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Objetos da ciência

política
Max Weber
Ciência e Técnica
A política deve ser uma vocação ou uma profissão?
O liberalismo levou a pessoas sem posses financeiras ascender à política.
A resposta aparentemente é que devemos olhar para a política como uma
vocação tendo em conta a Respublica (Res- coisa; pública); quando estudamos
a ciência política entendemos que ela tem uma esfera privada de intervenção e
Weber trouxe para a ciência política a liderança política e a burocracia política,
a maneira como é organizado o poder. Quer entre os Estados, quer entre o
interior dos Estados é esta a definição que ele traz para a política. Existe uma
“luta” para participar no poder, existe a dimensão de participar no poder e
dimensão de influenciar o poder. Existe uma diferença entre participar e
influenciar:
Participar no poder é ser ator do poder, mas para além disso pode-se ser autor.
O autor é quem pensa/concede/ desenvolve e o ator é quem executa.
Influenciar o poder, exemplos, da média, grupos de pressão e redes sociais,
influenciam o poder. Não havendo paz social, o poder pode estar a ser
influenciado, pela negativa.
Weber explicou isto de uma maneira simples, é que a política é inevitavelmente
uma competição entre áreas políticas. Quando alguém se candidata para
deputado está a procurar participar no poder; enquanto se alguém candidatar
para um sindicato está a procurar influenciar o poder.
Para Max Weber a política significa a luta para compartilhar o Poder ou
influenciar a distribuição do Poder, quer entre Estados, quer entre grupos
dentro do Estado.

Raymond Aron
“Espectador comprometido”
A política é o estudo das relações de autoridade entre os indivíduos e os
grupos. Da hierarquia de forças que se estabelecem no interior de todas as
comunidades complexas numerosas.
O espectador está comprometido porque usa como porta de entrada a sua
situação ideológica.
As autoridades complexas e numerosas são os Estados. Sem poder não há
autoridade e sem autoridade não há poder;
Duverger junta a autoridade dos governantes e do poder.

George Vedel
Definir a política pelo poder, ela tem como objeto os fenómenos oriundos do
poder, os fenómenos de comando que se manifestam numa sociedade.
Porque é que damos valor aos atos de simbolismo na política?
A vontade individual é junta com as outras vontades individuais formando a
vontade geral.
O poder é na legitimidade que ela vai buscar a sua legitimidade e autoridade,
por exemplo, o poder absoluto não respeita a separação de poderes não
respeitando a legitimidade.
O poder precisa dessa legitimidade que está consagrada na constituição (o
poder reside no povo, e a soberania passou a ser popular), por isso, é que a
constituição é a lei suprema, é o princípio de todas as coisas.

Adriano Moreira
“O poder é o objeto da Ciência Política”
Deve ser examinado num critério tridimensional: a sede do poder, a forma ou a
imagem e a ideologia.
O poder está no centro do nosso objeto da ciência política, mas para termos
poder precisamos de legitimidade que o vai buscar à autoridade.
A lei também tem prevista um crime, no direito penal, todos os crimes têm a
sua tipicidade, para não exercerem o abuso de poder, pois o exercício do poder
tem limites.
Nem sempre a sede e a forma coincidem com o poder. Desencadeando-se um
acontecimento, em determinados momentos, é possível bloquear um Estado
porque não há coincidência entre a sede e a forma.
Segundo a concessão sociológica o Estado difere devido à sua própria
dinâmica, por exemplo, através da organização da sociedade, difere da Igreja
devido à sua complexidade. O direito está sempre relacionado com a sua
realidade sociológica. Exemplo dos casamentos, a lei estava imposta sobre o
casamento civil e o divorcio, enquanto se cassassem pela igreja não se
poderiam divorciar, então porque será que as pessoas preferiam o casamento
pela igreja invés do civil? Devido à pressão social, como o peso social era
muito forte, as pessoas mesmo tendo a possibilidade de terem essa escolha
preferiam aquilo que era socialmente imposto.
Duverger diz que a escolha entre noção jurídica e a noção sociológica de
Estado é uma escolha à priori- hipótese inicial.
Ao contrário da sociologia política a ciência política vai possibilitar como ciência
do poder comparar como Estado e as demais comunidades.
A Ciência Política como ciência do poder nas sociedades complexas. Esta
noção de Ciência política aproxima-se da concessão de Ciência política igual a
ciência de Estado, com a diferença que o Estado é definido de modo realista,
por critérios sociológicos e não através do critério jurídico de soberania.
As monarquias como hoje conhecemos vemos a preocupação da separação
dos poderes e a soberania popular. Mesmo com o assumir deste princípio há
quem diga que as monarquias não fazem sentido devido a chegar ao poder do
Estado através do nascimento.
 Ainda algumas referências à filosofia política
 Foi a génese do estudo da política
 Renovou-se com autores como Hannah Arendt (consentimento como
base de autoridade) ou Leo Strauss.
 Martin Heidegger e a Escola de Frankfurt
 Herbert Marcuse e Habermas
 Friedrich von Hayek (1889-1991) - liberalismo ético
 Karl Popper (1902-2002) A sociedade aberta e os seus inimigos.
Tolerância e controlo da democracia.
A ciência política não é uma ciência exata devido às diferentes perspetivas.
Quando o Estado usa a legitima defesa é uma violência legitima para
defendermos os nossos valores (Hannah Arendt); a banalidade do mal, este
livro foi escrito com base no julgamento de um militar nazi eu fugiu para a
Argentina e quando foi descoberto raptaram-no
Sociedade aberta é algo onde todos podem participar (autores e espectadores)
para praticar a tolerância e a democracia.
 Voltando a sociologia vemos que Emile Durkheim (1857-1917) ou Max
Weber e os seus contributos para a liderança e a burocracia.
 Os modelos de Talcott Parsons
 Movimentos sociais
 Redes sociais
A diferença entre Ciência Política e Sociologia política, apesar da
coincidência no objeto.
A sociologia política estuda os fenómenos políticos enquanto fenómenos
sociais.
A antropologia política é a procura de uma política sem Estado. A
antropologia na determinação das almas dos povos, espíritos nacionais ou
personalidades básicas.
Estudo de Jorge Dias sobre “caráter nacional português”.
Adriano Moreira e a Academia Internacional de Cultura Portuguesa.
A importância da antropologia no estudo das instituições e culturas.
O estudo da questão nacional, das relações interétnicas e dos fenómenos
de racismo e da xenofobia.
A abordagem marxista (abordagem de esquerda), liberal (abordagem mais
de direita/mais aberta) ou institucionalista (feita pelas instituições e pelos
Estados).
Em Portugal não sentimos este impacto, mas sentimos que estes
fenómenos têm impacto na nossa leitura da Ciência Política.

