os possam ofender, como direito à greve. Com
este alcance o princípio democrático confere um novo entendimento aos elementos do Estado Direito.

Também alterações no campo da divisão de poderes. Permanecem as características e ns essenciais


que presidiram ao aparecimento das técnicas jurídicas de limitação do poder. Porém o Governo vai ter
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in uência no parlamento e este tem in uência no poder executivo. O governo vai ter in uência sobre os
tribunais ou seja sobre o poder judicial e eu estou a elogiar o governo poder executivo e no parlamento
havendo assim uma interdependência de poderes. Ou seja, perde-se a repartição mecanicista de
funções legislativas executivo e judicial pelo Parlamento, governo e tribunais, para serem de nitivamente
encarada como um processo visando uma divisão racionalizada integrada de funções com o m de
evitar a concentração, o excesso ou exercício arbitrário do poder.

Parlamento Governo Tribunais


Governo -> Legislativo: art. 193.º

Orgãos de soberania: art. 110.º

Tribunais art. 202.º

Legislativo Executivo Judicial Oposição democrática: art. 114.º n.º2

Face a atualidade:

• Separação e Interdependência dos orgãos de soberania: art. 111.º e 112.º

• Assembleia da República: art. 161º, c); art.164.º e art.165.º

• Governo: art.198.º; art.197.º nº:2; art.199.º

• Presidente da Republica: art.134.º, b) (promulgação da lei); art.277.º a 283.º (Vetar juridicamente)

• Participação na vida política art.48.º

Consagra-se pela primeira vez a justiça constitucional, isto é, scalização judicial de constitucionalidade
das leis que é atribuída, em regra, os tribunais comuns ou especialmente criados para o efeito que
apreciam seus atos legislativos estão conformes com a Constituição como mecanismo de compensação
das tentações arbítrio.

Princípio da legalidade da Administração torna-se mais amplo. Por um lado, tende para o
estabelecimento do princípio da reserva total da lei, segundo o qual toda atividade administrativa, carece
da existência de um fundamento legal. Por outro lado, assiste-se ao estabelecimento progressivo do
controle judicial do respeito pela administração não só limites da lei, mas igualmente os princípios gerais
do Direito. (Reserva total de lei: princípio da legalidade da administração: art.266º e 268º)

Surgem novos mecanismos de limitação do poder que não existiam nos dá direito liberal ou não era
su cientemente valorizados:

• Pluralismo partidário;

• Direitos da oposição;

• Direito de alternância política;

• Limitação temporal do exercício de certas funções;

• Divisão vertical ou territorial de funções, através da regionalização política e administrativa;

• Repartição social funções, com o aproveitamento mecanismos de democracia participativa e de


descentralização;

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• Complexi cação dos sistemas de governo e sistemas eleitorais;

• Limitação interdependência dos órgãos de exercício do poder político;

Estados Autocráticos do século X


Com a crise dos pressupostos do estado liberal, nos nais do século XIX, quando a crise política,
económica e social que segue a primeira guerra mundial revela o seu esgotamento, e a par do Estado
Social e Democrático de Direito, o seu herdeiro direto, surgem os que rejeitam simultaneamente o legado
liberal e o novo quadro democrático, sendo possível designá-los, genericamente, como o “Estado
autocráticos do séc. XX”, no entanto, a diversidade de ns entre si manifesta a sua distinção estado
entre:

• Estado Autocrático de matriz revolucionária Anticapitalista

• Estado autocrático de matriz conservadora

Situados cronologicamente na fase constitucional, têm em comum, dada a sua natureza autocrática,
uma atitude desvalorizadora da ideia deConstituição enquanto limite do poder.

Constituição apresenta-se como um elemento formal. É uma instrumento de legitimação dos detentores
de poder. Per do conteúdo material que ir conferir o liberalismo e o carácter de limitação jurídica do
estado e dos detentores de poder.

