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Política, Poder e Estado - Introdução à Filosofia

Política :: Humanidades
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FILOSOFIA POLÍTICA: PODER, GOVERNO, DEMOCRACIA E DITADURA

(COTRIM,Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas, 15ª ed. reform. e


ampl. São Paulo. Saraiva, 2002, pp. 290-295. 309-312)
A política como parte da teoria do poder social
O termo política vem do grego polis (cidade-Estado), servindo para designar, desde a
Antiguidade, o campo da atividade humana que se refere à cidade, ao Estado e às coisas
de interesse público.
A obra de Aristóteles intitulada Política é considerada um dos primeiros tratados
sistemáticos sobre a arte e a ciência de governa a polis. Foi devido, em grande medida, a
essa obra clássica que o termo política se firmou nas línguas ocidentais.
Para Aristóteles, a política era uma continuação da ética, só que aplicada à vida pública.
Assim, depois de refletir sobre o modo de vida que conduz á felicidade do homem em
Ética a Nicômaco, Aristóteles investigou em Política as instituições públicas e as formas
de governo capazes de propicias uma maneira melhor de viver em sociedade. Aristóteles
considerava essa investigação fundamental, pois, segundo ele, “o homem é por natureza
um animal social”.
Esse conceito grego de política como esfera de realização do bem comum se tornou um
conceito clássico e permanente até os nossos dias, mesmo que seja como um ideal a
ser alcançado.
No entanto, conforme assimilou o filósofo e jurista italiano contemporâneo Norberto
Bobbio, o conceito moderno de política está estritamente ligado ao de poder. Essa
ligação é enfatizada na celebra definição dada pelos cientistas políticos norte-
americanos H. D. Lasswell e A. Klapan: “Política é o processo de formação, distribuição e
exercício do poder”.
A TIPOLOGIA DAS TRÊS FORMAS DO PODER
Os estudos de política geralmente iniciam com uma análise do fenômeno do poder
social. Bertrand Russel definiu-o da seguinte maneira: “Poder é a posse dos meios que
levam à produção de feitos desejados”.
Em outras palavras, o indivíduo que detém os meios de poder torna-se capaz de exercer
várias formas de domínio e, por meio delas, pode alcançar os efeitos que desejar.
O fenômeno do poder costuma ser dividido em duas categorias: o poder do homem
sobre a natureza e o poder do homem sobre os outros homens. Frequentemente, essas
duas categorias de poder andam juntas, uma influindo na outra.
A ciência política estuda, sobretudo, o poder do homem sobre outros homens, isto é, o
poder social, mas também se interessa pelo poder sobre a natureza, porque essa
categoria de domínio também se transforma em instrumento de poder social.
Se levarmos em conta o meio do qual se serve o detentor do poder para conseguir os
feitos desejados, destacam-se três formas de poder: o econômico, o ideológico e o
político.
O poder econômico utiliza a posse de certos bens socialmente necessários para induzir
aqueles que não os possuem a adotar determinados comportamentos, como, por
exemplo, realizar determinado trabalho.
O poder ideológico utiliza a posse de certas idéias, valores, doutrinas para influenciar a
conduta alheia, induzindo as pessoas a determinados modos de pensar e agir.
O poder político utiliza a posse dos meios de coerção social, isto é, o uso da força física
considerada legal ou autorizada pelo direito vigente na sociedade.
O que têm em comum essas três formas de poder é que elas contribuem conjuntamente
para instituir e manter sociedades de desiguais divididas em fortes e fracos, com base
no poder político; ricos e pobres, como base poder econômico; em sábios e ignorantes,
com base no poder ideológico. Genericamente, em superiores e inferiores. (BOBBIO,
Norberto. Estado, governo, sociedade. Para uma teoria geral da política, p.83)
O poder econômico preocupa-se em garantir o domínio da riqueza controlando a
organização das forças produtivas (por exemplo: o tipo de produção e o alcance de
consumo das mercadorias). O poder ideológico preocupa-se m garantir o domínio sobre
o saber controlando a organização do consenso social (por exemplo: os meios de
comunicação de massa – televisão, jornais, rádios, revistas etc.). E o poder político
preocupa-se em garantir o domínio da força institucional e jurídica controlando os
instrumentos de coerção social (por exemplo: forças armadas, órgãos de fiscalização,
polícia, tribunais etc.).
Como poder cujo meio específico é a força, de longe o meio mais eficaz para
condicionar os comportamentos, o poder político é, em toda a sociedade de desiguais, o
poder supremo, ou seja, o poder ao qual todos os demais estão de algum modo
subordinados.
BOBBIO, Norberto. et alii. Dicionário de política, p.995-96.