A perspetiva
sistémica
David Easton e Karl Deutsch
A perspetiva sistémica na ciência política é uma tentativa de síntese de todas
as perspetivas.
A origem deste modelo remonta aos estudos da biologia a propósito da célula.
Esta perspetiva foi importada para as ciências sociais.
Aplicada depois na Ciência Política por David Easton e Karl Deutsch.
Toda a ação humana apresenta os caracteres de um sistema- interação entre o
agente e a situação em que se encontra.

Funções
Adaptação e realização de objetivos.
O sistema de ação social está dividido em quatro subsistemas:
Biológico: adaptação
Personalidade: realização de objetivos
Social: integração
Cultura: criatividade
O sistema social realiza estas quatro funções.
Parsons autonomiza o sistema político com um critério funcionalista e atribui a
definição de objetivos gerais da comunidade.
O poder aparece ocupar o centro das preocupações.
Importa a ciência económica o conceito para recorrer por analogia a avaliar o
comportamento do Poder como se fosse o comportamento da moeda.
As correntes atuais não negam valor a Parsons, mas aceitam que o poder é o
fenómeno central da política, mas mais que o poder são os conflitos sociais e a
luta não o equilíbrio e a ordem.

A aplicação da perspetiva sistémica de David


Easton.
O sistema político é um sistema social autónomo integrado no sistema global.
Essas relações são configuradas como um circuito cibernético fechado em que
o sistema político figura uma caixa negra para significar a irrelevância do que
se passa dentro.
De um lado temos o sistema político do outro o meio ambiente. No meio
ambiente estão os subsistemas sociais.
Também estão os ecológicos, biológicos e psicológicos.
Entre o sistema político e o meio ambiente temos um circuito continuo.
O meio ambiente fornece inputs- alimentação sobre o sistema político.
Este por sua vez faz outputs- produção
Os quais retroagem sobre o meio ambiente e dão inputs.
Inputs- exigências (o poder político tem de tomar medidas) e apoios (ajudas ao
sistema).
Retroação- feedback- o resultado
Sistema que se vai alimentando de forma sistémica.
As exigências não são infinitas.
O papel dos vários agentes.
A função principal de qualquer sistema é a autoconservação. Não se fala de
manutenção porque a manutenção não permite a organização individualizada.
Uma das funções essenciais do Estado não entra na teoria de Easton, este
prefere a figura do apoio.
O sistema político é dependente ou independente dos restantes sistemas
sociais?
A ideia de autonomia relativa, porque se houvesse uma ideia de autonomia
pura e dura não haveria relações do sistema político com os restantes
sistemas- máxime económico.

A relação entre as exigências feitas ao Poder (inputs) e as decisões (outputs) o


que implica a análise total do sistema do Poder.
Easton parte igualmente do facto do Poder como sendo o fenómeno que
autonomiza este domínio da ciência e define a política como a atribuição
autoritária de valores sociais. Estamos perante um facto dinâmico, visto que
decorre em permanência uma luta pela aquisição, manutenção e uso desse
poder de atribuir valores, de modo que um sistema política é um conjunto de
interações políticas dentro de uma sociedade global.
Acontece porém que o ambiente deve ser dividido, para fins de análise, em
ambiente externo e ambiente interno: o primeiro abrange todos os sistemas
exteriores à sociedade global em exame, com os quais á presumivelmente em
relação, por exemplo, sistemas políticos coexistentes, sistemas supranacionais,
sistema ecológicos mundiais; o segundo compreende todos os sistemas
internos que abarcam a mesma sociedade global, designadamente os sistemas
psicológico, biológico, religioso, social. Daqui resulta a noção de ambiente
global (total environment).
Easton sugere dois conceitos operacionais que distinguem respetivamente
entre exigências (demands) e apoios (support).
No conceito de exigências cabem todas as solicitações do ambiente interno e
externo, no sentido de atribuir ou negar certos valores sociais, desde as
liberdades e garantias políticas ao tipo de ensino e aos salários.
O volume das exigências aconselha o uso dos conceitos de carga e sobrecarga
do sistema, para exprimir a medida em que pode responder ou resistir à
exigência: a sobrecarga pode resultar de uma quantidade excessiva da
demanda, ou de uma qualidade das exigências que, pela sua complexidade,
não permitem uma resposta atempada. Deste modo, o sistema político analisa-
se num conjunto de ações que procuram o ajuste constante entre as exigências
do ambiente e a capacidade de resposta do sistema.
Um dos aspetos postos em evidência no modelo de análise proposto por
Easton é que do ambiente não fluem apenas exigências, também decorrem
apoios, o que obriga a analisar os inputs em duas espécies. Estes apoios
podem igualmente ser classificados:
1. Apoio à sociedade global, expresso por exemplo no patriotismo;
2. Apoio ao regime, designadamente à manutenção da sede de poder;
3. Apoio aos suportes dos órgãos, isto é, às personalidades que exercem
às funções da autoridade.
Estes apoios podem dirigir-se em direções contraditórias, como por exemplo,
se um grupo de interesses apoia o regime e contesta os suportes dos órgãos,
apoia a independência nacional, mas ataca o regime.
Tudo se traduz em normas ou ações. O sentido operacional das expressões é
que as primeiras se dirigem imperativamente aos destinatários, e as segundas
atuam sobre o ambiente que condiciona a vida dos destinatários, por exemplo,
a política económica, militar ou internacional. Toda a resposta vem a modificar
o ambiente do sistema político, e por isso, a alterar o fluxo de exigências,
estabelecendo-se assim uma corrente contínua e infindável de influências,
input-output- input, que chama efeito de retroação.
O valor da perspetiva sistémica está fundamentalmente em fornecer um quadro
geral de análise, particularmente útil na análise comparativa. Por outro lado,
corresponde ao ponto de vista realista que autonomiza cada um dos elementos
em que o sistema se analisa, nem do seu comportamento efetivo, nem dos
conflitos concretos.

Karl Deutsch responde à questão de Easton.


Deutsch diz nos que a resposta está na teoria da comunicação e da
cibernética.
As decisões, o controlo e as comunicações como ponto central da ciência
política em lugar do poder, trata-se de estudar a pilotagem do sistema. A
intuição é algo que nos diz que juntando um conjunto de informação é melhor
tomar determinada decisão.
As comunicações recebem os inputs e os outputs são gerados e lançados no
ambiente.
A atividade política depende da comunicação e por isso, a cibernética é
inspiradora do modelo. Estuda a comunicação e o controlo em todas as
espécies de organizações, desde as máquinas à sociedade.
O Poder necessita para funcionar com eficácia de ser informado e de poder
informar, por isso, a informação circula em canais que são como os nervos do
governo.