Ler páginas 246 a 262 de


Estado Autocrático de matriz revolucionária Anticapitalista — Estado Soviético

SILVA e ALVES.

Estado Autocrático de matriz conservadora — Estado fascista Italiano e Estado


Sebentas páginas 19 a
nacional - Socialista Alemão
37.
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O tip históric d Estad fac atua C.R.P
• O Estado português é, como tipo histórico de Estado, um Estado Social e Democrático de Direito
( artigo 2.º e 9.º , alínea b), da C.R.P.)

• Possuí uma Constituição escrita à qual se subordina o Estado e os seus órgãos, elabora por uma
Assembleia constituinte eleita democraticamente com esse desiderato em 25 de Abril de 1975
( Preâmbulo e artigo n.º 3, n.º 2, da C.R.P.)

• Consagra um capítulo dedicado aos direitos fundamentais (parte I), em que encontramos:

- direitos negativos, sob o título direitos, liberdades e garantias (título II) ( artigos 24.º a 57.º e 9.º alínea
b), da C.R.P. )

- Direitos positivos, sob o título de Direitos e deveres económicos, sociais e culturais (título III) ( artigos
58.º a 79.º e 9.º, alínea d), da C.R.P. )

- Direitos contra outrem, outros particulares, fundamentalmente o direito de petição e o direito à greve
( artigos 52.º e 57.º, da C.R.P. )

- O sufrágio universal ( artigos 49.º e 113.º, nº1, da C.R.P. )

- O direito da participação na vida pública ( artigo 48.º da C.R.P. )

Encontrámos uma parte relativa organização económica, que não existia nas constituições liberalismo,
estado não intervinha na vida económica. Esta parte foi bastante alterada pela revisão constitucional de
1997 (artigos 80.º a 107.º , da C.R.P.)

Consagra o princípio da separação de poderes, com interdependência entre os órgãos de soberania


( artigos 110.º, n.º 1, e 111.º, n.º 1, da C.R.P. )

A Assembleia da República órgão legislativo por excelência ( artigo 161.º, alínea c) , da C.R.P. )

O governo partilha a função legislativa, além de exercer a função administrativa ( artigos 198.º e 199.º da
C.R.P)

O presidente da República tem a função de promulgar os atos legislativos, embora referendo pelo
Governo ( artigos 134.º, alínea b), e 140.º, n.º1, da C.R.P )

Consagra ainda formas de limitação do poder político, tais como:

- Fiscalização da constitucionalidade, mecanismos que também não existiu no liberalismo, pois no


século XIX acreditava-se que na lei nada havia recear ( artigos 277.º a 283.º da C.R.P )

- Princípio da legalidade da Administração (artigos 266.º e 268º,n.os 4, 4, 5 da C.R.P)

- Direito de oposição ( artigo 118.º da C.R.P )

- Responsabilidade dos titulares de cargos políticos ( artigos 117.º da C.R.P )

- Autonomia das Autarquias e Regiões Autónomas ( artigos 235.º, 225.º e 6.º, da C.R.P )

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Sistemas e Regimes
A forma concreta como em cada Estado se estrutura poder político depende respetivos: regime
económico, político e sistema de governo.

Categorização de Aristóteles — de acordo com constituições:

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PREVERSAS:

• Monarquia: poder num homem;


• Tirania: poder num homem que governa
alinhado aos seus interesses;

• Aristocracia: poder em alguns homens;

• Oligarquia: poder em alguns homens com


• República: poder da coletividade.

interesse na riqueza;

• Demagogia: poder da coletividade, com


interesse nos explorados e pobres.

Categorização de Maquiavel:

Monarquia:

• Poder supremo exercido por um só titular;

• Exercício do poder por direito próprio, resultante da investidura derivada, alienação da coletividade ou
apropriação do poder pela violência;

• Hereditariedade do poder do chefe de Estado.

