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Campus Jacobina
Aluna: Jenyfer Gabrielly M. da Silva
Data 18.06.2023 – 20.06.2023
Turma: Eletromecânica 3812 Professor: Joallan
A teoria política, também conhecida como ciência política, tem suas raízes nos termos e
conceitos básicos atribuídos pelos gregos, que até hoje permanecem como categorias para
problematizar a realidade política. As correntes do pensamento político moderno estão, em
grande parte, conectadas às obras e autores que marcaram as origens da filosofia política.
Filósofos como Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau e Karl Marx encontraram nas obras,
especialmente de Aristóteles, uma fonte para suas indagações e questões.
No estudo das Ciências Políticas, é imprescindível voltar-se para um autor clássico da
Antiguidade, como Aristóteles, e fazê-lo a partir de uma obra central para o pensamento
político (também aplicável à filosofia política): "A Política". Essas obras também permitem
observar a construção e a transição que o pensamento sobre a Polis - a cidade grega, seu
governo e a cidadania - experimenta desde o seu surgimento. Conforme Jean-Pierre Vernant
nos ensina em "As Origens do Pensamento Grego" (1992), o advento da filosofia política
coincide com a crise da Polis, ao mesmo tempo em que é uma reflexão sobre ela. Na Grécia
antiga, a política era um atributo e uma ocupação exclusiva dos homens livres. Crianças e
mulheres obedeciam e, no caso destas últimas, gerenciavam o oikos, o espaço privado da
família, incluindo seu patrimônio. A participação no espaço público era o único elemento
verdadeiramente valorizado como dignificador da condição humana. No extremo oposto,
encontravam-se os escravos, considerados como "coisas" e parte do patrimônio familiar,
constituindo a maioria numérica na Grécia Antiga.
Curiosamente, Aristóteles, o autor que sistematizou parte das categorias centrais até hoje
presentes na filosofia e no pensamento político, não era um "cidadão completo" em Atenas,
onde residia. Como estrangeiro, ele possuía o status de "meteco", uma posição de
inferioridade social e política. A obra "A Política" reúne as anotações originalmente feitas por
Aristóteles durante seus cursos sobre como os homens vivem na Polis e sobre as diferentes
formas de constituição desta, ou seja, os diferentes tipos de governos ou regimes políticos.
Esse estudo tinha como objetivo descobrir a melhor forma de viver, ou seja, o bem viver.
Tópico 2 - Poder, Política e Estado Moderno
A esfera da vida em sociedade, que chamamos de esfera política, muitas vezes se limita ao
tema do uso do poder para alcançar os objetivos governamentais. A Política, nesse sentido
restrito, trata das instituições e práticas sociais dedicadas à realização de um bom governo,
discutindo o distanciamento entre o "ideal de um bom governo" (suas instituições, conteúdos
e práticas) e a sua realidade concreta. No entanto, o campo da política é muito mais amplo,
extrapolando as questões relacionadas aos Estados e práticas políticas governamentais.
Da forma como abordaremos aqui, a Política trata do exercício do poder para influenciar o
conteúdo das ações governamentais. De maneira geral, o poder é a capacidade de um
indivíduo ou grupo impor sua vontade sobre outros, superando qualquer resistência, inclusive
por meio da força física. O poder pode ser encontrado em todas as relações sociais, não
apenas nas relações políticas voltadas para atividades governamentais, que é o foco deste
texto. Na verdade, estamos tratando do exercício do poder político, ou seja, da capacidade
efetiva que o Estado tem de obrigar os indivíduos a fazerem ou deixarem de fazer algo, com o
objetivo de promover o bem público. Quando o poder, em seu exercício, não busca o bem
público, deixa de ser o poder do Estado, deixa de ser um direito, não obriga jurídica e
moralmente; torna-se apenas a força, a violência de pessoas que estão no governo.
O desenvolvimento histórico das sociedades humanas tem gerado uma infinidade de práticas
e instituições políticas, conforme a especificidade de cada sociedade e as influências que
exercem e recebem de outras sociedades, bem como das relações entre os grupos e indivíduos
que as compõem. Isso faz com que a trajetória de cada sociedade seja um conjunto único de
recursos institucionais políticos. Por exemplo, um Estado republicano certamente se
distinguirá de outro, mesmo que ambos sejam classificados como republicanos. O mesmo
pode ser dito sobre monarquias constitucionais, repúblicas presidencialistas, monarquias
parlamentaristas, repúblicas parlamentaristas, ditaduras e outras formas de governo. A
constituição do Estado Moderno e sua diversidade contemporânea têm sido objetos de estudo
das Ciências Políticas há muito tempo. O termo "Estado" foi empregado por Maquiavel em
1513 e, desde então, está associado ao conceito de sociedade política: um grupo de pessoas
que busca alcançar determinados interesses por meio do poder estatal legitimamente
estabelecido e reconhecido.
