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1.

INTRODUÇÃO

1.1 Linhas de Transmissão

Linhas de Transmissão são condutores através dos quais energia elétrica é


transportada de um ponto transmissor a um terminal receptor. As linhas de
transmissão e distribuição de energia elétrica são exemplos típicos. 
Os sistemas de transmissão proporcionam à sociedade um benefício reconhecido
por todos: o transporte da energia elétrica entre os centros produtores e os centros
consumidores. Formas comuns de linhas de transmissão são: 
 Linha aérea em corrente alternada ou em corrente contínua com condutores
separados por um dielétrico. 
 Linha subterrânea com cabo coaxial com um fio central condutor, isolado de
um condutor externo coaxial de retorno. 
 Trilha metálica, em uma placa de circuito impresso, separada por uma
camada de dielétrico de uma folha metálica de aterramento, denominado
microtrilha.

Figura 1
Uma linha de transmissão de energia elétrica possui quatro parâmetros: resistência,
indutância, capacitância e condutância, que influenciam em seu comportamento
como componente de um sistema de potência.
1.2 Compensador Estático

Em linhas de transmissão muito extensas um problema crítico é o aumento da


tensão ao longo da linha de transmissão, fazendo com que a tensão na extremidade
final seja maior que a tensão do lado onde ocorre a geração de energia. Este
fenômeno é conhecido como “efeito Ferranti” e se dá pelo fluxo de corrente
capacitiva devido às indutâncias em série da linha.
A solução mais usual para o problema supracitado é a compensação da potência
reativa ao longo da linha. Esta solução pode ser feita com o uso de um
compensador estático

Figura 2

A compensação é feita, de modo geral, através da correção do fator de potência da


linha. A correção do fator de potência está relacionada à injeção de potência reativa
conforme necessário para aproximar o fator de potência de um valor unitário. Dessa
forma, toda a potência gerada pode ser consumida.
 Além da correção do fator de potência, a compensação de linhas de transmissão
traz outros benefícios como: garantir maior e melhor aproveitamento do sistema
elétrico existente, propiciar equilíbrio no balanço geração/consumo de potência
reativa, ajustar módulos de tensão e eliminar o uso inadequado de equipamentos
controlados como, por exemplo, a utilização de compensadores síncronos,
atendendo à potência reativa da carga.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Linhas de Transmissão

As linhas de transmissão são compostas por quatro elementos fundamentais, são


eles: a torre de transmissão, os cabos condutores, os cabos para-raios e os
isoladores.

2.1.1 Torre de transmissão

Figura 3

Uma torre de transmissão é uma estrutura metálica em forma de torre que sustenta
uma série de cabos através dos quais é transportada a energia elétrica. Ela é
comumente construída com aço.

O aço é uma liga metálica, constituída de carbono e ferro, e extremamente


procurada por suas características variadas, o que permite sua utilização em
diversas áreas e produtos, como em construções, máquinas, ferramentas, utensílios,
etc.
A composição do aço é de 98,5% de ferro e de 0,5% a 1,7% de carbono,
acrescentados de Silício. Em determinados casos, o aço também incorpora o
enxofre e o fósforo.

Dentre as principais características dele, temos:

 Durabilidade: o aço tem grande durabilidade. É um material resistente


justamente por conta dos elementos que apresenta.
 Maleabilidade: tem grande flexibilidade, permitindo ser moldado conforme
exposto a altas temperaturas, o que permite a produção de peças de aço de
variadas formas com mais facilidade.
 Elasticidade: o aço é capaz de dilatar-se e voltar ao tamanho original,
motivado por temperaturas muito elevadas ou muito baixas.
 Resistência: o carbono presente em sua composição aumenta a resistência
do aço em comparação a outros metais. Por isso, ele é tão procurado por
engenheiros para fazer parte de suas obras.
 Condutividade térmica: o aço tem excelente condutividade térmica, sendo
capaz de conduzir energia elétrica (condutor).
 Resistência à corrosão: um aço em especial, conhecido como aço inoxidável,
é justamente procurado por ter alta resistência à corrosão, sendo comumente
utilizado em panelas e outros utensílios de cozinha.

