Você está na página 1de 5

Tema: Filosofia Política.

1. Introdução.

O presente estudo, tem como objectivo, apresentar, fundamentar e analisar os aspectos


relacionados com a convivência política entre os homens..

2. Aspectos tratados no interesse da filosofia pela política .

A invenção da política, que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da
Filosofia:

1. A idéia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si
mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. O aspecto legislado
e regulado da cidade - da polis - servirá de modelo para a Filosofia propor o aspecto legislado,
regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.

2. O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de


discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, um poeta- vidente, que recebia
das deusas ligadas à memória (a deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que guiavam o poeta)
uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as
decisões dos deuses que eles deveriam obedecer.

Agora, com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de
emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão
proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana
compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e
exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa. A política,
valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional, valorizou
o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica.

3. A política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser formulados por
seitas secretas dos iniciados em mistérios sagrados, mas que procuram, ao contrário, ser
públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A idéia de um pensamento que
todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental
para a Filosofia.

2.1. Relação entre os conceitos de política, de estado e de soberania.

Os conceitos de política, de estado e de soberania estão directamente relacionados entre si,


visto que:
a) A política significa arte de administrar (governar) a cidade;

b) O Estado é uma forma de ordenamento espacial calcada no conceito de território, que


envolve a administração política e jurídica de um recorte espacial; e

c) A Soberania, de acordo com Miguel Reale, já falecido advogado, professor e reitor da


USP, na obra Teoria do Direito e do Estado, é o poder que tem uma ação de organizar-se
livremente e de fazer valer dentro do seu território a universalidade de suas decisões para
a realização do bem comum.

2.2. Principais diferenças no pensamento político ao longo do tempo (antigo, medieval,


moderno e contemporâneo).

Filosofia Politica na Antiguidade

Platão defende que o Estado tem uma origem convencional, pois este resulta do facto do
homem não ser auto-suficiente, pois, nenhum homem pode ser, ao mesmo tempo, professor,
médico, mecânico, advogado, etc.). Daí a necessidade de associar-se a outros homens para
com eles dividir as várias tarefas e beneficiar-se do trabalho dos outros.

Aristóteles considera o homem como “animal político”, animal que tende a viver em
sociedade por sua própria natureza. Aquele que não necessita a vida em sociedade ou é um
Deus, que não depende de ninguém, ou é um animal bestial, isto é, animal irracional.

Filosofia Política na Idade Média

Para Santo Agostinho o mundo divide-se em duas cidades: a Cidade de Deus e a Cidade
terrena. A cidade de Deus caracteriza-se por reunir os eleitos de Deus que vivem na base dos
mandamentos da lei de Deus. A cidade terrena caracteriza-se por conflitos constantes e
injustiças. Nele os homens vivem na base de leis próprias.

Filosofia Política na Idade Moderna


Maquiavel é o autor da obra O Principe. Nesta obra, Maquiavel procura traçar as linhas
gerais do comportamento de um príncipe que fosse capaz de unificar a Itália que se
encontrava divida em principados e condados. Para tal, Maquiavel parte do pressuposto de
que os homens, em geral, seguem cegamente as suas paixões, nomeadamente: a cobiça, o
desejo de prazeres, a preguiça, a vileza, a duplicidade e a insolência. Por esta razão, o
governante da república prepara as leis segundo o pressuposto de que todos os homens são
réus e agem sempre com malícia em todas as oportunidades que tiverem.

Idade Contemporânea

John Rawls (1921-2001)

A obra principal de Rawls é «uma teoria de Justiça». Justiça como distribuição dos bens por
igual. O pensamento político de Rawls nasce dentro de uma vida sócio-política repleta de
injustiças e de desrespeito dos direitos humanos por parte do regime capitalista burguês.
Rawls apresenta dois princípios de justiça em que os indivíduos devem escolher em situação
de véu de, isto é, os indivíduos não conhecem a classe social, o poder económico, o grau de
inteligência, a força, a ideia do bem.

O véu de ignorância significa que os homens estão em situação de igualdade e sem


preconceitos excepto a sua posição na sociedade e a raça ou tradição. São dois princípios de
justiça: Princípio de diferença e princípio de igualdade.