Um tema recorrente nas Ciências Políticas é o estudo dos mecanismos democráticos de
restrição ao poder dos governantes, como a composição representativa da democracia
moderna. É discutido como esse aspecto difere das experiências concretas de democracia na
Antiguidade e como surge como uma necessidade decorrente da crescente complexidade e
dimensão das sociedades modernas.
O Estado moderno surge na Europa dos séculos XV e XVI, impulsionado pelo crescimento do
capitalismo e por mudanças sociais e políticas. Apresenta elementos comuns em todas as suas
formas concretas: uma base territorial e populacional que define as fronteiras geográficas e
culturais do Estado; o monopólio estatal do uso da violência para manter a ordem e a
segurança; um sistema monetário e fiscal próprio; uma estrutura jurídica que busca garantir a
justiça e a proteção dos direitos; e uma organização burocrática baseada na eficiência e
impessoalidade.
Durante a transição da Idade Média para a Idade Moderna, ocorreram conflitos entre os
monarcas e as instituições estabelecidas, como a Igreja Católica e os senhores feudais. A luta
pelo poder resultou no reconhecimento da soberania dos monarcas como o poder supremo.
Jean Bodin, em sua obra "Os seis livros da república" publicada em 1576, defendeu a ideia de
que a soberania era um poder absoluto e perpétuo, encarnado no monarca. Ele desvinculou a
soberania da figura do monarca, defendendo que o poder supremo deve ser exercido
coletivamente pela comunidade através da participação popular. Assim, o povo torna-se o
segundo elemento constitutivo do Estado, referindo-se aos indivíduos que vivem sob o
mesmo sistema jurídico. A população, por sua vez, consiste no grupo de pessoas que vivem
em um determinado território. Enquanto a nação une as pessoas com base em valores culturais
e interesses comuns, o povo compartilha um ordenamento jurídico.
Esses três elementos - território, povo e obrigação política - são fundamentais na formação
das estruturas institucionais do Estado, cujo propósito é promover a felicidade e proteger os
indivíduos.
O voto é uma maneira importante de escolher as pessoas que vão nos representar no governo.
É o jeito principal de selecionar os candidatos que achamos mais adequados para ocupar
cargos governamentais. Quando votamos, expressamos nossa opinião e decidimos quem
queremos que nos represente.
É muito importante porque nos permite participar nas decisões políticas. Quando escolhemos
nossos representantes, estamos influenciando as decisões que afetam nossa vida em
sociedade. Podemos concordar ou discordar de ideias, valores e propostas que afetam a
sociedade, e o voto é uma forma de expressar nosso consentimento ou não em relação a essas
coisas. Existem diferentes tipos de democracia. Em alguns sistemas, como nas democracias
diretas ou semidiretas, podemos expressar nossa opinião diretamente, concordando ou
discordando de medidas específicas. Mas na maioria dos sistemas democráticos, é através do
voto que escolhemos nossos representantes. Ao votar, esperamos que os representantes eleitos
levem em conta o que pensamos sobre assuntos governamentais e sociais durante as
discussões e decisões no governo. Não é apenas uma forma de expressar nossa opinião, mas
também tem o objetivo de influenciar as decisões do governo. Quando votamos, estamos
mostrando nosso poder diante de formas de governo em que os governantes são escolhidos
por hereditariedade ou força. O voto garante que tenhamos voz ativa na escolha dos
governantes e nas políticas públicas que serão implementadas. É uma maneira de assegurar
que os governados tenham poder e não sejam controlados por governantes que não
representam seus interesses.
