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E SPAÇO E CONTEMPORANEIDADE
Introdução:
A origem da Geografia:
• Rótulo muito antigo, na cultura ocidental, remonta a antiguidade clássica, porém
apresenta diferentes significados ao longo da história.
GEOGRAFIA MODERNA
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DIFUSÃO DA GEOGRAFIA
A unificação da Alemanha
O projeto da Geografia Moderna surge na Alemanha que na época era um
conglomerado político não unitário (uma área que não havia logrado
constituir-se em um Estado moderno, uma área que não havia efetivado o
processo de unificação nacional). Tratava-se de uma zona politicamente
fragmentada onde se estabelecia um processo denominado de via prussiana
de desenvolvimento do capitalismo. Áreas onde as relações capitalistas
penetram sem romper com a ordem feudal pré-existente, o que alguns
autores chamam de modernização do feudalismo. Na Alemanha houve uma
tardia unificação em relação aos demais países da Europa.
O projeto da Geografia moderna é uma formulação da intelectualidade da
nobreza prussiana na sua luta pela unificação nacional. A Alemanha propõe
um campo disciplinar que se consolida como um grande inventário das
áreas de colonização européia;
A abertura do mundo ao novo colonialismo do século XIX foi um dos
elementos centrais para estimular a rápida difusão da disciplina, criando um
campo acadêmico sólido ao longo do século XIX.
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GEOGRAFIA NO SÉCULO XX
Entendida como Ciência dos lugares; Ciência das localizações; Ciência que busca
realizar a síntese entre os fenômenos naturais e sociais, explicando os
relacionamentos dos grupos humanos com a Terra ou demarcando a influência da
natureza sobre a história é essa geografia que ingressa no século XX.
REGIÃO – Vista como um fato geográfico. Uma realidade fática, algo que existe
independente da consciência do pesquisador.
TERRITÓRIO
Visão clássica (conceito político)
Domínio de um espaço o qualifica como território (a apropriação, o controle
social que define os territórios)
Área de exercício de um poder
Âmbito espacial de soberania de um Estado ou uma jurisdição estatal em
diferentes escalas (território estadual, municipal, nacional)
Segunda metade do século XX – visão antropológica de território coexistindo com a
visão clássica
Espaço capaz de sustentar múltiplas identidades sócio-culturais
Espaço de referência cultural logo, espaço com fronteiras difusas e sobrepostas.
PAISAGEM
Qualifica o campo visual de um sujeito observador, isto é, a paisagem é percebida por
um sujeito que a percebe enquanto realidade objetiva, para algumas correntes, ou
enquanto realidade subjetiva, para outras correntes.
Trata-se, portanto, de um espaço delimitado pelo horizonte de observação do sujeito. A
paisagem tem, assim, uma morfologia captada visualmente. Visualização que em si
mesma fornece um todo geográfico para análise e fornece uma escala de tratamento
geográfico da superfície da Terra. Trata-se de um conjunto espacial dotado de múltiplos
elementos que se articulam em sua composição. Uma expressão do relacionamento de
variados processos naturais e sociais os quais podem ser equacionados enquanto uma
fisiologia da paisagem, isto é, a paisagem tem uma forma, diretamente percebida, e um
funcionamento que deve ser investigado para além da mera visualização.
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Outros conceitos:
Meio
Geossistema
Habitat
Área
Ambiente
Por meio desses conceitos a Geografia tenta dar
conta de recortes espaciais passíveis de dividir
a superfície da Terra e individualizar unidades
legítimas para o seu estudo.
Visões filosóficas:
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GEOGRAFIA ATUAL
A Geografia pode ser definida, hoje, a partir de todo o seu esforço teórico de mais de um
século, como uma teoria do espaço terrestre ou de espaços mais específicos adjetivados.
Espaços terrestre:
Espaço físico Espaço natural
Espaço econômico
Espaço vivido
David Harvey
Devemos ver o espaço como absoluto, relativo e relacional
ABSOLUTO – no sentido de que os espaços são singulares, mensuráveis,
identificáveis, localizáveis. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.
Exemplo: Uma fazenda que tem uma extensão física(espaço absoluto), utiliza insumos e
vende sua produção para outros lugares, depende de energia que vem de outros lugares
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(espaço relativo), porém possui as suas próprias relações sociais internas(espaço
relacional).
UM MUNDO PEQUENO
O desenvolvimento técnico dos meios de transportes e comunicações teve grandes
repercussões na reflexão geográfica. A velocidade dos fluxos encurtou as distâncias, a
rapidez dos meios aproximou os lugares.