O comportamento do sistema político depende de 4


fatores:
 O peso da informação (a que o governo deve responder)
 O atraso (ausência de resposta)
 O ganho (velocidade reação)
 Avanço (capacidade de antecipar as situações em função das
informações obtidas)
Karl Deutsch, no sentido de assimilar o sistema político a um sistema
cibernético, será mais bem entendida e colocada nas devidas e úteis
proporções e for relacionada com uma das perguntas fundamentais que
inspiraram a proposta de Easton: «Como é que os sistemas conseguem
persistir num mundo onde reinam ao mesmo tempo a estabilidade e a
mudança?».
A resposta está na teoria da comunicação e da cibernética. Trata-se de
considerar as decisões, o controlo e as comunicações, como ponto central da
ciência política, em lugar do Poder, ou, usando a analogia tirada da cibernética,
trata-se de estudar pilotagem do sistema.
A atividade política toda depende da comunicação, das relações internas e
externas, e por isso, a cibernética é a inspiradora do modelo, visto que a
cibernética estuda a comunicação e o controlo em todas as espécies de
organizações, desde as máquinas às sociedades.

A separação de
poderes e a
Constituição
O princípio da separação de poderes:
Executivo, Legislativo e Judicial
Montesquieu e o seu enunciado.
O poder executivo é representado pelo governo, o legislativo pelo parlamento e
o poder judicial pelos tribunais.
Devemos examinar o poder numa perspetiva tridimensional: a forma, a sede e
a ideologia.
A forma atende à definição normativa do regime político.
Isto é, a solução que uma comunidade adota para a sua convivência política, já
vimos que estas formas de definição normativa são diferentes pelo mundo
todo, as famílias divergem destas definições de poder político.
Esta solução deve ser vista em dois planos:
Ordem jurídica: o direito político acaba numa teoria do direito.
Constituição real: o direito proclamado- escrito ou não- não se cumpre ou só
se cumpre parcialmente e existe um direito composto de vigências que se
impuseram.
Este duplo plano de normativismo não se deve confundir com a evolução do
sentido das normas.
Exemplo: constituição política em resultado de uma interpretação jurídica
atualizada.
A ciência política precisa de ir mais longe do que reconhecer essa dualidade
normativa.
O poder político precisa de se guiar por um normativismo resultante do
chamado poder normativo dos factos, instituindo em proclamar a validade e
eficácia da constituição escrita.
O direito teve de se encontrar com a realidade dos factos tendo em conta a
sociedade.
O exemplo dos direitos humanos.
Todas ou quase todas as Constituições não deixam de se referir a eles, mas
existem muitos Estados que não observam os referidos preceitos e que os
violam.
A constituição formal e a constituição real podem não coincidir.
A ideia de Ferdinand Lassale.
Outro exemplo é na constituição de 1933 que dava o chefe de Estado como
sede de poder executivo e era o Presidente do Conselho verdadeiramente. (A
forma não coincidia com a sede).
A constituição como a função política de contribuir para a eficácia do Poder,
isto é, a generalização da obediência.
A ideia de constituição política, a sua função no processo político do que é o
governo constitucional pode ser encontrada em pensadores como Platão,
Aristóteles, S. Tomás de Aquino, Hobbes, Locke, Rosseau, Kant, Mill,
Montesquieu, Hegel ou os federalistas americanos.
A importância do princípio da separação dos poderes é permitir delimitar todos
os elementos da ideia de constituição não já apenas como causa formal não
valorado pelo Estado, mas antes uma forma correspondente ao arquétipo
valorativo assim desenhado.
O aparelho do poder mesmo quando repudia o modelo procura manter a
imagem de fidelidade a esse arquétipo embora a constituição real que observa
seja outra.
Quando a sede do poder se altera é no sentido de conseguir a circulação do
poder se faça sem alteração da forma.

O poder político se guia por um normativismo resultante do chamado poder


normativo dos factos, mas insiste em proclamar a validade e a eficácia da
constituição escrita. A reconhecida distância entre a constituição formal e a
constituição real não impede que a primeira seja reverenciada e tomada como
ponto de referência em toda a conduta aparente do poder.
A constituição formal e a real podem nem sempre coincidir, mas o Estado
pratica a segunda sem permitir que se proclame outra que não seja a primeira.
O problema também aparece facilmente em relação à própria sede de poder,
acontecendo que a constituição escrita o coloca em certo órgão, e a
constituição real o mostra noutro, ou até em sede não referida na Constituição:
a Constituição Política Portuguesa de 1933 definia o Chefe de Estado como a
sede do poder executivo, e realmente tal sede esteve sempre no Presidente do
Conselho de Ministros.
Estes factos levam a concluir que a insistência na constituição formal, embora
praticando a constituição real, corresponde à importância política da imagem
em todo o processo do Poder.
A forma diz pouco sobre o regime político, é apenas uma das dimensões do
Poder, que precisa de ser relacionada com a investigação da sede real do
poder político e com os padrões ideológicos que o orientam.
Por isso, a análise do poder exige a concorrente análise tridimensional da
forma, da sede e da ideologia. Como forma do Poder assume a expressão
principal num texto legal considerado de dignidade superior aos outros, é a
ideia de Constituição que constitui o principal problema da forma.

A Comunidade Política
“Todo o poder deve estar em proporção com os seus objetivos, dando origem a
uma equação que é esta: os privilégios e imunidades de um órgão, os seus
direitos e poderes, estão em proporção coma função e deveres que
desempenham.” - Hamilton.
“Qualquer ato de uma autoridade delegada contrário ao teor da comissão que
rege é nulo. Nenhum ato legislativo, por essa razão, pode ser válido se for
contrário à Constituição.” -Hamilton.
Para a Ciência Política o que revela é a distinção entre a constituição formal e
a constituição real que se traduz na ideia de Estado sustentar uma imagem de
submissão à primeira observando a segunda.
Equação entre Poder e obediência onde o primeiro não se autolimita logo
necessitamos de outro poder que se oponha pela desobediência.
Era o que Locke chamava de apelo aos céus.