  O ESTADO  

Essa instituição todo-poderosa da sociedade


O Estado é uma das mais complexas instituições sociais criadas e desenvolvidas pelo
home ao longo da história. Muitos estudiosos procuraram compreender a realidade do
Estado, mas foi o pensador alemão Max Weber quem elaborou uma das melhores
definições, largamente conhecida e utilizada pelos cientistas sociais e políticos.
Segundo Weber, o estado é a instituição política que, dirigida por um governo soberano,
detém o monopólio do uso da força física, em determinado território, subordinando a
sociedade que nele vive.
Nem sempre o estado existiu. Diversas comunidades, do passado e do presente,
organizaram-se sem ele. Nelas não havia classes socas e as funções políticas eram
distribuídas pelo conjunto dos membros da comunidade.
Num determinado momento da história de algumas sociedades, com o aprofundamento
da divisão social do trabalho, certas funções político-administrativas foram assumidas
por um grupo separado de pessoas. Esse grupo passou a deter o poder de impor
normas à vida coletiva. Assim surgiu o governo, por meio do qual foi se desenvolvendo o
Estado.
Qual é a função do Estado em relação à sociedade? Dentre as muitas respostas para
essa pergunta, vamos destacar duas: uma, fornecida pela corrente liberal, e a outra pela
corrente marxista.
Resposta liberal: o que “deve ser” o Estado
Para o pensamento liberal, finalidade do Estado é agir como mediador dos conflitos
entre os diversos grupos sociais, conflitos inevitáveis entre os homens. O estado deve
promover a conciliação dos grupos sociais, amortecendo os choques dos setores
divergentes para evitar a desagregação da sociedade. A função do estado é, portanto, a
de alcançar harmonia entre os grupos rivais, preservando os interesses do bem comum.
Entre os pensadores liberais clássicos destacam-se John Locke e Jean Jacques
Rousseau.
Resposta marxista: o que o estado “é”
Para o pensamento marxista, o estado não é um simples mediador das lutas de classe.
É uma instituição que interfere nessa luta de modo parcial, quase sempre tomando
partido das classes socais dominantes. Assim, a função do Estado é garantir o domínio
de classe.
Isso ocorre por sua origem. Nascido dos conflitos de classe, o estado tornou-se a
instituição controlada pela classe mais poderosa, a classe dominante. Assim, na maior
parte dos Estados históricos, os direitos concedidos aos cidadãos são regulados de
acordo com as posses dos referidos cidadãos, pelo que se evidencia ser o estado um
organismo para a proteção dos que possuem contra os não possuem. (ENGELS, Friedrich.
A origem da família, da propriedade privada e do Estado, p. 194). Os fundadores dessa
corrente são Karl Marx e Friedrich Engels.
As relações entre a sociedade civil e o Estado
Na linguagem política moderna, tornou-se comum estabelecer a contraposição:
sociedade civil versus Estado.
Nessa contraposição, o Estado costuma ser entendido como a instituição que exerce o
poder coercitivo (a força) por intermédio de suas diversas funções, tanto na
administração pública como no judiciário e no legislativo.
Por sua vez, a sociedade civil costuma ser definida como largo campo das relações
sociais que se desenvolvem fora do poder institucional do estado. Fazem parte da
sociedade civil, por exemplo, os sindicatos, as empresas, as escolas, as igrejas, os
clubes, os movimentos populares, as associações culturais.
O relacionamento entre os membros da sociedade civil provoca o surgimento das mais
diversas questões econômicas, ideológicas, culturais etc. Questões que, muitas vezes,
criam conflitos entre pessoas ou grupos. Em face desses conflitos, o Estado é chamado
a intervir.
Nas relações entre Estado e sociedade civil, os partidos políticos desempenham uma
função importante: podem atuar como ponte entre a sociedade civil e o Estado, pois não
pertencem, por inteiro, nem ao Estado nem à sociedade civil. Assim, cabe aos partidos
políticos captar os desejos, as aspirações da sociedade civil, e encaminhá-los para o
campo da decisão política do Estado.
Conforme a época e o ligar, o tipo de relacionamento entre Estado e sociedade civil varia
bastante. Assim, as relações entre governantes e governados podem tender tanto para
um esquema fechado, caracterizado pela opressão e autoritarismo do estado sobre a
sociedade, como para um esquema aberto, evidenciado pela maior participação política
da sociedade nas questões do estado e pelo respeito que o poder público confere aos
direitos individuais e coletivos.
Regime político é justamente o modo característico pelo qual o Estado se relaciona com
a sociedade civil.
 Na linguagem política atual, os regimes políticos são classificados em dois tipos
fundamentais: democracia e ditadura.
DEMOCRACIA: A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DO POVO
Democracia é uma palavra de origem grega que significa poder do povo (demo, “povo”;
cracia, “poder”).
Foi a antiga cidade grega de Atenas que deixou ao mundo ocidental uma das mais
citadas referências de regime democrático. Em Atenas, os cidadãos (pequena parcela da
população ateniense) participavam diretamente das assembléias e decidiam os rumos
políticos da cidade. Havia, portanto, em Atenas, uma democracia direta.
Em nossa época, a democracia direta praticamente não existe mais. Os Estados foram