*O fim do Estado; *O fim das nações; *O fim das fronteiras; *O fim dos territórios;
*O fim das ideologias; *O fim das classes; *O fim da história
FIM DA GEOGRAFIA
A disciplina teria perdido o sentido nesse mundo deslocalizado onde o
espaço se padroniza na expansão dos não-lugares, os lugares da
supermodernidade que seriam todos iguais em qualquer parte. Num
mundo onde referências locais teriam perdido a efetividade do passado.
O discurso geográfico seria uma classe das grandes narrativas,
totalizadoras, ultrapassadas pela velocidade e pela instantaneidade da
pós-modernidade.
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Até que ponto a Geografia, essa disciplina interlocutora do
Estado e envolvida com a construção de projetos nacionais
pode contribuir para o entendimento da dinâmica social
contemporânea.
FRANCIS FUKUYAMA
TESE DE FUKUYAMA
Argumentava que o fim da guerra fria teria significado o fim na progressão da história
humana e, portanto, o fim da história. Uma tese que o número de democracia existentes no
mundo parecia confirmar, mas que o surgimento de líderes demagogos como Chavez ou
fundamentalistas como Bin Laden como alternativas reais as democracias ocidentais
colocaram em dúvida.
O próprio Fukuyama admitiu que sua tese estaria incompleta na medida em que não poderia
haver um fim da história sem um fim da ciência e da tecnologia modernas, ou seja, o
controle da humanidade sobre sua própria evolução poderá ter um efeito enorme e terrível
sobre a democracia liberal
A REALIDADE BRASILEIRA
Nos países de formação colonial como o nosso, a Geografia ganha, sem dúvida, uma
centralidade explicativa muito grande, pois se trata de sociedades que foram geradas em
processos de expansão territorial.
Um país que se ancora, e muito, em uma visão territorial. Um país que é pensado por suas
elites como um espaço a ser conquistado, muito mais do que como uma sociedade, isto é,
como uma nação. Portanto, mesmo tendo um foco na ótica global a Geografia tem muito a
explicar e a fornecer para o conhecimento da nossa realidade nacional que é onde se define,
até a atualidade, o destino político de cada povo.
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Uma idéia muito forte, inclusive nas agências geográficas brasileiras, no século XIX,
Instituto Histórico Geográfico, a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, um tema
recorrente, principalmente nesse momento de formação do Estado, é construir um país.
Esse é o grande projeto. O país não está pronto, precisamos construir o país.
Na virada do século XIX para o XX, esse termo vai ser substituído pela idéia de
modernização. Mais uma vez modernização sendo entendida como um processo de dotação
do espaço, isto é, dotar o espaço de equipamentos, porque a modernização poderia ser
entendida também como a modernização do povo. Seria, portanto, investir mais em
educação, em saúde etc. Mas, não, modernização foi entendida como dotar o território de
grandes sistemas de engenharia, estradas, etc.
Eu arriscaria dizer que nesse final de século XX esse mesmo papel ideológico cumprido
pela idéia de civilização no século XIX e de modernização, em boa parte do século XX,
talvez apareça sob o termo globalização. “Precisamos nos colocar na hora certa do mundo”
e isso envolve uma inserção bastante subordinada. Então, esse peso das ideologias
geográficas é muito grande, é de berço. Uma das tarefas que se põe para a Geografia na
atualidade é, exatamente, desmascaramento desse tipo de argumentação que, volto a dizer,
vê o Brasil como um espaço e não como uma sociedade.
Conclusão:
Hoje em dia a Geografia recebe uma renovação muito grande pelos próprios fluxos
internacionais e pelo horizonte, que agente chamaria de horizonte geográfico das pessoas,
abarcar o mundo como um todo. Então, a maioria das pessoas tem uma vivência não apenas
local, mas uma vivência planetária com informações que chegam, a todo momento, de
diferentes lugares, imagens. Então, a geografia está presente na tentativa de explica isso.
Como é que vão se formando essas mentalidades, a gente poderia dizer, a respeito do
espaço terrestre e como é que vão se agregando valores, críticas a respeito dos lugares.
A Geografia enquanto disciplina acadêmica sofreu uma renovação muito grande por volta
do ano de 1970, exatamente, buscando teorias, conceitos, que pudessem dar conta dessa
nova vivência do espaço, desses novos processos ocorrentes na superfície terrestre e, de
certo modo, respondeu bem a isso, levando a uma requalificação da disciplina que hoje em
dia não fica apenas como uma disciplina escolar, mas que também entra por outros campos
mais explicativos, vamos dizer assim, da geografia econômica, da geografia política e
também bastante na questão ambiental que traz um “gás” muito grande pra Geografia.
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