Classificação formal dos Estados


A constituição formal e a Constituição real
Constituição de 1933- Presidente da República e Presidente do Conselho.
Constituição de 1976- os governos de iniciativa presidencial e a correção da
revisão constitucional de 1982.
 A ideia de Aristóteles- forma e finalidades
 Monarquia degenera em Tirania
 A aristocracia degenera em Oligarquia.
 A democracia em demagogia.
 Montesquieu fala do número dos que participam no poder.
 A República são todos. A monarquia só um.
A monarquia com honra.
O despotismo com o terror.
Admite a alternância de modelos no tempo e no espaço.
Políbio dá um contributo importante: a ideia de circularização do poder- de um
grupo social para outro.
Com Maquiavel e o seu Príncipe:
Não que vincular o poder a um valor, mas antes o Poder é o mais importante
dos valores.
A ideia de alternância diz respeito não só á ocupação da sede do poder é
também dos valores que estão por trás, a conceção do mundo e da vida.
Olhando para a forma, para a sede e para a ideologia podemos falar de duas
categorias: monistas e pluralistas.
Monistas: o que não aceitam a circulação do poder nem a alternância
ideológica.
Pluralistas: alternância de poder e ideológica consentida pela sociedade civil.
 Autoritarismo e totalitarismo.
 Polivalência de poder.
O principal elemento dos sistemas políticos é a sede de poder, e todo o
processo político se traduz essencialmente numa luta pela sua ocupação e
manutenção.
Serão regimes monistas aqueles em que não se consente nem a circulação da
sede do Poder nem a alternância ideológica, o que estabiliza facilmente a
forma e encaminha o Estado autoritário ou totalitário. Serão pluralistas aqueles
em que a revolução legal está prevista, de tal modo, que a forma torna viável a
alternância do Poder e a alternância ideológica pelo consentimento expresso
da sociedade civil.
A polivalência do poder, isto é, a capacidade que o mesmo aparelho tem de
servir ideologias diferentes sem alterar a sua pirâmide do Poder.
Tipologia de Edward Shils
 Democracias políticas e Democracias Tutelares (Gana).
 Oligarquias em via de modernização (Paquistão), Oligarquias Totalitárias
(África) e Oligarquias tradicionais (Irão e Arabia Saudita).
a) Democracias políticas: apresentam diferenciação de funções e
especialização de estruturas, cada uma tendendo a assumir uma função
determinada, legislativa, executiva e judiciária.
b) Democracias tutelares: a autoridade está concentrada no executivo, e
o legislativo e o judiciário subalternam-se.
c) Oligarquias em via de modernização: um grupo militar ou tecnocrata
monopoliza o poder.
d) Oligarquias totalitárias: em geral de orientação carismática, pretendem
implantar um modelo desse tipo.
e) Oligarquias tradicionais: em geral são monarquias tradicionais, e
fazem concessões reformista para diminuir as tensões e conservar o
poder.

Tipologia de Almond e Powell


 Elementos tradicionais e elementos modernos;
 Vocação conservadora e vocação inovadora
 Três variáveis: diferenciação de funções
 Autonomia dos subsistemas
 Secularização
Elementos tradicionais e elementos modernos, seja qual for a região do mundo,
o que inspira ao Poder uma vocação conservadora combinada com uma
vocação inovadora.
a) Diferenciação de funções- entendem uma complexidade crescente de
serviços para atender, com a autonomia e especialização, às
expectativas sociais.
b) Autonomia dos subsistemas- está relacionada com essa
especialização de funções.
c) Secularização: significa a substituição progressiva das motivações
tradicionais e emotivas, pela racionalização, na formação de decisões.

Tipologia de Max Weber


 Atende ao critério de legitimidade de poder: autoridade tradicional,
carismática e racional.
No primeiro caso a Arábia Saudita.
 No segundo caso distinguir entre poder pessoal e personalização do
Poder (Perón ou Xi Jinping).
A autoridade racional “impõe se em virtude da legalidade, da crença na
validade de um estatuto legal e de uma competencia positiva fundada sobre
regras estabelecidas racionalmente, isto é, a autoridade baseada sobre a
obediência que se liberta das obrigações em conformidade com o estatuto
estabelecido. É o poder tal como exerce o servidor do Estado Moderno.”
Primado das leis -> constituições:
 Forma do poder
 Sede do poder
_______________________________________________________________
Sede de apoio- grupos, estratos sociais e classes, que estão numa relação de
obediência consentida com o aparelho do Poder, quer de uma maneira ativa
quer de uma maneira passiva, pelo que não constituem uma resistência que
implique o eventual uso da força, nem uma fonte de competição para ocupar o
poder.
Sede do exercício- diz respeito ao próprio aparelho do Poder, e trata-se de
saber onde está o homem, o grupo, ou a instituição, sem cujo consentimento e
decisão a força não está disponível.

A sede do poder
O aparelho do Poder como um sistema que produz decisões irresistíveis.
Regime político: a estrutura e dinâmica dos intervenientes na formação das
decisões.
Como vimos o principal problema do poder é a obediência e se não for
generalizada o Poder é ineficaz.
A diferença de gestão de uma greve parcial ou geral.

O aparelho do poder ou Estado é entendido como um sistema que produz


decisões irresistíveis, e o regime político é fundamentalmente a estrutura e
dinâmica dos intervenientes na formação de decisões.
O principal problema do poder é a obediência, e a experiência demonstra que,
se tal obediência não for generalizada, o Poder é ineficaz.
O Poder lida com greves ocasionais, mas facilmente paralisa diante da greve
geral;
Utiliza um aparelho burocrático e um aparelho militar para executar as suas
decisões, mas paralisa se o aparelho burocrático entra em greve, ou se o
aparelho militar decidir não intervir ou parar a intervenção. Por isso parece útil
distinguir, no que respeita à sede de apoio e à sede de exercício do Poder.
A sede de apoio pode ser ativa baseada na militância, e pode ser passiva, isto
é, baseada no alheamento do processo e na obediência silenciosa a qualquer
poder estabelecido.
Do ponto de vista da ciência política, a lei é mais um instrumento do
poder do que um limite.

Três ideias:
 Decisões
 Formação das decisões
 Dinâmica e estrutura
A produção da minha decisão sofre alterações.
O aparelho produz decisões.
A estrutura vai ter a ver com a sociedade civil, com os partidos políticos, com
os grupos de pressão… grupos da sociedade civil.
O nosso sistema político não é estático, ele tem uma dinâmica, nos vimos
anteriormente que o principal problema do poder é a desobediência, ou seja, se
não houver uma lei de obediência o poder é ineficaz, ou seja, há uma gestão
de uma greve parcial ou uma greve geral.
Uma greve parcial é uma greve que não abrange mais que um setor, por
exemplo greve dos professores básico e secundário.
Uma greve geral é todos os setores aderem à greve, por exemplo, transportes,
serviços de saúde e de educação.
O poder é ineficaz em fase de greve geral, que em muitos casos os Governos
caem, por exemplo o Governo de Passos Coelho.

Utilização do aparelho burocrático ou militar.


Paralisa num caso ou se não decidir intervir.
Primeira distinção: entre a sede de apoio e a sede de exercício do Poder.
A sede de apoio fica visível em sistemas parlamentares. Princípio da
legitimidade democrática.
Esta sede de apoio pode ser ativa (militância) ou passiva (alheamento das
pessoas).