ficando, com o tempo, muito complexos, os territórios extensos e as populações
numerosas. Tornou-se inviável a proposta de os próprios cidadãos exercerem
diretamente o poder. Assim, a democracia deixou de ser o governo direto do povo. O que
encontramos, atualmente, é a democracia representativa, em que os cidadãos elegem
seus representantes políticos para o governo do Estado.
O ideal de democracia representativa é ser o governo dos representantes do povo.
Representantes que deveriam exercer o poder pelo povo e para o povo.
Nos dias de hoje, um Estado costuma ser considerado democrático quando apresenta
as seguintes características:
·      Participação política do povo – o povo exerce o direito de participar das decisões
políticas elegendo seus representantes no poder público. Geralmente, essa participação
é garantida através do direito ao voto direto e secreto, em eleições periódicas. Existem,
ainda, outras formas de manifestação política do povo: o plebiscito, o referendo, as
reuniões populares (passeatas, associações em praça pública etc.).
·      Divisão funcional do poder político – o poder político do Estado não fica
concentrado num único órgão. Ao contrário, apresenta-se dividido em vários órgãos, que
se agrupam em torno das seguintes funções típicas: função legislativa (elaboração das
leis); função executiva (execução das leis pela administração pública); função
jurisdicional (aplicação das leis e distribuição da justiça). Nos regimes democráticos,
deve existir independência e harmonia entre os poderes legislativo, executivo e
judiciário.
·      Vigência do estado de direito – O poder político é exercido dentro dos limites
traçados pela lei a todos imposta. A lei, assim, subordina tanto o Estado como a
sociedade. Onde vigora o Estado de direito, o cidadão respeita o Estado. Mas o Estado
também respeita os direitos do cidadão, como, por exemplo, o direito á liberdade de
pensamento, expressão, associação, imprensa, locomoção etc. \Na democracia,
O governo deve ser de muitos para resistir à imposição de poucos, e o poder deve
limitado pelas normas para evitar o arbítrio discrimiatáorio de quem o exerce. O
reconhecimento destas regras tem como objetivo conseguir na vida coletiva o salto
qualitativo da passagem do reino da violência para o reino da não-violência, através da
domesticação do poder pelo direito. (LAFER, Celso. Trecho do discurso proferido na
abertura da 47ª Assembléia da ONU. O Estado de São Paulo, 22.set. 1992.)
DITADURA: CONCENTRAÇÃO DO PODER POLÍTICO
Ditadura é uma palavra de origem latina, derivada de dictare, “ditar ordens”. Na antiga
república romana, ditador era o magistrado que detinha temporariamente plenos
poderes, após ser leito para enfrentar situações excepcionais, como, por exemplo, os
casos de guerra. Seu mandato era limitado a seis meses, embora houvesse a
possibilidade de renovação, dependendo da gravidade das circunstâncias.
Comparado com suas origens históricas, o conceito de ditadura conservou apenas esse
caráter de poder excepcional, concentrado nas mãos do governo. Atualmente, um
Estado costuma se considerado ditatorial quando apresenta as seguintes
características:
·      Eliminação da participação popular nas decisões políticas – O povo não tem
nenhuma participação no processo de escolha dos ocupantes do poder político. Não
existem eleições periódicas (ou, quando existem, são eleições fraudulentas) e são
proibidas as manifestações públicas de caráter político.
·      Concentração do poder político – O poder político fica centralizado nas mãos de um
único governante (ditadura pessoal) ou de um órgão colegiado de governo (ditadura
colegiada). Geralmente, o ditador é membro do poder executivo. O poder legislativo e o
poder judiciário são aniquilados ou bastante enfraquecidos.
·      Inexistência do estado de direito – O poder ditatorial é exercido sem limitação
jurídica. As leis só valem para a sociedade. O ditador está acima das leis. E, nessa
condição, costuma desrespeitar todos os direitos fundamentais do cidadão,
principalmente o direito de livre expressão e a liberdade de associação política.
·      Fortalecimento dos órgãos de repressão – As ditaduras montam um forte
mecanismo de repressão policial destinado a perseguir brutalmente todos os cidadãos
considerados adversários da ditadura. Esses órgãos de repressão espalham pânico na
sociedade, implantam um verdadeiro terrorismo de Estado, utilizando terríveis métodos
de tortura e de morte.
·      Controle dos meios de comunicação de massa – As ditaduras procuram controlar
todos os meios de comunicação de massa, como programas de rádio e de televisão,
espetáculos de teatro, filmes exibidos pelo cinema, jornais e revistas etc. Monta-se um
departamento autoritário de censura oficial destinado a proibir tudo aquilo que é
considerado contra o governo. Somente são aprovadas as mensagens públicas julgadas
favoráveis ao governo ditatorial.

Uso desses instrumentos de controle e opressão podem ser historicamente analisados


em diversos regimes ditatoriais de nosso século. Exemplos: as ditaduras implantadas
por Hitler (Alemanha nazista), Stálin (União Soviética), Fidel Castro ( Cuba), Pinochet
(Chile), Getúlio Vargas (Brasil), Franco (Espanha) e regimes militares como os que
vigoraram na Argentina, Brasil etc.

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