República:

• Poder supremo pretensão grupo de indivíduos (cidadãos que voltam);

• Soberania do povo, exercida em seu nome e representação;

• Sem hereditariedade do chefe de estado.

Outras categorizações:

• Regime Político Liberal vs. Regime Político Totalitário;

• Regimes autoritários, totalitários e liberais;

• Regimes individualistas, institucionalizas e coletivistas;

• Regime Ditatorial VS. Democrático.

Sistemas de Governo
Sistema de governo em forma política através da qual se procura expressar as diferentes modalidades
de relacionamento entre os órgãos encarregados do exercício do poder político.

Sistema de governo traduz a titularidade do poder político estrutura de orgãos a quem é con ado o seu
exercício, de molde a determinar quem é considerado titular dele e quais os orgãos estabelecidos para o
seu exercício. Não podemos parar absolutamente dos regimes políticos, em que se considera as
relações fundamentais as relações entre o indivíduo e a sociedade política cuja a ideologia o poder
político tem por m a dizer ordem jurídica.

Sistema de Governo Ditatorial:


Sistema de governo ditatorial é aquele em que o poder político exercido em nome próprio por uma
pessoa ou por um grupo social.

- Pode ser monocrático — exercido apenas por um homem

• Cesarista: sem legitimidade democrática ou vontade popular (não há justi cação do poder)

• Monárquico: monarquia absoluta; com legitimidade (há legitimação do poder).

- Pose ser Autocrático: exercido por um setor político económico social fechado (elite, grupo, classe)

Sistema de governo democrático:


O poder político pertence originariamente a toda a coletividade, o povo, e a sua a tipologia é mais
complexa. Pode ser, quanto ao exercício do poder político e aos respetivos orgãos, direto, semidireto e
representativo.

Direto

Sistema de Semidireto

de concentração de poderes
Governo
Democrático:

Representativo

de separação de poderes

- Parlamentar

- Presidencial

- Semipresidencial

Sistema de Governo Democrático Direito


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Pressupõe o exercício permanente do poder político pela totalidade dos cidadãos ativos reunidos em
Assembleia plenária. Levanta di culdades óbvias de funcionamento e morosidade da reunião para tratar
de assuntos correntes. Porém em alguns Estados existem certas práticas que se ligam à democracia
direta, tais como o referendo e o direito de iniciativa popular.

Sistema de governo Democrático Semidireito


Combina o exercício do poder pelos cidadãos eleitores com o exercício pelos os seus representantes.
Coexistem mecanismos próprios da democracia representativa e mecanismos de democracia direta.
Certas decisões só são possíveis através da manifestação da vontade da totalidade dos cidadãos.

Sistema de governo democrático representativo


São mais frequentes nas democracias políticas modernas e contemporâneas. Existe democracia
representativa quando o poder político pertence a coletividade mas é exercida por órgãos que eu to bom
por autoridade e em nome dela e tendo por titulares indivíduos escolhidos com intervenção dos
cidadãos que a compõem.

Mas o conceito de representação política pode ter dois signi cados, pode ser concentração de poderes
ou de divisão de poderes.

Sistema de governo democrático representativo de concentração de poderes


Seria aquele em que os cidadãos elegeriam um Chefe de Estado singular ou os titulares de uma
Assembleia Política, exercendo qualquer deles a plenitude dos poderes do Estado.

Sistema de governo democrático representativo de divisão de poderes


Abranja subtipos: o parlamentar, o presidencialista e o semipresidencialista.