O aparelho burocrático pode paralisar, por exemplo, quando a função pública


faz uma greve, pois assim, cria problemas ao Estado.
A greve está limitada nos termos da lei.
A sede de apoio é aquilo que é visível, em Portugal a sede de apoio encontra-
se na Assembleia da República. É ela que tem o princípio da legitimidade
democrática- aqueles deputados que representam na Assembleia da República
estão por meios de eleição, todos nós participamos no processo eleitoral.
A sede pode ser ativa ou passiva, a sede é ativa quando ela tem de ter em
conta a disponibilidade dos cidadãos. As pessoas que não participam no
processo eleitoral estão a contribuir para a sede passiva.

No caso do totalitarismo o partido único de massas mobiliza a sede de apoio


ativa e a intervenção da força impondo o apoio passivo pelo temor.
O Poder é uma relação entre a Sociedade Civil e o aparelho do Poder.
A política é a luta pela aquisição, manutenção e exercício do Poder.

As pessoas percebem que não tem hipótese de ficar de fora do sistema, por
terem medo da denuncia e por isso, não participam na vida política.
A Aquisição é a forma de como chegam ao poder, mas depois precisa-se de
manter o poder, por exemplo, se adquiriu através de eleições tem de se
manter, e o exercício é a atitude continua do exercício do poder.
O que será a sociedade civil?
 Organizações
 Pessoas associadas
 Igreja X
 Forças Armadas X
 Forças de segurança X
“Trata-se de conquistar o aparelho de Poder e as condições de obediência ou
conquistar a sociedade civil para a desobediência ao poder estabelecido
procurando instalar um processo de transferência de fidelidades ou de
obediência para um novo aparelho.”
Os instrumentos e processo de luta pelo Poder, pela sua manutenção e
exercício escapam ao normativismo ético e jurídico.

Nem todos os meios justificam os fins.


“Do ponto de vista da ciência política, a lei é mais um instrumento do Poder do
que um limite”

O Papel dos Grupos de interesses.


“As lutas empreendidas por uma categoria social qualquer para fazer com que
as decisões dos poderes políticos sejam favoráveis aos seus interesses e
ideais” (Meynaud).
Um dos primeiros intervenientes na luta política, que a análise autonomiza, são
os chamados grupos de interesses.
Os grupos de interesse correspondem a uma situação semelhante, a uma
vizinhança ocasional, e que tenha apenas em vista a defesa de interesses
estabelecidos que a lei protege. O interesse pode não ser necessariamente
político, ter índole cultural ou religiosa, e agregar pessoas que apenas
sustentam um gosto comum, ou uma atitude comum perante o mundo e a vida.

A lei é um limite ao Poder. Por exemplo a questão da habitação e da


propriedade privada.
Os grupos de interesse são os sindicatos, ONG’s, para que os assuntos sejam
favoráveis aos seus interesses e ideais.
Alguns exemplos: a corrupção

O caso da corrupção
A tipologia dos grupos: sexo, etária, atividade, preocupações ou número.
A ideia ativista.

Por exemplo a vice-presidente do parlamento europeu e o Qatar.


Por outro lado, temos a tipologia destes grupos de pressão.

As empresas (CIP; CAP; CCP)

A burocracia e a tecnocracia
O aparelho burocrático do Estado.
A tecnocracia como a ideia moderna da burocracia do Estado.
Tendência para ocupar o poder político.
O aparelho burocrático do Estado aparece como um tema de grande
importância neste domínio. Antes de mais porque, se a ação dos grupos visa
obter decisões favoráveis, sem exclusão de meios, a burocracia é um
instrumento, raras vezes dispensável, no processo de formação das decisões.
A burocracia ou tecnocracia não deve ser ela própria tratada como um grupo
de pressão, em várias circunstâncias da vida do Estado, e como um grupo de
interesses em todas as circunstâncias.

O aparelho burocrático do Estado em grande destaque no seu próprio aparelho


judicial.
A ocupação do poder político pelos tecnocratas já teve melhores dias, há aqui
claramente uma ideia que a tecnocracia tem de evoluir consoante a evolução
do Estado.
A teoria da tecnocracia: matriz
liberal
 Sociedade industrial de Raymond Aron.
 A sociedade afluente Galbraith.
 A tecnoestrutura de Limmenman.
Toda a mesma realidade que supera a diferença ideológica entre democracias
capitalistas e autoritarismos.

A realidade anda sempre à nossa frente, ultrapassa-nos e supera a diferença


ideológica.
Há uma ideia de alteração, seguindo a ideologia de Max Weber, a realidade
não é neutra, podemos estrategicamente não obedecer, mas não há
neutralidade.

A ideia fundadora de Max Weber. Não será ideologicamente neutra.


Será uma doença ou uma teoria? (Will Rogers).
Doença porque poderia levar à morte da democracia ocidental.
Ideia de Mosca, Pareto e Michels “O poder vem a pertencer a elites restritas
variando apenas os critérios de recrutamento”.

Como será em tempo de redes sociais?


Intervir no processo político de acordo com uma tendência intelectual e sem
compromisso com as ideologias dos partidos?
O movimento Woke?
Não esquecer: matriz liberal, racionalista, elitista, capitalista, científica, devota
da democracia formal, ou seja, a matriz liberal é aquela que me permite a juntar
a matriz política a matriz racional.
A sociedade industrial de Aron, a sociedade afluente de Galbraith, a
tecnoestrutura de Linneman são ângulos diferentes da mesma realidade, que
supera a diferença ideológica entre democracias capitalistas e democracias
soviéticas.
A nota comum a todos os autores referenciados, depois de descreverem as
novas sociedades avançadas como caracterizadas pela substituição do
músculo pela máquina e da memória pelo computador, é a de que a
tecnocracia se vai definindo como uma pilotagem da sociedade civil e política
por cientistas, técnicos ou engenheiros, que se negam a qualidade de políticos,
mas que exercem de facto o poder político, invocando a legitimidade baseada
na competência profissional e ciência.
Temos por um lado, o facto de que o processo de formação das decisões
políticas não dispensa hoje a intervenção científica e tecnológica, imposta pela
complexidade crescente do processo social, e pelo avanço que as ciências e
técnicas fizeram nos domínios da analise social e previsão.
Por outro lado, o simples avanço cientifico e tecnológico denuncia os custos
socias da influencia do aparelho políticos, e os desperdícios do pluralismo, que
não pode deixar de tratar por igual a competência e a mediocridade.
Podia notar-se a tendência dessa nova elite para proclamar-se ideologicamente
neutra, mas os factos também já mostravam que tendia para ser conservadora,
e muito obviamente conservadora dos seus próprios interesses e valores, como
grupo socialmente autonomizado

A teoria tecnocracia: a matriz


marxista
Separa dois corpos. Evidente modelo soviético
O facto de os tecnocratas poderem ascender à classe política é um fenómeno
de assimilação individual e não uma mudança de estrutura.
A tecnocracia seria necessária no modelo liberal, mas era dependente e
solidária da ordem do poder.
A classe dos tecnocratas não tem poder e está completamente dependente da
oligarquia dominantes que contrata o trabalho e o lazer dos capitalistas.