Alguns valores típicos para as propriedades físicas do aço são:

 densidade ρ = 7.7 a 8.1 [kg/dm3]


 Módulo de elasticidade E=190 a 210 [GPa]
 Coeficiente de Poison ν = 0.27 a 0.30
 Condutividade térmica κ = 11.2 a 48.3 [W/mK]
 Expansão térmica α = 9 a 27 [10-6 / K]

2.1.2 Cabos condutores


Figura 4

Os fios e os cabos, também chamados de condutores elétricos, são os responsáveis


pela condução e distribuição de energia elétrica. Os fios são formados por apenas
um filamento metálico e rígido. Já os cabos são compostos por vários fios torcidos e
entrelaçados e, além disso, são mais flexíveis.

Eles são os elementos ativos propriamente ditos das linhas de transmissão e


representam entre 30 a 50% do custo total da linha.

Algumas características gerais desejáveis são:

 Alta condutibilidade elétrica;


 Baixo custo;
 Boa resistência mecânica;
 Baixa massa específica;
 Alta resistência à oxidação e corrosão.

Os principais materiais utilizados nos cabos condutores são o cobre e o alumínio,


pois ambos atendem aos requisitos citados acima.
Tabela 1

O alumínio, devido principalmente ao seu baixo preço em relação ao cobre, é o


material mais utilizado nos cabos das linhas de transmissão.

Os cabos de alumínio mais utilizados podem ser do tipo CA (Cabos de Alumínio) e


do tipo CAA (Cabos de Alumínio com Alma de Aço), este ultimo por sua vez oferece
uma melhor resistência a tração (peso).

2.1.3 Cabos para-raios

Figura 5

Os cabos para-raios compõem o sistema SPDA (Sistema de Proteção Contra


Descargas Atmosféricas), ficam situados acima das fases e têm a função de
proteger os condutores. Funcionam interceptando os raios e fornecendo um caminho
para as descargas atmosféricas evitando que atinjam o circuito, assim impedem seu
desligamento.

Podem ser adicionadas outras funções a esses cabos, sem comprometer a função
básica de proteção dos condutores, como por exemplo OPGW (Optical Ground
Wire) em português “Cabo de aterramento óptico”, servindo para transmissão de
dados utilizando estruturas já construídas gerando uma grande economia, aplicado
na comunicação de subestações e centrais de controle.

Figura 6

Figura 7

2.1.4 Isoladores
Os isoladores são os componentes das linhas de transmissão responsáveis pelo
isolamento e sustentação mecânica dos cabos condutores, por esta razão, devem
suportar os esforços mecânicos e elétricos inerentes à suas funções em linhas de
transmissão.

Dentre os principais tipos de isoladores usado temos o de porcelana, vidro e


poliméricos. Este ultimo vem sendo muito utilizado devidos as suas características
em comparação aos outros dois modelos.

O núcleo de isoladores poliméricos é constituído por uma haste de fibra de vidro


(material isolante) reforçada por um polímero do tipo epóxi (a mais usual), poliéster
ou vinil. Este núcleo deve suportar os esforços mecânicos impostos pelo peso do
cabo ou por vibrações eólicas sem afetar suas propriedades isolantes.

Os polímeros possuem baixas densidades, enquanto que as suas características


mecânicas são, em geral, diferentes das características exibidas pelos materiais
metálicos e cerâmicos – eles não são tão rígidos nem tão resistentes como estes
materiais. Entretanto, com base nas suas densidades reduzidas, muitas vezes a sua
rigidez e resistência em relação à sua massa são comparáveis às dos metais e das
cerâmicas. Ainda, muitos dos polímeros são extremamente dúcteis e flexíveis. Estes
materiais, por fim, possuem baixa condutividade elétrica.

Tabela 2

2.2 Compensador Estático


O compensador estático é composto principalmente de três partes fundamentais,
são elas: o transformador de acoplamento, o reator controlado por tiristor e o
capacitor chaveado por tiristor.

2.2.1 Transformador de Acoplamento

O Transformador de Acoplamento é um transformador de potência, que recebe esse


nome pelo fato de conectar o compensador a rede elétrica de alta tensão.