Quando utilizamos o sufrágio, que é o ato de votar, como mecanismo de tomada de
decisões, incluindo a escolha de representantes que participarão diretamente nas decisões,
estamos fortalecendo a ideia de que o povo tem o direito de exercer o poder. Os sistemas
eleitorais são conjuntos de processos estabelecidos para garantir que esse exercício do poder
pelo povo seja efetivado. As formas históricas de escolha de governantes e tomada de
decisões políticas em diferentes sociedades são influenciadas pelas forças sociais presentes
em cada contexto específico. Esses sistemas não são considerados perfeitos, e há avaliações
que vão desde a visão de que não são perfeitos até serem considerados opressivos e
desmobilizadores. Em ocasiões eleitorais, é comum encontrar argumentos que enxergam a
escolha entre candidatos como uma disputa entre produtos, onde os eleitores são
bombardeados por propaganda. Esses argumentos sugerem um controle desmobilizador da
sociedade, em vez de a sociedade ter controle sobre o Estado e os governantes Os sistemas
eleitorais são construções históricas que fornecem instrumentos concretos para a escolha entre
alternativas políticas, inclusive aquelas propostas por grupos minoritários. Quando falamos
sobre eleições, é importante destacar que a maioria qualificada é necessária para a tomada de
decisões importantes. Isso significa que uma medida só é aprovada se tiver o apoio de pelo
menos 50% mais um dos votos. Essa é uma forma de garantir que as decisões sejam
respaldadas pela maioria da população.
No entanto, há um desafio em relação à representação das minorias. Normalmente, esses
grupos têm dificuldade em vencer as eleições, a menos que consigam negociar sua
participação no poder no segundo turno ou através de coligações a longo prazo. Mesmo
assim, é difícil para essas minorias vencerem eleições. Em geral, reconhecemos que o sistema
eleitoral majoritária ajuda a estruturar uma base sólida para o governo. Por outro lado, o
sistema proporcional permite uma maior expressão das diversas correntes de pensamento e
interesses que compõem as sociedades modernas.
Na monarquia, o país é governado por um monarca, que pode ter poder absoluto ou limitado
por uma constituição. Já na república, o poder está nas mãos dos representantes eleitos pelo
povo. É importante entender a diferença entre chefe de governo e chefe de Estado. Em
algumas monarquias constitucionais, o monarca é o chefe de Estado, mas o chefe de governo
é um representante eleito pelo povo. Isso significa que o monarca tem um papel mais
cerimonial, enquanto o representante eleito é responsável pela administração do governo.
Essas observações são importantes para entender a evolução dos sistemas de governo. No
parlamentarismo, por exemplo, que surgiu em alguns países com a transformação de
monarquias absolutistas em constitucionais, o monarca passou a ter um papel secundário,
enquanto o chefe de governo era escolhido pelo parlamento. No presidencialismo, por outro
lado, o presidente é eleito diretamente pelo povo e concentra as duas funções de chefe de
governo e chefe de Estado. Isso significa que a presença do monarca é eliminada, como
ocorreu nos Estados Unidos quando se tornaram uma república presidencialista.
“No Reino Unido, eles têm um sistema de governo chamado parlamentarismo, onde o chefe
de governo é escolhido pelo Parlamento. Ainda mantêm a forma de governo monárquica, com
uma separação entre o papel de chefe de Estado e chefe de governo.
Nos Estados Unidos, eles têm um sistema chamado presidencialismo, onde o presidente é
tanto o chefe de Estado quanto o chefe de governo. Isso se baseia em uma forma de governo
republicana, onde o poder vem do povo.
No Brasil, eles adotaram o presidencialismo após serem uma monarquia até o final do século
XIX. “
O presidente da República, eleito pelo voto direto, assume tanto a chefia de Estado quanto a
de governo. Houve momentos na história do Brasil em que eles adotaram o parlamentarismo,
o que ajudou a diminuir a influência do poder do presidente. As instituições que existem
atualmente podem ser responsáveis pela insatisfação das pessoas, mesmo sendo criadas para
manter a ordem ou promover mudanças. É importante questionar se essas instituições
realmente promovem as transformações necessárias ou se apenas canalizam os desejos das
pessoas, sem efetivamente melhorar as coisas.
Essas instituições são construídas de acordo com as características e forças sociais de cada
sociedade em particular. Devemos analisar se elas realmente promovem o desenvolvimento
dessas forças sociais e melhoram as relações entre elas, de forma que as demandas sejam cada
vez mais qualificadas e a insatisfação seja um incentivo para buscar uma sociedade mais justa
e igualitária. A democracia é vista como o sistema político que busca alcançar esses objetivos.
Originada em eventos históricos importantes, como as revoluções na Inglaterra, a
independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, a democracia busca limitar o
poder do Estado, controlar os governos, ampliar os direitos e dar voz ao povo.
A democracia pode ser entendida como um ideal que respeita a diversidade cultural, social e
política, ou como um sistema que procura conciliar interesses diferentes por meio de
procedimentos. Nesse sentido, os mecanismos estudados até agora são formas históricas de
buscar esse ideal.