A literatura que tem esta advertência como premissa multiplicou-se nas


sociedades ocidentais, e, em França, Meynaud notabilizou-se pela sua analise
da ameaça que a tecnocracia representa para a estabilidade constitucional
democrática, evidenciando a “infiltração da máquina governamental pelo
elemento tecnocrático” e o crescimento da “ideologia tecnocrática.”
Mostrou como esta nova classe progressivamente se arroga ao poder sem a
responsabilidade com a subordinação do representante eleito ao técnico
nomeado.
A burocracia, o seu produto final, que é a tecnocracia, seriam fenómenos que
nascem, não em separado, mas em necessária interdependência com o
desenvolvimento histórico do Estado capitalista. Este tipo de Estado implicou
uma divisão do trabalho, com um grupo dominando as decisões políticas, e um
instrumento de especialistas ocupando os ramos da administração.

Tecnocracia militar
Poder político militarizado sem projeto político.
Militares de caserna, militares das escolas e laboratórios.

O sentido em que pode ser chamada uma tecnocracia militar não tem nada que
ver com o fenómeno tecnocrata ocidental. São técnicos no domínio das
massas, da manutenção da obediência de populações daquele teor cultural,
métodos em que frequentemente foram treinados em escolas especializadas.
No resto, os critérios políticos não têm definição precisa: a população tem fraca
participação ativa no processo; as ideologias são fluentes, salvo considerar a
detenção do poder como um valor em si próprio; os partidos políticos quando o
pluralismo é consentido, não têm capacidade de funcionar como intermediários
entre a população e o poder; os valores comunitários são tradicionais; os
valores políticos que existem são revolucionários; a burocracia é incipiente; a
moral responsabilidade não está evidente; os verdadeiros e raros tecnocratas
escolhem como frequência a emigração.

A tecnocracia como grupo de pressão.


Ação dos grupos de pressão ou lobbies.
Ideia de Oposição ou Cooperação
Onde centrar a pressão: caso português

 O papel do Governo e do Presidente


 A assembleia.
Os partidos políticos - as organizações que lutam pela aquisição,
manutenção ou exercício do poder.
O Político quer o Poder porque julga ter uma solução para o interesse público.
Tem de ter duração razoável- esperança de vida superior aos dos dirigentes.
Implantação local generalizada.
Decisão de vir ocupar o Poder.
Apoio Popular usando as eleições ou outros meios disponíveis.

Os grupos de interesse e de pressão atuam em primeiro lugar num plano de


relação recíproca, que tanto pode ser de oposição como de cooperação em
face ao aparelho do Poder. O problema da greve, por exemplo, determina o
aparecimento de variados esquemas desse tipo, assim como a obtenção de
privilégios económicos.

Partidos políticos
Partidos como organizações que lutam pela aquisição, manutenção e
ocupação do poder.
Ocupar o poder
Para isso devem ser duráveis, implantação local, obter o apoio popular em
sistema democrático.
São organizações sociais voluntárias, com caráter de permanência e duração
razoável, que lutam pela aquisição e exercício do poder, através de meios
legais e democráticos.

Implantação local= autarquias locais.


No seu conceito essencial, os partidos são organizações que luam pela
aquisição manutenção e exercício do poder.
Usando o método da análise do comportamento para definir um conceito
operacional de partido, reduziram a extensão do conceito como proposta de
uma serie de características, que são as seguintes:

 A duração razoável da organização


 Implantação local generalizada
 Decisão de vir ocupar o poder
 Busca de apoio popular

A origem dos partidos políticos


O caso dos Tory (Conservador- Rei e Igreja) e dos Whigs (Liberais- Cromwell)
Maurice Duverger lembra os primeiros partidos dos EUA.
No séc. XVII nascidos da revolução de 1648 são tendências de opinião.
Carlos I tentou assumir-se como um monarca absoluto que não queria respeitar
o parlamento, tendo este um papel importante.
O parlamento na origem interior dos partidos porque nascem lá.
São chamados partidos de origem interior de criação eleitoral devido ao
ambiente parlamentar.
Outros quando têm origem extraparlamentar são de origem exterior (sindicatos,
confederações paternais)
Os partidos de origem parlamentar decorrem da estrutura liberal, elitistas, com
um corpo eleitoral a princípio reduzido e representam a resposta ao
alargamento eleitorado.
Os partidos nascidos de fora do sistema eleitoral partem do conceito de
estratos sociais párias.
Sindicatos. O caso do Labour.
Liberal Conservador
Trabalhista

Os partidos populistas e as suas origens em causas de esquerda ou de direita.


Os primeiros partidos modernos nasceram em relação ao ambiente
parlamentar.
O ambiente marcou em todos os casos a organização, as funções assumidas,
a estrutura interna, o comportamento geral.
Quanto aos partidos nascidos em relação a um ambiente parlamentar liberal,
vê-se que o seu aparecimento e desenvolvimento foi sobretudo tributário de
duas variáveis: a extensão de prerrogativas parlamentares e sufrágio popular

As funções dos partidos


Concorrer para formar a opinião pública, propor os candidatos à eleição e
disciplinar os eleitos.
Apter define os partidos políticos como variáveis intermediação (eleitorado e
poder) variáveis dependentes (sociedade, organização do poder).
Variáveis independentes são geralmente as últimas para examinar e analisar,
está fora das variáveis dependentes e intermédias.

Classificação dos partidos


 Partidos de quadros- foram os que nasceram no ambiente liberal,
elitista por definição, magistrais por filosofia. O seu objetivo era
sobretudo reunir notáveis que exerciam uma magistratura política
considerada natural na sociedade civil.
 Partidos de massas- são aquilo a que chamamos os partidos
comunistas, preocupam-se com uma formação elitista;
 Catch-all-party (partidos interclasses máxima base eleitoral)- eleitorado
flutuante: é o eleitorado que votou num determinado partido e nas
próximas eleições votam noutro. Partidos de reunião ou integração
social

Estrutura dos partidos e graus de participação


 Eleitores
 Militantes
 Simpatizantes
 A lei de Bronze da Oligarquia dos partidos (Robert Michels 1914)- a
tendência da oligarquia sobrepõe-se aos princípios democráticos da
coletividade plenamente livre dos dirigentes e da plena igualdade dos
membros do partido. Não é obviamente uma lei universal.
 Estrutura rígida
 Estrutura flexível
 Entrada de novos militantes e a sua ascensão partidária.
 Princípio da renovação partidária.

Sistemas de partidos (Jean Blondel)


 Monopartidarismo- um partido
 Bipartidarismo: 2 partidos dividem 9/10 dos votos validamente
expressos
- Bipartidarismo Imperfeito: 2 partidos e meio, um pequeno partido liberal
no UK coligação Cameron.
 Multipartidarismo
-Multipartidarismo integral
-Multipartidarismo de partido dominante.