O princípio de diferença tem a finalidade de limar as desigualdades, organizando-as, na


condição de todos se beneficiarem. Para isso, o Estado deve dividir-se em quatro
departamentos: departamento das atribuições, departamento da estabilização, departamento
das diferenças sociais e departamento para repartição.

O princípio de igualdade- diz que as desigualdades só poderão ser aceitáveis se servirem para

beneficiar os cidadãos menos desfavorecidos.

2.3. Diferenças e semelhanças dos sistemas políticos e regimes políticos.


O sistema de governo e regime político são semelhantes, pois, os dois dividem-se em
ditatorial e democrático.

Apesar dessas semelhantes, há certas diferenças. No regime político, o regime ditatorial, é


caracterizado pela presença de uma ideologia exclusiva ou liderante; Existência de um
aparelho (um órgão) para impor a ideologia; Ausência de efectiva garantia dos direitos
pessoais dos cidadãos; Ausência da livre participação do cidadão na designação dos
governantes; falta de controlo no exercício das funções dos governantes; e por sua vez, os
regimes ditatoriais subdividem-se em autoritários e totalitários. E o regime democrático é
caracterizado por não existência de uma ideologia dominante; não existência de um órgão
para impor a ideologia; Há garantia dos direitos pessoais dos cidadãos; existe livre
participação na designação dos governantes; Há controlo do exercício das funções dos
governantes.

Enquanto que, no sistema de governo, o governo ditatorial, é aquele em que o poder político
é detido por uma pessoa ou por um conjunto de pessoas que exercem por direito próprio, sem
que haja participação ou representação da pluralidade dos governados, e ele subdivide-se em
monocrático e autocrático; e sistema de governo democrático, classifica-se em directo,
semidirecto e representativo de acordo com a participação dos governados no exercício do
poder político.

2.4. Génese do nacionalismo africano e sua relação com os movimentos de pan-


americanismo e renascimento negro.

Os movimentos que deram origem a Negritude foram: Black to Movement/regresso à África,

de Marcus Garvey; Desenvolvimento segregado de Booker T. Washington e Black

Renaissance/renascimento negro de William E. Du Bois.

O Pan-africanismo e a Negritude permitiram a difusão da mensagem dos mentores dos


movimentos de libertação dos africanos.

O pan-africanismo e a negritude são dois movimentos com o objectivo comum de lutar pela
liberdade, mas sob pontos de vistas diferentes: enquanto o Pan-africanismo lutava pela
emancipação política de todos africanos, a Negritude lutava pela unidade dos negros sob o
ponto de vista cultural.

2.5. O modo em que o estudo da filosofia política pode melhorar a convivência social
entre os os homens, em particular em moçambique.

O estudo da filosofia política pode melhorar a convivência social entre os homens na medida
em que o homem ganha a liberdade de expressão da vontade de uma coletividade humana que
decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. Em
Moçambique, o estudo da filosofia política é tido como um instrumento que tem vindo a
instruir o processo de construção de um futuro melhor, pois, através do estudo da filosofia
política, criam-se os mecanismos de fomento da soberania, na luta contra a intervenção da
comunidade internacional e estimular a criatividade dos moçambicanos, libertando suas
habilidades, a fim destes trabalharem em prol de assumirem as responsabilidades que a
liberdade comporta, construindo, assim, outras formas de interpretar e agir sobre sua própria
história.

3. Conclusão.

A filosofia política é a área de estudo da filosofia preocupada com as diversas questões


políticas que emergem a partir do convívio social e da organização desse convívio em meio a
uma agrupação humana.

A filosofia política, ao diferenciar-se da ciência política por não haver uma pretensão
metódica e científica, permitiu aos vários pensadores elaborar diferentes teorias sobre a
organização política, mas sempre questionando e dialogando com o conhecimento anterior e
estabelecendo novos conceitos acerca dos problemas políticos.

Nesse sentido, os filósofos (e também teóricos) da política dedicaram-se a entender questões


relacionadas a elementos políticos, como governo, Estado, as noções de público e privado, os
diferentes tipos e formas de governo, além de noções éticas e econômicas estritamente
relacionadas à política.

Você também pode gostar