O transformador consiste em duas ou mais bobinas enroladas em torno de um


núcleo ferromagnético, de forma que, quando uma bobina é energizada com uma
corrente alternada, o campo eletromagnético gerado pelo fluxo dessa corrente na
bobina induz uma tensão elétrica na outra bobina.

Figura 8

O núcleo é constituído por um material ferromagnético, que contém em sua


composição o silício, que lhe proporciona características excelentes de
magnetização e perdas. Porém, este material é condutor e estando sob a ação de
um fluxo magnético alternado, dá condições de surgimento de correntes parasitas.
Para minimizar este problema, o núcleo, ao invés de ser uma estrutura maciça, é
construído pelo empilhamento de chapas finas, isoladas com um tratamento termo-
químico (carlite).

Presta-se especial atenção para que as peças metálicas da prensagem sejam


isoladas do núcleo e entre si para evitar as correntes parasitas, que aumentariam
sensivelmente as perdas em vazio. Estas chapas de aço durante a sua fabricação
na usina, recebem um tratamento especial com a finalidade de orientar seus grãos.
É este processo que torna o material adequado à utilização em transformadores,
devido a diminuição de perdas específicas.

Os tipos de chapas de aço silício mais utilizadas são: M4 da Acesita; M0H e


equivalentes; 023ZDKH-90 e equivalentes.

Figura 9

Os enrolamentos constituem o circuito elétrico do transformador. Eles são feitos de


condutores de cobre ou de alumínio, sendo o de cobre o mais comum. Possuem
forma cilíndrica ou de seção retangular. Os condutores são cobertos por uma
camada de isolação que pode ser de verniz isolante, fibra de algodão ou papel
isolante

2.2.2 Reator Controlado por Tiristor (TCR)

O TCR (Thyristor Control Reactor) é formado por uma indutância de valor fixo em
série com dois tiristores em antiparalelo, fazendo com que a condução de corrente
seja bidirecional.

O tiristor, utilizado para o controle do reator, é um dispositivo semicondutor que


consiste em quatro camadas (p-n-p-n) de silício dopado de forma diferente, em vez
das três camadas dos transistores bipolares convencionais (p-n-p ou n-p-n).
Figura 10

Os tiristores são geralmente fabricados a partir de silício, embora, em teoria, outros


tipos de semicondutores possam ser usados. A primeira razão para usar silício para
tiristores é que o silício é a escolha ideal devido às suas propriedades gerais. Sendo
capaz de lidar com a tensão e as correntes necessárias para aplicações de alta
potência, além de terem boas propriedades térmicas. A segunda razão principal é o
custo, sendo muito barato e fácil para os fabricantes de semicondutores.

Estes reatores podem ser classificados pelo seu método de resfriamento e pelo seu
núcleo. São eles os reatores imersos em óleo e reatores a seco com núcleo de ar.
As principais características de cada um destes modelos são:

- Reator Imerso a Óleo: Seu resfriamento é feito em óleo mineral e possui suas
espiras enroladas em torno de um núcleo de ferro. Este reator fica protegido sob
uma blindagem eletromagnética. Outra característica importante é pelo fato de
possuir núcleo em material ferromagnético (aço de silício) ele possui saturação para
diferentes intensidades de corrente. Suas principais vantagens são: ausência de
poluição magnética e campo magnético extremamente baixo nas proximidades do
equipamento devido a sua proteção eletromagnética e do aumento da densidade de
campo no interior do equipamento devido ao seu núcleo. Em contrapartida, suas
desvantagens são o seu alto custo de fabricação e instalação e necessidade de
aplicação de procedimentos de supervisão e manutenção.
Figura 11

- Reator a seco com núcleo de ar: Seu resfriamento e seu núcleo são ar natural e
sua instalação pode ser feita tanto ao tempo quanto em local abrigado. Devido à
ausência de núcleo ferromagnético não existe saturação, ou seja, possui indutância
constante para qualquer nível de corrente. Suas principais vantagens: são sua
robustez, ausência de manutenção, fácil inspeção visual, baixo custo de fabricação e
instalação. Em contrapartida, suas desvantagens são os campos magnéticos
intensos na vizinhança do equipamento, fazendo com que haja presença de indução
nas proximidades do equipamento e seus elevados esforços de curto circuito
requerem estruturas reforçadas para sua instalação.