Sistemas de partidos segundo Sartori


Monopartidarismo (totalitário, autoritário, pragmático)
Partido Hegemónico (ideológico, pragmático)
Bipartidarismo
Multipartidarismo

Partidos políticos e Grupos


parapolíticos
Movimentos, clubes de reflexão, associações;
 Não pretendem a conquista e o exercício do poder.
 Antes de influenciar os sistemas eleitorais.

Sociedade civil
Influência da economia e das novas
formas de comunicação
Sociedade civil- conjunto das organizações voluntárias que servem como
mecanismos de articulação de uma sociedade por oposição às estruturas
apoiadas pela força de um Estado independentemente do seu sistema político.
Distinção entre sociedade e Estado (Maquiavel)
A sociedade civil é o oposto do individuo isolado (Adam Ferguson 1767)
Sociedade baseada no direito oposto da categoria explicativa de estado de
natureza por vocação, de guerra potencial entre todos contra todos (Kant).
A sociedade civil como um estágio no relacionamento dialético (tese- antítese -
síntese) entre a macro comunidade Estado e a micro comunidade Família.

A sociedade civil como um espaço de ações coletivas voluntárias em torno de


interesses, propósitos e valores.
A ideia de sociedade civil e democracia teve as suas raízes nos textos de
liberais como Tocqueville.
Ernest Gelner no seu livro “Condições da liberdade” de 1995 dizia que «a
sociedade civil é um conjunto de instituições e associações que são
suficientemente fortes para evitar a tirania, mas que, no entanto, são
permeáveis para a livre entrada e saída de indivíduos, em vez de impostas pela
nascença ou mantidas por algum ritmo assombroso, você pode entrar para o
partido socialista sem nunca ter sacrificado uma cabra …».
Não preciso de praticar qualquer tipo de ato para entrar em qualquer partido
político.
As ONG’s ajudam na consolidação do Estado democrático.
Reunião de pessoas unidas pela origem ou pelas leis (Noberto Bobbio)
Solidariedade de interesses.
Grupos para políticos como movimentos políticos, instituições de reflexão
política ou clubes políticos.
Estes grupos surgem na sociedade civil.
Os lobbies surgem na sociedade civil, pois são grupos de interesse.
A influencia da economia na política. A emergência das instituições da
sociedade civil que representam interesses económicos como confederações
ou sindicatos.
Os fenómenos da corrupção e as tentativas de controle ou influencia do poder
político.
Os novos meios de comunicação. As redes sociais e a imprensa.
O risco de difusão de ideias com objetivos de serviço a correntes populistas.
 O que tem de estar subordinado é a economia à política, a política é o
único órgão que é eleito e tem legitimidade, enquanto a economia
representa interesses/oportunidades.
Quando alguém utiliza a função política para responder a situações
económicas pessoais dá-se a corrupção.
O conceito de interesse particular e de bem público servem para termos
determinadas regras na função pública. Estes conceitos não coincidem.
Hoje a corrupção é um fenómeno que entra na tentativa de controle e influência
político.
As instituições democráticas tem de ser credíveis e só conseguem quando
separamos estes dois conceitos, a economia com a política se se misturarem
pode-se de dar o alargamento de fenómenos de corrupção. Portanto, temos de
estar preparados para dar resposta a esta situação, a sociedade civil aqui, tem
influência na economia.
O Estado e a sociedade civil são opostos, porém o Estado tem outras
organizações se que relacionam, por exemplo, a Igreja.
O conflito de interesse do sindicato não significa que não tenha conflito também
com a entidade paternal.

As ideologias
As ideologias e a sua importância nas sociedades modernas.
 O liberalismo- nesta sociedade encontramos a associação de valores,
tanto económicos como políticos, liberais
 A social-democracia- acredita-se que ao lado de uma certa liberdade
económica tem de existir uma preocupação pública
 O conservadorismo- preocupam-se com a dinâmica da liberdade
económica e social, mas deve ter valores que se vão encontrar no
quadro social da doutrina da igreja.
 A democracia cristã- preocupam-se com a dinâmica da liberdade
económica e social, mas deve ter valores que se vão encontrar no
quadro social da doutrina da igreja.
 O socialismo democrático- acredita-se que ao lado de uma certa
liberdade económica tem de existir uma preocupação pública
 O comunismo- não permite o desenvolvimento de uma sociedade civil
aberta, todos têm de estar creditados no partido único
 O populismo- a defesa de valores mais populares que todas as
pessoas sentem.
 O extremismo- a defesa de valores mais populares que todas as
pessoas sentem.
A principal linha recorrente entre a economia, a política e as ideologias e a
diferença entre o interesse popular e o bem público.
As instituições particulares de solidariedade são interesses particulares, pois a
forma de organização é completamente diferente.
Os cidadãos e o poder político, as
modalidades de poder; A importância
de Noberto Bobbio, Maquiavel, Adam
Smith e Karl Marx
Os cidadãos e o poder político
O substrato pessoal do Estado é a respetiva população, o conjunto dos seus
nacionais. O Estado nacional moderno baseia-se justamente numa coletividade
nacional, identificada por traços de pertença comuns. Os processos de nation-
building podem demorar muito tempo, muitos séculos, até à aquisição de um
sentimento de identidade nacional. Nos países resultantes da descolonização,
muitas vezes caracterizadamente multiétnicos e multilinguísticos, o Estado
nasce sem nação, visto não haver Estados plurinacionais e nações sem
Estado. Daí a importância da noção de nacionalidade ou cidadania nacional,
que estabelece a relação jurídica entre as pessoas e um determinado Estado,
distinguindo-a dos estrangeiros, que não gozam de um certo conjunto de
direitos que são reservados para os nacionais (nomeadamente a titularidade de
cargos políticos).
O conjunto dos cidadãos de um Estado constitui o respetivo povo, o qual, no
moderno Estado representativo, é o titular de soberania (princípio da soberania
popular). Conceitos alternativos são os de comunidade nacional e o de nação
(e o correspondente conceito de soberania nacional). Todavia, o conceito de
nação sofreu uma carga específica de regimes nacionalistas no passado
(sobretudo nos regimes fascistas ou para-fascistas), que lhe conferiam um
significado transcendental e transpessoal, independentemente da coletividade
atual dos cidadãos, cuja vontade e cujos interesses seriam interpretados
diretamente pelo Estado, ou seja, pelos dirigentes.

