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Disciplina: Ensino do Tema Saúde

1. Como você pode caracterizar a relação Educação Física e saúde de um


ponto de vista histórico? Explique ressaltando essa relação no
surgimento da própria Educação Física,

Para Antunes e Furtado (2021), a Educação Física surgiu como um implemento


de manutenção da saúde na escola e posteriormente para fortalecimento da mão
de obra no mercado de trabalho através do conceito de aptidão física que
pregava aulas focadas exclusivamente no exercício físico e em seguida, com a
generalização esportiva que além da perspectiva do aperfeiçoamento corporal
também corroborava com o adestramento moral. Contudo, a história mostra que
este tipo de abordagem foi equivocada e questionada entre os anos 70 e 80
sobre a finalidade da Educação Física escolar, dando espaço para as propostas
focadas no desenvolvimento sociocultural. Apesar do avanço no trato pedagógico
da EF escolar, a visão de saúde para além do combate à doença não integrou os
currículos, sendo tratada como acessória à escola no combate de doenças
crônicas não transmissíveis (DCT) e mais uma vez a EF tinha papel importante
em ensinar para a saúde individual e coletiva em uma perspectiva médica, não
educacional. Em relação com minha prática pedagógica, ainda trabalho com um
currículo baseado nessa abordagem higienista onde conteúdos como diabetes,
hipertensão, osteoporose, obesidade, sedentarismo e vários outros relacionados
as DCT’s, o que mostra que as políticas públicas em torno das matrizes
curriculares ainda não superaram a EF tradicional onde professor e conteúdo são
o centro do ensino. Se tratando da Educação de Jovens e Adultos pensar a
prática pautada na aptidão física é mais inconsistente porque esbarra com
instrumentos legais que permitem facultatividade e contrariam a justificativa
manutenção da saúde coletiva. Acredito que uma abordagem reflexiva e
propositiva quanto ao contexto da saúde na sociedade e a função da escola em
apresentar, discutir e exemplificar maneiras de pensar e praticar hábitos que
levam à saúde é tão mais efetivo quanto pertinente para a escola.

2. A partir da leitura dos textos, você avalia que a Educação Física escolar
dialoga mais intensamente com qual concepção ou conceito de saúde?
Justifique sua resposta em diálogo com os textos, explicando as
características da concepção de saúde que você identificou como
predominante.
No geral, com exceção do meu relato na questão anterior, as práticas dos
professores da rede que atuo, assim como nas pesquisas em Educação Física
(DARIDO, 2019) apontam que a abordagem esportivista ainda tem muita
representatividade na escola, não enquanto currículo ou objetivos, mas nas
metodologias aplicadas, o que a torna, de forma oculta, a prática real, por dentro
da ideal (abordagens histórico-críticas).

Partindo do pressuposto do que seria o ideal ou o que se aproxima mais dele,


acredito que a abordagem crítico-superadora não contempla todas as
expectativas, que os órgãos com maior representatividade na discussão sobre
saúde (OMS, Conselhos, etc.), depositam na escola, mas no que se propõe,
enquanto oportunidade de tratar a cultura corporal de forma crítica e propositiva,
é uma das poucas que oportuniza a discussão sobre o que é o conceito de saúde
e como é posto diante das classes. Nessa perspectiva, o aluno tem a
possibilidade de reconhecer em sua realidade o que de fato é saúde e o que é
necessário, ou possível, para alcançá-la, assim como os meios de se questionar
os modelos de intervenção para a saúde dentro e fora da escola pois

[...] os processos de saúde-doença são produzidos em determinados


contextos sociais, econômicos e políticos e envolvem dimensões
subjetivas, em seus aspectos mentais, emocionais e até espirituais
(ANTUNES; FURTADO, 2021)

3. A partir do artigo “EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O TRATO DIDÁTICO-


PEDAGÓGICO DA SAÚDE: desafios e perspectivas”, quais aspectos
você destacaria positivamente e negativamente em relação ao modo
como os autores explicam/defendem/empreendem o debate da saúde na
EF escolar?