Figura 12

2.2.3 Capacitor Chaveado por Tiristor (TSC)


O TSC (Thyristor Switched Capacitor) é formado por um capacitor de valor fixo em
série com um pequeno indutor limitador de corrente e tiristores em antiparalelo,
mesma topologia do TCR.

Figura 13

Os capacitores eletrolíticos são classificados conforme o material que compõe as


folhas metálicas: alumínio, tântalo ou nióbio. O mais utilizado é o alumínio, cuja
principal vantagem é o baixo custo, que permite a fabricação de capacitores de
grande e pequena escala. O tântalo apresenta capacitância cerca de 4 vezes maior,
porém é cerca de 50 vezes mais caro que o alumínio, e, portanto, é utilizado apenas
em aplicações especiais onde os capacitores têm tamanho reduzido. O nióbio é uma
tecnologia relativamente nova, com capacitância próxima à do tântalo e custo duas
vezes menor, porém ainda muito maior que o do alumínio.
Figura 14

Esses capacitores são feitos utilizando duas folhas de alumínio, onde uma dessas
folhas é submetida a um processo de cauterização. Uma folha de papel poroso
(isolante) é adicionada para separar as 2 de alumínio, evitando possível curto-
circuito. Este conjunto é enrolado mecanicamente, formando uma bobina cilíndrica.
A partir desta etapa, as bobinas passam pelo processo de impregnação a vácuo
com a solução eletrolítica (Propileno carbonato com sais amoniacais ou sais de
borato) que é uma substancia condutora.

2.3 Linhas de Transmissão com Cabos Supercondutores

Com o crescimento econômico e o aumento na demanda de energia, praticamente


todas as regiões do mundo estão precisando repensar suas grandes linhas de
transmissão de longa distância.

Um grande problema no transporte de eletricidade por cabos de cobre e alumínio é


ter que lidar com as perdas geradas pela resistência elétrica desses metais. A
resistência faz com que os fios aqueçam, o que significa perda de energia - uma
perda de até 10% de toda a energia gerada.

Uma possível solução é a adoção supercondutores, materiais que conduzem a


eletricidade sem qualquer resistência. O grande desafio é que esses materiais só
funcionam em temperaturas criogênicas, exigindo sistemas de arrefecimento que os
tornam caros. A questão é saber se o custo adicional vale a perda atual de energia
pelo calor.
O diboreto de magnésio, um dos supercondutores de mais alta temperatura que se
conhece, até agora só podia ser fabricado na forma de pó. Mas recentemente uma
equipe italiana anunciou que descobriu uma forma de criar fios de diboreto de
magnésio, sintetizando-os no interior de tubos de cobre ou níquel.

Figura 15

Estão sendo feitos os primeiros testes desses novos fios supercondutores. Se tudo
correr conforme os planos, um fio supercondutor de 12,5 milímetros de diâmetro
deverá conduzir 10.000 amperes de corrente contínua a uma tensão entre 200 e 320
kV. Isto é praticamente toda a energia gerada simultaneamente por três grandes
usinas.

Se o teste tiver sucesso, com o sistema de arrefecimento funcionando, pode estar


aberto o caminho para um novo sistema de transmissão de energia de longa
distância.

3. Conclusão

Conhecer as propriedades físicas, químicas e magnéticas dos materiais, que serão


usados na construção das linhas de transmissão, são de suma importância, pois é a
partir disso que podem ser escolhidos os materiais que mais se enquadram nas
especificações desejadas, sempre atendendo as normas vigentes.
4. Referências

https://abal.org.br/aluminio/caracteristicas-quimicas-e-fisicas/

https://www.totalmateria.com/page.aspx?ID=propriedadesdoaco&LN=PT#:~:text=As
%20principais%20propriedades%20do%20a%C3%A7o,a%20sua%20resist
%C3%AAncia%20%C3%A0%20corros%C3%A3o.

http://dubronze.com.br/saiba-as-princisticas-do-aco/

https://lume.ufrgs.br/handle/10183/157865

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