Nobbert Bobbio
Segundo Bobbio, sobre a democracia.
Se no seu período acionista – período em que pertencia ao Partido d’Azione,
que ajudou a fundar (1942) e que fazia oposição frontal ao fascismo,
pretendido uma síntese de liberalismo e socialismo- Bobbio defende a
conceção ética da democracia; a partir da década de 1950 propõe uma
conceção procedimentalista da democracia.
Antes, a democracia tinha um fim: “O objetivo próprio que distinguia
substancialmente de todas as outras formas de governo: a educação do
cidadão para a liberdade.” Com efeito, só o homem livre é responsável.
Porém, o homem não nasce livre, antes, torna-se livre em um ambiente social.
Assim, importa desenvolver nos indivíduos o sentido da liberdade, bem como
fortalecer as instituições que garantam as condições socioeconómicas que o
permitam.
Esta foi a posição de Bobbio, que, naquele particular contexto do pós-guerra e
de luta contra o fascismo, estava particularmente preocupado com a
emergência de um ethos democrático.
-“Os fascistas talvez não soubessem o que queriam, mas sabiam muito bem o
que não queriam. Numa palavra, não queriam a democracia, entendida como
laborioso processo de educação para a liberdade”.
-“Ser democrático é, em primeiro lugar crer que a igualdade entre os homens é
um ideal nobre, em segundo lugar, que uma diminuição das desigualdades
sociais é, por obra do homem, possível”.
No entanto, Bobbio não deixa de sublinhar que esta visão da democracia, no
contexto de imediato pós-guerra.

Maquiavel
Descreveu as dinâmicas do poder.

Adam Smith
Influencia Intelectual
Mão invisível
Divisão do trabalho
Mercantilismo

Karl Marx
Ideologia do proletariado
• As ideologias implicam estudar as ideias como factos, mas também como
factos com peso social.
• Raymond Aron defendeu a necessidade de um certo apaziguamento
ideológico no sentido de afastar a dicotomia esquerda direita.
• É celebre o seu livro “Ópio dos intelectuais”
• Afastava a diferença entre propriedade privada e pública ou economia de
mercado ou planificada.
• Seria o resultado da estabilização da democracia nos sistemas políticos
liberais por oposição aos chamados comunistas.
• Tornou-se também evidente que a chamada social-democracia e o chamado
socialismo democrático souberam caminhar no sentido da consolidação
democrática que as políticas do Estado Social e do New Deal souberam
afirmar.
• Falamos da importância da sociedade civil e o papel da democracia cristã
nessa área nada mais do que uma expressão política da doutrina social da
Igreja (muito após João XXIII).
• Esta será uma visão mais humanista da política e que terá influencias em
Portugal quer na formação do CDS e mesmo do PSD.
• Karl Marx juntamente com Engels vai procurar criar a conquista da sociedade
civil para se transformar o Estado.
• Dele dizia Bertrand Shaw “a filosofia de Marx não exercerá nenhum efeito
sobre a opinião daqui e de outras partes , mas quando publicou os factos sobre
as condições a que o capitalismo havia reduzido as massas, produziu-se um
efeito idêntico ao da remoção da tampa de um caldeirão em ebulição no
inferno”.
• Considera que a religião não cria o Homem e o Estado não dá origem à
sociedade.
• A tese do materialismo histórico – a evolução das forças produtivas
determina a evolução da sociedade.
• As forças produtivas e relações de produção constituem o modo de produção.
• O contributo de Lenine e Estaline. A ideia de ditadura do proletariado
• A tese de Mao/China: um país dois sistemas.
• A importância de Norberto Bobbio para se conhecer a libertação da sociedade
civil ( matéria desenvolvida na ultima aula)
• O contributo de Adam Smith para a libertação da economia – a mão invisível
• A ideologia em crise – com a queda do muro de Berlim e o fim da guerra fria
as correntes tradicionais entram em crise.
• O nascimento de correntes populistas na Europa e na América Latina
• A política de causas fraturantes: comportamentos e costumes.
• A bibliografia de apoio a esta aula pode ser encontrada em Ciência
Política – Adriano Moreira 279 – 336

Os sistemas de
governo
• Aquilo que Marcelo caetano chamava forma política do Estado outros autores
chamam forma de governo ou sistema político.
• Carl Schmidt fala em democracia, aristocracia ou monarquia.
• Reinhold Zippelius fala de monocracias, oligarquias e democracias.
• Norberto Bobbio fala de formas de governo e dos contributos das ideologias.
• Gianfranco Pasquino fala de formas de governo como presidenciais,
semipresidenciais ou parlamentares.
• Saber quem governa e como se governa são questões que dizem respeito à
forma de governo.
• É um conceito síntese que vive dos outros dois conceitos: regime político e
sistema de governo.
• O regime entendido como relações entre governantes e governados.
• O sistema de governo que estuda as instituições e o estatuto dos governantes
à luz da Constituição, mas não prescinde da análise dos sistemas eleitorais e
sistemas partidários.
• Quando se procura avaliar a capacidade deste modelo de formas de governo
temos de procurar encontrar a sua legitimidade (democrática ou monárquica),
posição quanto à liberdade política, quanto à representatividade, quanto à
divisão de poderes, fator político central (Rei, Parlamento, Presidente).
• A ideia de regime político pode encontrar-se na relação existente entre os
cidadãos e o poder político.
• Formas de escrutínio e de controle. Direitos, liberdades e garantias.
• Democracia como governo do Povo, Para o povo e pelo Povo.
• Sistemas de Governo
• O sistema de Governo não se desliga do regime político no sentido que um
influencia o outro (Marcelo Rebelo de Sousa).
• Sistema de governo: a forma como entre si se relacionam os diversos
órgãos de poder político soberano, quer do ponto de vista do modelo e
estruturação normativa quer das situações desenvolvidas (prática
constitucional).
• Princípio da separação de poderes.
• A divisão de poderes.
• Todo o homem que possui poder tem tendência para dele abusar
(Montesquieu). Sistema de governo parlamentar – Grã-Bretanha e outros.
Presidente ou Rei não tem função de chefe de Governo
• Sistema presidencial
• Sistema semipresidencial
• Responsabilidade política, responsabilidade institucional e solidariedade
institucional
• O sistema português de 1976
• A revisão constitucional de 1982
• O tempo e a vida dos governos
• A ideia de estabilidade política
• A importância do Parlamento
• O poder presidencial: Moderador: da influência até à interferência.
• O Presidente não é o Rei de Inglaterra.
A crise da democracia representativa.
• O caso da justiça e da comunicação social.
• O populismo outra forma de democracia direta?
• As regras do Direito inaplicadas não estão mortas. Hibernam e quem tenha
competência pode sempre reanimá-las (Maurice Duverger).
Tavares, António - Coabitação Política em Portugal na vigência da
Constituição de 1976 – Almedina , Coimbra

Objetivos do teste:
 Tipologia dos partidos políticos
 Formas de Governo
 Sociedade Civil
 Ideologias- ideologias estruturantes, o princípio da democracia
representativa, introdução do populismo enquanto ideologia.

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