Sistema Democrático representativo de divisão de poderes parlamentarista:

Chefe de Estado:

• Não tem poder político signi cativo

• Nomeia e exonera ministros segundo as indicações do Parlamento

• Responde perante o Parlamento

• Não tem responsabilidade de exercer atos políticos sem referenda ministerial (autorização dada pelo
ministro para que o chefe de estado possa exercer poder político)

O sistema parlamentar puro ou de Assembleia foi o primeiro e revela prevalência absoluta do


Parlamento sobre o Governo. O centro da vida política é o Parlamento. O governo ou é formado por um
único partido e é minoritário, o partido não tenho uma maioria absoluta no parlamento ou é formado
numa coligação interpartidária. Em qualquer das situações é sempre um governo carecido de um apoio
parlamentar sólido, o que faz dele um governo inseguro, podendo ser destruído facilmente pelo
Parlamento. As suas propostas correm permanente o risco de serem reprovados no parlamento e a
instável quando com base em coligação, dependendo da delidade dos partidos integrantes.

O sistema parlamentar pode ser mitigado ou de gabinete este é caracterizado por ser mais equilibrado
estável. Numa situação de parlamentarismo maioritário, o seu líder será chamado a formar um governo e
este disporá de um apoio maioritário no parlamento. O governo, com essa base de apoio, será forte
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estável. O centro E da política torna-se o Governo, embora responda perante o Parlamento, o apoio que
aí goza permite-lhe plena estabilidade e margem de atuação.

O Chefe de Estado com tem uma menor dependência do Parlamento ou seja é mais livre para escolher o
Governo e esta tem a possibilidade de dissolver o Parlamento. Por sua vez o governo faz prevalecer os
assuntos que entende na reunião do Parlamento.

Este sistema parlamentar moderou os excessos do puro. Há efetivação da responsabilidade política do


governo perante o Parlamento ou seja há voto sobre o programa moção de con ança e censura.

O sistema de governo democrático representativo com separação de poderes parlamentar tem outra
distinção possível de acordo com a estruturação jurídica dos poderes sendo eles: clássico e
racionalizado.

O sistema parlamentar clássico legislador constituinte, limita-se a estabelecer regras gerais típicas de
sistema parlamentar.

O Chefe de Estado:

• não tem poderes efetivos;

• O governo é responsável perante o Parlamento;

• Houver não é formada a partir das eleições parlamentares;

• O Parlamento pode destituir o governo;

• O governo pode dissolver o parlamento.

No sistema parlamentar racionalizado legislador constituinte preocupa-se em criar mecanismos


jurídicos com a função de condicionar, orientar o funcionamento das instituições de sistema parlamentar
obtendo uma racionalização do sistema:´

• Impossibilita a dissolução do Parlamento em certas condições;

• Possibilita o governo legislar e governar sem con ança do Parlamento;

• Há um número mínimo de votos para obter representação parlamentar;

• Para além da moção de censura, lamento tem que selecionar o primeiro-ministro alternativa caso esta
seja aprovada.

Sistema Democrático representativo de divisão de poderes presidencialista:

Exercício de poderes importantes pelo Chefe de Estado e ausência de responsabilidade política do


Executivo perante Parlamento são as características genéticas que distinguem o sistema
presidencialista.

Chefe de Estado:

• Sem poder de dissolução do Parlamento;

• Pode votar as leis do Congresso;

• Tem iniciativa legislativa;

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• Regulamenta as leis do Congresso.

O Parlamento:

• Volta no orçamento;

• Cria comissões de inquérito administração pública;

• Rati ca tratados internacionais (a vinculação Internacional do estado implica aprovação do presidente


e a aprovação do poder legislativo);

• Pode destituir o chefe de estado em caso de crimes contra o mesmo;

• A um certo equilíbrio inter-institucional.

Sistema Democrático representativo de divisão de poderes semipresidencialista:

Caracteriza-se pela convergência das duas in uências: a in uência presidencial e a in uência


parlamentar.

O chefe de Estado é politicamente ativo mas o governo é responsável perante o Parlamento e responder
também ao Chefe de Estado.

A componente parlamentar, é formado de acordo com os resultados das eleições parlamentares e


subsequente composição da Assembleia. A constituição e sobrevivência do governo dependem da
con ança parlamentar, traduzida na aprovação do programa do governo e na aprovação de moções e
existe a distinção de funções entre o Chefe de Estado e o Chefe Governo.