Compreender o discurso da saúde como produto de uma visão de sociedade,


não só conhecimento científico sem intencionalidade é o ponto chave da
discussão dos autores assim como o entendimento de que a Educação Física
escolar não se resume em atividade física, como outrora já foi, e não é acessória
às outras disciplinas, consideradas de primeira classe, possuindo um objeto de
estudo bem delimitado, apesar de pouco compreendido para além de um
conteúdo.

A Educação Física aqui defendida trata a saúde como temática, não conteúdo, a
ser abordado nas aulas, mas reconhece que o simples fato desta área do
conhecimento ser aplicada de forma a oportunizar os conteúdos da cultura
corporal dentro das dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais já
contribui satisfatoriamente para a promoção de práticas que consequentemente
trarão benefícios nos elementos que constituem o bem estar físico, mental e
social dos alunos.

4. Sobre o texto “Para pensar a saúde na Educação Física escolar: a linha


de chegada é a mesma da largada?”, responda as seguintes questões:

a) Na sua leitura, quais aspectos você identificou como fundamentais para


trabalhar o tema da saúde na escola a partir da argumentação dos
autores?

São poucos os pontos necessários para se trabalhar o tema saúde na escola, em


particular na Educação Física. Primeiro ela não pode ser objetivo principal no
planejamento visto que é parte constituinte da discussão das práticas corporais e
não uma prática em si, portanto não é conteúdo, mas, como o enunciado afirma,
é tema. Segundo, não pode estar limitado às concepções biológicas, pois deve
ser discutida enquanto produção humana e por isso possuir contradições que
devem ser criticadas, aceitas ou refutadas perante a compreensão e
necessidade daqueles que a estudam. Terceiro, não é responsabilidade
exclusiva da Biologia e Educação física, sendo agora, inevitavelmente,
consequência de uma boa aplicação do ensino da Educação Física, quando
proposta em uma abordagem crítica. O texto não discute a Educação Física em
ambientes informais como academias, clubes e praças, mas subentendesse que
em sua totalidade, mesmo em ambientes que não levantam este tipo de
discussão corriqueiramente, a compreensão ampliada dela pode levar os sujeitos
a usufruírem melhor destes ambientes ou transformá-los.

b) Apresente as principais características das diferentes concepções de


saúde apresentadas pelos autores no item “Concepções de saúde e
Educação Física escolar”.

O higienismo é fundamentado nos conhecimentos médicos, pautados na


racionalização dos movimentos para adquirir, aperfeiçoar e manter os padrões de
saúde, disciplina e condicionamento físico definidos como ideais pela elite
hierárquica. A ginástica foi o conteúdo que tanto deu início à Educação Física na
escola quanto a apresentou como ferramenta para obtenção dos corpos
considerados perfeitos para a vida em sociedade e progresso da indústria.
O eugenismo, semelhante ao higienismo, mantem as características de busca
pelo padrão de corpo saudável e eficiente, mas agora também objetiva trabalhar
a moral, através do esporte, como resolução dos problemas sociais, que estavam
além do campo da biologia. A chamada Educação Física Desportiva
Generalizada passa a comparar e extrapolar os limites físicos através das
competições de alto rendimento, favorecidas pela ciência.

O Movimento da Saúde deixa o viés de fortalecimento da população como mão


de obra ou da formação desportiva, mas se mantém amparada na biologia, tendo
a Educação Física como atividade preventiva no desenvolvimento de doenças,
em especial as crônicas não transmissíveis e as emergentes como o
sedentarismo.

O Movimento Renovador, apresentado aqui pela Saúde Coletiva

[...] emergiu como um movimento acadêmica e político na América


Latina que se caracteriza por agregar contribuições de diferentes
ciências e perspectivas teórico-metodológicas no intuito de
compreender e intervir nas necessidades sociais de saúde
(ANTUNES; FURTADO, 2021, pág. 24)

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