Quanto à componente presencial, O chefe de estado é eleito por sufrágio universal direto, o governo
também é responsável perante o chefe de estado o chefe de estado, este tem poderes efetivos
(dissolução do Parlamento, veto) e pode tomar decisões políticas sem ser responsável por elas perante
Parlamento e o seu poder aumenta em situações extraordinárias, isto é, em caso de emergência.

Regime istema fac à atua C.R.P


Regim económic
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Características do regime económico capitalista:

• Propriedade privada ( art. 62.º, n.º1, da C.R.P.)

• indeminização da expropriação (art. 62.º, n.º2, da C.R.P.)

• livre iniciativa e livre concorrência

Características do regime económico socialista:

• Socialização da riqueza ( Art. 103.º da C.R.P.);

• socialização dos meios de produção;

• possibilidade expropriação e intervenção do estado ( art. 86.º, n.º3, da C.R.P.);

• abolição dos latifúndios ( art. 81.º, alínea g), da C.R.P.);

• direitos dos trabalhadores (art. 54.º, n.º 1, da C.R.P.);

Regim polític
Regime político democrático:

• Soberania popular (art. 1.º, 2.º e 3.º da C.R.P.);

• Respeito e garantia dos direitos fundamentais ( art. 2.º e 23.º e ss, da C.R.P.);

• Pluralismo de expressão e organização política democrática ( art. 2.º da C.R.P.);

• Sufrágio Directo e universal (art.10º, n.º1 e 113.º da C.R.P.);

• Separação e interdependência dos órgãos de soberania e a sua subordinação à Constituição


República Portuguesa ( art 111.º e 108.º da C.R.P.);

• Independência dos tribunais ( art. 203.º da C.R.P.);

• Obediência dos tribunais administração pública à lei ( art. 203.º e 266.º, n.º 2, da C.R.P.);

• Independência das igrejas e do Estado (art. 41.º, nº 4, da C.R.P.);

• Forma republicana de governo ( art. 1.º da C.R.P.);

Sistem d govern
• Sistema de governo democrático representativo semipresidencialista

• Elementos do sistema parlamentar:

- Governo formado a partir do Parlamento (art. 187.º da C.R.P.);

- Dualidade Chefe de Estado Chefe de Governo

- Conselho de ministros presidido por sete governo com autonomia institucional e competência
própria (art. 184.º e 200.º da C.R.P.);

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• Responsabilidade política do governo perante o Parlamento e o Presidente República:

- (art 190º e 191º da C.R.P.):

- Apresentação do programa ( art 192.º, 163º, alínea d), 195.º, n.º 1, alínea f), da C.R.P.);

- Moção de censura do governo ( art. 194.º, 163.º, alínea e), 195.º, n.º 1, alínea f), da C.R.P.);

- Moções de con ança ( art. 193.º, 16.º, alínea e), 195.º, n.º1 da C.R.P.);

- Atos do presidente da República que exigem referenda ministerial ( art. 140.º, 197.º, n.º 1 alínea
a), da C.R.P.);

• Momentos do sistema presidencialista:

- Presidente da república eleito por sufrágio universal e direto (art. 121.º da C.R.P.);

- Presidenta república com poder de veto e por inconstitucionalidade (art. 134.º, alínea b) e alínea
g), 136.º, n.º 1º e n.º 5, da C.R.P.);

- Presidente da república com o poder para dissolver a Assembleia da República (art.133.º, alínea
e) e 172.º, da C.R.P.);

• Há Interdependência de poderes:

- Presidente da República e o Governo (nomeação, demissão, referendo ministerial);

- Presidente da República e Assembleia da República (formação do Governo, veto e dissolução da


Assembleia da República);

- Assembleia da República e governo ( iniciativa legislativa; programa; moções).

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